quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Agora Não é o Momento Oportuno



Sempre que o via lembrava-me inconscientemente de uma velhota transmontana de lenço na mona (sem ofensa para a velhota). Desde o riso, aos maxilares com estrutura desdentada, à forma de se expressar muito campónia.
De todos os horrores sofridos na aventura política portuguesa, este foi sem dúvida um dos meus piores pesadelos. Ele não tinha carisma, ele não tinha fibra, ele não tinha presença, ele não tinha rigorosamente nada que cheirasse sequer a chefe de estado, mas eis que se torna mesmo Presidente.
O que fazer então? Associar com orgulho o seu rosto ao nosso país, ou esconder-me debaixo de uma mesa de cada vez que me perguntassem quem era o meu Presidente?
O nunca ser oportuno falar sobre coisa nenhuma revelou-se o seu slogan, a sua bandeira orgulhosamente hasteada perante toda e qualquer questão. Mas até nisso o homem falhou. Quando finalmente decidiu abrir a boca serviu apenas para nos deixar com a certeza absoluta que mais valia ter ficado calado.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Paixão Antiga



E hoje lembrei-me de uma paixão antiga, daqueles tempos em que amávamos de verdade os vocalistas dos nossos grupos de eleição. Dos tempos em que ter Mtv em casa era um luxo e de cada vez que aparecia um teledisco que gostávamos púnhamos o volume no máximo e cantavamos as letras que sabíamos de cor, imitando gestos, manias e tiques.
Eddie Vedder foi durante muito tempo uma paixão séria, os olhos verdes, os calções pelas canelas que subiam de cada vez que ele encostava o pé numa coluna cedendo à emoção que a música lhe provocava, os cabelos compridos, a forma com que cantava com a boca quase fechada, expressão zangada e compenetrada. Tudo nele era absolutamente apaixonável e claro que eu me apaixonei perdidamente, tal como também seria capaz de qualquer loucura por Axel Rose, inclusivamente andar com um lenço na tola para imitar o meu ídolo.
A música era tão, ou mais importante para mim, do que o ar que respirava e simplesmente não concebia uma ida para a escola sem os meus Walkmen da Sony enfiados nas orelhas, perdida no meu próprio mundo.
Esta, apesar de não ser do primeiro álbum dos Pearl Jam, é a música deles que mais recordações me traz e que nunca, nunca me canso de ouvir como se o fizesse pela primeira vez.
Agora percebo como ter entrado nos 30 é bom, podemos dizer que andámos com um lenço na testa a imitar o Axel Rose sem medo de sermos gozados em praça pública. É outro estatuto...

Obrigada Miguel por me teres feito lembrar :)

Almoço Tântrico

Nunca vos aconteceu estarem cheios de pressa, ou simplesmente padecerem de bichos carpinteiros (maleita de que sofro bastante ultimamente) e partilharem um almoço com alguém que em vez de comer faz sexo tântrico com os alimentos?
Nós já acabámos o bife de 500 gr (ah ah), mais batata gratinada, mais leguminosas e olhamos de lado a vitrina das sobremesas, tentando evitar que a baba escorra pelo queixo e o nosso parceiro de mesa ainda vai na terceira garfada. Interrompe a degustação para contar qualquer coisa sem interesse, pois geralmente também não há grande sequência lógica na narração de histórias e mastiga, mastiga, mastiga, para regressar ao prato ainda cheio, demasiado cheio para ser possível suportar a espera.
Olho para o companheiro de refeição em câmara lenta e parece até que vejo os alimentos no interior da sua boca chata a serem triturados com uma lentidão devastadora. A sua voz espalhando tédio em nosso redor, a boca que se chega ao copo para ajudar a diluir o bolo alimentar sem sucesso.
A carne não é dura de roer, as batatas são deliciosas, mas ele insiste na demora, levando-nos à loucura. O suor escorre em bica pelas nossas costas desconfortáveis pelas horas de espera e a febre parece escaldar-nos o rosto ansioso.
Às tantas pegamos no nosso próprio garfo e dizemos que ficámos com fome, roubando um bocadinho do prato dele só para tentar adiantar o processo.
Mas aí vem a história de como um bife deve ser cozinhado para ficar perfeito, que já a mãezinha dele comprava no talho gourmet da esquina com a Alexandre Herculano, perto daquele café mítico e a propósito, a mãe dele nasceu numa zona do país em que se cozinha muito bem a carne, ai ele gosta tanto de viajar pelo país em maratonas de degustação, a propósito de maratonas...
Então concluímos que também faz sexo tântrico com as histórias que conta e não aguentamos mais, pegamos na carteira e voamos dali para fora (em pensamento é claro).

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Sem a Cor do Amor

Para uns começa com um simples olhar na direcção de alguém.
Para outros é preciso caminhar muito lado a lado até perceberem que não faz mais sentido percorrer o caminho sem o som daqueles passos na sua vida.
Há quem diga que se enganou muitas vezes até acertar e quando finalmente acertou o sabor da vitória foi mil vezes mais intenso.
Há quem diga que aconteceu mesmo antes de acontecer e o reconhecimento foi imediato.
Depois temos os que se atiram de corpo e alma logo de uma vez e os que pé, ante pé vão chegando lá.
Os que sofreram e deixam de acreditar, os que querem continuar a acreditar apesar de terem sofrido, os que não desistem nunca, os eternos desistentes. Os amantes de tirar o fôlego, os que vão cortando devagarinho a respiração.
Sob que forma for este pano de fundo que rege os nossos passos, a realidade é que a vida sem a emoção do amor não tem a mesma cor.

