sábado, 28 de fevereiro de 2009

Às 8 É De Vez

Como já começa a ser chato desafiarem-me tantas vezes e eu raramente responder, hoje vou compensar a Sílvia e a Ana Moreira que sem saberem me desafiaram ao mesmo tempo.
Desta vez tenho que enumerar 8 características da minha personalidade. Vou tentar não extravasar como da última vez, controlar-me e cingir-me apenas ao que me é pedido. Ainda vou inventar um desafio em que sejam os outros a enumerarem coisas a meu respeito, mas por enquanto aqui me entrego (mais) um bocadinho a vocês:
1 - Adoro rir. Se me querem conquistar é com uma boa dose de sentido de humor. Gosto de me rir dos outros, de mim própria, de tudo. Já tive ataques de riso nos sítios mais inconvenientes do mundo e quando começo não consigo mesmo parar. Tenho saudades de me rir mais.
2 - Sou dona de uma profunda dose de realismo que está constantemente em choque com o meu lado sentimental e intuitivo. Dentro de mim travam-se sempre grandes batalhas entre a realidade e o coração.
3 - Sempre tive a paixão pela escrita. Quando era mais nova escrevia em qualquer sítio, desde guardanapos, a livros de curso. Nada escapava aos meus gatafunhos. Sempre consegui expressar melhor aquilo que sentia através das letras.
4 - Adoro música clássica e de cada vez que oiço uma peça que me toque choro de pura comoção. Isto também pode acontecer com outro género musical, mas estou convencida de que nenhum género há-de superar Mozart, Bach, Haydn, ou Haendel...
5 - Sou terrivelmente romântica. Continuo a acreditar que o amor acontece sempre em qualquer lugar.
6 - Adoro viajar para me sentir mais pequena no meu cantinho do mundo e maior dentro da alma.
7 - A honra, a palavra e a verdade são três valores a que tentarei sempre agarrar-me quando duvidar de tudo. Gostava de os ensinar à minha filha como as verdades incontestáveis dela.
8 - A minha família é a raiz da minha vida e por ela seria capaz de tudo.
E aqui me têm resumida, espremida e empacotada...

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O Meu Sonho


Lembram-se de um filmezinho cor de rosa com o Tom Hanks e a Meg Ryan, no qual ela tinha uma pequena livraria infantil e ele era o "rei" da megastore dos livros? A parte que sempre me encantou nesse filme, muito mais do que a história propriamente dita, era a livraria dela. Pequena, familiar, acolhedora, com uma montra maravilhosa. Daquelas onde apetece passar uma tarde inteira só pelo ambiente que se sente lá dentro. Enfim, uma livraria assim (não precisava de ser só com livros infantis) sempre foi o meu sonho desde que me lembro de sonhar.
Bem sei que sou uma apaixonada das Fnac's da vida, até porque foi dos primeiros sítios em Portugal que permitiu uma relação mais estreita com os livros. Podemos sentar-nos a desfolhar mil e uma coisas que ninguém nos chateia.
Mas eu sonhava com muito mais, ou com muito menos, consoante a perspectiva.
Na minha livraria as pessoas podiam ficar o tempo que quisessem, tinha que ter uma lareira acessa no inverno, tinha que ter sofás de couro e mesas de café, tapetes e quadros, biscoitos dentro de grandes frascos de vidro. E eu lá estaria para ajudar a procurar aquele livro único e especial e informar acerca daquela história de amor ideal para oferecer à namorada, ou daquele livro de viagens perfeito para o namorado aventureiro.
Saberia exactamente que poesia aconselhar, que livro de contos vender, que autor promover.
Todos nós temos um sonho e o meu já há mais tempo do que me lembro ser possível, é este. Ter uma livraria assim...
Só ainda não sei o nome, de resto está tudo dentro da minha cabeça.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Tenho Saudades de Mim


O novíssimo Miguel C. com o seu post acerca da hora que passa sozinho fez-me pensar. É que às vezes sinto falta de mim. No meio das panelas, do computador, dos brinquedos espalhados pelo chão, da televisão ligada, dos personagens a que tenho que dar vida todos os dias e cuja vida já se confunde com a minha, da família alargada, próxima, das tarefas que tantas vezes me sufocam, só queria poder reencontrar-me nem que fosse por uma hora.
Ouvir uma ópera no volume máximo, perder-me nas páginas de um livro sem interrupções, olhar a esquina do tecto só porque sim, acordar à hora que o meu corpo quisesse e porque não? Cozinhar apenas por gosto, conduzir sem destino só para poder ouvir um cd novo do princípio ao fim. Deambular pela Fnac, folheando livros, vendo os filmes, perdendo-me nos cd´s sem hora marcada. Comprar um bilhete para a sessão da hora de almoço e ir ao cinema com a sala quase vazia.
Adoro a minha vida e o amor que sinto à minha volta, mas às vezes tenho saudades de mim...
*vou negociar isto com o meu marido. Uma semana eu tenho um dia Meu, na outra ele tem o dia Dele, durante o resto do tempo somos Nós.

