segunda-feira, 11 de junho de 2012

Já tive a minha dose de Pais Nossos




Depois de ter assistido a mais um sacramento católico este fim-de-semana, desta feita a Primeira Comunhão de uma sobrinha, a distância entre a minha pessoa e a Igreja, adensou-se mais um bocadinho.
É fascinante verificar que, quantas mais vezes vou à igreja, missas, casamentos, baptizados, comunhões e afins, mais distante me sinto Dela.
A maioria dos padres fazem um belíssimo trabalho nesse sentido. Se é propositado, ou não, ainda não atingi, mas é giro verificar como eles erguem, com fervor católico, muralhas e barreiras e obstáculos logo à partida.
O discurso do padre para as crianças de 8 anos que comungavam pela primeira vez, fez-me pensar seriamente em deixar esta minha permissividade, este meu lado tolerante em relação ao que impingem aos meus filhos, ou em relação às formas com que lhes lavam o cérebro, uma vez que eles ainda não têm idade para raciocínios religiosos.
“Se não forem à igreja todas as semanas, Jesus vai-se embora de dentro de vocês”, foi uma das frases com que o padre nos brindou e com a qual deve julgar atrair, pelo medo, os putos todos que ali estavam.
Não seria muito mais salutar, ensinarmos-lhes em casa, dentro do seio da família, que devemos sempre ajudar o próximo, que devemos sempre praticar o bem? Sem levanta e senta rabos, nem entoações, nem rituais primitivos, nem frases cretinas?

8 comentários:

Melissa disse...

Os padres preferem ver gente dentro das igrejas do que espiritualmente satisfeitas. Vá-se lá entender. Se calhar temos de ser padres ou freiras para chegar lá.

(Há exceções. Conheço poucas. Em Portugal, não conheço nenhuma, mas também não ando propriamente à procura).

gralha disse...

Acho inconcebível que um padre diga uma coisa dessas. Entristece-me mesmo muito.

Há excepções, sim. Na minha paróquia há pelo menos 3 belíssimas excepções. Já para não falar nas equipas de acolhimento, acção social, catequese. Infelizmente não é assim em todo o lado.

Ana C. disse...

Melissa, se os padres querem ver pessoas dentro das igrejas, estão a falhar redondamente nessa tarefa. Cada vez há menos jovens nas igrejas e por algum motivo é...
gralha, eu só conheço uma excepção. O padre que baptizou a Alice e o António, mas mesmo assim, sinto-me cada vez mais afastada de missas e afins. Não me sinto próxima, muito pelo contrário.

Naná disse...

Há muito que deixei de ser uma crente que vai à igreja...
A morte da minha mãe contribuiu largamente para que isso acontecesse...
Decidi há muitos anos que não perco o meu tempo a ir à missa ouvir pessoas falar que não têm conhecimento de causa, sobre relações conjugais, sobre relações entre pais e filhos. Isto é, gente que nunca soube como gerir uma discussão com a esposa e coisas assim, vir mandar postas de pescada e opinar sobre a vida dos outros, como se o que dizem fosse mandamento... desculpem mas não é para mim!
Quando quero "conversar" com Deus, vou à igreja quando ela está vazia!
Quando quero "praticar Deus", tenho gestos de generosidade para com quem precisa.
Acresce o facto de que a paróquia onde costumava ir, as mais das "pessoínhas" que lá iam, faziam-no não por fervor ou devoção, mas tão somente para poderem julgar os outros pelas aparências (como foi vestido, se ia bem ou mal vestido, se tinha os cabelos em pé ou encaracolados) e saber das últimas coscuvilhices... mas se um pedinte lhes pedisse pão, até o pisavam caneco!

Pirilampa disse...

"É fascinante verificar que, quantas mais vezes vou à igreja, missas, casamentos, baptizados, comunhões e afins, mais distante me sinto Dela." Subscrevo... Aliás, todo ele, subscrevo na íntegra e com alguma pena minha... É triste!

À medida que crescemos a Igreja torna-se numa verdadeira descrença e chega a cair no ridículo algumas situações.

Silvina disse...

Curiosamente (ou não) também andei a pensar na religião. Porque enquanto estive ai vi o Câmara Clara na 2 e o Alain de Botton a falar e fui comprar o livro dele «Religião para Ateus» (edição D. Quixote).

http://www.ted.com/talks/lang/pt/alain_de_botton_atheism_2_0.html

Ceres disse...

Identifico com as tuas palavras e sentimentos.
Lembro-me de no último baptizado a que fui, de umas gémeas lindas de 8 meses, o padre dizer que lhes estava a "retirar o pecado''... Mas que raio de pecados podem duas crianças de 8 mesinhos ter??!! O sermão foi todo em redor do Santanás e da fuga à tentação e depois em jeito de trocadilho diz "vai de metro, Santanás".
Não podia estar mais desfasado da realidade e o cultivo do medo dá-me voltas ao estômago!

Cláudia disse...

Como concordo...eu acho que até inconscientemente oriento a minha vida "olhando sempre para algo que me transcende" mas penso que se fosse muitas vezes à igreja ( ou convivesse assíduamente com algumas pessoas que não se tiram de lá) perdia a fé!!!