Esta deve ser a nova fase das hormonas, a fase cor de rosa do amor...

domingo, 27 de setembro de 2009

X ou Y

Hoje é que vai ser o dia de reflexão. Não ontem, hoje sim, já sei que vou reflectir acerca do que move o povo, do que o impulsiona a votar x em vez de y.
Tal como nas autárquicas em certos Concelhos me mijo a rir por ver serem reeleitos corruptos, malabaristas que fogem para o Brasil e atravessam fronteiras em bagageiras de carros, também nas legislativas é interessante assistir ao povo que se queixa amargamente durante anos seguidos e depois ou fica em casa a coçar a micose e não vota, ou vota no carrasco que tanto criticou.
Foi com este espírito democrático-tuga no pensamento que fui cumprir o meu dever cívico logo pela matina e não deixa de ser engraçado votar num clube recreativo de uma aldeia. Sim porque moro no Concelho de Cascais, mas como diz a Melissa, vivo no Campo (ah ah). Adoro ir votar aqui e ver os filhos que acompanham os pais até ao local e lhe indicam com um dedo bem espetado na vitrine, qual o símbolo partidário que eles deverão escolher para assinalar com a cruz. Sem dúvida que chega um momento da vida de muitos pais em que a lei da paternidade se altera e passam a ser os filhos quem manda.
Quanto a mim, por muito que queira simplesmente não consigo votar em quem não acredito só para que não vença quem não quero que ganhe. Complicada mental? Talvez, mas a minha mão recusa-se a enfiar cruzes sem significado e ainda não está na altura dos meus filhos decidirem por mim...

sábado, 26 de setembro de 2009

Hoje Apetecia-me uma Grande História de Amor

Como não tenho tempo para reler, hoje apetecia-me rever todas as grandes histórias de amor que foram adaptadas da literatura para o cinema e as que surgiram apenas da imaginação de um talentoso argumentista, sem excepção.
Apetecia-me um daqueles sofás intermináveis onde nos afundamos, apetecia-me um bocadinho mais de frio lá fora e a televisão a rodar histórias de amor até o sono vencer e ainda assim adormecer envolvida pelo ruído de fundo das declarações apaixonadas.
Apetecia-me ser de novo adolescente e chorar o céu e a terra no final do filme, vibrar com o primeiro beijo debaixo de chuva torrencial, pois não há como beijos sob a chuva. Apetecia-me resgatar toda a inocência dos primeiros anos do coração e viver intensamente todas as histórias de amor como se fossem a minha.





sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Um Grito na Escuridão

Uma das coisas que mudou da gravidez da Alice para esta foi o estado de vigília nocturna do Hugo que foi decrescendo até ficar no nível zero. Ele não acorda com rigorosamente nada. Por isso esta noite, ao ser violentamente despertada por uma cãibra daquelas que nos fazem gritar de pura dor e paralisia, daquelas em que simplesmente não conseguimos esticar a perna sem que tenhamos mil punhais a trespassar-nos a musculatura, a primeira coisa que fiz foi agarrar-me aos seus cabelos, enquanto gritava por ajuda, qual filme de terror a 3 dimensões.
O puxão de cabelos resultou e o meu marido lançou-se sobre a minha perna com uma prontidão comovente, massajou, esticou, beijou.... A perna errrada. Quando finalmente percebeu que não era aquela a perna atingida pela dor, mudou com a rapidez que o sono lhe permitiu e massajou, faz festas sobre... A zona errada. Quando reparo melhor já ele estava de olhos fechados a massajar-me a cabeça.
Enfim, não se pode pedir tudo, mas que ele tentou, tentou...

As cãibras são mais uma faceta da gravidez. Sim eu já sei que é falta de magnésio, mas eu até durmo com uma banana, por isso não sei que mais fazer.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Limpeza da Cavidade Central

Alguém consegue explicar-me, ou desfazer-me a dúvida numa questão de vital importância por favor. É impressão minha ou a maioria dos homens dobra o papel higiénico simétrica e meticulosamente antes de limpar, como dizer de forma bonita, hmmmm, antes de limpar os resíduos sólidos orgânicos da cavidade central?
Depois não se importam com o que fica para trás, mas quando limpam o traseiro a coisa tem que ser feita com rigor espartano, de forma quase sublime. Aquilo é uma ciência. Qual origami, qual quê? Ponham os olhos na dobragem do higiénico que muitos homens fazem, isso sim é arte.
Contrariamente aos hábitos de asseio masculino a maioria das mulheres que conheço limita-se a emaranhar uma bola de papel higiénico para o efeito.
Eu acho a bola bem mais eficaz, não se rasga, proporciona um conforto almofadado, mas enfim, isto sou eu, uma leiga nestes assuntos do origami wc.