Para Ti Que Já És Mãe


Pois é Melissa já és mãe e enfrentas o teu despertar para a realidade.
Nunca fui uma pessoa de extremos, por isso toda aquela conversa quase fanática que ouvia quando estava grávida de como é importante amamentar até os miúdos terem 20 anos, como é bom parir naturalmente e cheia de dores nunca entrou no meu subconsciente como uma realidade incontestável.
Mas acredito que depois de ouvir, ler, ver fanatismos desses durante muito tempo, uma mulher se sinta a pior mãe do mundo quando não segue à risca aquilo que elas apregoam.
Pegamos num biberon e pensamos que estamos a estender um frasco de veneno para ratos ao nosso filho. A culpa atormenta-nos porque podíamos ter tentado mais um bocadinho, porque não sentimos aquela relação mágica de que tanto falam. Por isso, mesmo com lágrimas, mesmo com dores, continuamos a tentar como mártires que temos que ser. Mesmo quando o nosso filho sente o stress pelo qual passamos e chora desconsoladamente, obrigamo-nos a contrariar tudo o que o nosso corpo pede, só porque não podemos falhar. O nosso filho merece o melhor... Então dizem-nos: põe pachos de água quente, faz massagens, compra uma bomba para a ordenha. E sentimo-nos completamente perdidas, porque só queríamos estar com o nosso filho nos braços e ali estamos nós a fazer a auto ordenha.
Mas que mania é esta que a mãe tem que ser uma espécie de mártir por causa de uma porcaria de uma teta?
E o pior é que são outras mulheres que geralmente criticam outras mulheres.
Não Melissa, aqui não vais ouvir uma única crítica. Quando o teu filho for maior e eu te vir enchê-lo de hamburgueres, batatas fritas, gomas, bolicaos talvez de dê um puxão de orelhas. Agora porque lhe dás leite de qualidade controlada? Pelo amor de Deus! Dá-lhe, dá-lhe tudo que vais ver que ele vai crescer saudável como todas as crianças normais... O que é preciso é que a mãe dele esteja serena.
Eu optei por ficar com a minha filha em casa até aos 3 anos, porque posso e porque sinto que nos primeiros anos de vida é que lhes devemos imprimir tudo aquilo que importa. É nestes anos que lhes damos a bagagem para o resto da vida. Sei que há quem não o possa fazer. Sei também que há quem podendo fazê-lo, opta por despachar os filhos na mesma em terna idade, apenas porque dão muito trabalho (e quantas destas mães deram de mamar).
Decidi que era bem mais importante ficar com a minha filha perto de mim, do que lhe dar de mamar a vida toda e por incrível que pareça ouvi críticas dessas mesmas gajas que se dizem super mães da mama.
Tu certamente tens muitas outras formas de mostrar ao Gabriel que o amas e que estás disposta a virar o mundo ao contrário por ele quando isso se justifique...
Mulheres deste país, sejam e deixem ser e por favor, menos opiniões não requisitadas.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Mão Na Massa


Adoro o Jamie Oliver. Era capaz de ficar a ver os programas culinários dele uma tarde inteira e não me fartar. A sua relação com a comida é quase mágica. Ele enfia as mãos nos ingredientes sem medo, cheira-os, prova-os, polvilha-os. Fala das ervas aromáticas, do sabor dos vegetais, da arte de pôr a mão na massa para ela ficar estaladiça, quebrada, voltada, panada e sei lá mais o quê.
Não tem peneiras e fala com o coração perto da boca, tal como eu gosto de ouvir as pessoas falarem.
E depois tem a minha idade e já fez tanta coisa, mas tanta coisa. É um verdadeiro exemplo de espírito criativo e empreendedor que todos nós gostariamos de ter.
Só que este homem, apesar de ser um génio culinário que adoro não entrava na minha cozinha. Porquê? Perguntam vocês e bem:
O meu querido Jamie é o verdadeiro javardo de serviço. Quando cozinha naquela dança que me hipnotiza voam folhas de alface, atira cascas de batata para o chão, enfia as mãos na salada e limpa-as às calças. Voam pedaços de molho pelo ar, salpicos de tudo o que é comida nas paredes. Enfim, se ele cozinhasse na minha cozinha nem tirava partido da refeição só de pensar no trabalho que me esperava depois...
Jamie Oliver se me lês desculpa lá, adoro-te, mas cá em casa não cozinhas (por muito que quisesses fazê-lo)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

6, ou Talvez Mais...

É a primeira vez que respondo a um desafio, porque regra geral tenho sempre uma preguiça monumental para estas coisas e não sou grande espingarda a falar acerca de mim. Prefiro deixar essa tarefa aos que me conhecem. Porque vermo-nos pelos olhos dos outros tem sempre qualquer coisa de surpreendente que me agrada. Mas hoje decidi vencer a inércia e responder ao desafio da Mariinha, que consiste em enumerar 6 características a meu respeito. 6 não me pareceu dar muito trabalho por isso aqui vai:
1 - Gosto de andar de mão dada com o meu marido na rua.
2 - Quando chego a casa a primeira coisa que faço é tirar os sapatos.
3 - Adoro o cheiro da minha filha.
4 - Adoro entrar numa cama feita de lavado fechar os olhos e sentir que estou com a consciência tranquila.
5 - Morro de saudades de ler um livro de rajada, começar de noite e só acabar de manhã.
6 - Adoro viajar, mas tenho absoluto pavor de andar de avião. No entanto, não deixo de viajar por causa disso. Tomo 1 valium quando chego ao aeroporto e, dependendo da companhia aérea e do tamanho do avião, tomo uma lamela inteira, ou apenas mais um, uma vez que a adrenalina provocada pelo pânico, tende a apagar os efeitos da droga.
7 - O número 7 é a continuação do número 6. Já voltei de comboio de Paris, só porque a companhia onde tinha viajado sofreu uma aterragem de emergência no outro lado do mundo e eu cometi o erro de ver as notícias no hotel.
8 - o número 8 é porque não consigo parar. Profissionalmente faço aquilo que gosto e isso torna-me uma pessoa menos frustrada com a vida.
9 - Já não quero saber, estou viciada no desafio: Adoro o cheiro a canela, a limão e a alfazema e adoro recordar através dos cheiros. Posso sentir um perfume e viajar até a uma parte da minha vida que julgava esquecida.
10 - O meu primeiro carro teve 8 donos antes de mim e foi graças a ele que consegui algumas noções de mecânica. Uma noite quando voltava para casa fiquei com a manete das mudanças na mão.
11 - Adoro histórias de amor e sentir-me amada.
12 - Não gosto de pessoas que nunca mais desligam o telefone, nem de visitas que nunca mais se vão embora.
E podia ficar aqui a noite inteira, mas tenho que ir fazer o jantar. A propósito, adorava poder cozinhar só quando me apetecesse...

