Este ano sinto pela primeira vez A pressão, daquela que faz suar e é difícil de combater. Daquela pressão que nos faz vacilar e questionar aquilo que defendemos desde sempre. E de que falo eu? Perguntarão vocês já consumidos pela crescente curiosidade.
É simples, falo das festas de aniversário dos filhos.
Agora que a Alice está na escola e já foi convidada para 4 festinhas de aniversário, 3 das quais naqueles recintos com insufláveis, bolas de discoteca, actividades, temas e afins, aquelas em que a turminha toda é convidada, a pressão do aniversário dela chegou.
Não podemos dar-nos ao luxo de gastar uma pipa de massa em recintos para festas de miúdos e confesso que ter dezenas de crianças a gritar e a destruir a nossa casa é coisa para me tirar o sono durante um mês.
Vai daí decidi convidar apenas as meninas da turma da Alice. Mais civilizadas, fofinhas, cor de rosa e bem comportadas, contentar-se-ão com umas sandochas de pão de leite, bolo de chocolate, sumos e smarties (assim o espero).
Numa crise de afirmação e insegurança recorro ao meu próprio passado e lembro-me das festas de aniversário das minhas coleguinhas. Eram todas por nossa conta. Não havia mágicos, palhaços centenas de balões a decorar as divisões da casa. Não havia temas, nem brindes, nem pressão. Era apenas um aniversário, onde brincávamos no quarto da aniversariante, pulávamos em cima da cama, gritávamos, brincávamos às escondidas, à cabra cega e enfim, divertiamo-nos à brava. Depois bebíamos Tang, comiamos pão com queijo e fiambre e cantávamos os parabéns.
Tento manter isto dentro da minha frágil cachola e agarrar-me à ideia de que a minha filha não tem que fazer uma mega festa de aniversário para ser aceite, ou para ser feliz.
Agarrarmo-nos ao essencial nos dias que correm, em que tudo tem que ser espalhafatoso para ser perfeito, é das coisas mais difíceis da maternidade.
Como penitência para mim mesma:
Repetir cem vezes a frase - O amor não se mede em presentes, o amor não se mede em espalhafato - E esperar que as miúdas gostem de vir cá a casa para...Brincar.
Já chovem guiões dos Óscares
Há 1 semana
21 comentários:
Mais um texto muito pertinente e cheio de razão. Não sei como é que ainda há pessoas com dinheiro para isso tudo. Para mim as brincadeiras mais engraçadas são aquelas que as crianças constroem com a sua criatividade mas há um ponto deste texto que me deixa a pensar é o da aceitação dos outros perante uma festa menos rica em espalhafato. Serão as crianças capazes de por os nossos filhos de lado por não vivermos da necessidade de demonstração de riqueza e opulência? É que costumam ser cruéis nestas coisas, espero que não.
Mamã do Principe Pipoca, é precisamente esse o ponto que mexe com a minha insegurança e que me obrigou a regressar ao essencial, ou seja, ao meu tempo, em que os amigos iam às festas dos amigos e não se tornavam amigos destes só depois da festa, entendes?
Eu tinha duas hipóteses:
Ou não fazia festa nenhuma com amigos da escola, ou fazia uma coisa mais familiar...
Não sei como é que nunca me lembrei de fazer um post sobre este assunto! :) Ou melhor, sei. O rapaz ainda só tem 1 ano. No entanto, isso não impede que a minha mente seja povoada (literalmente invadida) por preocupações como essa. E pior é ver que a maioria das mães/pais segue pelo caminho mais fácil (que é o da espalhafatosa festa, o dar o telemóvel ao menino com 6 anos, etc). Penso tanto na simplicidade da minha infância! Tanto! Tenho pena do caminho que as coisas tomaram e do abismo que separa a minha simples e despreocupada infância daquela que o meu filho vai ter. Espero, contudo, estar à altura do desafio. Ser capaz de lhe mostrar o que é realmente importante (sem que para isso ele tenha de ser o tó-tó da turma). Compromisso difícil este, oh God!
Muito bom, este texto. Obrigada pela partilha.
Ni
'Tás tão lixadinha. As festas de aniversário de hoje são um negócio monstro. Bolo para afesta, bolo para a escola, bolo para a família. Local da festa (pagas aí uns 5 aérios por crianço, com direito a brincadeiras manhosas e um lanchinho da treta). Saquinhos de ofertas (doces) para os convidados. Convites.
