domingo, 31 de janeiro de 2010

Agora sim um Post de Baby Blog


Correndo o risco de babyblogar aqui o estaminé até ao enjoo, mas não resisti em partilhar.
Agora sim, sinto que está mesmo próximo. Já ficámos os três a contemplar, a imaginar, a dar corda à música no coelhinho, a passar as mãos sobre o fresco dos lençóis.
Já temos um pedacinho dele no nosso quarto.

O Meu Café de Manhã


O sol mal acordou e escuto os teus passos na direcção do meu quarto. Ficas a olhar-me como se fosse o bastante para me despertares e é.
Não me custa sair da cama que não me oferece descanso decente e seguir-te até ao andar de baixo. Pois quando tenho a cabeça a mil à hora, ficar na cama apenas agrava o estado de pensamentos constantes.
Ponho o café a fazer e só quando escuto o barulho da água a borbulhar no interior da cafeteira de vidro começo verdadeiramente a despertar.
Por isso odeio Nespresso. Sim é prático, rápido e eficaz, mas não vai entrando lentamente no meu sistema e o sabor, meu Deus, o sabor é artificial, quase plástico.
A minha velhinha cafeteira de vidro consegue acordar-me com a mesma doçura da minha filha e vai deixando um aroma por toda a casa. O aroma das minhas manhãs.
Encho uma caneca fumegante e vejo o Many Mãozinhas, gozando cada segundo da nossa rotina matinal, sabendo que em breve vai estar tudo diferente. Tudo menos o café. Sem café pela manhã o meu dia não corre da mesma maneira, é que não corre mesmo...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

É o Bicho É o Bicho

Uma coisa que me irrita quase tanto como a frase: "Eu quero continuar a ser eu mesmo" arrotada com imensa facilidade nos programas de revelação de talentos, é a famosa frase:
"Eu sempre tive o bichinho cá dentro", ou melhor ainda" Eu espero ter ficado com o bichinho".
Mas que bichinho? Pelo amor de Deus! Se têm a bicha solitária purguem-se. Se é bicho que dá comichão cocem, se é Alien deixem-no sair, mas não me falem mais no bichinho de forma carinhosa e doce que eu não aguento!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Why Worry


Porque esta música sempre me acalmou.
Porque esta música sempre me afastou de mim própria de cada vez que os pensamentos fugiam por caminhos incertos.
Porque esta música sempre me comoveu e porque não a escutava há anos. Hoje precisei de a ouvir até as palavras fazerem parte de mim:
Why Worry.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O que Será que Será

Olho as datas dos iogurtes dentro do frigorífico e percebo que quando expirarem o meu filho já terá nascido.
Dou-me conta que posso espreitar a previsão metereológica para o dia 4 de Fevereiro.
Olho o meu quarto despedindo-me de todos os elementos que deixarei de usar por uns tempos. Os meus livros, o espaço ao lado da minha cama, onde ficará a cama dele, o cheiro que muito em breve será diferente, pois cheirará a mais uma pessoa nas nossas vidas.
Imagino a desorganização da chegada, o reboliço, o revirar dos ponteiros do relógio em função de um pequeno ser.
O meu cérebro está quase 100% vidrado neste começo de viagem, deixando de lado tudo o que não tenha importância.
António e Alice são as duas únicas palavras no meu pensamento. Como reagirá a minha filha, como reagiremos nós, como será.
Desculpem a falta de originalidade, mas nesta última semana enquanto três aqui em casa, todo o meu pensamento voa para o resto das nossas vidas.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Ao Mulherio

Um aspecto giro à brava neste mundo tão feminino da gravidez é ouvir as histórias de partos de outras mulheres.
É impressão minha, ou não existe uma única mulher à face da terra com uma história normal, ou pelo menos, com uma dose de drama mais suave?
Depois mesmo sem perguntarmos fazem questão de contar tudo, tudo, tudo e ainda trazem à baila narrativas acerca de amigas que iam esticando o pernil e de médicos negligentes e de hospitais infernais.
Enfim eu limito-me a responder que não vale a pena desenrolarem mais o fio à meada, porque não vou ter um parto dito natural. Os olhinhos ficam roídos com este muro de betão que é a minha indiferença e então são capazes de se saírem com uma pérola deste género:
"Ai mas conheço uma mulher que fez cesariana e esqueceram-se do IPod dentro do útero dela, não estás bem a ver a cena, de cada vez que fazia xixi ouvia a Gaivota dos Amália Hoje".
Mulherio, as grávidas não querem saber de drama. Guardem as vossas histórias para quem as queira realmente ouvir está bem?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ai as Minhas Cruzes, Ai a minha Rica Vidinha, Aiiiiiii