*quem se sentir estúpida e descontroladamente desafiado força!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Irremediavelmente Tua

Não posso dizer que sempre sonhei ser mãe. Que sempre planeei uma família como o objectivo último da minha vida.
Não posso dizer que a minha história, tal como eu a imaginava, passava por esta responsabilidade.
Mesmo o ter ficado à tua espera sempre foi mais pela força do teu pai do que pela minha. Por algum estranho motivo achava que nunca estaria preparada para esta tarefa. Há quem diga que nasceu para ser mãe, eu nunca o disse.
Foste crescendo dentro de mim e eu fui crescendo contigo.
Entraste na minha vida e escreveste a minha história de novo, reescreveste-me por completo e eu não me queixo. Agradeço-te.
A nossa cumplicidade foi crescendo a cada dia que passava e serenaste-me por dentro. Tudo o que era importante deixou de o ser face a ti.
Ensinaste-me que também se pode dançar com uma filha ao colo pela noite dentro ao som da nossa música preferida e que isso é a coisa mais romântica do mundo, ensinaste-me que ler para ti é tão compensador como ler para mim e que as tuas alegrias se multiplicam dentro de mim como uma dádiva. Ensinaste-me que se pode acordar ao som de uma voz que não a minha. Ensinaste-me a temer o mundo, os outros. Ensinaste-me a temer por ti e a minha vida ficou irremediavelmente tua.
Tenho já saudade antecipada por tudo o que passámos juntas como mãe e filha, por tudo o que esquecerás um dia quando outras coisas forem mais importantes do que os nossos momentos.
Mas espero ter conseguido imprimir no teu coração a nossa imagem a dançar ao som da música que gostamos e quando tudo o resto falhar, retornes a esse momento as vezes que forem precisas meu amor.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Descomplica-me

Porque somos criaturas terrivelmente complicadas pecamos por vos fazer pagar em lume brando por tudo o que ignoram, não fazem, esquecem, não dizem.
Porque somos terrivelmente sensíveis ficamos magoadas dias e dias seguidos sem que vocês atinjam a causa de tamanha dor.
Porque somos terrivelmente inteligentes não vos dizemos a causa dessa dor que nos consome e esperamos que vocês a adivinhem. Vocês atiram às cegas em todas as direcções, falhando quase sempre o alvo e nós ficamos a sorrir com a vossa falta de pontaria.
Porque somos tremendamente femininas sentimos dores onde vocês não sentem e choramos com o que vocês não choram.
Porque somos mulheres, mães, filhas, donas de casa, trabalhadoras, criadoras de emoção, temos que nos reinventar todos os dias e isso cansa. Tira-nos tantas vezes a força para aquilo que realmente importa e ficamos menos românticas, menos mulheres. Vocês já pouco reconhecem daquela rapariga sedutora e alegre por quem se apaixonaram. Pensam que ela se perdeu algures entre as tarefas diárias que tem que cumprir, mas ela está aqui, bem viva, escondida dentro de nós.
Façam-nos um favor e tentem acordá-la de vez em quando.
Sei que muitas vezes complicamos aquilo que deveriamos descomplicar, mas é aí que vocês têm que nos ajudar. Vocês são a nossa descomplicação. Não tentem entender-nos, descompliquem-nos apenas. Ajudem-nos a retirar as camadas que não importam até restarmos apenas nós, tal como quando nos conhecemos.
Porque de uma coisa podem estar certos: Ainda vos amamos muito, só temos que ser descomplicadas.

JS inspiraste-me a desabafar

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Às Vezes é Preciso Fernando Pessoa

A Criança que fui chora na estrada
Deixei-a ali quando vim ser quem sou
Mas hoje vendo que o que sou é nada
Quero ir buscar quem fui onde ficou
(...)
Se ao menos atingir neste lugar
um alto monte de onde possa enfim
O que esqueci, olhando-o, relembrar,

Na ausência, ao menos, saberei de mim,
E ao ver-me tal qual fui ao longe, achar
em mim um pouco de quando era assim.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Caixa de Memórias


Quando era pequena sempre quis fazer uma daquelas "cápsulas do tempo", onde colocaria as coisas mais importantes para mim naquele momento e passados muitos anos, quando a desenterrasse, poderia rever tudo aquilo que importava na altura. Nunca fiz a tal cápsula do tempo, talvez porque não tinha onde a enterrar, mas tenho uma caixa onde guardo pequenas coisas que significaram muito para mim.
Seleccionei estas para partilhar aqui. Aquelas que hoje me fizeram sorrir:
O meu primeiro relógio. Oferecido pelo meu pai depois de uma crise de choro por a minha irmã ter um e eu não ter.
A primeira flor que o meu marido me ofereceu, quando ainda éramos apenas amigos e ele apareceu para jantar com uma garrafa de vinho e uma rosa amarela e cheio de segundas intenções.
O primeiro e-mail que ele me escreveu e que eu imprimi religiosamente.
A rolha de champanhe francês que abri no dia em que terminei o meu curso.
O meu primeiro caderno de escrita elegante (antes deste escrevia onde calhava).
E um dos meus tesouros de eleição. Um postal do António Alçada Baptista, que fui ler no dia em que soube que ele tinha morrido.
Todos nós devíamos ter uma caixa de tesouros que pudéssemos abrir quando nos sentíssemos mais perdidos e unirmos os retalhos da nossa vida, fazendo sentido de tudo aquilo porque já passámos.
Todos nós temos as nossas memórias, todos nós fomos especiais para alguém numa qualquer altura. Porque não lembrá-lo de vez em quando?