Pá, desde quando é que o convidas dez amiguinhos e já gozas, temos gelatina,um (um!) bolo, sandes de fiambre e queijo(pão de forma!), pães de leite e (upa, upa!) mousse era um festão de arromba? Não agora.
E depois, deixas de ter vida própria aos fins de semana, a gerir a agenda e as festas dos piquenos; a cena marada de marcar a dos teus o mais cedo possível, não vá calhar em cima da festa de outros; a pressão de suplantar todos os outros pais, que querem c'os meninos tenham a festinha de sonho.
Pá, 'tás tão lixadinha. Ou então não cedes. Não conheço ninguém que tenha tido a coragem.
(e eu sou só tia)
Ni tu nem me fales nos telemóveis e nintendos e afins que fico toda trocada do sistema!!!
Não vou dizer a palavra Jamais, pois sei que estas coisas sofrem variáveis e nuances, mas agarrarmo-nos a alguns princípios é bom, tem que ser bom.
Isto são muitas provações, as coisas não deveriam ser tão complicadas, são só crianças caraças.
Às vezes acho que todos estes dilemas são mais sobre a afirmação dos pais e suas inseguranças.
I. 5 euros por puto? Ahahahahah deixa-me rir!
Quanto ao resto eu sabia que podia contar com a tua visão optimista para me lançares luz no espírito inquiéto:)
Este ano vai mesmo ser assim, depois conto como é que foi. Troce por mim!
Sem dúvida, Ana C, sem dúvida! O pior é que na ânsia de se afirmarem os pais, criam-se pequenos "monstros" egoístas e crueis, que medem o melhor e o pior pela quantidade de jogos, pelo número de balões da festa e mais uma série de pormenores que não interessam nem ao menino Jesus... enfim.
Não cedas. E não, ninguém vai pôr a Alice de lado (ou agora de repente as pessoas valem só pelo que têm? Não podemos ir atrás disso!). Esses saquinhos talvez tenhas que fazer, mas até nisso podes inovar e dizer que festas em casa não têm disso. O que se exige agora é só imaginação para remar contra a maré. E nos saquinhos podem estar lápis, bloquinhos da hello kitty ou "tretas" que não têm que ser doces).
Se eu fosse mãe não cederia, como em adulta não cedo num monte de coisas.
Precis eu não vou ceder mesmo, porque nem sequer dá para ceder.
Já arranjei em promoção uns saquinhos (sem doces porque odeio quando a Alice vem cheia de merda fura dentes das festas) que custaram 1,50 cada um, com ganchinhos e tretas das princesas disney.
Obrigada pelo apoio moral!
Sabes que antes do Natal, fazia eu as minhas compras no continente e ia à minha frente uma senhora humilde, com um litro de leite e o resto era só pacotes de brinquedos, atrás de pacotes de brinquedos. No final das compras pagou tudo com cartão de crédito e aquilo deprimiu-me à brava.
Eu não sou optimista, sou tia de três e só o mai'novo ainda não tem cenas destas. O do meio até convidou os dois bullies dele, no meio da turma toda. Agora já percebi porque é que o meu irmão não me convidou: cinco minutos a sós com aqueles dois animais e nunca mais chateavam o meu sobrinho. (eu não me importo de ser conhecida como a tia maluca/psicopata, para isso é que serve uma tia. de nada.).
Pá, mas a sério, força. O giro é que a maior parte dos pais se farta de queixar desta situação, mas quem dá o primeiro passo? Vá, precisamos de pioneiros ;)
Se nós gostámos eles também vão gostar =) *
Comigo já sabes, a única peneira é com os convidados, a cena do convidar uns e não convidar outros, acabo sempre por convidar todo mundo, mas sei que é um problema da minha cabeça, não tem nada a ver com perfeccionismo. Sobre a festa em si, acho que o mais fixe, na idade da tua, é perguntar ao aniversariante o que é que ele gostaria de fazer, dentro das opções disponíveis (tipo ter um filme de princesas, sessão de maquilhagem, pintar as unhas, discoteca-em-casa. Dá para fazer milhentas coisas gastando pouquíssimo, caso o aniversariante queira). O importante é que fique à medida dela.
No baile de debutantes a que fui no mês passado, a aniversariante estava sempre tristonha e sonolenta. Assim não vale.
