terça-feira, 31 de agosto de 2010

Charlotte Bronte


Das três irmãs Bronte a minha preferida.
Um dia, não muito distante, assim quero acreditar, pegarei em mim, nos meus pés e olhinhos e partirei à descoberta dos locais onde nasceram e viveram as irmãs Bronte, Jane Austen, Shakespeare e tentarei respirar um bocadinho do ar que respiraram.
É que eu tenho este fetiche por seguir os passos, as vidas, até os túmulos de pessoas que admiro, vasculhar fotografias, biografias, pinturas, cenários, casas, ambientes até à exaustão.
A Charlotte Bronte tem o condão de me prender da primeira à última página e de fazer das personagens apagadas, pouco bonitas e supostamente insípidas, minhas heroínas e portadoras de verdadeiros vulcões interiores.
Comprei um livro dela para ler nas férias e descobri que só não tenho tempo para ler os livros que não conseguem prender-me...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Guardar este momento

Nunca fui grande amante de praia, de calor, de areia, de creme protector, de confusão. Para mim praia é no final da tarde e é sentir o cheiro a sal na pele antes de me vestir para jantar. Estes cheiros e sons trazem de volta coisas boas e ter de volta coisas boas faz-me bem, por isso hoje queria parar o relógio e suspender o calendário. Deixar-me ficar a sentir a brisa húmida que vem do mar, o som das ondas ao longe, os gritos das crianças que brincam, as gaivotas que temperam o entardecer.
Queria que nada do que é bom terminasse e que pudesse guardar este momento para sempre numa pequena caixa que se abrisse para deixar sair o ruído deste dia de cada vez que me sentisse triste.

É impressão minha, ou isto parece uma letra sentimental da Mafalda Veiga? É assim, o ar da praia solta a lamechas que há em mim.

sábado, 28 de agosto de 2010

Férias, ou nem por isso

Fomos parar a um hotel servido por uma praia com 10 cm de comprimento, espaço esse partilhado por barcos de pescadores e alminhas que desconhecem a palavra distância mínima da toalha alheia.
Fomos parar a um hotel cuja praia de tamanho normal mais próxima se situava na mais bela e por explorar localidade algarvia chamada Armação de Pêra. Localidade ímpar na sua natureza selvagem e sem construções em altura, onde arranjar um buraco para o carro e outro para uma toalha de bidé no areal nojento é mais difícil do que espetar uma bandeira no topo do Everest. Localidade que muitos portadores da nossa portugalidade parecem achar paradisíaca, avaliando pela forma sedenta com que fluem nas ruas apinhadas e desgovernadas, ou com que sacam das toalhas para o dia todo na selva barulhenta.
Fomos parar a um hotel com uma vista magnífica sobre o mar, mas sem podermos sair da piscina por todos aqueles motivos acima. Vai daí mudámos.
E agora, apesar de já ter descoberto que o António não gosta de praia e chora para ir embora, ao passo que a Alice chora quando vai embora, apesar de me ter conformado em passar as manhãs com o meu baby debaixo dos pinheiros, enquanto o Hugo vai para areia com a Alice, apesar de já ter entendido que férias com dois miúdos de idades diferentes são uma espécie de gestão de recursos humanos paterno-maternos, em que pai e mãe se revezam e raramente se encontram, sinto que tenho as coisas controladas.
A praia gigantesca a três minutos de distância a pé, os pinheiros que nos dão sombra e os finais de tarde no areal a quatro, já dão um certo cheirinho a férias e caramba, férias, apesar de cansativas, são boas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Lá, lá, lá

Com voz esganiçada, mas alegre, canto:
Eu vou, eu vou, bazar daqui eu vou, Lá lá lá lá lá lá lá lá lá, eu vou, eu vou.
Malas, malinhas, malões, sacos, saquinhos, sacalhões, baldes de praia, cadeirinhas, garrafões e marmitas com feijões, mas eu vou, eu vou, bazar daqui eu vou, lá lá lá lá lá lá lá lá lá, eu vou, eu vou!!!
Acho que nunca estive tão contente por viajar até essa mítica e deserta região por explorar chamada Allgarve...

