Outro dia alguém me aconselhava uma livraria chamada
Pó dos Livros em Lisboa, ao mesmo tempo que proclamava fugir das Fnacs da vida, como o diabo da cruz.
Desde que me recordo de ser gente mais ou menos crescida, que abrir uma pequena livraria de bairro, intimista, com atendimento personalizado, faz parte da minha carteira de sonhos.
Mas como sou uma pessoa que abre os braços aos livros, venham eles e estejam eles onde estiverem, não desprezo a Fnac, de forma nenhuma. Não gosto de endeusar livros, nem música. Gosto que sejam coisas naturais e disponíveis na nossa vida. Gosto de os poder levar para a mesa do café (na Fnac) e folheá-los, ler as primeiras páginas e decidir se vale a pena comprá-los. Gosto do anonimato que um espaço assim nos proporciona. Gosto que não me liguem puto, se dou o biberon ao António com a mão direita, enquanto balanço a cadeirinha com o pé e seguro um exemplar de culinária na mão esquerda, adoro sentir-me no direito de o fazer ali.
Gosto da democratização da cultura. Sou uma grande facha em muitas coisas, mas nestas coisas de ler não.
Depois temos a parte das crianças, onde passava largas temporadas com a Alice em busca de um livro, folheando também, ganhando intimidade, aprendendo a tratar as letras e desenhos por tu, sem vocês.
Por tudo isto e por muito que adore o charme e atendimento personalizado de uma boa livraria, onde saibam por exemplo que ter todos os exemplares de Eça de Queiroz é condição sine qua non para se poder intitular livraria em Portugal, quero agradecer à Fnac, por ter evitado o meu divórcio com as letras, numa altura em que só de imaginar entrar numa pequena livraria com dois miúdos atrás, um deles numa cadeirinha, me provocava arrepios de cansaço.
* Na primeira imagem, a famosa livraria Barnes and Noble, que não temos cá. Um bocadinho mais charmosa do que a Fnac e, geralmente com um Starbucks da treta a fazer as vezes de café incógnito :)
9 comentários:
VIVA A FNAC!! É mesmo assim como descreves! A FNAC veio democratizar o acesso à cultura porque a contextualizou e "modernizou" a sua apresentação. É um dos meus espaços comerciais favoritos!
Ana C. também gosto da Fnac, mas pelo leque quase mirabolante de duas coisas que eu adoro: livros e música!
Eu também tenho um sonho de carreira: abrir uma casa de chá intimista, com todos os aromas e sabores (tive esta ideia ao ler o "Vinho Mágico" da Joanne Harris e depois um dia encontrei uma coisa do género no Bairro Alto) e com estantes de livros que qualquer um pode folhear enquanto lhe apetecer!
Eu desde que tenha livros, que possa cheirar livros, respirar livros não me importo que seja fnac ou não... mas confesso que tenho predilecção por aquelas livrarias de livros antigos, em locais pitorescos, acho muito acolhedor... mas em contrapartido não temos o à vontade de poder folhear, ler, antes da compra como na fnac temos, bjs
Eu ultimamente gosto mesmo é de bibliotecas, porque o desejo pode correr livremente (já sabes como sou em relação a querer coisas :))
Tem tudo: puffs, café, revistas, área infantil. O café custa 0,30 eur. De resto, tudo de graça. É a Melissolândia, portanto.
(E trago buééésde buééés de livros e CDs e DVDs para casa, mesmo que seja só para folhear).
E acho também que hoje em dia nos sentimos melhor em lugares maiores, onde passamos mais anónimos, do que em lugares "intimistas" onde todos os olhos parecem pousar sobre nós.
Ah que boa que é a Barnes & Noble... Evito entrar, aquilo é mesmo bom! Até o Starbucks me sabe melhor :)
Gosto da FNAC. Mas a do Chiado é demasiado quente. Devem ter o termostato avariado. O biológico, digo.
Viva a FNAC mesmo :) sou capaz de passar lá horas entretida a folhear livros e depois é óptimo porque ninguém te chateia e ainda podes sentar-te enquanto tomas um café e decides o que queres levar para casa. Mas isso sou eu que sou uma indecisa. Mas também gosto das livrarias mais pequenas. E da lello. Apaixonei-me por ela. Agora que passo quase todos os dias lá tenho uma vontade irresistivel de entrar sempre, o que vale é que na maior parte das vezes não tenho tempo :)
Entrei nessa livraria há dias pela primeira vez e, claro, não saí sem trazer um livro comigo. Mas tanto me faz comprar livros num livraria de bairro, como essa, ou na Fnac. :)
Enviar um comentário