quinta-feira, 31 de maio de 2012

Ouvir com os olhos (Em Construção)

"Tu ouves-me de verdade. Quando eu estou a falar, tu estás mesmo a ouvir-me e não a ver se tenho ramelas nos olhos, ou o nariz sujo, ou a pensar o que vais fazer para o jantar."
Diálogo de ficção entre mãe e filha, ouvido num qualquer filme, de cujo nome não me recordo minimamente.
Nunca mais esqueci esta frase e tenho-a sempre atrás da orelha, de cada vez que a Alice me conta um episódio interminável sobre uma aventura na escola e se perde na narrativa e volta atrás e acelera e se baralha.
É tão fácil percebermos quando a pessoa a quem dirigimos a nossa história, não está realmente a ouvir-nos. E as crianças percebem-no em segundos. Depois vão deixando de contar e quando queremos voltar a entrar no seu mundo, elas já não partilham com o mesmo entusiasmo.
Também faço um esforço (bem grande, confesso), quando vou buscá-la à escola, para não desatar a perguntar o que é que ela comeu.
De um dia inteiro na escola, aquilo que encontro de mais interessante para lhe perguntar, é sobre comida?



quarta-feira, 30 de maio de 2012

Para os Dog Lovers Cretinos

Pessoas que se dizem amigas dos animais e que decidem comprar um cão, só porque são carentes e precisam de passar a mão por um pêlo qualquer.
Depois saem para trabalhar o dia inteiro e fica o animal de grande porte fechado numa divisão da casa.
Mas gostam muito deles.
Não querem saber das dimensões da casa, nem do cão, nem das características do animal.
Mas gostam muito de animais.
Às vezes, a maior prova de respeito pelos animais, é simplesmente não ter um.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Em Estágio

Para...

Já tenho as coreografias quase todas ensaiadas, uma fita para espetar na testa, uma t-shirt com as mangas rasgadas à dentada e umas calças de ganga com um boné estrategicamente colado no bolso traseiro.
Ando a fazer agachamentos diários, a praticar todos os refrões e a testar os meus assobios de longo alcance.
Descobri que ainda sei a letra de Thunder Road toda de cor e, por isso, tenho rezado uma avé américa todas as noites, a ver se ele canta algumas músicas antigas, enquanto chama por mim, para que suba ao palco.
Estou contigo desde os meus 13/14 anos, boss, não é agora que te vou abandonar.
Amo-te.


domingo, 27 de maio de 2012

Este sim, bateu forte


Uns filmes ligam certos botões, outros desligam, outros nada fazem, nem accionam. Tal como o gosto pelo género literário, tem muito a ver também com momentos que atravessamos na nossa vida.
Já venho muito atrasada, mas vi finalmente o Blue Valentine e gostei imenso, que é para não dizer que adorei.


sexta-feira, 25 de maio de 2012

mudam-se os tempos


Ia escrever sobre os ídolos no meu tempo e os ídolos dos putos hoje em dia.
Ia escrever sobre como as miúdas de hoje conseguem gostar de meninos mais novos, em vez de gajos mais velhos.
Ia escrever sobre como andei com uma fita à Axl Rose na testa e posters do Slash no armário.
Ia escrever sobre o que era sexy no meu tempo e o que é sexy para as miúdas de hoje, que gostam de meninos que bem podiam ser os seus manos mais novos, com laca e franja de ladecos.
Mas depois encontrei várias fotos do Axl em calções apaneleirados de lycra e do Slash, esse cão de água mal cheiroso e mudei de ideias. É tudo uma questão de perspectiva e a perspectiva muda com o passar dos anos.
Aliás, estou plenamente convencida que o Axl fez um tratamento de rejuvenescimento na Suíça e mudou o nome para Justin Bieber.


Blogues com Valor

Se é verdade que hoje em dia somos invadidos por centenas de pessoas convencidas que têm jeito para o artesanato e que enchem meia blogosfera de penduricalhos da loja do chino e missangas e babetes, também é verdade que no meio de tanta oferta, existem verdadeiros talentos. Pessoas que têm realmente jeito e sensibilidade para criar pequenas pérolas.
Apostemos nas mãos portuguesas, em pessoas com talento de verdade, pode ser? Juntemos o útil ao agradável.
Espreitem lá este blogue