O Nosso Piano

Eu não sou peneirenta, nem nova rica, a sério que não sou. Jamais compraria livros a metro para enfeitar as prateleiras, preferiria sempre uma pequena casa charmosa e com alma a um palacete dourado e preto, optaria sempre por carros discretos em vez de Ferraris amarelos(tudo isto se ganhasse no Euromilhões).
Por isso quando vos disser que comprei um piano decrépito e desafinado para ter na minha sala, quando a única coisa que sei tocar é os Parabéns a Você e a Música no Coração, vocês vão pensar, mas que raio. Para que é que alguém que não toca um corno foi comprar um piano velho e sem préstimo para decorar a sala?
E eu vou responder-vos da única maneira que posso: Não faço a mais pálida ideia.
Cedi a um impulso. O dono do piano ia voltar à sua terra natal nos Estados Unidos e queria desfazer-se dele por uma bagatela. Pertencera à sua mãe, por isso custava-lhe deixar o piano sem dono e aqui a Ana que sempre sonhou aprender um instrumento qualquer, mas cuja mãe nunca achou necessário investir nisso, decidiu aos 34 anos enfiar um instrumento musical de alguma envergadura (não tem cauda) na sala.
A realidade é que a Alice deixou de ligar à televisão com tantas teclas ao seu dispor e ainda não se cansou de largar notas desafinadas pela casa.
Querem saber o mais estranho? Não me incomoda nem um pouco. Quem sabe, pode ser que ela lhe ganhe o gosto...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Para Ouvir Por Favor


Não sou grande fã de Jazz, mas a primeira vez que ouvi o Jacques Loussier Trio a interpretar Bach fiquei rendida do princípio ao fim.
Não sejam chatos e oiçam por favor. Esta mistura de estilos, um que se transforma no outro. Os dois que se confundem fazem-me sempre suspender o coração.
Simplesmente adoro ouvir coisas deste género. É como se servissem para lembrar a toda a gente que a música clássica é definitivamente intemporal.

Chegaram!


Lembram-se de vos ter falado nas medalhas? Pois é chegaram hoje de manhã cedo e não desiludiram.
Difícil mesmo foi fotografá-las. Odeio e adoro máquinas digitais.
Decidi imortalizá-las (eh eh) sobre um dos meus postais de eleição que alguém me enviou um dia, depois de um grande sucesso na minha vida.
Nele repousa uma frase banal, mas cheia de significado. Uma frase que tento sempre não esquecer de cada vez que sinto o chão fugir-me sob os pés:
"Quando uma porta se fecha, abre-se sempre algures uma janela".

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Se Não For de Farda Não Sou Ninguém

Então parece que os nossos médicos e enfermeiros se passeiam fora do recinto hospitalar (mais concretamente em shoppings à hora de almoço) de batinha vestida e estetoscópio ao pescoço.
Nada que eu já não soubesse, pois aqui em Cascais é vê-los a vever a vica na tasca da esquina todos vestidos a rigor.
Ando eu, uma comum mortal, preocupada com coisas precárias e saloias como a higiéne das mãos e andam eles a trocar bichos de dentro para fora e de fora para dentro, só porque senão forem assim vestidos ninguém adivinha que são Senhores Doutores.
Chamem-me parva, mas pensei que eles, acima de qualquer classe, deviam dar o exemplo.

Ser Mãe a Tempo Inteiro

E sobre a profissão mais mal paga do mundo (em termos monetários) deixem que vos diga:
Ser mãe a tempo inteiro ainda é muito pouco valorizado por muita gente, até mesmo pelo pai quando bate a porta de manhã e sai da rotina caseira.
Ser mãe a tempo inteiro exige mais de uma mulher do que muitas profissões das 9 às 5.
Ser mãe a tempo inteiro muitas vezes desgasta-nos por dentro e por fora, principalmente quando tentamos decifrá-los, desdobrá-los, entendê-los, adaptá-los a nós e nós a eles.
Ser mãe a tempo inteiro muitas vezes tira-nos a força anímica que precisamos para coisas mais criativas.
Ser mãe a tempo inteiro é um permanente exercício de altruísmo na sua forma mais pura.
Ser mãe a tempo inteiro muitas vezes tira-nos força para mostrarmos de formas românticas e intensas que continuamos a amar muito o nosso marido.
Ser mãe a tempo inteiro deixa-nos muitos dias à beira de um ataque de nervos e muitos outros à beira de outra coisa qualquer.
Ser mãe a tempo inteiro é tanta, mas tanta coisa mais do que é possível deixar aqui escrito e meu Deus como seria bom estar escrito num qualquer lugar a chave do sucesso, mas não está.
Somos nós que conquistamos o sucesso a pulso, um sucesso invisível que mais ninguém celebra ao nosso lado, pois só nós sabemos como foi chegar ali.
Se trocava os dias que passei a descobrir tudo isto por alguma coisa?
Não, nunca. Jamais diria que o tempo que passei com a minha filha foi desperdício, ou em vão, pois ela é simplesmente a parte melhor da minha vida.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Parte Melhor


A parte melhor de fazer um bolo é rapar o recipiente onde se prepararam os ingredientes, principalmente quando se deixa de propósito uma quantidade generosa de "massa" esquecida no seu interior.
Mas não pode ser rapada com um objecto qualquer, que isto tem arte, tem que ser com os próprios dedos e mais para o fim, quando os dedos emporcalhados já não conseguirem cumprir tão nobre missão, com o insubstituível rapa-tudo, ou Salazar como lhe chama a minha avó :)
A Alice ainda não desenvolveu este gosto, é mais adepta de furar o bolo com o dedo depois deste estar pronto.

