Se o divórcio é um mal necessário para muitos casais e, muitas vezes uma libertação de um ambiente hostil que se respirava em casa e nas suas vidas, a verdade é que, muitas vezes, quando existem filhos na equação, conduz a situações ainda mais graves do que as existentes anteriormente.
Perdi a conta a quadros familiares que se transformam em jogos de interesses, tanto para os pais, como para os filhos.
A partir de uma certa idade, os miúdos também sabem como manipular um pai-pós-divorciado. Vão-se passando de um lado para o outro, ao som dos seus próprios interesses e os pais, esses, desesperados pelo amor, pela atenção, por serem os vencedores do seu coração, na estúpida guerra do divórcio, deixam-se manipular, fingem que acreditam que aquela passagem para o seu lado é desinteressada e rejubilam, esfregando na cara do ex essa vitória.
Sempre defendi que deve ser uma luta duríssima, essa de permanecer à tona, de permanecer sereno, quando se sai de um divórcio cheio de feridas, de mazelas (sejamos, também, sinceros) de cornos.
Como é que vou dizer ao puto que a mãe, que me encornou, é uma boa mãe e que ele deve continuar a obedecer-lhe e a olhar para ela como um exemplo?
A sério, haverá tarefa mais dura?
E muitos putos (já mais crescidos, entenda-se), sentindo esta instabilidade, esta fragilidade, saltam para cima de todas as brechas que encontram, tirando proveito e pedindo em troca, exigindo que o seu amor, a sua atenção, tenham uma contrapartida.
Não faço a mais pálida ideia de como manter a saúde de uma família partida em pedaços. Apesar de o tom pedo-psicológico destas linhas, estou a quilómetros de distância de saber a resposta, por isso, talvez o melhor fosse mesmo encontrar uma ajuda profissional. Um piloto experiente que saiba os passos a dar para uma aterragem mais tranquila. Tentar resolver ao som do coração não basta, é que não basta mesmo.