sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O Palco

Com o maravilhoso advento da virtualidade chegaram centenas de coisas boas, mas, como em tudo, vieram também centenas de coisas menos boas, como a possibilidade de oferecer palco a oligofrénicos, retardados, frustrados, carentes, ressabiados, patéticos, enfim, todo um mundo de seres que desconhecíamos até então e que, não tivessem eles a hipótese do palco do mundo virtual, andariam certamente a tirar bedum das unhas dos pés com uma faca romba, enquanto apreciariam uma vida plena de um vazio impotente.
Portanto, face à falta de quem escute as suas pérolas eruditas dentro das suas vidas reais, buscam incessantemente rumo para a sua existência em caixas de comentários, vomitando as suas fezes verbais em fóruns, blocos noticiosos, páginas, blogues e afins. E todos, mas rigorosamente todos eles, os que buscam as luzes de uma ribalta forçada, têm uma opinião a dar sobre um assunto qualquer, por mais inusitado que seja.
Se existe uma notícia de alguém que morreu ao tentar produzir uma porca revolucionária para uma roda de triciclo, poderemos contar com centenas de sedentos do palco, opinando, comparando, julgando a qualidade da porca em questão e jurando que fariam melhor.
Resta-me o consolo de imaginá-los já noite alta, e depois de fazerem um "Postar Comentário" em mais uma notícia, ou fotografia partilhada, afastando-se em direcção à cama romba, que chia ao seu contacto, pousando os cabelos sebosos na almofada forrada a flanela puída e escutando o silêncio ruidoso de uma vida solitária.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Begin Again




A música tem o poder de nos elevar, de nos resgatar, de nos comover, unir, fazer sorrir, correr de emoção, ou simplesmente fechar os olhos e viajar até onde escutámos pela primeira vez aquela canção em particular. A música sempre fez parte da minha vida e partilhá-la com alguém é das emoções mais fortes que podemos ter.
Não concebo a minha vida sem música e este filme é uma das melhores e mais sensíveis homenagens ao poder da música nas nossas vidas.
Agora restam-me mais trezentos filmes para ir ver´, a começar pelo do meu querido Clint Eastwood, mas o tempo, meu deus, o tempo para nos dedicarmos àquilo que nos dá prazer, onde é que ele está?