Amo-te

São poucos os que entendem valorizar antes de perderem.
Menos ainda os que apreciam a cada instante que passa a dádiva que é estarem bem e terem ao vosso lado quem se preocupe.
O número daqueles que sabem amar antes de perderem um grande amor conta-se rapidamente, a uma velocidade triste e irremediável.
Quantas vezes não ouvimos alguém queixar-se dos milhões de defeitos do companheiro de vida, para quando o perde lhe angariar outras tantas virtudes?
Onde é que estão as virtudes presentes? Porquê falar nelas apenas no passado?
Vamos dizer a quem amamos o quanto amamos, mas agora. Não há cá adivinhas, nem gestos subtis de paixão. As palavras fazem falta, tanta falta como o ar que respiramos. Sem palavras vivemos surdos de amor.
Há coisas que não apetece adivinhar, que apetece loucamente ouvir uma e outra vez, até que deixem de doer as hipóteses. Até que deixe de cansar perscrutar cada gesto, cada atitude em busca da resposta procurada.
Depois de uma noite em claro a assoar narizes, a embalar choros sobre a barriga inchada de vida, sinto-me sempre incapaz de amar quem quer que seja, além da minha cama. Mas foi precisamente hoje que gostei mais de ouvir a palavra amo-te a duas vozes diferentes.

domingo, 20 de setembro de 2009

Quando Estou Doente

Quando estou doente, ou tremendamente mal disposta fisicamente não gosto que dramatizem, mas também odeio que me ignorem.
Não gosto que me perguntem de 5 em 5 minutos se me sinto melhor, nem que se esqueçam de o fazer.
Não preciso que me encham constantemente de abraços, mas uma festinha nos cabelos de vez em quando é bom.
Aprecio quem zela pelo meu descanso silenciosamente, poupando-me a pequenas tarefas sem ter que ser chamado à atenção. Não gosto quando fingem esquecer-se da minha má disposição, tendo que ser eu a lembrá-la.
Enfim sou uma grande chata, principalmente quando estou ranhosa e com dores de garganta, juntamente com a minha filha...
A-a-a-a-a-a--Tchiiiiiiiiiiiiiiiiim!

sábado, 19 de setembro de 2009

Impossíveis de Esquecer



Que saudades de abrir a capa maleável dos meus livros de infância em busca dos fiéis companheiros de horas livres. A emoção de iniciar cada história, como se também eu fizesse parte das letras, as viagens que fiz juntamente com eles, o frio no estômago de cada vez que corriam perigo, o desejo apaixonado de ter um cão como o Tim que me salvasse sempre que estivesse em apuros.
As lágrimas pelas histórias tristes de burros mal tratados, de meninos orfãos. A raiva pelo mimo de Sofia nos seus atribulados desastres.
Olhando para trás, se tivesse que enumerar alguns dos melhores momentos da minha meninice, no topo da lista estariam certamente, as horas que passei com eles.
Hoje em dia vejo jovens a bufarem ante a perspectiva de livros tão simples e geniais como os Maias e pergunto-me se na meninice deles alguma vez terão começado pelos livros certos...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

As Feiras e Eu

Sempre tive uma espécie de inveja esverdeada daquelas pessoas que caminham por uma feira como se estivessem em casa (não, não me refiro ao Paulo Portas).
Penetram no recinto com uma segurança avassaladora e encaminham-se directamente para a selecção que pretendem. Sabem onde encontrar as verdadeiras pechinchas de "qualidade", como lhes chamam, regateiam se preciso for, enfrentam o vendedor com olhar manhoso, torcendo o nariz em jeito de desconfiança quando aquele lhes grita o preço.
Jamais cedem ao cansaço prosseguindo na sua marcha feirante de sacos em riste, só descansando quando o controlado orçamento se esgota.
Chegam a casa com uma sensação de vitória contagiante e despejam os sacos, mostrando o produto do dia ao parceiro, aguardando os elogios que se seguirão.
Pois eu taralhoca me confesso. Não sei orientar-me em feiras, canso-me só de olhar em volta e nunca sei para onde dirigir a minha atenção, que geralmente foge sempre para as bancadas que vendem pão com chouriço. O mais próximo que estive de regatear com um membro de etnia cigana (que politicamente correcta que sou), foi quando quis fugir a uma investida de um vendedor de relógios manhosos e ele interpretou a fuga como bluff, descendo dos 30 Euros para os 10 sem que eu fizesse rigorosamente nada, aliás, sem que eu abrisse a boca e ainda me disse que eu era boa naquilo.
As poucas vezes que consegui efectivamente comprar alguma peça de roupa, depois de chegar a casa e de a lavar transformou-se num produto completamente diferente daquele que tinha trazido da feira.
Por tudo isto desisti de feiras. Não que seja demasiado boa para feiras, elas é que são demasiado complexas para mim.
E assim me vou contentando com as lojas organizadas e com preços estonteantemente baratos, como a que me deram a conhecer outro dia no grande Dolce Vitta Tejo (Prismark acho eu).