Se durmo de lado dói-me a anca. se durmo para cima não respiro, de barriga para baixo impossível, sentada tenho fechado os olhos por uns minutos, até a cabeça começar a balançar.
Se fico de pé picam-me os pés. Se fico sentada picam-me os pés e as pernas.
De cada vez que me levanto dou os primeiros passos a coxear com uma dor num sítio que ainda não defini.
Se como demais, se ando demais, se falo demais falta-me o ar.
Se me emociono não lacrimejo afogo-me em lágrimas.
Se me dizem que estou inchada sinto-me um monstro, se me dizem que estou elegante grito que me mentem.
Olho as minhas calças de ganga estilosas da Replay abandonadas no armário e sinto o peso do tempo que durará a nossa separação.
Nada, repito, nada serve de abrigo à minha barriga que desponta sempre por debaixo de cada trapinho inútil. A minha vaidade impede-me de sair à rua descalça, por isso lá vou desapertando os ténis mais um bocadinho todos os dias.
E assim se passa a última semana de gravidez. Se me vierem com a conversa de que vou ter saudades deste estado de graça sei precisamente o que fazer. Qualquer coisa que envolva uma panela e uma cabeça...

Descubra as Diferenças


domingo, 24 de janeiro de 2010

Para Onde Vão as Nossas Meias

Durante anos a fio, do alto da minha credulidade infantil pensei que as roupas que de vez em quando não voltavam para o meu armário tinham desaparecido pelas mãos da fada das roupas, uma fada terrível que levava a roupa das crianças para a transformar noutra coisa qualquer digna de fadas.
É claro que a fada era apenas a minha mãe que de acordo com uma selecção nazi de gosto nada coincidente com o meu, deitava fora sem dó, nem piedade tudo aquilo que não gostava na minha indumentária. Foi a queda da minha inocência.
Mais tarde na minha vida adulta convenci-me que as meias que ficavam subitamente desirmanadas, à espera que o seu par amado retornasse à gaveta, eram sugadas pelo cano da máquina de lavar, ou roubadas pela organização mafiosa dos ladrões de peúgas.
Mas parece que o seu destino era bem menos romântico. Acabei também por descobrir que as cavernas de Ali Babá onde se escondiam os pares fugidos eram nem mais nem menos que as capas dos edredons.´
Se algum dia decidirem abanar uma capa de edredon acabada de lavar vão descobrir no seu interior tesouros que nunca imaginaram reaver...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Book Lovers Never Go To Bed Alone


E de repente uma saudade imensa de quando me perdia horas a fio nas páginas de um livro. De quando passava os dedos pelas capas do Gabriel Garcia Marquez e prometia a mim mesma que leria tudo dele, tal como lera tudo da Isabel Allende.
Também me lembro quando jurei ler tudo que conseguisse ler de Tolstoi e Dostoievsky, cada conto de Tchekov com uma espécie de beatude, de braços abertos para cada mundo, sentindo as diferenças que o simples facto de nascer num certo país imprimia nas letras de quem escrevia.
Não tinha limites, horários, quebras à minha vontade. Era dona de mim e do meu tempo.
Hoje já não procuro nas livrarias os livros mais escondidos, vou aos escaparates, aos últimos lançamentos. Hoje o tempo já não me pertence e tenho que fintá-lo, ganhá-lo, lutar por ele quase com fúria.
Hoje já não me posso perder nas páginas de um livro mais difícil, mais intrincado, pois cedo ao cansaço da rotina. O meu espírito pede qualquer coisa que não mace, que não canse, que não dê luta. O meu espírito é agora um pouco menos meu e mais dos outros e assim me entrego à saudade de quando procurava as páginas mais escondidas nas prateleiras menos visíveis. Assim cedo à saudade de mim.
Apesar de odiar guardar coisas só porque sim, há uma peça de roupa da qual não consigo desfazer-me. Uma velha e gasta camisa de noite, larga e gigante repleta de livros e de letras que dizem:
"Book Lovers Never Go To Bed Alone".
Agarro-me a essa frase com a certeza de que um dia voltarei a resgatar o gosto pela leitura, pela boa leitura.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Pergunta de Grávida

