sábado, 13 de dezembro de 2008

A Nossa História

Porque não falar da nossa história? Porque não deixar escrito em algum lugar como é que conheci o teu pai?
Acreditas mesmo se te disser que nos conhecemos quando eu tinha 13 anos?
Quando penso no assunto, nem eu mesma acredito que nos conhecemos já há 20 anos!
Não, não foi um namoro daqueles que nunca mais acaba, simplesmente, éramos grandes amigos, os nossos prédios em Lisboa era colados um no outro e nós assim ficámos também.
O teu pai tinha uma frase que, mesmo depois de nos separarmos pela distância, ficou para sempre gravada na minha memória. Entre as gargalhadas com que polvilhava cada piada descarada, enfiava o que ficou conhecida como a sua frase clássica: Just Kiding. Podia dizer as maiores barbaridades, que logo de seguida se desculpava com estas duas palavras em inglês.
Não havia quem não ficasse contagiado com o seu bom humor e por esse motivo, um grupo de pessoas parecia sempre levitar à sua volta.
Aos 16 anos mudei-me para Cascais e fomos perdendo o contacto. Nunca, mas mesmo nunca esqueci o Just Kiding e muitas vezes dava por mim a dizer essa frase em voz alta, como se ao dizê-la os meus tempos loucos de Lisboa voltassem nesse mesmo instante e juntamente com eles, o teu pai e o nosso grupo de amigos.
Já menina bem comportada e estudante de Direito, há uma tarde em que decido faltar a uma aula e ir matar saudades com a D. para a Av. de Roma. Foi um impulso, completamente fora do normal, que nos levou ao baldanço culpabilizado. Mas lá fomos e, sentadas na esplanada da Gelataria Roma, vimos passar o teu tio Filipe, irmão do teu pai.
Não queria acreditar, chamei-o e foi como se o tempo não tivesse passado. Senti que por muito tempo que passasse, havia cumplicidades que teimavam em não se perder. Trocámos números de telefone.
Passado um tempo o teu pai mandou-me uma mensagem.
Não conhecia o número, perguntei quem era. A resposta foi simples e esclarecedora: Se te disser Just Kiding, lembras-te?
Daí para a frente uma amizade antiga transformou-se num novo amor e eu, que estava sozinha há tanto tempo, acreditei que tinha ficado assim na mais completa secura, só para poder valorizar um grande amor quando ele surgisse.
Não foi fácil entrar na vida do teu pai. Ele tinha saído magoado de uma relação e não se entregava com essa facilidade toda. Mas a amizade que tínhamos serviu para não nos deixarmos fugir um do outro.
Se algum dia te vierem com a história de que não existe essa coisa do destino. Lembra-te de mim e do teu pai. Conhecemo-nos em miúdos, separámo-nos jovens, reencontrámo-nos diferentes e tivemos-te a ti como prova de que tínhamos mesmo que acontecer.

4 comentários:

Melissa disse...

Que giro! :)
Agora tou a dever a minha.

Anónimo disse...

Tão bonito. Obrigado pela partilha.

Catarina disse...

vim ler o teu blog.
sabes que nao há nada mais bonito que histórias-de-amor a sério?

Ana C. disse...

Só tens que continuar a acreditar. (Não é tanto tentar, é mais não perder a fé). E uma grande história de amor vai acabar por ser escrita na tua vida :)