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Abraça-me Agora


A Lia ofereceu-me este francobolo (selo em italiano. Sou mesmo culta). Bem sei que ando um bocado afastada desta coisa dos selos e dos prémios, pois a minha preguicite que cavalga para crónica tem-me impedido de prestar a devida atenção a todas estas performances recebe selo, cola selo, mete desafio, desafia, copy, paste, corta e sei lá mais o quê.
Mas achei tanta graça a esta imagem e tão ternurento o desafio que decidi espetar com ele aqui e é claro chatear mais alguém com ele.
Comecemos então pelas 4 perguntas:
1 - Quem mais gostas de abraçar no presente?
- A minha almofada banana (perdoem a falta de romantismo)
2 - Quem nunca abraçarias? Quem quer que não me apetecesse abraçar. Odeio abraços pouco sinceros.
3 - A quem davas tudo para poder abraçar? Todos aqueles que não abracei as vezes necessárias por pensar que teria sempre tempo para o fazer.
4 - A quem davas o teu melhor abraço? Primeiro que tudo há que definir o que é o meu melhor abraço. Não é um simples colocar de braços inertes em redor de alguém, é muito mais. É comunicar com toda a força do silêncio até ouvirmos apenas o coração um do outro. A força com que se aperta tem que ser na exacta proporção da emoção que sentimos, por isso quanto mais apertado, mais temos a certeza que a emoção é genuína e forte. Temos que nos debater para nos soltarmos, tal é a vontade de permanecermos assim para sempre.
Por tudo isto penso que daria o meu melhor abraço àqueles que me abraçam assim.

Passo este abraço e este francobolo a:
Joaníssima que se queixou de falta de desafios. Bem sei que este não é personalizado, mas sempre te vai entretendo.
À Ana. porque se tem revelado alguém que me apetecia simplesmente abraçar.
Ao querido enfermeiro Miguel, pois só me apetece dizer-lhe: Venha daí esse abraço! E porque gosto de o ver escrever coisas de gaja só para chatear.
Ao João Pedro pois é um incurável romântico e sem medo de falar do coração.

Um Ritmo Diferente

Eu sabia que muita coisa ia mudar quando decidi ser mãe. Muita coisa para melhor, outra para simplesmente diferente. De entre tudo o que ficou diferente no meu dia-a-dia, aquilo que mais me marcou foi o ritmo dos passeios.
Passear, ver montras, ir comprar um par de sapatos, dar uma volta no shopping, ou na rua das lojas nunca mais foi o mesmo.
Senão vejamos, um percurso que demorava 5 minutos a fazer agora percorro-o em 20 minutos. Ela pára em todo o lado, delicia-se com um banco de jardim mais exótico, com alguma coisa que vê numa montra, com um cão sarnento e abandonado que deambula pelas ruas, ela detém-se quando vê um McDonalds e diz-me sempre que está cheia de fome (treta absoluta, ela só quer o brinquedo do HappyMeal que nem gosta de comer), ela dá pequenos saltinhos vagarosos, ora com os dois pés, ora a pé coxinho. Mas andar ao meu ritmo não, simplesmente não o faz, não sabe, não consegue, não está no seu mapa mental andar depressa.
Por isso quando vejo a livraria que quero alcançar a poucos metros de distância sei que vou demorar uma eternidade a atravessar as suas portas e uma dupla eternidade para voltar a sair.
Se há dias em que esbanjo paciência, outros há em que suo em bica, em que só quero despachar-me de uma vez por todas. Mas em ambas as situações é-lhe perfeitamente indiferente o meu estado de espírito, ela só anda ao seu próprio ritmo e eu, tenho que abrandar o meu, custe o que custar...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O Som da Música

Sempre gostei de coleccionar música. Se alguma canção me vinha ao pensamento podem ter a certeza que o respectivo disco repousava em alguma das minhas prateleiras. Ainda hoje guardo verdadeiras pérolas de memória que ponho a tocar de cada vez que quero recordar o que quer que seja.
Também sempre gostei muito de cinema e das bandas sonoras que dão vida ao filme. Para mim um filme que não tenha atrás de si uma música que nos comova, que nos alegre, que nos atemorize, não está de todo completo.
Presto sempre uma atenção doida à Banda Sonora e colecciono-as há anos. Não há absolutamente nada mais indicado para trabalhar, neste caso em novelas.
Quando escrevo uma cena profundamente romântica, nada melhor do que um disco que me lembre as imagens de um filme profundamente romântico. Já escrevi grandes cenas de amor ao som de Rob Roy, das Pontes de Madisson County, do Encantador de Cavalos, de um filmezinho absolutamente maravilhoso com a Sandra Bullock que retratava os primeiros anos de vida de Emmingway. Acreditem que inspira.
Depois tenho uma paixão antiga, incutida desde cedo pelo meu pai e a qual lhe hei de agradecer para sempre: A música clássica. Tenho um cantinho aqui em casa dedicado a esse estimulador espiritual com um pequeno retrato de Mozart (que trouxe de Salzburgo) a guardá-los bem de perto (aos cd's).
Só tenho pena de não poder escutá-la tão alto como antigamente, pois tenho sempre protestos familiares de cada vez que ponho o volume no máximo para melhor dar ouvidos a uma obra de algum dos meus heróis. Para mim uma ópera, uma música barroca, uma peça de piano, é para ser ouvida no máximo sempre, para sempre...

