Não sei se é só a mim que acontecem estes momentos fotográficos da minha própria vida. Momentos em que consigo remeter tudo para a minha lente de focagem manual e parar a imagem, congelando-a dentro do meu coração.
Ontem aconteceu-me ficar a olhar a minha família e sentir que tudo estava onde deveria estar. A Alice fazia uma festinha nos cabelos do irmão, o Hugo ouvia as notícias e eu tive a certeza que o mundo, o meu mundo, era um lugar onde queria estar.
Depois tudo terminou, o ruído regressou, o calor invadiu cada partícula da minha pele cansada, a Alice deu início a mais uma sessão de cantorias enlouquecidas, o António choramingou assustado, o Hugo refilou com nada de especial e a rotina instalou-se subtilmente, obrigando-me a usar a lente de focagem automática.
Tenho dias em que preciso muito de ver fotografias. Lembrar as que tiro com o olhar e as que tirei com a máquina ao longo dos anos. Sempre que revejo algumas imagens de momentos importantes, ou que não importaram assim tanto, amo com mais força e tenho mais uma vez a certeza de que o caminho que trilhei faz afinal de contas todo o sentido.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
1 comentário:
Também me dá para isso... se bem que às vezes penso que são recordações da vida de outras pessoas que não eu...
Bemvinda de volta, Ana C.!
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