Grávidas deste mundo, ou entendidos na matéria, aqui segue a pergunta mais bizarra e assustadora desta grávida:
Alguma de vocês teve um bebé que no final da gravidez em vez de descer colocando-se naquela posição entre-pernas perfeita, subiu?
Estou convencida que o António está a trepar por mim a cima. A minha barriga está cada vez mais subida, diria até suspensa por uma estranha lei de gravidade e sinto o estômago literalmente esmagado, o que leva aos fenómenos nocturnos mais desconfortáveis e inusitados do bairro (nem me atrevo a descrevê-los aqui).
Já falei com ele e expliquei-lhe que não vai sair pela boca e também não vale a pena tentar fugir do inevitável agarrando-se ao cume da montanha, mas ele não ouve, ou finge que não ouve...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Descascar um Ovo


Se me perguntarem o que é que mais me custa na cozinha eu teria que dizer: Descascar ovos cozidos. Há coisa mais cretina do que tentar soltar aquela casca que ora se agarra, ora se solta às lascas, escaldando-nos os dedos, fazendo-nos bufar, praguejar, maldizer o momento em que decidimos fazer Salada Russa para o jantar?
Também já percebi que há ovos que se descascam melhor que outros, só não entendi bem porquê. Será da galinha? Uma tem o rabo mais duro de roer que a outra? Uma é a galinha dos ovos de casca dura, outra dos ovos de casca porreira?
Em segundo lugar nas tarefas impossíveis está tentar tirar uma casca de ovo que caia por acidente na mistela que estamos a preparar, seja um bolo, ovos mexidos, massa de panquecas. Alguém consegue tirar a casca do líquido? Para quando uma invenção nesse sentido? É que é tramado trincarmos pedaços de casca mais tarde.
E enfim, aqui estou eu a falar sobre cascas de ovo como se não fosse a coisa mais estúpida do mundo, mas tudo para distrair a minha mente catatónica, tudo...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

À Beira de um Ataque de Pânico


Agora que sei a data em que o bebé vai nascer (mais dia menos dia) a coisa tornou-se avassaladoramente real. Não há volta a dar, vamos ter a nossa vida virada ao contrário, fazer piruetas, malabarismos, alfinetes nos olhos noite e dia e esquecermos quem somos durante uma carrada de tempo.
A coisa está a tornar-se tão evidente que bloqueei. Vou sentar-me no sofá e esperar que passe. O resto da família que viva por mim, que eu vou ficar aqui a acumular energia para o que aí vem.
Logo agora que devia estar a tomar café com amigas em tom de despedida temporária, namorar intensamente com o meu marido doente do coração, brincar pela rua fora com a Alice, aqui estou eu catatónica, em transe. Da minha boca apenas sai:
Como é que me fui meter nesta outra vez?
Isto de querermos ser pais tem uma grande dose de espírito de aventura e eu sempre fui uma pessoa aborrecida, comodista e racional, alguém que não gosta de acampar, nem de fazer viagens de mochila às costas...
Como é que me fui meter nesta outra vez?

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Há Palavras Assim

Há expressões absolutamente fantásticas. Daquelas que não escutamos durante anos e de repente, saídas assim do nada, do silêncio repleto de tédio das mesmas expressões ouvimos da boca de uma bisavó:
- Vê lá se não queres uma palmada no tutu!
Como é que fui esquecer a palavra tutu, como é que nunca a utilizei para ironias polidas do género:
Aquele senhor gosta de levar no tutu, não te parece?
Aquela senhora é uma dor de tutu, não achas?
Credo que tutu tão gordo!
O meu tutu está inflamado, passa aí o Halibut!
É oficial, hoje mesmo reabilito esta palavra na minha vida. Acho indecente que a deixem morrer.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O meu Amor Por Ti - 4 anos


4 anos de ti, de ti connosco, de ti comigo.
4 anos em que me perdi um bocadinho só para me reencontrar mais cheia de tudo o que importa.
4 anos em que aprendi a dormir com os olhos fechados e os ouvidos ligados, em que aprendi a acordar ao som da tua voz.
4 anos em que aprendi a sentir na palma da minha mão a tua mão e o calor que fica depois de a soltares.
4 anos do teu cheiro, dos teus cabelos, dos teus sons, dos teus passos na minha direcção.
4 anos de brincadeiras, conversas, perguntas intermináveis.
4 anos de alguns desesperos, cansaços, saudades daquilo que ficou, mas tão repletos de compensações.
4 anos do único sentimento digno de ser chamado Amor. O amor no sentido mais puro da palavra. Sem egoísmos, sem sombras, sem trocas, sem exigências, sem adornos.
Aqui tens o meu coração nas tuas mãos e tantas vezes nas minhas. Aqui me tens filha. Muitos Parabéns!