Vais ver que vão adorar. E as outras (mães) vão ficar achar o máximo à ideia:-)
Sabes, nos casamentos sempre ofereci o que podia oferecer de acordo com as minhas possibilidades e prendas, e só dinheiro quando não tinha mesmo ideias. E pouco. Quem está mal é quem olha ao que lhe é dado e não à presença e à pessoa. E como não sou essa pessoa, eu é que estou bem. Assim como tu é que estás bem, não quem vai atrás da "carneirada". E às tantas os miúdos vão n vezes aos mesmos sítios; não é muito mais giro a casinha da amiga?
Os meus sobrinhos mais novos acho que tiveram festa no mac a primeira vez este ano. E já têm 7 anos. Fossem meus filhos e não teriam, preferia mil vezes levá-los ao cinema, com um amigo escolhido por cada um. A mais velha fez 11 e teve uma festa numa discoteca à tarde (abstenho-me de dizer o que penso...)
Cinco euros por miúdo é bestial, pá.
Que grande, grande texto. Revi-me nele na totalidade. Também o meu filho está quase a fazer 4 anos e...todas as festas a que tem ido são como descreveu.
Quero continuar a fazer a dele em casa, mesmo sobrando depois o caos pelas divisões.
O convívio entre crianças, pais e familia é para mim muito mais valorizado e desfrutado.
No entanto, é com estranheza que muitos pais nos questionam sobre a teimosia em as organizar em casa.
Não se tem trabalhinho algum nesses locais mas...não se paga nada pouco, pelo parco tempo em que duram as festas e já repararam na qualidade do lanche que oferecem ás crianças??
O igual para toda a gente e mercantilizado é o que está na onda mas...ainda há quem pense felizmente.
Numa idade em que as crianças/jovens são tão imaginativos e criativos é um dó ver tudo padronizado.
Quem faz anos em princípio gosta de participar na preparação e...escolher (eu adorava o dia e a véspera com a animação na casa e na cozinha).
Uma sugestão: se optares por fazer em casa é melhor teres na mesa também trash food (gomas, etc.). Não poderás fazer educação alimentar à criançada num dia...Se fizeres arroz doce verás como alguns abrem os olhos de espanto...mas não a boca.
E finalmente...feliz aniversário seja lá como for!!!
Eu sou apologista da ideia da melhor amiga da minha filha: convida os melhores amnigos (best do best) que, no caso, sao 4. São proibidos brinquedos electronicos e a festa é em casa deles. ha brincadeira da boa entre pollys e piratas e ninjas. o resto é lá com eles.
Eu tenho a sorte da minha filha fazer anos no verão: nao ha miudos para convidar. mesmo assim, ela pede-me que, em setembro faça festa. Nunca fiz pq acho estupido. Mas, de vez em quando, vêm cá amiguinhas. Ponho-as a cozinhar na bimby que é um mimo!! Elas adoram, fazem o pp lanche e eu n me preocupo.
Estou contigo. H]a idades para tudo. Uma festa de aniversario n\ao tem q ser um baile de debutantes.
Mas ela não tem amigos rapazes? Grande descriminação... Eu já sobretudo a 3 festas caseiras, o meu único objectivo e que eles fiquem congénere por receber os amigos. E as amigas :p
Estás no bom caminho. As festas fora de casa são todas iguais..
Brincar livremente em casa é um verdadeiro luxo, hoje em dia! Arranja é alguém que te ajude porque o António pode stressar com tanto mulherio em casa!
Se houver bolo de chocolate corre sempre bem!
Beijinhos
A minha Alice fez os seus 6 anos no dia 5/12.
Depois de andar de festa em festa desde que as aulas começaram, senti-me na obrigação de convidar os rapazes que a tinham convidado e mais uns quantos para não parecer mal, além das meninas da turma e das amigas. Fiz a festa em casa, sem grandes programações de actividades. Apesar de tudo acabou por correr bem, porque ninguém se aleijou nem se partiu nada, mas foram três horas de inferno. Os rapazes tiveram um comportamento inacreditável (eu só pensava na "coitada" da professora que tem que aguentar aquilo todos os dias). A parte mais agradável foi no final quando todos se foram embora a chorar porque queriam mais.
Lição a tirar:
- para o ano só convido raparigas.
Por aqui já não se usam os saquinhos com os brindes,(felizmente).
Espero que corra tudo (ou que tenha corrido tudo bem) e parabéns à aniversariante.
Adorei este texto! Até agora, as festinhas do meu filho foram em casa e com mt poucos amiguinhos! felizmente ainda não chegou a fase desses convites "pimba", mas já estivemos em festas caseiras, com animadores, palhaços e insufláveis... aqui em casa não há anda disso! Lancham e brincam, se possível na rua!
bjs e boa sorte
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