sexta-feira, 5 de março de 2010

Bullying

Pergunto-me em que estado de desespero estaria aquela criança de 12 anos para tomar a decisão de terminar com a própria vida atirando-se a um rio.
Como é que se sentiria todos os dias nas idas para a escola, todas as noites antecipando o que o esperava, perguntando-se porque é que o teriam escolhido como alvo das mais cobardes agressões, angustiando-se, temendo, tremendo, calando?
Eu sempre disse que ninguém bate as crianças em ternura e em sadismo, pois quando decidem aplicar maldade a outras crianças dificilmente são igualadas.
Onde é que estava a Escola, onde é que estavam os professores, os contínuos? Onde é que estava todo um grupo de pessoas que supostamente estão lá para proteger?
As próprias escolas e os pais em casa deveriam educar as crianças no sentido de protegerem vítimas deste tipo de agressão, a não ficarem indiferentes. Vi há tempos um programa sobre este tema em que algumas escolas pioneiras no combate ao Bulling ensinavam colegas a defender colegas sempre que assistissem a agressões. Juntavam-se, formando um círculo em redor da criança, um círculo protector e muitas já tinham conseguido "salvar" outras crianças de situações de perigo.
Este fechar de olhos, fingir que não é connosco, que nada percebemos, começa nas escolas e segue pela vida fora como um tumor silencioso que mina tudo à sua volta, terminando em sociedades individualistas de merda.

6 comentários:

Melissa disse...

Comentário chunguinha:
Eu ia presa, mas arrancava os olhos a um bully.

Na escola primária em que trabalhei, foi isso mesmo o que eu vi um dia: uma mãe a encostar um bully à parede, com o olhar mais furioso que já vi na minha vida e disse-lhe, a dois dedos da cara dele: se voltares a tocar na minha filha, arranco-te os olhos. Ouviste? Arranco-te os olhos.

O menino, gigantesco para estar numa escola primária, ofegava de medo e molhou as calças. Todos se riram.

(Ta bem, Melissa, estás a perpetuar o bullying assim. Pois, eu sei. Não sou pedagoga nem psicóloga. Daí a necessidade de intervenção antes que esses pequenos psicopatas caiam nas mãos de mães enfurecidas.)

Marcia P. disse...

Ana,
Tempos atrás, meu filho começou a sofrer nas mãos de colegas assim.
O simples facto de ele ser brasileiro, era motivo de chacota.
Quando era o intervalo do recreio, uns colegas maiores(diga-se repetentes) vinham por detrás com punhos fechados e socavam por debaixo do queixo com a intenção que ele mordesse a língua.
Como ele já sofreu uma intervenção cirúrgica ao coração e faz a toma de um anti-coagulante, qualquer pancada ou corte, provoca inchaço fora do normal. Neste dia, ele chegou com a língua de tal maneira inchada, que não cabia com boca fechada.
Foi a gôta d'agua! Tomei a mesma atitude da mãe no comentário da Melissinha, uma vez que a escola desvalorizou o episódio.
Hoje felizmente, ele é um belo rapaz de 15 anos e sabe muito bem se defender.
Bjs
Márcia

Lia disse...

qd uma escola é um depósito de crianças, qd os professores se limitam a debitar matéria, qd os contínuos (agora auxiliares de acção educativa) se limitam a passear por ali, qd não defendemos a matéria-prima do amanhã...não podemos esperar grande futuro para este país...

comecei a fazer um post sobre isto, mas escrevi e apaguei tantas vezes que nem saiu um post, saiu uma...coisa!

Anónimo disse...

Eu já vivi de perto a situaçao. Nao há que olhar para o lado e pensar que sao só crianças. Neste caso, mas tivemos conhecimento do que se estava a passar a minha irma deixou de ir à escola e resolveu-se a coisa com crianças, pais, professores e ajudantes. As crianças tem que ter limites. Se lhes mostram onde ele está, elas vao respeitá-lo!

Cat disse...

Quando uma criança sequer pensa em suicídio sabemos que o mundo está podre...

sónia, mulher e mãe disse...

Quando aos 12 anos, se acredita que afogar as mágoas e os medos é literalmetne a única solução, algo vai realmente muito mal ... e a escola continua com as actividades lectivas normais !?!
Não percebo e acho que não há palavras que me façam perceber