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Em Construção

Sou uma pessoa mais básica do que refinada.
Se vejo uma tela branca. Vejo uma tela branca. Não teço considerações em redor do nada.
Se vejo um quadro com riscos, não me detenho a tentar encontrar o sentido da vida e a chamar-lhe arte. Vejo apenas riscos e avanço, em busca de um quadro que me diga qualquer coisa. Como por exemplo, que o seu autor tem mais aptidões artísticas do que o meu filho de 2 anos.
Se vejo um filme, cuja crítica enaltece e põe nos píncaros e se esse filme me faz dormir, eu não consigo dizer que é um filme brilhante, só porque uma mão cheia de críticos o entende, ou porque é de um realizador mítico, cujo nome vem antes do título (se bem que tenho essa tendência com os filmes do Clint Eastwood, mas ando a combatê-la com alguma convicção).
Se os meus filhos se portam mal, eu reviro os olhos e digo que estou cansada de os aturar. Não tento justificar o seu comportamento com teorias pedagógicas sobre o desenvolvimento infantil, ou desculpá-los alegando etapas pré definidas pela pedo psicologia. Todos os putos são chatos de vez em quando, ou muitas vezes.
Se vejo um prato maravilhosamente bem decorado com uma ervilha, salpicos de molho, uma meia laranja e um cubo microscópio de carne, não vejo comida e não tenho vontade de comer uma coisa que deveria estar na parede de uma sala de exposições.
Se leio um livro em que tenho que voltar atrás dez vezes, ou relê-lo para entender a mensagem, atiro-o para a pilha de livros a doar à biblioteca, sem qualquer remorso.
E se não era tanto assim antigamente. Agora estou cada vez mais assim. E estou mais chata, terrivelmente mais chata e rabugenta.
Também ando a tentar combater a falta de paciência que me invade com quem tenta tirar sentido da tela em branco, ou com quem tem orgasmos múltiplos com um prato de haute cuisine. Juro que estou em francos progressos quanto a isso. Mas às vezes esqueço-me de que as pessoas não são todas a preto e branco e que o que faz chorar umas, faz rir outras e que o que comove outras tantas, a outras nem sequer belisca.
Sairmos de dentro de nós e sermos tolerantes com as visões alheias, é do mais democraticamente social que existe e eu ando a tentar. Tento e falho, tento e falho. Mas qualquer dia destes tentarei e terei sucesso, tenho a certeza.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Adoro os Tugas

Seja nas autocaravanas, nos pesados, nos parques de campismo, eles cozinham. Qual sandocha, qual quê, se podem cozinhar um ensopado de borrego ali mesmo, à beira da tenda, dentro da roulote, ou no parque de estacionamento dos pesados? Tão mais prático.

domingo, 20 de maio de 2012

Não que eu precise de falar sobre o Kevin, mas...

Partiu com a desvantagem da actriz. Não nutro particular simpatia por esta mulher assexuada e estranha, sempre igual nas suas representações. Sempre baça e melancólica e neurótica e cheia de batalhas interiores angustiantes e, portanto, perfeita para este papel. Mas enfim, face às sugestões e ao zum-zum em redor do filme, lá me dispus a ver e não gostei. Sim, entendi as mensagens todas que era suposto entender e tudo aquilo que não foi dito (mais valia ter lido o livro), mas que estava subentendido. Também houve muita coisa que foi dita, como a mãe ter dito ao filho que podia estar em França, a ser feliz, em vez de estar ali com ele, que foi forte sim, mas nada que me batesse na tola, nada que me fizesse vibrar alguma corda. Não me disse a ponta de um corno, não me tocou, não me fez pensar, não me deu um murro no estômago. Nada. Zero. Limitou-se a arrancar-me vários bocejos. Foi só chato, muito negro, muito neurótico, muito fundo sem retorno. Daquele fundo sem luz. Teria sido um grande filme de terror, isso sim, se tivessem apontado para aí as baterias.

blogues que dariam livros perfeitos e importantes

Sei que já falei neste blogue, mas cada dia me traz uma nova lição. Hoje não foi excepção.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

mas o que fiz eu

para merecer um vizinho que pratica saxofone (e não sexo on phone) a tarde inteira? E desenganem-se os que pensam que é uma cena animada, cheia de Nova Orleães e o diabo a sete. Estou plenamente convencida que o gajo (ou gaja, ainda não descobri o sexo do praticante) tem o reportório todo da Celine Dion para Saxofone. Daqui ao suicídio, ou homicídio vai uma muito curta distância.

