quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Palavra de Honra

A nossa palavra é das coisas mais preciosas que temos. Esperem, a nossa palavra e o nosso bom nome.
Mas a nossa palavra e o nosso bom nome não nos são oferecidos por alguém, não saem numa rifa, não são gratuitos. A nossa palavra e o nosso bom nome somos nós que construímos, letra a letra, sílaba por sílaba, muitas vezes com dor, com decepção, com alicerces fundos e seguros que custam a erguer e que são as nossas atitudes. Só assim se consegue ser à prova de abalos e de dúvidas.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Casamento é uma Prova de Remo

Gostava de poder dizer que é fácil, cor de rosa e de outras tantas tonalidades fofinhas, mas a realidade é que um casamento depois da chegada dos filhos passa por caminhos duros, cheios de socalcos e descidas íngremes. Temos dias em que nos limitamos a remar, sem conversa desnecessária, sem romantismos, sem tempo para perder tempo, sem balelas, apenas palavras de ordem, como os remadores profissionais perfeitamente sincronizados.
Os nossos músculos dependem dos músculos do nosso parceiro e sabemos exactamente onde temos que exercer mais força e onde poderemos esperar a força dele. Se esta sincronia falha, tudo resvala e a velocidade perde-se. Ficamos à deriva.
Temos que saber entender que os primeiros tempos da paternidade são apenas isso, primeiros tempos e que muitos outros dias virão, cheios de nós enquanto casal e cheios de nós enquanto pais, sem exclusões.
Mas ao princípio é duro e não é tanto o amor que vence tudo, pois o amor também pode ser minado por tantas pequenas obrigações e rotinas, é a cumplicidade, é termos ali ao nosso lado alguém que rema connosco sem hesitar e que quando a noite cai e o silêncio apazigua o nosso corpo cansado, nos dá a mão sem pedir mais nada.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

18 de Janeiro de 2006:

O dia em que te vi pela primeira vez. Recordo cada minuto desse dezoito de Janeiro.
18 de Janeiro de 2011:
Mais um dia em que entendi que tudo brilha mais desde que entraste na minha vida.
O meu coração engordou desde que te conheci e engorda a cada sorriso, a cada conquista, a cada passo, a ponto de já não caber dentro do meu peito.
Parabéns meu amor, minha filha querida.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cheiras bem, mas enjoas-te?

De há um par de anos para cá desenvolvi uma espécie de alergia cósmica a quase todos os perfumes. Adoro muitos deles no início, mas aí passado um mês já não os posso cheirar, por muito suaves que sejam.
Tento disfarçar a coisa borrifando o perfume para o ar e mergulhando sensualmente na nuvem, como se assim o cheiro ficasse mais esbatido, mas não resulta e lá passo eu o dia enjoada com o meu próprio cheiro, a pedir uma água de colónia de bebé ou coisa que o valha.
Há apenas uma excepção a tudo isto. Um perfume que está na minha vida desde sempre e que nunca passa de moda, que nunca me enjoa e ao qual recorro quando tudo o resto falha.
O seu frasco vintage (ahaha) e o seu odor a citrinos são bálsamos para as minhas narinas estafadas e eu agradeço que, apesar da passagem dos anos e dos milhões de perfumes que se inventaram (alguns com nomes de cantores pop, outros criados por actores e outros tantos pelo diabo que os carregue) este perfume tenha ficado.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Maridos Trambolhos

Apesar de o Hugo ser um bom companheiro de compras, não gosto particularmente de ir às lojas acompanhada, prefiro sempre uma incursão rápida e indolor a sós, pois regra geral sei bem o que quero e vou directa ao assunto, sem grandes carências de opiniões e bitates alheios, por isso incomoda-me um bocadinho os maridos trambolhos que reviram os olhos, bufam, rogam pragas em voz alta, vão para a porta da loja fazer pressing psicológico às gajas.
Como mulherio, expliquem-me como é que conseguem continuar a vossa incursão pela loja se levam um gajo assim atrás? Porque é que não o deixam em casa, ou no café mais próximo? Acaso sofrerão de masoquismo crónico?

