Quando a Alice era mais bebé, sempre me senti uma mãe coxa e incapaz em relação ao seu choro, pois assim que engrenava na choradeira, não havia rigorosamente nada que a fizesse calar. O meu colo na maior parte das vezes não lhe trazia mais conforto do que o colo do pai, da avó, ou de um desconhecido que passasse na rua. Ela chorava desconsoladamente e só ao fim de muitos carinhos, canções no ouvido e festinhas, ela cedia finalmente. Não havia um passe de mágica que a emudecesse assim que se encontrava nos meus braços.
Gostava de adormecer no meu colo, mas consolo além sono não havia.
Aquelas tretas de que sempre ouvira falar quanto ao colo materno, cedo se transformaram em complexos por não ter um colo-cala-putos.
Com o António já não tinha grandes expectativas, nem planos grandiosos, talvez por isso mesmo, ele tivesse decidido brindar-me com essa coisa de vir para o meu colo e parar de chorar. É certo que não gosta particularmente de adormecer ao meu colo, aliás, não gosta de adormecer em praticamente lugar nenhum além da cama dele, mas deixa de chorar nos meus braços.
Hoje, depois de ter andado em três colos diferentes, cada um tentando levar embora o medo que o consumia por causa de um cão que ladrava demais, cada um mais experiente que o outro, cada um mais convencido que teria a chave para o calar, foi no meu colo que ele parou de chorar, no meu! Bastou passar para os meus braços e brindou-me com o mais terno soluçar seguido de um silêncio apaziguador.
Hoje senti-me dona do meu colo-cala-putos. Não importa que seja só o António que se cala nele, não importa que este colo não serene mais ninguém, porque hoje senti-me a rainha das mães :)
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 3 semanas
9 comentários:
mas tu és a rainha-mãe. Para mim, és. Tens um plano, acreditas nele, e, mesmo aos trancos e barrancos, ele é seguido. Quiseste ficar com a tua filha em casa contra críticas várias e ficaste, tomaste uma decisão controversa - e extremamente corajosa, a meu ver - em relação ao António e mantiveste o pé fincado. Adoraria ter a tua firmeza e direcção. :) A sério que sim. A rainha-mãe não é aquela que tem sempre um sorriso na cara e acha tudo lindo, é, sim, a mãe de carne e osso, tão coerente quanto consiga ser.
E bebe gin. E acena. E morreu.
Quanto ao choro: SECADOR.
Melissa, apercebi-me com uma clareza putamente assustadora, que nós somos um pouco o que os outros pensam de nós. Nós também somos o que o olhar dos outros vê. Por isso não imaginas o Glup que fiz quando li o que me escreveste. Um glup patético claro, mas glup emocionado...
Eu ia aqui fazer uma vénia à raínha das mães mas, depois do comentário da Melissinha, retiro-me em respeitoso silêncio...
Boa noite para as duas!
:) E às vezes é só disso que precisamos.
A relação mãe/ filho por vezes resulta assim e é delicioso :)
:)
Mas tu és essa rainha-das-mães
Podes não ter tido um colo-cala-putos para a Alice, mas pergunta-lhe quem é a melhor mãe do mundo e logo vês
E aplauso a Melissinha
O reconhecimento pode tardar, mas não falha :-)
Melissinha
Secador?
Secador de cabelo ligado ao pé do bebé.
Não falha.
Um colo cála bebés...
Adorava ter um.. desconfio que eles não gostam mesmo nada de mim, porque sempre que pego num (e adoro! como adoro pegar em bebés) eles olham para mim, devem achar-me qualquer coisa de muito parecido com o abominável monstro das neves ou algo de género verdadeiramente assustador que desatam num berreiro desgraçado...
E eu fico bastante triste porque se um dia chegar a minha vez, tenho quase a certeza que a criança vai preferir mil vezes o pai ou os avós do que o meu colo pouco confortante...
Relativamente ao comentário da Melissinha, já tinha cá escrito num outro post que tinhas publicado, que a minha mãe ficou em casa comigo e com a minha irmã. E se hoje somos quem somos, (nada más pessoas, trabalhadoras, felizes) foi por nos ter sido proporcionado essa oportunidade de ter uma mãe 100% presente e com as experiencias todas que se puderam realizar por assim ser.
por isso sim, és uma super mãe, tal como a minha é! =beijinhos
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