*A parte das marmitas e garrafões é ficção, mas é de facto a única coisa que não levamos.

domingo, 22 de agosto de 2010

Toddlers and Tiaras

De cada vez que tenho um lampejo deste programa absolutamente vomitante chamado Toddlers and Tiaras, pergunto-me, como é que é possível.
Possível existirem mulheres destas a parirem miúdos, possível existir um país onde é permitido este tipo de concurso, possível existirem pais que assistem impávidos e serenos à esquizofrenia da mulher para com as filhas/filhos, possível conceber-se este tipo de concurso para bebés.
Estas mães, com graves problemas de identidade e traumas de infância, que fazem questão de viver o sonho da Cinderela através das filhas obrigam as miúdas (e miúdos também sim) a passarem pelo crivo de jurís, dentes postiços, unhas falsas, bronzeado artificial, vestidos de cabaret, laca no cabelo, prémios de dinheiro, frustrações, competição, vaidade, futilidade, tudo em nome dos seus próprios sonhos.
Roça a psicopatia, ouvi-las justificarem tudo com o bem estar e gozo das filhas e depois ver as crianças com birras, amuos, sono, impaciência por terem que se sujeitar ao desfile de beleza infantil.
Eu gostava de tecer aqui uma verdadeira tese sobre como é triste vermos estas coisas acontecerem e ninguém fazer nada quanto a isso, mas a realidade é que só me ocorre a palavra bigorna, juntamente com a cabeça destas mães.

sábado, 21 de agosto de 2010

Choramingar e coisas assim

Dou ao pé para o acalmar num embalar mais ou menos suave, pisco-lhe o olho e respiro fundo. Sei que vai melhorar quando o que quer que seja que o põe de mau humor for embora.
Até lá tento pensar nas coisas boas, só nas coisas boas, mas o choramingar não deixa, o choramingar só me faz pensar em choramingar e mais nada ao cimo da minha vida inteira interessa, só interessa que ele pare, que me dê um momento de silêncio.
Li algures num blog demasiado estranho para o linkar aqui que existem estudos que dizem que quando o bebé chora a culpa é da mãe, as cólicas são culpa da mãe, a ansiedade do bebé é culpa da mãe e penso: Caramba há mesmo mães que vivem assim, que pensam assim, que se culpam assim? E há mesmo estudos que se debruçam sobre coisas tão estúpidas assim, como descobrir culpados para a má disposição de um bebé?
Há, parece que há sim.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Não sei por onde vou...

Fazer planos é pedir, na maioria das vezes, decepções.
Andar à deriva, sem marcos, nem propósitos também não é saudável, pois consome-nos uma espécie de cegueira para a frente que nos atormenta o espírito.
O ser-humano precisa de algumas certezas, mas não todas. Apesar do conforto que dá o calendário cheio de tracinhos e objectivos por alcançar, o desconforto por não conseguir alcançá-los consegue ser sempre pior.
Por isso decidi fazer planos à minha medida, não me sobrecarregar e não me lançar nas malhas da auto flagelação de cada vez que os falho.
Sabermos a nossa medida é bom e caminharmos de acordo com a força do nosso coração é sensato.
Há uma frase, se não me engano, do José Régio, cantada pela Maria Bethânia, que diz mais ou menos assim:
"Não sei por onde vou, só sei que não vou por aí"
E é isto, tem que ser isto.

domingo, 15 de agosto de 2010

Apalavronada

Juro que não sei o que se passa comigo, mas de cada vez que escrevo sai-me um palavrão. Estou verbalmente incontinente e suspeito que é por não poder praguejar em voz alta perto da Alice e vá, do António também. É como quando falta a água aqui em casa e me dá para padecer de sede a cada instante.
Apesar de não ter rigorosamente nada contra, nunca tive veia para o palavrão escrito em modo non stop, nem para falar como uma habitante de um bairro problemático algures no mapa citadino, por isso estranho-me.
Se esta maleita andar a afectar mais alguém é favor dizerem-me, a fim de me sentir menos solitária e desprezível. Até lá tentarei desdramatizar e gritar uns dois ou três palavrões por hora pela janela fora a ver se isto vai embora.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Dramas de Beleza ou Aqui também se usa Chanel

Entre as joias, diamantes e Ferraris, o Hugo ofereceu-me nos anos um conjunto de gel de banho, creme para o corpo e perfume Chanel. Nada de gozos nem de assobios invejosos, porque eu também tenho direito a ser absoluta e irremediavelmente fashion e, surpresa das surpresas, o perfume e seus sucedâneos não cheiram a velha gaiteira, são fresquinhos como gosto.
Problema nº1:
Não tenho coragem de lavar as partes baixas com o gel de banho Chanel, acho indecente.