sábado, 16 de janeiro de 2010

PARA OS ENFERMEIROS

Isto de passarmos uns dias no interior de um hospital, ainda que apenas de visita como foi o meu caso, traz-nos sempre uma perspectiva espantosa de dentro das coisas. Uma visão que só quem passou por ali guarda.
Hoje gostava de falar dos enfermeiros. Não sobre aquilo que eles pensam da sua profissão, dura, mal paga, tantas vezes deprimente, cheia de líquidos orgânicos, catéteres, sangue, fezes, urina, maus cheiros, gemidos, gritos. Tão cheia de decadência humana que muitas vezes os desumaniza, transformando-os em autómatos que cumprem funções atrás de funções já sem o entusiasmo do princípio de tudo. Enfim, não sob este ângulo, mas sob o ângulo de quem precisa deles, de quem os vê chegar como uma lufada de ar fresco, como uma ponte entre o doente e o médico.
Será que os enfermeiros sabem como importam na equação de tudo? Como o som dos seus passos no chão de linóleo significa o quebrar da solidão tantas vezes sentida por quem está na cama de um hospital?
Será que eles sabem mesmo que uma expressão sorridente, ou mal encarada faz toda a diferença do mundo para quem está do lado de cá?
Será que eles sabem que fazem parte da gigantesca corrente que salva vidas, que ameniza dores, que trata as feridas? Ou com o passar dos anos vão esquecendo que são importantes na equação final?
Acreditem que não são meros acumuladores de tarefas ingratas. Esta simples visita gostou de se sentir apoiada, de ver que além de se preocuparem com o marido enfermo, também arranjavam tempo para se preocuparem com a minha gigantesca barriga e fazerem-me sentir um bocadinho menos cansada...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Inspirar e Expirar

Nunca pensei que o simples facto de deixar de escrever por 3 dias suscitasse preocupação por parte daqueles que costumam ler as parvoíces que desenvolvo por aqui. Digo-vos já que fiquei tremendamente sensibilizada.
Aconteceu qualquer coisa sim, mas não comigo, nem com o António que continua bem agarrado à minha barriga.
O Hugo teve uma suspeita de enfarte que acabou por não se confirmar. Até não sabermos o que tinha provocado electrocardiogramas e análises alarmistas foi duro. Fizeram-se exames arriscados e urgentes, passou-se pelos Cuidados Intensivos e finalmente respirámos de alívio (relativamente) quando nos disseram que um vírus, provavelmente de uma infecção pouco grave, tinha migrado para o miocárdio, causando-lhe danos.
O Hugo já está bem, mas continua sob o tecto do hospital e eu sob vários tectos, incluindo aquele que suporta o desgaste físico de uma grávida de termo, o desgaste emocional de alguém que pensou que podia perder o marido e o pai dos filhos e o desgaste de tudo junto.
Não tenho tido forças para quase nada além de prosseguir as tarefas maternais, de mulher e manter-me de pé. Daí a minha ausência.
Um telefonema do Miguel (do Cheirinho a Éter) para os cuidados intensivos comoveu-me muito, bem como a atenção constante da Melissa que se ofereceu para tudo menos para parir por mim (infelizmente), a Rita, a Luísa. Hoje uma mensagem da Joaníssima, ontem da Ana. que mesmo sem saberem o que se passava pressentiram que algo me mantinha ausente e alguns telefonemas e mensagens que me sensibilizaram muito deram-me alento para pensar que os anjos surgem sob as formas mais inesperadas e daqui, de um mundo relativamente novo para mim.
Obrigada por me fazerem sentir digna de atenção numa altura em que todas as minhas atenções voam para longe de mim.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

