domingo, 3 de julho de 2011

Amar

O amor aumenta, decresce, amaina, explode, enfarta-se, fica faminto.
O amor é vertical, horizontal, em espiral e desenha gráficos pouco lineares.
O amor cansa e descansa.
O amor é paciente, impaciente, quente, gelado, preguiçoso, frenético.
O amor é chato como a potassa, faz tanta falta como o raio que o parta.
O amor deseja-se ardentemente, ou deseja-se ardentemente não tê-lo.
O amor é diluído numa profunda amizade, ou destruído numa louca e criminosa antipatia.
O amor é sereno, histérico, profano, sagrado, grávido do mundo inteiro e esvaziado logo de seguida.
O amor é esquizofrénico.
Há apenas uma forma deste sentimento que se mantém como um gráfico linear, em sentido crescente. Uma forma de amor que não sofre as mutilações do tempo e dos dias dentro desse tempo.
Há apenas uma forma de amar que nos estica e nos ensina que amar não mata, antes ressuscita e faz viver, uma e outra vez, ao longo de uma sucessão de números do nosso calendário.
A forma como amamos os nossos filhos.

4 comentários:

Joanissima disse...

Que poesia, mulher!!!
Parecia a Carta de S. Paulo aos Coríntios (um dos textos mais belos de sempre, e do meu segundo Santo favorito... : )))

Amei, simplesmente!! : )

L. disse...

AUTCH... Lindo...

Ando caladinha há algum tempo, mas continuo por aqui.

beijinhos

gralha disse...

Pois é.
(e agora, muito baixinho: é isto que as muito bem resolvidas que acham que a maternidade é mais uma imposição social do que uma escolha não sabem)

Naná disse...

Ana cê, tu tens mesmo o dom da palavra escrita! Que melhor descrição do que esta do que é amar um filho, ou mais que um!?