A Aventura da Paternidade no Amor


Conheço mais do que um casal que decidiu ter filhos para melhorar, ou até mesmo salvar a relação.
A coisa está má? Vamos ter um filho, é essa a última alternativa. Um filho vai-nos fazer crescer, vai-nos unir enquanto casal. Vamos a isso. E lá vão eles a isso, mas arrancam para esta tarefa sob a premissa mais errada do mundo.
Os filhos não curam males de relação, os filhos não são anti depressivos que se tomam para melhorar o estado de espírito. Os filhos não matam carências.
Se um casal está mal vai piorar certamente depois da chegada do terceiro interveniente. Se a depressão está instalada e a carência de pedra e cal, um filho vai agravá-las.
Porque quando aquele pequeno e indefeso ser chega à nossa casa e se instala nas nossas vidas temos que estar bem para o receber.
Se existiam discussões, depois de uma noite mal dormida e de um acordar ainda pior as discussões agravam-se.
Se havia afastamento, a falta de disponibilidade para o outro vai afastá-los ainda mais.
Se havia divergências, quando chegar a altura de começar a estabelecer regras, cada um vai puxar para o seu lado.
Se existia a morte anunciada de um amor esse amor está quase certamente condenado.
Agora quando já existe alguma coisa muito forte a unir o casal, quando eles estão bem emocionalmente e desejam essa aventura da paternidade. Um filho vai fortalecê-los sim. Vai ser a prova de fogo daquele amor. Noites em branco ultrapassadas em conjunto, regras discutidas em conjunto, tarefas divididas sem imposição.
Um filho é o inicio da família com todas as letras, com tudo o que isso implica.
Ter um filho, como li há pouco tempo num blog, é viver com o coração fora do corpo... E esse coração precisa de bater bem forte.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Mudem Mulheres, Mudem


Nós mulheres, temos muito a tendência de adiar o inevitável. De fecharmos os olhos e fingirmos que não nos está a acontecer, que podemos mudar o outro, que nos podemos mudar a nós próprias, quem sabe não se pode até mudar tudo. A nossa fixação em pessoas que podemos mudar é absolutamente catastrófica. Isto vai ficar diferente, eu sei que vai. Ele gosta de mim e isso é o mais importante. Daqui a uns tempos está tudo bem. Ele diz que me ama e o que é que eu preciso de ouvir mais? Ele nunca amou ninguém como me ama a mim. Que sorte que eu tenho, vou pensar apenas nisso, ok? Não importa que ele ainda não tenha saído da outra relação, pois é de mim que ele gosta, não dela.
E assim continuamos a segredar para nós próprias que está tudo bem, a fazermos a tão conhecida auto-lavagem cerebral no sentido de acreditar na mudança a nosso favor.
Só que aqui despejo uma dura e gelada realidade: As coisas nunca hão-de ficar ao nosso gosto! Porque ninguém muda ninguém.
Posso admitir que a vida mude as pessoas, certos acontecimentos marcantes dêem abanões espirituais. Mas pessoas não mudam pessoas, simplesmente porque não. Podem até suceder temporáriamente, mas quando menos esperarem volta tudo ao mesmo.
Por isso amigas acordem. Se estiverem com alguém que queiram curar, salvar, modificar, organizar, manipular, moldar pensem simplesmente que não podem ser mães do mundo inteiro e que quando encontrarem alguém de quem gostem sem mudanças de maior, não o larguem mais porque parece-me que podem dizer Bingo!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O Mundo Pelos Olhos Dela





A minha filha tem 3 anos e teve a seguinte conversa comigo, equanto eu tentava escrever um diálogo supostamente arrebatador:
Mãe?
Sim querida.
Posso tirar fotografias?
Com a nossa máquina?!!
Sim, deixas?
Agora estou a trabalhar, já penso nisso.
Mas tu deixas?
Agora não...
Então quando? Eu gostava tanto...
Em desespero de causa, lançar sempre a responsabilidade para o outro lado: Mas o pai não te deixa mexeres na máquina. Não pode ser.
Silêncio.
Mãe?
Vai brincar!
O pai não está cá, ele não me vai ver... Por favor, só um bocadinho.
Risos interiores em abundância.
Eu gosto muito de ti, vá lá mãe.
Nunca cedam assim a este tipo de graxa emocional, mas no meu caso o espírito foi fraco e tinha mesmo que acabar de escrever a cena arrebatadora. Por isso agarro na máquina digital, estendo-a na sua direcção, dou-lhe umas instruções básicas e deixo-a à solta pela casa a tirar fotografias.
Aqui fica uma pequena amostra do "mundo caseiro" pelo olhar da minha filha e vos garanto que a vou deixar andar com a máquina mais vezes que isto uma mãe não deve cortar a veia criativa a uma filha...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Diz-me Como Conduzes Dir-te-ei Quem és


Sempre achei que podíamos ver a raça de um condutor pela forma como segura o volante:
Se o agarra com uma força tal que fica com as mãos manchadas pelo esforço é um condutor medroso, daqueles que fazem travagens bruscas na auto-estrada só porque vêm a portagem ao longe.
Se o manobra como um cromo, apenas com uma mão e o pescocinho inclinado, quase à beira do torcicolo, é confiante demais e profundamente estúpido. Não tem qualquer tipo de consciência cívica. A estrada é apenas o palco para exibir o seu estilo. Cola-se ao carro da frente como se não houvesse amanhã e dá vontade de lhe gritar da janela que é o tipo mais sem estilo do universo.
Se o agarra com as duas mãos no topo, juntas, é distraído, sonhador e também perigoso, pois pode perfeitamente adormecer numa viagem mais monótona. As duas mãos juntas lá em cima a girarem o volante, juntamente com a cabeça sonolenta.
Se segurar no volante sem muita pressão, mas apenas com a suficiente para mostrar que tem o controlo do carro, as duas mãos paralelas uma à outra, é um bom condutor. Descontraído q.b.
Depois temos o nível do assento do banco que meu Deus diz tanto, mas tanto acerca do grau de azelhice do piloto:
Conduzir à velhota. O assento no nível máximo, tão chegado à frente que se o airbag dispara, estou convencida de que os olhos saem pela nuca. Infelizmente vejo mais mulheres do que homens neste estilo.
O nosso amigo estiloso, no nível máximo oposto e super rebaixado, cabeça de lado como se quer e cola na mão para aderir bem ao volante. Mas ninguém lhes diz que são mesmo ridículos?!!!!
A maneira como se conduz diz muito acerca de uma pessoa e de um país e infelizmente o nosso é um país triste em termos de condução, diria mesmo e desculpem a expressão, merdoso.
Desde os mentecaptos que aceleram quando são ultrapassados, aos pobres de espírito que pensam que um carro é uma forma de conquista de estilo, aos debéis mentais que não prevêem o que o carro da frente vai fazer e se colam a ele quase com paixão. Aos professores que adoram dar lições de buzinadela a quem não faz como eles querem.
Um bocadinho de civismo, miolos e menos agressividade por favor, que um carro não é uma afirmação, mas um meio de nos levar de um lado para o outro, supostamente, em segurança...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Para Ti que Vais ser Mãe