Um Cantinho Aqui de Casa

Sangue Fresco

Caiu uma avioneta em Castro Verde e parece que morreram todos os passageiros. Mas os nossos queridos jornalistas, não contentes com as imagens do aparelho destruído, tiveram que fazer um grande plano do sangue num dos assentos da aeronave.
Há um acidente grave numa qualquer estrada do país, aí vão os repórteres de imagem a espumarem pelo belo do destroço e é claro que além de captarem as imagens do carro feito em fanicos decidem que é um belo contributo para a informação, apanharem também o corpo dentro de um saco preto e, claro está, as manchas de sangue no chão, pois ninguém acreditaria que um carro partido em dois e feito numa lata aberta de sardinhas, poderia ter provocado feridos. É preciso o sangue seco para nos fazer acreditar.
Há um tiroteio numa tasca, algures numa vila perdida no interior do país. Além de falar na troca de tiros por motivos passionais, ali está a repórter lado a lado com a mancha de sangue no pavimento.
Ora a minha pergunta é: Porque é que não põem lá o dedinho e provam só para tirar mesmo as teimas de uma vez por todas?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

As Fotografias do Ventre

Que me perdoem as grávidas que hipoteticamente não pensam como eu e que se rendem a esta prática tão comum entre a comunidade, mas eu tinha que falar nas fotografias do ventre.
Sim, eu sei que tal como as fotografias que se tiram antes do casório na casa da noiva, com esta espojada sobre o leito na colcha de renda de família, também as fotografias ao ventre arredondado e maternal são uma tradição, um must neste mundo gestacional.
Mas o que é que querem, aquilo faz-me comichões no ventre, as poses, as mãos debaixo do imenso globo sem umbigo em carícia, a circundarem, a enlaçarem juntamente com as mãos do pai, o sorriso embevecido que tempera toda a performance, tudo aquilo é demais para mim e penso quanto teriam que me pagar para me fotografarem assim.
Tirando raras excepções em que a coisa é feita com bom gosto (tentei encontrar as fotos da Melissa para linkar, mas não consegui), as fotografias de grávidas são de bradar aos céus, às terras e ao universo que nos rodeia.

Eu não falo de todas as fotos de grávida, vejam só estas. Quem pode não gostar? A fotógrafa faz toda a diferença :)
E estas que dão para confirmar a qualidade da fotógrafa, mas não são de grávida :)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Ser Mãe É Também Seguir Coração

Eu fui mãe depois dos 30, mas isso não quer dizer que sempre me tenha sentido uma mulher adulta e responsável ao longo de todo o processo. Há dias em que me sinto muito filha, outros há em que me sinto mais mãe.
Quando tomo decisões mais importantes em relação à Alice muitas vezes olho em volta em busca de um olhar aprovador e só depois percebo que o olhar sou eu que tenho que o dar e mais ninguém.
Saber se demos o passo acertado, ou não. Se aquilo que escolhemos é de facto o caminho a trilhar, se a resposta que demos é a que responde de verdade àquela pergunta são passos que em última instância damos sós, no mais íntimo que nos governa e por muito que nos digam que fizemos bem, que fizemos mal, temos que ser nós a decidir.
E eu decidi adiar a entrada da Alice na escola até ver como esta história da pandemia evolui.
Para me provar que nada é 100% programável, surgiu a Gripe A e a minha gravidez em simultâneo. E os meus planos de ter mais um filho quando a Alice estivesse já na escola aos 3 anos, ficaram assim bastante menos lineares.
Será que fiz a escolha certa? Será que exagerei? Será que? Será que? Será que?
Fiz o que o meu coração mandou e por enquanto isso terá que chegar para me calar.

A Banana do Êxtase

Farta de me agarrar ao Hugo, tentando fazer dele a minha almofada anatómica pessoal, farta de me rebolar e revirar em busca da posição ideal, investi numa banana destas e qual macaco agarrado ao galho, tenho trepado, raspado, empurrado, acomodado, agachado, enfiado (ah ah) pela noite dentro, numa relação de amor como não julguei existir.
Por vezes quando a abraço durante a noite o meu dedicado companheiro quase é varrido da cama, num desprezo absoluto pela sua pessoa. É que quem tem uma coisa destas não precisa de mais nada.
Penso que não deveriam estar destinadas apenas ao mundo das grávidas, pois privar os restantes habitantes do planeta do convívio com esta deusa é pecado capital.
Muitas vezes acordo desamparada, aos gritos desesperados, só para descobrir que o Hugo me fanou a almofada e também ele abraça outra que não eu...

domingo, 13 de setembro de 2009

Estou Cansada

Estou cansada. Tão cansada que quando bocejo tenho medo de ter uma cãibra nos maxilares e nunca mais conseguir fechar a boca, ficando a escorrer saliva até inundar a casa. Tão cansada que a perspectiva de ter que dar banho à minha filha me parece quase tão surreal como correr a maratona a pé coxinho enquanto canto o fado. Tão cansada que mesmo que tenha uma comichão avassaladora na planta do pé prefiro morrer dela a coçar-me.
Vim de um casamento onde o serviço foi tão, mas tão mau que ficámos 4 horas para conseguir chegar da sopa à sobremesa. Quatro infindáveis horas em que tudo me parecia em câmara lenta, tudo menos a minha fome.
E assim vai o meu domingo. Um permanente superar de mim própria e dos meus limites físicos. Acho que só vão perceber o quão cansada me sinto quando cair como um torpedo no meio do chão...

sábado, 12 de setembro de 2009

Os Monólogos da Vagina

Enquanto escuto o Santo Sócrates e a Égua Manela penso que os debates já não são como antigamente, com gritos, sobreposições, perdigotos, jornalistas à toa.
São meras sucessões de monólogos.
Infelizmente parece-me que a Manela sem querer está a puxar o lustro ao auto-brilho do Santo.

