Atirem-me areia para a boca e para os olhinhos se quiserem, mas nunca tinha lido Jorge Amado.
Nunca tive coragem de penetrar na linguagem tão carregada do Brasil. Adoro ouvir falar, ou melhor, cantar, porque os brasileiros não falam, cantam. Mas ler é outro departamento e sempre sofri de um auto boicote de leitura a tudo o que estivesse em português do Brasil.
Enterro agora a cabeça debaixo do pequeno livro que leio e desfiro vários golpes no meu próprio crânio com a capa do mesmo, para expiar este pecado capital.
Tem acontecido uma coisa absolutamente fascinante com os Capitães da Areia. Dou por mim a ler em voz alta, para ouvir o fraseado.
Escrever com o dom da oralidade, sem perder o tom das letras é puta de difícil cara, mas o Jorge Amado conseguiu-o com um coxame às costas.
Vou acabar este livro com fluência no calão do Brasil e anotar cada palavrinha maravilhosa que descubro. Palavras que só os brasileiros usam para definir coisas chatas e sem graça.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 1 mês
12 comentários:
ah pois é bebé! ;-)
Li vários livros de Jorge Amado, ainda bastante miúda, graças às Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian. Adorava ler, lia tudo o que me aparecesse à frente, foi bom ter a oportunidade de ler obras para a minha idade e depois todos os grandes escritores de língua portuguesa. Alguns talvez tinha sido cedo demais, mas não me fez mal nenhum.
Bom Ano Ana Cê
É emocionante, Capitães da Areia. Emocionante. Morri várias vezes.
Tomates podres voando nessa direcção.
(quem não leu JA na adolescência vai coxa de sensualidade para a vida adulta)
Nunca é tarde, nunca é tarde!
Ana eu levo com os tomates podres da gralha contigo. Também nunca li Jorge Amado, mas está na minha book list.
Curiosamente quando li os Malaquias da Andrea dele Fuego também li em voz alta e é tão diferente!
Bom dia! Acabo de colocar um post no Acordo Fotográfico e um dos livros que se vê na foto é do Jorge Amado. De todos os que li dele, foi o que mais gostei, mas garanto que estabelecer uma hierarquia é extremamente difícil. Capitães da Areia, Jubiabá, Gabriela Cravo e Canela, Teresa Batista Cansada de Guerra, Tieta do Agreste e Seara Vermelha foram os outros que li e são igualmente magníficos!
Acontece o mesmo quando se lê em italiano...dá vontade de ler em voz alta.
Todas as alturas são boas - nunca é tarde nem cedo- para descobrir autores.
O Alienista de Machado de Assis também o descobri tarde e valeu a pena.
E um designado de 'romance juvenil' o Meu pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcellos, que ainda me faz chorar.
Creio que ambos estão disponíveis online.
Sobre o novo livro da autora do blogue vou certamente lê-lo.
Vais sempre a tempo, e pelo menos admististe a falha!
Jorge Amado é absolutamente delicioso e sinto uma pontinha de inveja pelo tanto que podes descobrir pela primeira vez com ele, Gabriela, Dona Flor, Teresa Batista, O Sumiço da Santa, Tieta, Mar morto.....tanto para ler!!!!
(mesmo tendo visto as novelas, lê na mesma os livros)
Quando fiz erasmus li o amor em tempos de cólera e os 100 anos de solidão do amigo Gabriel e o capitães e o gato malhado do Jorge. Não sei como resisti a cortar os pulsos... ahahahah, brincadeira!
E se erasmus é uma experiência única que nos marca para a vida e nos ajuda a adultescer, aquele semestre marcou-me pelo que li! Às vezes penso que me faria bem um retiro do género, com muitas leituras das boas.
E agora lembrei-me que agendei reler o capitães quando tivesse filhos, se calhar está na hora...
Pelo que me parece que o estás a ler em boa hora também!
Ah! Sobre o convite anterior, eu respondi mas pelos vistos não conclui, ou não deu... ADORAVA ir. Associo a tua imagem à da senhora do teu perfil e blog... ahahahah
Se não calhar em mês de pagar a EDP talvez dê... #&?* da EDP....
Também não li na adolescência, só na idade adulta, mas adoro. E Capitães de Areia é simplesmente imprescindível.
Oh Ana estava a vasculhar o teu blogue (sempre cheio de surpresas e sorrisos)e deparei com a tua frase "nunca tinha lido Jorge Amado". Não é pecado mas a ausência do carinho e amor escrito em português cantado nos teus ouvidos durante tanto tempo deu-me tristeza ou só... saudade. Quando acabares o Jorge Amado, faz-me o favor de duplicares o tamanho do teu mundo e lê a "Rosinha Minha Canoa" do José Mauro de Vasconcelos.
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