Melissa, acho que te devo umas palavras, afinal de contas já tens data marcada para ser mãe e não podia deixar passar estes dias que antecedem a passagem de Menina Melissa a Senhora Mãe, em branco. Por isso aqui seguem algumas palavras de alguém que já passou pelo mesmo não há tanto tempo quanto isso:
Começas por sentir-te atordoada, aparvalhada, chocada, inebriada, muito cansada. E finalmente, quando a confusão amainar, as visitas cheias de opiniões retornarem às suas casas e ficares tu, o Hugo e o Gabriel, vais começar a sentir uma coisa um bocadinho diferente de tudo o que disse acima:
Que aquela é a tua família que acabou de começar e que não sabias verdadeiramente o que era o amor incondicional até àquele dia. Daquele amor que chega a doer de tão fundo.
Não tenhas pressa, esta imagem pode não te vir logo como um flash, como publicitam por aí. A minha demorou dias até chegar e ainda hoje sinto que todos os dias aumenta mais um bocadinho.
Mas quando chegar vais perceber que toda a tua vida foi trilhada para que o Gabriel pudesse existir.
Desta tua amiga de trabalho e de escrita que seguiu os teus nove meses bem de perto (de Pilar, a Gabriel) e que sente já saudade antecipada das tuas queixas e mazelas sempre tão cómicamente expostas, fica o desejo muito sincero que o início desta etapa te traga tudo o que esperas e mais qualquer coisa e a certeza de que a partir de sábado, aconteça o que acontecer, os teus ganhos vão ser bem maiores do que as tuas perdas...

Nos Teus Braços


Mesmo o mais independente dos seres tem alturas na sua vida em que precisa de um porto de abrigo onde ancorar para se sentir mais seguro. Descansar das suas lutas e fechar os olhos num colo só dele.
Mesmo o guerreiro deve baixar a guarda de vez em quando e deixar-se apenas guardar por aquele que o ama.
Porque às vezes aceitarmos a mão que nos estendem é simplesmente o melhor que podemos e devemos fazer.
Eu só queria deixar-me ficar assim perto de ti e sentir que zelavas por mim, protegendo-me do resto da minha vida, vivendo por mim, sentindo por mim, respirando por mim, até que tudo ficasse melhor.
Porque os teus braços ainda são o lugar onde quero regressar quando tudo o resto falha, abraça-me.
Hoje entrego o meu coração nas tuas mãos para que o guardes.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Dia 14 de Fevereiro (1923)

Para mim este dia sempre foi o dia de anos do meu avô. Nunca celebrámos outra coisa além do aniversário dele.
Hoje celebrámos-te sem te ter aqui. Fomos todos jantar fora, porque afinal de contas se fosses vivo farias 86 anos. E a realidade é que ainda estás vivo dentro de nós.
Eu não era a tua neta de eleição, mas com o passar dos anos isso foi deixando de ser uma preocupação para mim. A idade sempre teve o condão de me fazer relativizar muita coisa, de superar muitos "traumas familiares" e passei a ver-te apenas como um avô carente e solitário que me ligava para ir almoçar aos fins de semana.
Nos teus últimos anos queixavas-te muito, suspiravas constantemente e perdeste toda a tua alegria de viver. Talvez por isso não tenhas lutado para ficar quando chegou a hora de partires.
Ficámos nós com a tua ausência cada vez mais palpável a cada ano que passa. Pois apesar de o tempo amainar muita coisa, adensa a sensação de não retorno. A certeza de que não voltarei a ouvir a tua voz a recitar os versos que sabias de cor, fica de pedra e cal e cai sobre nós um estranho manto de esquecimento que nos assusta, pois um dia também nós seremos esquecidos assim.
Sei que poderia ter sido uma neta melhor, mas espero que agora que estás aí, nesse sítio onde nos podes adivinhar, percebas que hoje te lembrei no dia 14 de Fevereiro e que se pudesse teria feito muita coisa diferente...

Uma Estrangeira na Cidade



E hoje tive a confirmação do que senti há dois dias atrás. Senti-me uma estrangeira na cidade que me viu nascer.
A luz, o sol, o rio, o movimento, o cheiro,os pastéis de Belém e, como não podia deixar de ser, o novo Starbucks, fizeram-me sentir tão em casa, quanto fora dela.
A única certeza que trouxe hoje deste nosso passeio foi a de que tenho que voltar mais vezes. Quero que a minha filha aprenda a gostar tanto de Lisboa como eu.
E sem ter sido propositado apercebemo-nos de que tínhamos acabado de passar o dia do coração/foleiro/consumista (dia de S. valentim Loureiro) assim, cheios de luz, como três estrangeiros na capital.

