segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Distância

Com a distância a nossa cidade fica mais bonita.
Com a distância a nossa memória fica selectiva.
Com a distância do tempo, um amor que ficou a meio, torna-se perfeito, cheio de todas as possibilidades, por corromper, por viver, por estragar.
Com a distância o que era mais ou menos, pode ficar mais do que menos.
Com a distância esbatem-se os defeitos e enaltecem-se as virtudes.
Com a distância as mágoas tendem a relativizar-se, até se transformarem num pequeno lago de dor, onde molhamos os pés muito de vez em quando.
A distância é assim, uma eterna suavizadora de tudo.

4 comentários:

Joanissima disse...

eu acho que a distancia nos faz apenas avivar a memória... e, se nas coisas boas isso dá calorzinho à alma, nas coisas más, isso é coisa para despedaçar o coração.

gralha disse...

Mas também é verdade que "longe da vista, longe do coração"...

c disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
c disse...

Fizeste-me lembrar a teoria do "nunca voltes a um lugar onde já foste feliz"... só à distância essa felicidade permanece intacta. Se tentarmos lá voltar, desintegra-se em poeira.
E acho que a distância também intensifica a dor. Porque só fica a ideia do forte que foi. Digo muitas vezes: se fosse hoje, não conseguia.
Não te acontece?