O Nosso Mano

Alice: Mãe?
Eu: Sim Alice.
Alice: Sabes o nosso mano? (decidiu que ele é nosso mano e não apenas dela, tudo bem)
Eu: Sei, o que é que tem?
Alice: Achas que ele vai nascer com barba?
Bahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Um Conselho Blogosférico

Se há conselho que posso dar a quem por aqui passa, qual anciã cheia de sabedoria blogosférica, é que não falem do vosso espaço de desabafo a toda a gente.
Bem sei que por vezes é difícil resistirem à tentação de partilhar, de dividir, de comentar até com alguém, mas resistam, pois inevitavelmente chegarão à conclusão que a liberdade de escreverem tudo o que vos passa pelo espírito, principalmente quando gostam de desbobinar aspectos mais íntimos, fica de alguma forma cortada.
Surgem perguntas, comentários, observações que nos deixam sempre constrangidos, expostos a um olhar inquisidor que não apetece e a vontade de voltar a falar sobre o lado de dentro vai esmorecendo a cada dia que passa.
Penso que quando lemos o que alguém conhecido escreve por estas paragens, não devemos tentar passá-lo para o nível pessoal, pois perde-se toda a magia deste mundo que se quer livre, sem amarras.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Um Olhar Para Trás Aqui à Frente

Quando deixamos alguém bem arrumado no passado, dentro daquela gaveta das melhores recordações, custa-nos imaginá-lo fora desse espaço que criámos para o guardar. É-nos difícil sentir que cresceu, que trilhou o seu próprio caminho. Que a sua vida seguiu indiferente à nossa com o passar do tempo, que afinal não se congelou dentro de uma pequena garrafa selada.
Há quase 20 anos atrás eu estava ainda no começo de tudo e agora que olho no sentido inverso àquele que percorro, vejo que ainda faltava tanto para chegar aqui onde estou, como estou.
Mas foi aí que nos conhecemos, ainda em bruto, por pensar. Era eu no sentido mais imaturo de mim. Por isso sempre pensei ter sido esquecida, não ter sido nada além de uma breve passagem irrelevante na sua vida.
Entendem então a minha surpresa ao abrir a caixa de correio deste blog e descobrir que essa pessoa tinha tropeçado neste espaço tão íntimo e que se tinha posto a par de mim.
Fiquei então a saber que a sua vida não tinha congelado no passado. Muito pelo contrário, tinha prosseguido, tal como a minha no caminho do amadurecimento e que isso era uma coisa boa.
Gostei de lhe conferir um presente, de o saber feliz, pai, marido, a viver na ponta Sul do país.
Tinha que deixar escrito em algum lugar o quanto foi bom saber dele e poder contar-lhe mais de mim e que melhor lugar para o fazer do que aqui. Exactamente onde me reencontrou.
Às vezes sabe muito bem dizer olá ao passado, principalmente quando a nossa vida avançou até aqui e conseguimos olhar lá para trás com um grande sorriso.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A Fuga do Caramulo

Então é assim. A família da Ana C e a própria deram a fuga do Caramulo. Não que não fosse lindo, não que não fosse cheio de ar puro e comida muito boa. Mas comecei a ficar com o chamado bicho carpinteiro (antes esse que a bicha solitária). Por isso desde ontem que estamos em Aveiro. Sempre quis conhecer esta cidade e lá consegui chagar o Hugo o suficiente para que ele cedesse à minha pressão psicológica.
É claro que agora rasteja aos meus pés de agradecimento por tão magnífica lembrança, principalmente depois da nossa manhã e almoço na Costa Nova com todas aquelas casas de encantar, um ambiente que nos transporta para longe de Portugal, pois não sei porquê senti-me noutro país ao caminhar por aquela grande e arejada avenida e só queria poder comprar uma casinha listada para poder fugir para lá de vez em quando e sentar-me no alpendre a ver as crianças brincar.
Amanhã regressamos à vida real, mas por enquanto ainda estamos de férias :)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Bem Vindo a Mim

E ontem no caminho para cá, ao som de um nostálgico Bruce Springsteen que cantava Jersey Girl no rádio do carro, senti-te pela primeira vez.
Quis agarrar aquele momento, carregar no pause da música e do caminho só para poder gravar-te bem dentro de mim, mas passou com a mesma serenidade com que chegou.
Não disse nada ao teu pai e à tua irmã, guardei-te para mim só mais um bocadinho. Só nós os dois, como será nos próximos meses até que sejas do mundo.
Tomei mais consciência de ti e sorri imaginando que a música é que te anunciou, a música que a tua mãe gosta.
A partir de agora sei que vou sentir-me sempre acompanhada por dentro.