*Este Starbucks encheu-me as medidas. É dos mais bem integrados que conheço :) Até um pequeno terraço interior e silencioso tem.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Minha Terra é Aqui



Vivi muitos anos em Lisboa e quando tive que me mudar para Cascais senti que parte do meu mundo se perdia irremediavelmente. O meu mundo de amizades, de ruas, de sabores, de cheiros, de barulhos, de confusão com que sempre cresci.
Os primeiros meses foram de grande angústia por ter deixado a minha cidade. Bem sei que estava a uma distância de poucos quilómetros, mas para uma jovem ainda sem carta de condução, significavam uma espécie de fosso que me separava do sítio que mais amava. Porque a nossa relação com as cidades é qualquer coisa de muito íntimo e inexplicável, só posso compará-la a uma relação com um amigo que está lá mesmo sem nada dizer, que se faz notar apenas como um extenso pano de fundo para tudo aquilo que fazemos. É o nosso palco.
Mas a pouco e pouco esta nova terra onde morava foi entrando dentro de mim. Não tinha o rio, mas tinha o mar. Não tinha Belém, mas tinha a Estrada do Guincho, não tinha o Chiado, mas tinha as suas ruas antigas e caladas, onde as árvores nos dão sombra e sempre o mar. Atento, avassalador, calmante. Sempre o Mar...
Ontem peguei em ti e fomos sentir o sol. Rimos quando vimos a praia solitária e ventosa e tivemos o nosso momento de felicidade. Porque a vida é feita disto, de momentos que nos fazem sorrir, de momentos em que percebemos que fomos tomados de assalto. Ontem esta terra era já a minha terra e Lisboa, uma recordação boa e antiga...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Histórias de Amor


Sempre gostei de histórias de amor. Intensas, apagadas, tímidas, audazes, daquelas que começam com um olhar, ou que terminam só com o primeiro beijo.
Histórias de amor arrebatadoras, banais, quotidianas, ou excêntricas.
Histórias de amor à distância, de amor que se perde, que se acaba, que se conquista, que se ganha. Histórias de amor destinado, de amor marcado, vencido, vencedor.
Para mim basta que seja uma história de amor. Boa, ou não, depois decidirei.
Mas para já assumo apenas que gosto delas, sem pudores, sem medo de ser rotulada de cor-de-rosa, romântica incorrigível, ultra sensível.
Porque os 30 trouxeram-me o melhor dos presentes: O Descomplexamento (acho que acabei de inventar uma palavra), para assumir que choro num filme, que me comovo com uma música, que me arrepio de emoção quando vejo um abraço entre duas pessoas que se reconciliam.
Por algum motivo que ainda não consegui explicar, as histórias que mais me tocam são aquelas que terminam quando o amor ainda não pôde ser totalmente expandido. Ficam pelo princípio de tudo, talvez por isso sejam perfeitas, sem mácula e cheias de um mundo de possibilidades que não puderam conhecer-se.
As Grandes Histórias de Amor serão sempre o meu motor de vida, porque acredito hoje e para sempre que o amor é mesmo capaz de mover montanhas. O amor por um homem, por um filho, por um irmão, por um amigo, por um trabalho é a grande resposta para tudo na minha vida.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Meu Frigorífico Sou Eu


Respondendo ao desafio da Melissa que, tal como eu, pensa que um frigorífico reflecte quem somos como mulheres, homens, família, pessoas. Aqui segue uma foto de corpo inteiro do meu. Quem se sentir desafiado a mostrar um bocadinho de si, força!
Mesmo que seja um frigorífico em branco diz muito de uma pessoa :)

A Minha Casa


Porque não há como ter vontade de voltar para casa no final do dia, entendo que o nosso lar é o nosso refúgio, é aquele lugar sagrado onde recarregamos as energias necessárias para viver.
Aquele lugar para onde o coração nos leva quando estamos cansados e onde queremos descansar do mundo à nossa volta.
Se tiver que ser abdico de uma roupa nova, por uma peça para a casa. Acho que sempre fui assim.
E nada de comprar tudo por atacado como vejo muitos casais jovens fazerem. Vou comprar um quarto, agora vou ali comprar a sala e está feito.
Uma casa faz-se ao longo de uma vida e vai reflectindo as várias fases que passámos, as viagens que fizemos, as fotografias que tirámos.
A minha casa tem que ter alma, fotografias, recordações. Tem que ser quente e agradável. A minha casa tem que cheirar a roupa lavada e a limão e tem que me encher de vontade de ficar e de voltar.
Até na cozinha tenho que ter alguma coisa para onde olhar quando cozinho, neste caso o meu frigorífico, um verdadeiro quadro de lembranças que trazemos de todos os locais que visitámos e que me faz sonhar de cada vez que lhe ponho a vista em cima...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Mulheres Apaixonadamente Tresloucadas



Na minha família, do lado da minha mãe, não nasce um homem há pelo menos 5 gerações.
Penso que a saga começou com a minha bisavó, fanática por cinema e que morreu já muito velhinha a caminho de mais uma sessão da sétima arte e se propagou até aos dias de hoje...
A minha avó tinha uma irmã. A minha mãe tem uma irmã. Eu tenho 3 irmãs, uma filha e duas sobrinhas.
Para quando um homem é sempre a pergunta do momento. Para já não, estamos muito ocupadas em organizar o mulherio.
Podia dizer-vos que venho de uma família de mulheres guerreiras, de fibra. Mas infelizmente, as mulheres da minha família são mais sentimentais, neuróticas, melodramáticas, conflituosas e apaixonadas do que propriamente heroínas.
Tudo bem, a minha avó tem mais de 80 anos, divorciou-se, vai a conduzir até Badajoz só porque lá há oficinas mais baratas e compra bilhetes de avião pela internet, mas isso fará dela uma mulher tipica dos romances da Isabel Allende? Não me parece...
A realidade é que de vez em quando faz muita falta um galo para pôr ordem no nosso galinheiro :)

Viajar Para Poder Regressar


O balançar do comboio adormecia-me como um colo. Cabeça encostada à janela trepidante e olhos entreabertos apenas o suficiente para ver a paisagem que se desenrolava lá fora.
As conversas alheias muito ao longe numa língua estrangeira, lembravam-me que estava longe de tudo.
À minha frente alguém que dormia profundamente e cuja cabeça balançava de um lado para o outro, naquele sono desconfortável de viajante.
Queria abrir os olhos, mas aquela lassidão abraçava-me como um beijo terno que não se quer afastar e deixei-me ficar assim. Sem saber qual o rumo que aquela linha férrea traçava, porque não importava. Queria apenas poder descansar de mim assim, ali. Sem antes, nem depois. Apenas no meio de tudo.
E no final, já desperta, encontrar-vos à minha espera como se o meu regresso fosse a coisa mais importante do mundo...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Esquece