Happy Meal

Quando os miúdos estão bem dispostos, companheiros e gostam de cantar ao som do Super Trouper dos Abba, que bomba no rádio do carro (sim, eles são fãs dos suecos). Quando partilham as batatas fritas e os brinquedos do Happy Meal e riem como dois perdidos com as brincadeiras um do outro. Quando ficamos à mesa, sem stress, nem pressas, a molhar todos os ingredientes sólidos na poça de Ketchup partilhado, numa letargia que só nós conhecemos. Quando a Alice fala pelos cotovelos e o António tenta imitá-la, sem fazer qualquer espécie de sentido. Eu tenho a mais nítida certeza de que não trocava a companhia deles por nenhuma outra companhia neste mundo. A sério. *E isto dava um belo anúncio de fast food.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Nem dado

Não faço a mais pálida ideia do que seja, mas tem um palhaço. Uma bola de neve. Um palhaço que a empurra. É o suficiente. Não precisam de me mostrar mais nada para o meu cérebro formular a palavra síntese, que acciona todos os botões vermelhos: TORTURA.

Agora atiras tu, agora atiro eu

Outro dia apanhei o Dr. Oz e a mulher do Dr. Oz (sim ele também já leva a esposa ao programa e ela também escreve livros de auto-ajuda) a atirarem uma bola de pilates um ao outro. Aparentemente era uma dica para um casamento de sucesso. De cada vez que a bola era lançada na direcção de um deles, era dita em voz alta uma "exigência" que se gostaria de ver satisfeita pelo outro. É absolutamente fascinante este fenómeno de todos terem alguma coisa a dizer sobre relacionamentos. E os lugares comuns do diálogo e da comunicação e do olhar olhos nos olhos e de o não querer que o outro seja algo que não é. Maravilha. A sério, há sempre qualquer coisa a dizer e um conselho a dar. Partilhar os segredos do sucesso do matrimónio é sempre fofinho. Vou a uma loja de desporto comprar uma bola de pilates, para poder fazer este jogo aqui em casa. Já nos estou a imaginar a jogar esta merda, a seguir ao jantar e a saltar de nenufar, em nenufar com tanta felicidade e resolução conjugal. Como é que nunca pensei que uma bola de pilates seria uma lufada de ar fresco? Dentro desta linha, também adoro a Maya e os seus conselhos matinais. Gosto da forma como ela pergunta sobre a vida inteira da pessoa que telefona, antes de começar a adivinhar o seu destino. Dito isto, tenho que fazer uma dieta televisiva. A sério.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

blábláblábláblá enche chouriço blábláblábláblá

No Querido Mudei a Casa falam muito mais do que trabalham. Eles falam sobre o conceito da iluminação, sobre a inspiração, sobre o dia que faz lá fora, sobre a textura das cores escolhidas, sobre o ambiente retro mini chique, sobre como o branco expande e o preto encolhe, sobre o primário, sobre o verniz, sobre o prego de tamanho ideal e da bucha certa, eles falam e tentam graças e risos e partidas e falam. Enquanto no Total Makeover já fizeram 3 mansões em pladur, no Querido ainda estão na fase de explicar o que os inspirou a meter o primário da Robialac. No Ídolos falam, falam, chamam atrás para insultar um bocadinho e depois tornam a falar e entra uma música do Gladiador para criar a teia de suspense desejada. Depois debitam mais um pouco e falam mais um quilómetro. Depois entra de novo a música e falam. E nunca, mas nunca mais desenvolvem. Enquanto no American Idol já ouvimos vozes supremas na fase do tudo ao molho em todos os Estados, apreciando as farpelas do Steven Tyler, no Tuga Idol é tudo sofrível. Temos um membro do jurí com expressão de quem se peida por debaixo da mesa e vozes que dificilmente suportariamos no duche do vizinho.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Culto do Corpo

