quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Os Oprimidos

Podia ser o título de um filme de época, cuja história se desenrola na altura da revolução industrial, mas não. É simplesmente o título que melhor define a forma como andamos todos neste país de merda.
"Não estás contente, há quem queira o teu lugar", "achas que ganhas pouco, mas há quem não ganhe nada", "tens sorte por ter um trabalho, porque é que te queixas, seu mal agradecido?".
Então quem se queixa é ímpar na sua ingratidão, quem se queixa é mandrião, quem se queixa é revolucionário, quem se queixa está a pôr a sua cabeça a prémio e a abrir lugar a uma fila de pessoas prontas a não se queixarem.
E é de mordaças que travam a língua, cordas que ferem os pulsos, vida medíocre de árduo trabalho e pouco salário que é feito o dia a dia de milhões de portugueses resignados com a sua sorte.
Úlceras progridem a galope nos estômagos tugas, sapos crescem atingindo dimensões profundamente indigestas, revoltas processam-se em organismos cansados de engolir afrontas, mas prosseguem os patrões em carros de grande categoria, levando vidas de grande ostentação, sob o olhar atento do trabalhador explorado.
Há também aquela classe de elite de entidades patronais que julgam função e obrigação do trabalhador pedir que seja pago o ordenado a tempo e horas e que ficam afrontados caso lhes seja pedido com docilidade o dinheiro a que se tem direito.
E é assim que caminho a passos largos para abraçar o Marxismo, só para abanar um bocadinho o sistema instituído. Depois deixo.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Para Vocês

Aos resistentes que ainda param aqui de vez em quando, aos não resistentes e aos aleatórios. A todos:
Apareçam, estarei à vossa espera.



sexta-feira, 5 de setembro de 2014

aceitação

A última vez que falei com o Sérgio (a quem dedico também o meu livro e que partiu também com cancro)estava em pânico por causa da minha timidez crónica e falta de jeito absoluta para defender aquilo que faço em voz alta. Tinha de ir falar sobre o livro a uns programas, tinha de falar no lançamento do livro e andava com uma séria congestão nervosa, a caminho de uma desinteria crónica.
Ele disse-me apenas que quando estamos seguros daquilo que fizemos o medo fica bem mais submerso.
E acho que é isso.
O truque é pormos sempre tudo de nós naquilo que fazemos e sentirmos orgulho no nosso trabalho, seja a escrever cenas lamechas de telenovela, cenas cómicas de série, livros onde abrimos a parte de dentro do coração.
Ele tinha razão e não foi apenas por já não estar aqui que lhe atribuo uma conveniente aura de sapiência súbita.
Há pessoas mais sensatas do que outras e por vezes precisamos apenas que sejam sensatos por nós.
É estranho isto da passagem do tempo. É como se fossemos várias caixas que vão sendo abertas ao longo dos anos, como se fossemos nós, mas sem sermos já nós. Não é mau ficarmos diferentes, é apenas humano e é isso que temos que aceitar.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Viagem ao Fim do Coração

Se quiserem, ou tiverem a dose de paciência necessária para fazerem um Gosto na página do meu livrinho, força. Se não quiserem eis que vos envio força também.
É o livro que prometi à Rita/Silvina, dos Episódios de Rádio. A minha forma de lhe piscar o olho e de lhe garantir um pequeno pedaço de eternidade.
Não é a história da Rita, mas é uma história para a Rita. É que dentro de mim ninguém morre.