Porque hoje me apetecia esquecer tudo peço-te que esqueças o que aconteceu. Faz comigo esse exercício breve de nada lembrar e olha-me apenas. Mostra-me que só eu importo no teu mundo.
Mostra-me que sou o rumo dos teus passos e eu faço-me valer a pena para ti.
Porque a vida é feita disto, de esquecimentos diários para que possamos continuar.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A Varinha Mágica


Mãe?
Sim filha.
Sabes, eu gostava de ter uma varinha mágica.
A sério? E para quê?
Para fazer magias...
Rio-me e digo-lhe que sim, que lhe vou arranjar uma.
Mais tarde saímos as duas em busca da dita varinha. No meio de hediondos vestidinhos de carnaval e de muitas crianças em histeria na escolha da melhor indumentária para essa época grotesca, lá encontro uma varinha. Sóbria, apenas com uma estrela prateada na ponta. Ela sorri, treme já de antecipação.
Pago o objecto e já na rua, enquanto corremos debaixo de chuva até ao carro ela pede-me que tire a varinha do embrulho. Assim o faço. Ela pega na varinha como se tivesse todo o poder do mundo nas mãos.
Sento-a na cadeira do carro e corro para trás do volante.
Ela sorri, fecha os olhos e aponta a varinha lá para fora. Espera uns segundos, volta a abrir os olhos e o silêncio cai dentro daquele carro.
Então, não gostas da tua varinha? O que é que foi?
De lágrimas nos olhos diz-me: Isto não fez magia mãe.
Pensando bem, talvez seja melhor dizer-lhe já que o Pai Natal não existe...

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A Importância de (saber) Estar Acompanhado


Tão importante como saber estar só é saber viver com alguém. Porque ninguém disse que o amor, por muito forte que seja, supera tudo. É preciso uma grande dose de Sensibilidade e Bom Senso para partilharmos a nossa vida, a nossa casa, o nosso Eu com outra pessoa.
Na perspectiva do homem: Tem que aprender a dar quase sempre razão à sua mulher, mesmo quando sabe estar certo.
Tem que saber lidar com o facto de a sua resposta nunca ser suficientemente boa, completa, profunda para satisfazer o lado feminino da casa.
Tem que aprender a dizer que a adora, por muito que ache que aquilo que faz fala por si.
Tem que, pelo menos, uma vez por mês surpreendê-la. Elas dizem que gostam de flores, mas acreditem que não há nada que as derreta mais do que cozinharem para elas, ou fazerem uma qualquer tarefa doméstica por elas. É vê-las depois retribuirem da melhor forma possível :)
E por último, mas não menos importante, tem que a fazer sentir-se valorizada.
Na perspectiva da mulher também há que batalhar pela harmonia, pois esta não surge como que por encantamento.
A saber então:
Por muito que vos irrite certos hábitos que eles trazem de casa dos pais, não percam o tempo todo do vosso convívio a tentarem mudar todos os seus vícios, focalizem-se apenas em alguns. Eu já aprendi que podemos até ensinar-lhes certas coisas, mas eles acabam por voltar sempre ao mesmo. Em suma: Não percam tempo com as mesmas frases, passem vocês à acção.
Façam-nos sentir-se necessários, peçam-lhes ajuda para mudar uma lâmpada. Eles gostam.
Elogiem-nos com alguma frequência, eles são mais carentes do que aparentam.
Quando eles dizem: Já vou, tem mesmo que ser agora, não pode esperar 1 minuto? Façam vocês mesmas. Acreditem que poupam muita dor de cabeça. (Isso, ou ameacem-nos com uma panela na cabeça)
Não fiquem à espera que eles adivinhem os vossos desejos mais íntimos, digam mesmo com todas as letras o que é que vos apetecia e eles fazem de bom grado.
E aqui ficam algumas pequenas regras que me têm ajudado a sobreviver neste mundo de viver com outra pessoa. Acho que o mais importante é a tolerância e a sensibilidade para percebermos quando e até quando podemos pressionar, ou largar na medida certa. Tudo isto regado com muito amor e amizade e temos uma receita capaz de tornar tudo um belo passeio no parque...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A Importância de (saber) Estar Só


Agora que olho para trás, do topo dos meus 33 anos, vejo como uma das escolhas inteligentes da minha vida, foi ter sabido permanecer só durante uns tempos.
Os desgostos de amor dão muito trabalho. Retiram-nos neurónios, capacidades intelectuais, disponibilidade para o que quer que seja para além daquela angústia que corrói por dentro e por fora. Tornam-nos pessoas ausentes, preocupadas apenas em libertar aquela dor tão funda que nos incapacita para a vida.
Conduzimos o carro e pensamos nele, vemos um filme e vemos a nossa história nele, fazemos uma viagem e pensamos como ele faz falta ali, ouvimos as conversas alheias sem qualquer poder de concentração, porque aquela nossa história mal resolvida, tem que ser resolvida. Olhamos o telefone à espera que ele toque, olhamos o e-mail 1250 vezes na esperança vã de que ele tenha mudado de ideias, passamos noites mal dormidas a pensar no que é que correu mal. Em suma, deixamos de existir como pessoas do mundo e o mundo fica restringido apenas a uma única emoção, a dor.
Aprender a ler um livro no conforto do silêncio, a ver um filme sem angústias, a partilhar uma pizza com uma amiga e ouvir de facto o que ela tem para nos dizer, desligarmos o telefone porque queremos dormir. Dormirmos para nos recompormos e não para não querermos acordar. Viajarmos com amigos e levarmos na bagagem apenas a vontade de conhecer e de enriquecer o espírito.
E parar de esperar. Porque o amor, esse acontece quando menos o procuramos e quando tivermos finalmente aprendido a ficar sós.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Onde Está o Amor