www.netcabo.chiça.com

Porque é que de cada vez que um técnico da Netcabo, neste caso dois técnicos, penetram na nossa casa para ligar, arranjar, solucionar, trazer novo equipamento, saem deixando atrás de si um rasto de destruição? Neste caso fiquei sem telefone e sem e-mail, depois te ter pedido um novo serviço.
Alguém me explique que qualificações são requeridas a um candidato a técnico desta porcaria. Estou desconfiada que nem a pré-primária é precisa.
Além de toda a incompetência a que já nos acostumaram aqui em casa os dois cromos que apareceram hoje tinham um bafo de bode que me impestou a casa inteira.
Mas o pior, o mais dramático de tudo isto é que sei que não há alternativas melhores. Nada funciona bem neste país e só nos apercebemos disso quando os problemas surgem...
*O momento mais surreal aconteceu quando me era ditada a palavra-passe para que ligasse os computadores à nova net e escutava com olhos esbugalhados o que era transmitido à minha parva pessoa:
Espanha-Faca-Meia-Sete-leva-número-bicho.
Só depois de escrever as palavras todas e daquilo dar erro é que percebi que o senhor só queria mesmo dizer a primeira letra das palavras que ia inventando ao sabor da imaginação...

domingo, 10 de janeiro de 2010

Aqui Rapa-se Mais Frio do que Na Ucrânia

Agora que a bimby está a fazer a sopa de feijão, os meus pés estão quentes como duas batatas assadas com umas meias bem grossas e esticados na direcção do meu puff, aqui me sento para vos fazer uma pergunta de grandessíssima importância:
Porque é que em Portugal se sente mais frio do que na Ucrânia?
As casas estão mal isoladas e são estupidamente quentes no Verão e arcas frigoríficas no Inverno? - BINGO!
A Electricidade é tão parvalhonamente exorbitante que só permite aquecer a divisão onde nos encontramos no momento sem termos que ligar à Cofidis para pedir um empréstimo e entregarmos a casa e o carro como garantia? - BINGO!
E este congelamento lento não se passa só nos nossos lares, temos também as escolas, onde, por muito dinheiro que se gaste nas propinas e mensalidades, nenhum cêntimo é investido para aquecer as salas de aula onde os miúdos ranhosos chegam a casa de ranho congelado no queixo.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Faz-me rir que eu gosto

Se tivesse que escolher uma qualidade em alguém, tirando aquelas qualidades do costume, como o bom carácter e outras tantas do género. Definitivamente escolheria o sentido de humor.
Há coisa mais chata do que alguém que não sabe rir-se de si próprio, que não sabe rir-se connosco, de nós, para nós?
Há coisa melhor do que estarmos com alguém que nos faz rir quando menos esperamos, que sabe fazer uma piada inteligente de uma situação parva e que percebe sempre onde queremos chegar, mesmo quando não somos assim tão evidentes?
Atenção não falo de palhaços cansativos que se riem com filmes para retardados mentais e nos fazem ficar com dores musculares no rosto de tanto forçarmos o sorriso. Falo de pessoas com genuina graça, cada vez mais raras diga-se de passagem...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Orgasmize-se em Cascais


Yupi!!!! Acabei de saber que as fotografias da Clara Pinto Correia a orgasmizar estão expostas no Centro Cultural de Cascais. Não estranhei, pois de facto trata-se de uma expressão cultural e artística ímpar. Ver as várias expressões de êxtase da bióloga fotografadas pela sua cara metade durante o coito (não sei se anal se vaginal) é digno de Centro Cultural, sem a menor sombra de dúvida.
Como moro em Cascais e sou uma gaja que gosta das artes, em vez de ir à Casa das Histórias da Paula Rego, vou um bocadinho mais abaixo ao Centro Cultural e cultivo-me para um ano inteiro.
Só não tenho bem a certeza se as fotografias retratam o êxtase sexual, ou simplesmente o alívio depois de uma enorme dose de prisão de ventre superada. É que o título da exposição podia ser: O alívio da defecação.

Aquela Estalagem



A Estalagem do Muchaxo na Praia do Guincho é daqueles sítios maravilhosamente decadentes, que viveu a era do Glamour e dos exílios da realeza, assistindo a quase tudo.
Batida pelo vento e salpicada pelas ondas do mar que teima em corroer tudo à sua volta, a Estalagem mantém-se, já não tão glamorosa, já não tão brilhante, mas para mim mágica.
Adoro ir lá num dia frio de Inverno, sentar-me numa das suas mesas encaixadas na pedra, com vista para a praia e lembrar-me de todas as tardes que lá passei a estudar, a conversar sobre coisa nenhuma e o mundo inteiro, a olhar o mar e a sentir-me a pessoa mais completa do mundo. Fomos lá no dia de ano novo e a Alice também se rendeu aos seus "encantos".
Eu sou uma pessoa de praia no Inverno, por muito parvo que possa parecer, e aquela Estalagem decadente, onde não tenho coragem de pedir nada além de café, ou torradas, é o cenário perfeito para uma pessoa de Inverno como eu.
Na entrada estão expostas algumas fotografias dos seus tempos áureos, com caras da arte, da monarquia, da política que por lá passaram e paro sempre para as olhar, quanto mais não seja para me lembrar que, apesar de velhinha, a Estalagem já teve a sua dose de vida e agora descansa, olhando a Praia do Guincho.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A Martha Stewart que Há em Mim