Tirando a fase da adolescência, em que fazemos todas as maldades e mais algumas ao nosso invólucro, o nosso corpo deveria ser um santuário. Estimado, respeitado,preservado. Se possível, apenas mutilado quando estritamente necessário, para afastar um mal maior sobre ele. Quem já sujeitou o corpo a tratamentos, cirurgias necessárias, maleitas, tratamentos, sente isso melhor do que ninguém. Sente o cansaço e o desgaste da dor, dos cortes, das cicatrizes na pele e na alma e foge de bisturis como o diabo da cruz. Por isso, por saber que existem tantos que não podem fugir à cirurgia, a ideia de sujeitar o meu corpo a um bisturi voluntário, a uma injecção na pele, me é tão medonha. Eu não gosto de hospitais, agulhas, cicatrizes, pontos, recuperações, pois o meu corpo, enquanto me pertencer, é-me muito querido, sim. Sofrer, por mais pequeno que possa parecer o sofrimento, para ter umas mamas maiores, ou uma cara mais nova, não é para mim. Não julgo quem queira resgatar a sua juventude, ou a sua auto-confiança, através de implantes, injecções, liftings, mas eu não conseguiria. Não tem nada que ver com ser bem resolvida com o meu corpo, ou achar-me perfeita. Tem a ver com o respeito que lhe tenho e com a minha total repugnância pela dor desnecessária. É claro que há muitas excepções nesta minha teoria, é claro que sim, mas jamais, como defendia o colunável Dr. Angelo Rebelo em entrevista à Judite Sousa, permitiria, ou incentivaria uma ciurgia de implantes mamários a uma miúda de 14 anos. Que merda de sociedade é a nossa que aceita e acha normal que miúdas a cheirarem a leite, sofram perturbações psicológicas por não terem as mamas da Pamela Anderson e, em vez de as levarem a um psicólogo, as levam a um cirurgião plástico?

terça-feira, 8 de maio de 2012

Tony

Chateada. Chateada porque tenho um grande fraquinho pelo Tony Bourdain e porque achei que a sua equipa de produção pesquisou tanto on-line, que se esqueceu de viver Lisboa. A ideia que transpareceu foi a de uma Lisboa melancólica, sisuda, depressiva e do fado. Ouvi a palavra Crise mais de 200 vezes. E quando o Lobo Antunes diz, entre uma passa e outra, que o Fado é a ditadura e por isso não gosta de o ouvir, com o ar mais carrancudo desde universo, deu-me uma dor no intestino delgado. Sim, Lisboa também é isso, mas não é apenas isso. Até o Zé Diogo Quintela estava tristonho, caraças.

Eu, Mulher, me Manifesto

Sim. Não usamos burka e podemos andar semi-nuas no meio da rua, que a lei não nos penaliza. Sim, na Constituição da República Portuguesa temos os mesmos direitos e oportunidades que os homens. Sim, temos a possibilidade de alcançar as metas que eles alcançam. Mas não nos esqueçamos, por favor, que a casa da partida é totalmente diferente. Nós não partimos com vantagem. Partimos com o preconceito, com os pressupostos, com as cicatrizes de tudo aquilo que foi enraizado no nosso adn durante séculos e isso é fodido. Demasiado fodido. Na maior parte das vezes, conseguimos a proeza de nos dividirmos, sem nunca deixarmos de ser inteiras. Dividimo-nos pelos filhos, pelo marido, pelo trabalho, pela casa, pelo stress. Dividimo-nos a cada instante e reestruturamo-nos no instante seguinte, porque é isso que é suposto. É assim que devemos ser e assim somos, sem perguntas, sem incómodos. E quando falhamos, sentimo-nos miseráveis, porque não é suposto falharmos. Nós temos que ser perfeitas. Se uma mãe é vista no supermercado, a enfiar frutas num saco, com um puto agarrado às canelas aos gritos, outro embandeirado em arco a fazer birra de sono, é uma mãe como outra qualquer. Já se é um gajo no supermercado, a passear-se entre as prateleiras da higiene pessoal, com os putos atrás, é um Deus. Uma ave rara, um pai exemplar. A eles basta-lhes fazerem umas macacadas com os putos, uns passeios e são tidos como os melhores pais do mundo. Uma mãe que faça tudo isso e mais tudo o resto que é suposto, é uma mãe banalíssima (sim, Melissa esta tem direitos de autor, mas é a mais pura das verdades). Uma mãe, nunca será uma mãe excepcional, pois ser mãe tem no seu cerne ser excepcional e, pelos vistos, ser pai não tem. Daí os elogios a um desempenho banal de um pai e a falta deles, quando uma mãe faz exactamente o mesmo. Mas nós, as mulheres, as mães, não somos obsessivamente exigentes. Não queremos glória a cada instante que passa, nem elogios por passar o dia a limpar ranho e a ouvir chorar (se bem que até merecíamos). Queremos apenas que, de vez em quando, nos reconheçam o valor, sem termos que arrancar o reconhecimento à dentada. Desejamos ser notadas pelas pequenas coisas que não deixam a casa cair no final do dia. Que mantêm as vidas de pé e a funcionar o ano inteiro. Queremos apenas sentir que nos apreciam e que nos enxergam, digamos aí uma vez por ano. Pode ser?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