Está na tua mão quente que cabe dentro da minha quando tens medo.
Está na tua voz quando me chamas de manhã.
Está nos teus passos que se dirigem a mim e que me apanham sempre de surpresa, pois ainda não acredito que caminhas na minha direcção, talvez por nunca ter pensado poder ser o destino tão seguro de alguém.
Está nos teus braços que me envolvem com a força que só um amor genuíno tem.
Está no calor do teu corpo quando acordas e que me faz querer deitar-me ao teu lado, como se esse fosse o único lugar onde pudesse estar.
Está nas tuas palavras despropositadas, ou tão cheias de propósito que me dizem tanto.
O Amor está no teu sorriso que me faz ter a certeza de que estou a fazer a coisa certa e que me faz esquecer de tudo o que não importa.
Tu és a minha vontade de regresso, de regresso ao amor. E no final é só isso que importa, absolutamente mais nada.
Obrigada filha por me teres ensinado a regressar quando me perco.

Um Bocadinho de Brio Por Favor


Saio da cama com a sensação de que carrego o peso do mundo nas costas. Tenho a garganta irritada pela chuva e os pés recusam-se a obedecer às minhas ordens simples para se colocarem um à frente do outro e andarem. Mesmo assim desenterro de dentro de mim um sorriso de bom dia para que não te sintas culpada pelos meus cansaços matinais e dou um beijo na tua cara quentinha de sono.
Escolho-te uma roupa e saímos as duas. Vamos beber o café à pastelaria da zona.
Como tento sempre ser cordial com os outros, mesmo quando me sinto em baixo de forma, digo bom dia à empregada mal encarada atrás do balcão. Esta responde com um grunhido: O que é que vai ser?
Desfaço o meu sorriso e digo: Um café. Atenção que não é um descafeinado, pingado, cheio em chávena escaldada. É mesmo só um café.
A senhora arrasta-se a bufar até à máquina dos cafés e sempre a bufar lá me tira a bica, sendo que de seguida a pousa com tamanha violência em cima do balcão que quase a entorna.
Senhoras atrás dos balcões. Eu sei que a vossa vida não é fácil, deve ser duro terem que se levantar às 6 da manhã para entrarem ao serviço às 7. Não vos peço um sorriso de orelha a orelha, mas que façam o vosso trabalho com algum brio e com o mínimo de cordialidade. Devemos pôr tudo o que somos naquilo que fazemos, o que quer que seja que façamos.
E tenham muito cuidado, porque pessoas pacatas que dizem bom dia, por favor e obrigada, qualquer dia podem-se cansar e minhas queridas, não queiram nem imaginar do que somos capazes quando nos viram ao contrário...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Bloqueio Criativo


Abro o frigorífico, observo bem o seu interior em busca de uma solução, mas volto a fechá-lo. Depois abro os armários, talvez eles guardem no seu interior a resposta ao meu dilema. Volto a fechá-los, lá dentro não está nada que me valha.
Vou até ao escritório, escrevo mais uma linha. Volto a levantar-me e desta vez vejo o que é que a minha filha está a fazer, talvez ela possa ajudar-me. Mas os Little Einsteins são bem mais excitantes do que uma mãe desesperada. Dou-lhe um beijinho e volto à cozinha. Desta vez encho uma caneca de café e volto ao escritório. Dou uma olhadela nos blogs que costumo ler. Mas o que é que eu estou a fazer? Tenho que voltar ao trabalho. Minimizo os blogs e abro a página que estava a escrever. Hmmmm. Esqueci-me do copo com água. Volto à cozinha, encho o copo e regresso ao escritório. Muito bem, é agora Ana. Força, inspira e expira e... Que tal um chocolate? É isso mesmo que preciso, chocolate a correr-me nas veias. Volto à cozinha, abro de novo um armário e, à falta de melhor, tiro um quadradinho de chocolate culinário. Sento-me de novo à secretária, dou a primeira trinca e escrevo como se não houvesse amanhã.
Como é que não percebi logo que o chocolate resolve sempre tanta coisa na minha vida?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A Imaginação do Amor



A nossa Lua-de-mel. Salzburgo. Terra da família Von Trap e de Mozart. A subir uma rua íngreme levanto o olhar e vejo estas duas freiras. Conversavam em grande intimidade. Uma delas inclinava ligeiramente a cabeça para melhor ouvir o que a outra lhe dizia. Pareciam amigas, colegas de vocação, cúmplices. Na minha imaginação dirigiam-se para o convento lá no topo, onde a Maria chegava atrasada a mais um serviço religioso. Não pude evitar fotografá-las e ainda hoje costumo olhar esta fotografia e imaginar o que diriam uma à outra.
Quanto a nós, foi a primeira vez que viajámos como marido e mulher. Talvez por isso seja a viagem que mais me marcou emocionalmente.
Foi mágico descobrir Praga e esta pequena cidade de mão dada contigo e pensar que tínhamos acabado de começar...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A Troca


Até que enfim saí da sala de cinema com o copo a transbordar, sendo que o copo engloba o meu coração e quase todos os meus sentidos.
Para mim basta que me digam que é um filme do Clint Eastwood e eu já vou com a certeza quase absoluta de que vou gostar. É um realizador seguro, firme,sensível até ao tutano, calmo, sereno, sem peneiras que consegue passar tudo isso para os seus filmes.
Confesso que me custou a engolir a escolha da actriz, mas depois de a ver tudo fez sentido. Aquele olhar escondido sob a sombra do chapéu, revelava os confins da alma daquela mãe. Ela não precisou de falar muito, pois aquele olhar dizia tudo o que era importante dizer. E o Clint Eastwood percebeu isso.
Depois a música, criada por ele, entra como uma tecla mágica no momento preciso, nem um segundo antes, nem um segundo depois, polvilhando a acção da emoção certa.
Eu sou uma pessoa que gosta, ou que não gosta. Não ando a inventar adornos, nem a criar teorias sobre uma perspectiva que mais ninguém entendeu. E deste filme gostei e chorei.
É um dos que não se esquece...