Problema Resolvido


Estamos aqui, um quilómetro abaixo do afamado hotel, na Estalagem do Caramulo. Tem apenas 12 quartos, um ambiente de cabana de montanha familiar, varanda com vista verdejante, salinha de estar com lareira, restaurante acolhedor com comida tradicional e pasmem-se: COLCHÕES de dureza normal!!!!! E agora pasmem-se mais ainda:
60 Euros por noite!!!!
É caso para dizer Tcharam!
É claro que não é nenhum luxo, mas desde que seja limpinho e confortável, não sou gaja de grandes exigências.
Agora vamos dar uma voltinha pelos arredores e respirar bem este ar puro que me abre ainda mais o apetite para depois pararmos num qualquer restaurante e engordarmos mais uns quilos.
Podem dormir tranquilos que a Anita já está mais sossegada.

domingo, 6 de setembro de 2009

No Caramulo

Tentámos ser mais inteligentes que o GPS e enfiámos por uma estrada de serra interminável. Quando chegámos finalmente ao Caramulo com o estômago no cérebro e os ouvidos em água de ouvir a Alice de 5 em 5 segundos "Já chegámos?", uma prova de carros impediu-nos de aceder ao hotel.
Quando finalmente conseguimos penetrar:
Paisagem divinal, ar puro daquele que dá uma grande moca, mas...
CAMA DURA COMO UMA PEDRA E BARULHENTA COMO UM CASAL A FAZER O AMOR EM ÊXTASE.
O que fazer?

sábado, 5 de setembro de 2009

António Será

E tal como o nome Alice povoou os meus sonhos durante noites a fio, até ser simplesmente impossível negá-lo, ou virar-lhe costas, também o nome António insiste em não me largar noite e dia, contrariando todos os meus medos e fobias em redor dos diminutivos geralmente associados a este nome sério de Santo Padroeiro, sendo que os piores sem sombra de dúvida gritam de uma janela com roupa a secar:
"Ó Tono tás taralhoco ó quê homem?!"
"Ó Toy canta aí filho antes que leves nas ventas!"
"Ó Tony olha a janta que esfria carago!!!"
"Ó Toninho queres levar no focinho?!!!"
" Ó Tó quanto é que te falta pra saíres da choldra?"
Se conseguir abstrair-me deste detalhe que me atormenta, António será o nome do nosso filho. Não Tono, Tó, Toy, Tóni, Toninho. António por favor que um nome é para ser dito todo, por inteiro.
E só para não mudar mais de ideias já encomendei uma medalinha destas e tudo (não, não é uma medalha do Santo António).
Encomendei uma com o nome Alice, outra com o nome António. Agora seja o que Deus quiser que depois de mandar gravar uma medalinha já não há volta a dar.


Encomendei aqui
vale a pena espreitarem e perderem-se nas possibilidades de presentes.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

De Regresso

E aqui estou de volta à vida real, ao cheiro familiar da minha casa, às cores de Cascais, mas cheia de saudades dos dias descontraídos, sem regras, sem horários, sem azedumes, iniciados com pequenos-almoços fartos, areia nas palmas das mãos e cheiro a sol.
Penso que nunca me custou tanto voltar de férias como este ano. Não que tivesse descansado brutalmente, pois quem tem filhos pequenos sabe que não há espaço para grandes folgas - Aqui fica a prova -


Mas porque mudámos de rotina e cada vez acredito mais que é fundamental virarmos tudo ao contrário pelo menos uma vez por ano e fingirmos uma vida paralela. Acreditarmos que podemos viver sempre assim, ainda que saibamos que é mentira.
Por não suportarmos, pelo menos para já, a ideia de final de férias, Domingo vamos até ao Caramulo passar 3 dias. Uma espécie de despedida dos dias que queriamos sempre assim, suaves, sem pressas com tempo para respirar.
Não sei bem como consegui ler 3 livros nestes 9 dias. Consegui ficar acordada na cama sem fechar a pestana logo na segunda linha e ontem ao tentar fazer a mesma proeza no meu leito adormeci como a pedra que sou ao virar a segunda página.
Ainda não percebi bem este mistério, mas acho que há qualquer coisa de mágico que povoa as férias e que nos dá forças suplementares para tudo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

E Logo Pela Manhã

Lá vou eu animada todas as matinas aproveitar cada ovo cozido do pequeno-almoço bufet, quando assim que sento o rabo na cadeira uma nostalgia começa a apoderar-se da minha pessoa. Angustiada e sem a família por perto, pois eles aparecem sempre depois, começo a sentir um tremendo nó na garganta, que só se aplaca com um croissant barrado com doce de morango.
Olho em volta, sinto-me uma espécie de medium que capta as energias alheias e tento vislumbrar a causa de tal angústia que me consome. Aparentemente tudo está bem, nenhum casal discute, nenhuma criança é espancada. Tudo calmo. Então porquê essa vontade estúpida de romper a chorar, de deixar fluir um rio salgado sobre o meu rosto (ai que lindo). E então percebo o motivo dessa flecha no meu coração. A banda sonora, a porra da banda sonora do bufet é uma compilação das músicas slow e mais deprimentes de todos os tempos, de fazer chorar o rochedo de Gibraltar em pessoa.
Começamos com a música da Celine Dion e do Titanic, pelo meio temos um tema da Whitney Houston antes da droga, seguido do lacrimejante Henrique Iglesias e só para matar de vez a alegria de qualquer ser vivo na sala, o requiem do Mozart.
Qual é o plano deles? Tirar-nos a fome????
Comigo não vai resultar meus senhores. Amanhã levo o Ipod!