sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A vida como ela é

A vida é, também, dor, perda, decepção, lágrimas, abismos e solidão.
A vida é, também, injusta.
A vida não é, só, felicidade e sorrisos e coisas bonitas e gente boa que não decepciona.
A vida é o bom e o mau, a dor e o alívio, o abraço e o desprezo. O pavor e a coragem.
A vida é merdosa e maravilhosa. É começo e fim.
Tentar fechar os olhos a qualquer um dos lados, tira-lhe a plenitude.
A sabedoria está em aceitar que é assim, em não querer forçar só momentos felizes, porque é suposto ser-se sempre feliz.
A sabedoria está em continuar a acreditar que é possível voltar a sentir o sol, depois da sombra. Ou, para os verdadeiramente sábios, conseguir sentir momentos de calor, quando tudo está coberto de neve.
Mas são muitas as pessoas que sentem medo da escuridão e que tentam a todo o custo negá-la, fechando-lhe os olhos. Esquecendo que a verdadeira escuridão, é a de quem se recusa a ver a vida como ela é. Feia e bonita.

11 comentários:

Silvina disse...

A maior parte das pessoas nem sequer se quer chegar perto dessa parte mais negra da vida, com medo de se contaminar pelo negativo, com medo que as sombras envolvam a paz que construíram, cor-de-rosa, e que tanto trabalho deu a erigir.
Só que é difícil julgar as pessoas por preferirem ter palas nos olhos.
Esta semana a policia Sul-Africana matou 34 mineiros. Também não vi as imagens nem os vídeos. Não consegui, não ia adiantar nada para a minha felicidade. (Mas eu se calhar não sou grande exemplo, que para merdas bem pesadas já tenho as minhas, que batem muita gente aos pontos...)
Anyway, percebo perfeitamente o que queres dizer, e acho que quem consegue ver as duas faces da moeda são realmente só as pessoas especiais.
Um beijinho*

Ana C. disse...

Silvina, também mal consegui ver as imagens da chacina dos mineiros...
Fiquei a bater mal só com a notícia, mas não podemos simplesmente fingir que o mundo não tem estas merdas, porque tem.
Mas é o teu primeiro parágrafo que diz tudo ;)

Melissa disse...

Tirar as palas é muito libertador, porque, invariavelmente, descobrimos que o negrume não nos devora. Que faz parte, sim, que há que ser vivido. E que tem a sua beleza e a sua razão de ser.

É o tal habitar o presente que tento praticar.

Ana C. disse...

Melissa, na mosca, na mosca.

Ana. disse...

Mais do que classificar a vida como feia ou bonita, perfeita ou imperfeita, aprendi há muito tempo a classificar as pessoas que nos rodeiam de acordo com os seus diferentes modos de ser. Não tenho a pretensão de dizer que só me rodeio de gente boa, bonita, perfeita (até porque acho que esse tipo de pessoas são um mito urbano; não conheço ninguém perfeito). Conheço os meus defeitos melhor que ninguém, aprendi a viver com eles e a aceitá-los. Faço o mesmo com as outras pessoas. Não exijo perfeição de ninguém, porque não estou disposta a ser perfeita para ninguém, isso seria negar, ludibriar a minha própria condição humana.
Todos nós somos um pouco de sombra, um pouco de luz e quem não sabe aceitar isto não vive num mundo de verdade.

Ana C. disse...

Ana. existem cada vez mais pessoas que insistem em viver num mundo de ilusão, apavoradas com o sofrimento, com o medo, com a sombra. Mas a realidade é que o lado menos bom da vida existe e ao fazerem questão de fingir que não existe, não vivem de verdade.
Eu estou em construção. Aliás, estarei em construção até ao fim da minha vida, mas já aceitei que nem tudo é cor de rosa e que isso é normal.

Ana C. disse...

Quanto às pessoas, estás coberta de razão. As pessoas estão muito longe do tom rosa, sim senhora. Não há pessoas perfeitas, mas há imperfeições que nos custam menos a engolir do que outras...

Naná disse...

Ana C., acho que as pessoas que preferem viver num mundo rosa, com palas nos olhos, sofrerão muito mais quando forem confrontados com o negrume da vida. Porque é certo que um dia não poderão mais fugir disso...

No entanto, um pouco com a Ana diz, há quem veja o lado negro, mas prefira sorrir-lhe, abraçá-lo e aceitá-lo e erguer a cabeça para seguir em frente! O que nem sempre é fácil porque há momentos em que a dor e o sofrimento se abatem sobre nós e nos tolhem a força, a auto-estima, a determinação de continuar...

angela disse...

Recado para a Ana C e Melissa:

vocês as duas são o duo maravilha!

Gosto muito de vos ler e da vossa dinamica.

Assino por baixo.
É tão pobre e redutor ter uma visão limitada da vida. É como recriar a realidade.
As crianças fazem isso, criam camadas de realidade e fantasiam.
No entanto, quando somos adultas é suposto abraçar a vida em todo o seu terrivel esplendor.

Dulce disse...

Eu sou das medrosas. Das que preferem não ver a sombra, porque se quiser vê-la caio nela com facilidade. Eu prefiro fugir. Eu tenho a minha dose de cobardia e a coragem de o admitir.

Maria Francisca disse...

Boa noite

Hoje, 24 de Agosto, graças ao ter assumido a retirada das 'palas', faltavam-me as palavras. Até ler as suas.

Tomei a liberdade de a 'linkar', com a devida identificação de origem.

Obrigada