Adoro uma boa cama. A abarrotar de almofadas, várias colchas a decorar, um edredão onde nos afundamos. Adoro entrar num quarto que tenha uma cama assim, idílica e estática, como numa revista.
Na prática nunca consegui tamanho feito. Imaginar o trabalho de tirar todas aquelas almofadas à noite antes de adormecer, ou voltar a colocar o amontoado depois da cama feita sempre me retirou a força anímica para investir numa caminha de sonho.
Penso que só quem tem uma empregada todos os dias tem camas assim. Ou então uma Martha Stewart da vida que alisa a fronha milimétricamente e faz disso ciência.
Mas posso sonhar, passar a mão pelas camas montadas nas lojas, atirar-me para cima delas e imaginar-me a ler um livro enterrada naquele conforto quase sensual.
Entro sempre na Zara Home, mesmo que não compre nada. Adoro as colchas, os acessórios, os preços razoáveis, tudo.
Como nota final pergunto apenas a uma qualquer dona de casa perfeita que passe por aqui se sabe algum truque para dobrar aqueles lençóis de elástico. Há anos que tento e acabo sempre suada, a praguejar, quase enrolada neles como uma múmia e sem sucesso. Cantando a derrota e depondo armas enrolo-os tipo croquete a atiro-os pelo ar.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Extremos

Não gosto de extremos.
Agora que penso bem nisso, acho as pessoas extremistas tremendamente aborrecidas.
Extremistas com o ambiente, com uma religião, com um partido polítco, com uma opinião.
Extremistas com uma pessoa, com uma decisão, com uma obsessão.
Extremistas que não mudam, que não ouvem, que não saem do mesmo sítio, quase batendo o pé em jeito de birra, repetindo vezes sem conta os mesmos pensamentos, como um mantra.
Muitas vezes penso que os extremistas são surdos. Surdos para o resto do mundo. Não vale a pena falar-lhes, pois ainda que nos olhem enquanto expomos o nosso ponto de vista, percebemos que chispam de indignação. Escutam sem fazerem um esforço para entenderem outro ponto de vista diferente do deles.
Quem não pensa como eu está errado e ponto final.
Os extremos e pessoas agarradas com pés, mãos, unhas e dentes a alguma coisa aborrecem-me de morte e quase sempre perdem a razão mesmo quando a têm...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O Casamento Light

Qual é a chave do sucesso de alguns casamentos que duram uma vida inteira e porque é que outros falharão com uma rapidez avassaladora?
Não me digam que é apenas o amor, porque não é. O amor não resolve tudo, ajuda muito sim, mas não é A solução e o amor também pode ser morto sem dó nem piedade pelo casal.
Penso que a imaturidade com que muita gente entra no casamento, sem saber bem o que é que significa uma vida com outra pessoa, com tudo o que isso tem de bom e de mau, pesa no falhanço. Principalmente numa geração em que o egoísmo e o egocentrismo são cultivados desde cedo.
Penso que é importante partilhar o mesmo tecto antes de se partir para o casamento, pois só conhecemos verdadeiramente alguém depois de vivermos juntos e assim já não nos podemos queixar de grandes surpresas.
Também uma grande dose de esforço, de empenho, de cedências, de construção diária. O casamento não é o fim de uma etapa, mas sim o começo de tudo e se não estiverem os dois na mesma onda, dificilmente o barco se aguentará quando uma das partes não rema.
É apenas uma reflexão de alguém que já viu demasiadas separações acontecerem por falta de empenho e que sente que o casamento simplesmente se banalizou. Hoje em dia as pessoas casam-se e têm filhos como quem vai beber um café...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Meninas Mulheres