As Melhores das Melhores

- Porque é que aquele homem está debaixo de um lençol, mãe? - Hmmmm, não é um homem, é uma mulher. - Porque é que está toda tapada? - Em certas partes do mundo, as mulheres têm que andar assim, cobertas e escondidas. - Escondidas porquê? - Porque os homens acham que é uma falta de respeito as mulheres mostrarem-se. - Mas não é cá em Portugal, pois não? - Não, fica descansada. Silêncio sepulcral. Sim, existem ali muitas fotografias impróprias para crianças, mas o que é que se há-de fazer, tivemos que levá-los connosco, senão nunca mais iriamos. Por essas passei a correr e vi-as apenas de relance (com grande pena minha). Mas a maior parte das fotografias puxaram-nos para dentro delas, como só uma boa fotografia consegue. Adorei.

sábado, 5 de maio de 2012

Nem Pintados de Douradinho

Não consigo encontrar graça nas suas graças, piada nas suas piadas, humor no seu humor. Eu tento, juro que tento, mas não dá. Depois temos esta miúda que cantou no ídolos e que não gosta de ser lembrada disso, nem por isso. E eu, que até gostei dela no ídolos, não consigo aguentar mais do que alguns segundos a escutá-la gorgolejar com elixir dentário e a ver a sua imagem fabricada de cup cake do jazz. Não dá.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

PUB

Não há, neste momento televisivo-radiofónico, anúncios mais cretinos do que os da Depuralina. A sério. Que mentes criativas se terão lembrado de meter uma gaja em cuecas agarrada a um aspirador? Noutra linha, mas ainda assim sobejamente irritante, temos a fotografia da Keira Knightley a fingir que tem vontade de lamber um frasco de perfume, plena de sensualidade e boquinhas.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Domesticamente Imperfeita

Sou um zero no que respeita a economia doméstica. Não tenho queda para a coisa. Esforço-me como tudo, mas nunca consigo ser aquele sucesso evidente e vibrante de tanto mulherio mais capaz. No entanto, existem coisas que já aprendi à minha própria custa. Não são muitas, bem sei, mas são boas e são conclusões tão pertinentes, ou melhores do que muitas dessas teorias das deusas do lar que polulam pelo mundo (sim, a inveja é nojentinha mesmo). A saber (não esquecer de entoar como mantra budista): Nunca comprar o que não preciso, mesmo que esteja em promoção. Se não preciso. Se tenho em casa, é dinheiro que estou a gastar agora sem necessidade. Não comprar bens de primeira nexexidade, como carne e peixe, enquanto não varrer primeiro todos os que tenho no congelador. Aprendi com as profissionais da coisa (e também às minhas custas) que há sempre como aproveitar duas postas de pescada que repousam esquecidas no fundo do congelador, antes de me atirar a um peixe novo. Ontem mesmo, fiz de uma courgete, dois tomates, uma cebola e uma lata de feijão branco, um repasto dos deuses. Qualquer coisa entre o Ratatouille e a feijoada light e dei beijos na minha própria boca com essa conquista tão minha, tão domesticamente perfeita, tão íntima. E sim, continuo sem saber o que aconteceu aos parágrafos.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Solte o Seu Animal Interior.

Querem assistir à largada de touros de Pamplona sem saírem do país? Querem visitar o lado mais selvagem do ser humano, sem mudarem de canal para o TLC, com as paquidérmicas viciadas em cupões, que levam as filhas recém-nascidas a concursos de beleza, enquanto atafulham a casa de merda, dão uma festa de milhões para o primeiro aniversário do bebé e aproveitam para engravidarem sem saberem? Querem descer ao mais baixo, mais baixo não há, da animalidade que existe em cada indivíduo? Querem assistir de camarote a um circo romano, daqueles em que se lançavam os homens às feras, sem contemplações? Querem? É fácil. Observem apenas como os indivíduos se comportam face a uma promoção e vejam esse mesmo comportamento modificar-se em proporção da dimensão da promoção. Por um leve dois, pague 1 são permitidos empurrões e arranhões. Por um leve três pague 1, além daqueles, são ainda permitidas rasteiras, filas de dezenas de metros e insultos. Por 50% de desconto em compras superiores a 100 Euros, vale tudo. Arrancar olhos, homicídios, violações, acidentes de viação, estropiamentos e fazer os funcionários do estabelecimento trabalharem num dia, o equivalente a 1 mês, mas com requintes de malvadez, pois fazem-no no dia que celebra essa espécie estranha, cada vez com menos direitos e garantias. Essa espécie enrabada de manhã à tarde e à noite, chamada TRABALHADOR.