Ontem queria ter comprado na Body Shop uma luva-esponja, daquelas que tiram as células mortas, porque tenho-as para dar e vender, principalmente na massa cinzenta, mas tive preguiça de ir à dita loja e acabei por comprar uma esponja com o mesmo propósito, mas rasca do Continente.
Problema nº2
Esfolei-me viva.

Hoje atingi o patamar mais reles de uma mulher fashion e comprei uma caixinha de roupa interior numa grande superfície/loja-tipo-feira. Cheguei a casa, abri a embalagem e as pintinhas amorosas na loja, haviam-se transformado numas bolas descomunais de velhota.
Problema nº3
Deito aquela merda fora, ou guardo para usar numa noite de incontinência?

Coisas que já sei

Acho graça à quantidade de coisas que posso dizer que já sei. Coisas das quais fiz teorias, frases, conjecturas e finalmente tirei conclusões. Coisas simples, menos simples, mais ou menos desarranjadas. Coisas.
Coisas de que posso falar se me pedem conselho, ou que guardo para mim se não me pedem.
A coisa que me chegou hoje de sopetão foi simples. Chegou com uma clareza quase cristalina, daquelas que admitem poucas dúvidas e deixou-me triste.
Entendi que, a maior parte das vezes, quem nada pede, nada recebe. Que quem bem se comporta não é visto, nem premiado.
Ao contrário de quem faz merda a vida inteira. Este sim é visto, ajudado, coberto de atenções e pézinhos de lã.
Premiar a merda através de excesso de zelo e ignorar aquele que não apresenta problemas, é das coisas mais idiotas que podemos fazer e magoa.
E esta coisa eu já sei.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Polaroids da Minha VIda

Não sei se é só a mim que acontecem estes momentos fotográficos da minha própria vida. Momentos em que consigo remeter tudo para a minha lente de focagem manual e parar a imagem, congelando-a dentro do meu coração.
Ontem aconteceu-me ficar a olhar a minha família e sentir que tudo estava onde deveria estar. A Alice fazia uma festinha nos cabelos do irmão, o Hugo ouvia as notícias e eu tive a certeza que o mundo, o meu mundo, era um lugar onde queria estar.
Depois tudo terminou, o ruído regressou, o calor invadiu cada partícula da minha pele cansada, a Alice deu início a mais uma sessão de cantorias enlouquecidas, o António choramingou assustado, o Hugo refilou com nada de especial e a rotina instalou-se subtilmente, obrigando-me a usar a lente de focagem automática.
Tenho dias em que preciso muito de ver fotografias. Lembrar as que tiro com o olhar e as que tirei com a máquina ao longo dos anos. Sempre que revejo algumas imagens de momentos importantes, ou que não importaram assim tanto, amo com mais força e tenho mais uma vez a certeza de que o caminho que trilhei faz afinal de contas todo o sentido.

domingo, 1 de agosto de 2010

Para Vocês...

Que ainda têm paciência para passar por aqui e ler esta espécie montanha russa de temas, venho dizer-vos que estou cansada. Nunca pensei chegar a um ponto em que a fonte das letras tivesse secado, mas secou mesmo e eu preciso parar.
Não sei se por um dia, um mês, mas o ritmo será temporariamente diferente do que costumava ser.
Preciso de recuperar forças, inspiração, motivação e até lá ficarei em modo pause, tentarei ler uma página de um qualquer livro por dia e manter-me sã até pousar os ossos sobre uma espreguiçadeira no Algarve.
Entretanto lembrem-me para nunca mais marcar férias só para o final de Agosto, é que já não tenho idade para esperar tanto e ultimamente a única coisa que ocupa o meu pequeno e mirrado cérebro é a imagem de um pequeno almoço buffet num hotel com uma praia aos seus pés.