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Cavem-me Daqui P'ra Fora

Assistir a esta campanha presidencial e perceber que estes são os nossos candidatos a Presidentes da República, dá-me vontade de pegar numa pá e só parar de escavar quando tiver chegado à Suécia.
Um que não abria a boca enquanto Presidente, diz agora tudo o que nunca conseguiu dizer, numa verborreia verbal pejada de perdigotos e mandíbulas desossadas.
Outro com voz de velhota que definha depois de 345 avc's, diz que foi preciso coragem para um médico como ele largar tudo e abraçar este empreendimento.
Outro declama poesia, enquanto ataca e se defende de coisas chatas e cretinas.
Depois há outros de ar saloio e deprimente e que ainda não entendi bem se saíram do rancho folclórico, juntamente com a Maria CS, ou se são apenas assim para me chatearem.
Juro-vos que estas presidenciais só me dão vontade de clamar pela Monarquia. O D. Duarte perto destes senhores é um Rei.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os Pontos Nos Meus I's

Que não se gostasse particularmente do Carlos Castro enquanto Cronista Social e figura pública é uma coisa, que se ache o crime perpetrado contra ele mais desculpável por ele ser homossexual e por o criminoso ser um -jovem -rapaz -de -Cantanhede-tão-querido-e-tímido-e-fofinho-e-ingénuo-e-desencaminhado-pelo-maricas-perverso é outra totalmente diferente.
Senhores houve um crime hediondo, com requintes de sadismo e perversidade que me enojam e arrepiam além do possível, mas sinto que a grande preocupação das gentes que falam do menino é esclarecer que ele não é gay e que é bom moço, fazendo passar a ideia de que o Carlos Castro é que o desencaminhou.
Mas afinal de contas quem é que foi morto e mutilado com um saca rolhas aqui? Foi o menino de Cantanhede? Ah pois, bem me parecia que não.
Ando fartinha do nosso povo, fartinha.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O Clube da Maternidade

E hoje que temos uma amiga prestes a conhecer a sua filha pela primeira vez, não consigo deixar de pensar como é avassaladora esta primeira entrada no clube da maternidade.
Não digo de forma alguma que nos transformemos em super pessoas como num passe de magia, mas digo que não existe rigorosamente nada na nossa vida que nos obrigue a ajustar tantos ponteiros, a engolir tantas certezas, a vacilar e andar em frente tantas vezes seguidas, a confiar nos nossos instintos, mesmo quando a razão nos grita o contrário. Não existe rigorosamente nada que se assemelhe aos sobressaltos cardíacos bons e maus que chegam com um filho, ao sentirmo-nos cheias e vazias quase ao mesmo tempo, ao querermos tudo e não conseguirmos metade.
Este clube é fodido e maravilhoso, grande e redutor, alto como uma montanha e tantas vezes razo como um vale. É definitivamente esquizofrénico, mas não trocava o meu cartão de sócia por nada do mundo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Pressão da Perfeição