Quando só nos apetece rebolar como croquetes num colchão e a nossa actividade cerebral é idêntica à de uma linha recta, folheamos revistas fúteis, lemos livros do Dan Brown e ouvimos os gemidos no Ídolos, em vez de publicações científicas, livros de teor profundo e o Canal História.
Em vez de debatermos questões culturalmente relevantes, damos por nós a falar para as páginas de uma revista foleira cujas letras nem lemos e a criticarmos as escolhas musicais e vozes fraquinhas do Ídolos português.
E agora que já me justifiquei até à exaustão, aqui vai uma pérola de futilidade:
Alguém me explique como é que a filha do Tom Cruise é considerada a miúda mais fashion (o que quer que isso signifique) dos putos famosos.
Agora anda sempre de saltos altos e vestida à senhora. Tenho a sensação que não lhe dizem não a nada. A menina quer sapatos brilhantes de salto, força. A menina quer mini-saias tigradas e carteirinhas Chanel e força. Caramba fico chocada com estas senhorinhas de 3 anos que em vez de andarem com os sapatos da mãe às escondidas em casa, andam vestidas como a mãe na rua...

domingo, 3 de janeiro de 2010

Meninos da Mamã 2

Sempre desdenhei das mães de rapazes que contribuem para a crescente taxa de meninos da mamã no nosso país. Elas ensinam os rebentos nada mais nada menos do que a arte de dependerem da mãe para tudo, de compararem cada mulher à sua imagem, de manterem uma espécie de cordões invisíveis que os prendem à sua asa, mesmo quando já passaram dos 40. Elas tecem teias tão fortes e misteriosas que impedem a cria de voar do ninho, mesmo quando já tem barba, pelos nas pernas e voz grossa.
Os meninos da mamã não sabem lavar roupa na máquina, passar uma camisa a ferro, cozinhar uma refeição sem perguntarem à mamã como é que ela faz.
Os meninos da mamã comparam as refeições da mulher com as da mãe, nem que se trate apenas de uma simples torrada. Enfim, eu nunca gostei de meninos da mamã. Aliás, estou profundamente convencida de que eles são o motivo pelo qual o nosso país não anda para a frente. E agora, bem agora, prestes a ser mãe de menino estou à rasca.
Será que vou conseguir quebrar a tradição portuguesa e obrigá-lo a fazer a cama?
Será que vou conseguir fugir à tentação de querer ser a protagonista eterna na sua vida?
Será que vou conseguir ser uma sogra porreira, controlando-me para não esvoaçar como uma melga em redor das relações do meu bebé (ahahah)?
Estou preparada para pagar pela boca, até porque nunca fiz nenhuma destas perguntas quando estava à espera da minha filha e isto só pode ser um sinal que já ultra pergunto, ultra protejo, ultra esvoaço em redor do menino...
Ai cruzes o que será de mim se não ensinar o meu filho a programar uma máquina de lavar roupa?

sábado, 2 de janeiro de 2010

A Única Coisa que Peço Hoje

De todas as coisas que quis, nenhuma passava por aqui.
De todos os futuros que imaginei, nenhum deles tinha a cor deste presente.
De cada palavra sonhada, nenhuma formava as frases que me chegam hoje.
De cada dia, hora, minuto contado, escutado nos ponteiros barulhentos, nenhum me anunciou quando deixaria de contar até acontecer.
De todos os abraços apertados nas noites sem sono, em que os sentia exactamente na intensidade desejada, nenhum se revelou tão intenso.
Por isso deixei de sonhar com tanta força, deixei de esperar, de contar, de prever, de imaginar ao pormenor. Por isso deixei que a vida tomasse todos os rumos fora de mim para mais tarde o caminho me encontrar.
Viver é uma mistura do que conseguimos e do que a vida nos consegue. O desejo não funciona sem a nossa força e a nossa força jamais se move sem desejo.
Se sonharmos demais nunca alcançaremos, se não sonharmos de todo jamais empreenderemos.
A única coisa que peço hoje, no segundo dia de 2010, é o equilíbrio entre os dois lados de mim.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

zzzzzzzzz

Será possível que sem ter bebido uma gota de vinho nem de champanhe, sem me ter deitado além das 2 da manhã me sinta com uma grandessíssima ressaca?
Será que estou a largar um ano inteiro de cansaço num só dia? É o que parece.
Meu Deus o que é que me aconteceu? Dormir, por favor, deixem-me dormir 2010 e eu prometo que me porto bem...