sábado, 4 de dezembro de 2010

De Volta ao Passado


Frio, demasiado frio. Andámos horas às voltas até encontrarmos lugar para estacionar e muito em cima da hora entrámos na Praça de Touros a tiritar e sem grande capacidade de raciocínio. Olhei à volta e vi pessoas mais ou menos da minha idade. Praticamente não havia putos. Pensei que estava velha e entorpecida.
Depois as luzes do palco acendem-se e aquele frémito que só chega com as grandes emoções começa a tomar conta da ponta dos meus dedos, aquecendo-os. A voz do Tim Booth ecoa o All Sit Down e vemo-lo no palco, sentado, demasiado estático de gorro na cabeça, foram precisos alguns minutos até percebermos que o verdadeiro Tim estava entre as pessoas na bancada e ia descendo, como se fizesse parte do público, até toda a gente descobrir a ilusão e gritar como se costuma gritar nestas emoções que só a música traz.
Regressei ao princípio dos anos 90 e percebi que ainda sabia algumas letras de cor, percebi que queria pular, gritar, fazer figuras de fã e fiz tudo a que tinha direito. Voei até aos meus 17 anos, sonhei que o Tim Booth me via no meio da multidão e fixava o meu olhar (quase posso jurar que sim) e foda-se, fui feliz.
Não há rigorosamente nada que se compare à união que sentem os que partilham a mesma música e ontem não foi diferente.
O concerto terminou com chave de ouro, quando várias pessoas da plateia foram puxadas para o palco e para o lado dele, cantando, dançando, enlouquecendo de alegria ao som de Laid e caraças, fiquei a gostar tudo outra vez e ainda mais de James e do seu vocalista maradamente maravilhoso e acessível.
Tim Booth se me lês, eu sei que ontem olhaste fixamente para mim e não vale a pena negares.

4 comentários:

Melissa disse...

Instituímos a dança da cobra histérica como ritual diário.

Ana C. disse...

Eu chamei-lhe a dança do polvo epiléptico a ácidos :)

Precis Almana disse...

Ahahahah
Ele lê com certeza, Ana. E por esta hora já deves ter um mail dele a confirmá-lo ;-)

Carla R. disse...

Nunca mais fui a um concerto de James, fui quando tinha 17 anos no Coliseu e ele também olhou para mim, eu pisquei-lhe o olho, que na altura era engatatona. Mas olha, agora assim de repente, fiquei com vontade e alguma inveja. Ainda vou acabar como o meu pai com frases do género "no meu tempo é que era bom".