Este ano sinto pela primeira vez A pressão, daquela que faz suar e é difícil de combater. Daquela pressão que nos faz vacilar e questionar aquilo que defendemos desde sempre. E de que falo eu? Perguntarão vocês já consumidos pela crescente curiosidade.
É simples, falo das festas de aniversário dos filhos.
Agora que a Alice está na escola e já foi convidada para 4 festinhas de aniversário, 3 das quais naqueles recintos com insufláveis, bolas de discoteca, actividades, temas e afins, aquelas em que a turminha toda é convidada, a pressão do aniversário dela chegou.
Não podemos dar-nos ao luxo de gastar uma pipa de massa em recintos para festas de miúdos e confesso que ter dezenas de crianças a gritar e a destruir a nossa casa é coisa para me tirar o sono durante um mês.
Vai daí decidi convidar apenas as meninas da turma da Alice. Mais civilizadas, fofinhas, cor de rosa e bem comportadas, contentar-se-ão com umas sandochas de pão de leite, bolo de chocolate, sumos e smarties (assim o espero).
Numa crise de afirmação e insegurança recorro ao meu próprio passado e lembro-me das festas de aniversário das minhas coleguinhas. Eram todas por nossa conta. Não havia mágicos, palhaços centenas de balões a decorar as divisões da casa. Não havia temas, nem brindes, nem pressão. Era apenas um aniversário, onde brincávamos no quarto da aniversariante, pulávamos em cima da cama, gritávamos, brincávamos às escondidas, à cabra cega e enfim, divertiamo-nos à brava. Depois bebíamos Tang, comiamos pão com queijo e fiambre e cantávamos os parabéns.
Tento manter isto dentro da minha frágil cachola e agarrar-me à ideia de que a minha filha não tem que fazer uma mega festa de aniversário para ser aceite, ou para ser feliz.
Agarrarmo-nos ao essencial nos dias que correm, em que tudo tem que ser espalhafatoso para ser perfeito, é das coisas mais difíceis da maternidade.
Como penitência para mim mesma:
Repetir cem vezes a frase - O amor não se mede em presentes, o amor não se mede em espalhafato - E esperar que as miúdas gostem de vir cá a casa para...Brincar.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Limpar o Rabo com Estilo

Sim, eu sei que o país está mergulhado em merda até ao pescoço. A economia cheira a dejectos, o nível de vida cheira a canos, a saúde está fétida, mas na minha mais do que humilde opinião, não é preciso começar a inovar demasiado na área do papel higiénico e faz-me espécie este novo fetiche por papel higiénico fashion.
É portanto neste estado de espírito que mergulho de cada vez que passo pelo quiosque da Renova em pleno centro comercial. O quiosque exibe rolos de papel das mais diversas cores, amarelos cor de burro quando foge, roxos-cardeal, rosa-erupção-cutânea e a mais intrigante de todas as cores (quando se fala em papel higiénico), o preto. Alguém consegue explicar-me como é que uma pessoa decide que já está bem limpa, quando passa uma folha preta pelo rabo?
Haverá realmente alguém em plena saúde mental disposto a gastar o cú e as calças num rolo de limpa-regos gourmet?
Parece que sim, se não o quiosque não se aguentava há já tantos meses...

sábado, 1 de janeiro de 2011

Do Zero

Lembro-me que no início de cada ano escolar as lojas e supermercados se enchiam de cadernos, dossiers, lápis com borracha na ponta, lapiseiras Pelikan, estojos cheios de gavetas e compartimentos secretos, papéis coloridos para forrar os livros e lembro-me que tinha vontade de começar do zero.
Aquelas folhas em branco dos cadernos, o estojo por estrear, o papel brilhante que forraria o livro de português, ou de matemática, a borracha bem cheirosa faziam-me sempre sonhar com o começo do ano lectivo e até tinha vontade do recomeço da escola.
Olhava o material novinho e pensava que naquele ano tudo seria diferente, estudaria com afinco desde a primeira lição, não teria negativas e seria o orgulho de toda a gente.
Aquilo era coisa para durar um mês inteirinho, até a preguiça e cabulice se instalarem no lugar do frescor dos primeiros dias.
Com o passar dos anos comecei a encarar o material novo sem qualquer expectativa que não a de passar de ano e a vontade de terminar as férias grandes para encarar mais um ano de escola foi sucumbindo à perda da ingenuidade.
Quando leio as decisões para o ano que aí vem, determinadas e audazes, confesso que tenho uma certa inveja (saudável) de não conseguir ser assim, de já não encher o peito de sonhos e o olhar de tudo o que desejo só porque o calendário muda.
Compreendo que continuo a ser a jovem cábula que apenas deseja os básicos.
Este ano, se tudo estiver saudável será um ano e tanto :)