Porque é que os lugares mágicos da nossa infância, que habitaram o nosso imaginário durante anos e anos, perdem toda a magia quando revisitados na idade adulta?
Lembro-me de uma casa gigantesca em Moledo do Minho,com o chão em madeira muito velha, uma fonte enorme bem no meio do jardim e um terraço do qual se via o comboio a passar.
Pertencia à minha bisavó Irene e suas irmãs solteironas Gigi e Nhónhó que lá habitavam com a Rosa, uma criada que estava com elas desde pequena.
A casa de Moledo pintou durante muitos anos a minha memória e lá ficou sob a bitola do meu olhar de criança.
Por isso quando lá voltei passados anos o meu coração bateu descompassado à medida que o carro entrava na rua e os meus olhos preparam-se para a emoção de rever aquele palácio que guardara com tanto carinho nos meus sonhos. Mas nada me preparara para o choque que estava prestes a sofrer:
As ervas daninhas no diminuto jardim, uma fonte ridiculamente pequena de um menino a fazer xixi, as portadas de madeira pendentes e chorosas, quebradas por anos de abandono e o tamanho agora vulgar daquela casa, fizeram com que percebesse que aquilo que guardamos com olhos de criança é sempre muito maior do que a realidade.
Os palácios são apenas casas, os jardins labirínticos onde se jogava às escondidas, são na realidade pequenas parcelas de terreno e nós, acho que essa é a parte pior, nós nunca mais faremos do pequeno grande, do banal mágico, do chato aventura.
Nós, bem, nós crescemos irremediavelmente juntamente com o olhar que temos do mundo.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
11 comentários:
fizeste-me recordar uma memória que tenho. No meu olhar de criança, achava que o cabo de s.vicente(sagres) era algo com muros altos, com o mar a bater ferozmente nas rochas, quase a apanhar-nos... quando lá voltei, mais tarde, percebi que os muros me dão pela cintura e o mar está lá tão em baixo... continua mágico... mas perdeu alguma da magia com que habitava os meus sonhos...
pois é, crescemos, enfiamos as asas nos bolsos e nunca mais as conseguimos abrir porque deixou de haver espaço...
Como te entendo! Principalmente agora que tenho que entrar no mundo mágico e sempre diferente que o Gabriel cria!!
Mesmo assim, é tão bom voltar a estes lugares! O que mais me chocou foi voltar à minha escola primária e ver como o recreio, afinal, é tão pequenino...
Sim, de acordo. Mas não foi bom enquanto durou? Não foi essa magia que alimentou fantasias e felicidade? Basta fechar os olhos e a recordação original está lá. Guardada na gaveta das coisas boas. Do lado direito da alma, mais abaixo... Aí.
Que giro... nunca tinha pensado nisso e tens toda a razão!
Realmente...
Estou a vasculhar o meu baú de memórias... é... já nada é mágico!
Porém, esses lugares que deixam de ser mágicos, dão lugar a outros lugares igualmente mágicos... eu tenho muitos!
O mais provável, é daqui por uns anos já não serem mágicos... mas espero nessa altura já ter outros!
Jocas... [e contracções? Nada?!]
Como não sei se não vou já a seguir para o hospital, aqui ficam já os meus desejos: que corra tudo bem convosco e que a chegada do António seja um momento maravilhoso para toda a família! Beijinhos
Sentindo-me assim mais ou menos uma tia blogosférica desejo-te que tudo corra bem e o António venha ao mundo cheio de saúde.
Um beijinho com muito carinho.
Fogo,não foi essa casa que foi deitada abaixo para construirem um«ns apartamentos...Moledo do Minho tinha uma casa deliciosa, cor de rosa velho, com imenso espaço e uma fonte. Já estava há venda há algum tempo e foi durante muito tempo a casa dos meus sonhos...
Mas continuo a ir a Moledo do Minho com a mesma mistica de quando era mais novita!!!
beijo grande:)
Engraçado...também eu vivi quase toda a vida em cascais e e as férias da minha infância em Moledo.
Nunca voltes ao sítio onde já foste feliz...
beijinhos e felicidades para o nascimento do vosso baby
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