Numa época de crise profunda e de miséria disfarçada em que vivemos, numa época de, mais do que justificadas, sensibilidades à flor da pele, é de senso comum que não se fale em público, quando de figuras públicas se trata, tudo aquilo que se pensa.
Aliás, esta regra aplica-se à vida em geral.
Eu posso pensar que somos todos uma cambada de preguiçosos, que se sobre-endivida e vive de aparências e choraminguices, mas, por uma questão de respeito à maioria que não o é e que sofre efectivamente na pele esta profunda crise. Uma maioria que se debate todos os dias com o esticar de um orçamento miserável, ou com a falta de orçamento, uma maioria que trabalha com afinco, apenas para ver o seu salário real, já de si miserável, diminuir dia após dia. Por respeito a essa maioria, calo o bico.
É evidente que a senhora Jonet tem um trabalho de voluntariado louvável, mas não menos louvável do que as famílias que, com graves dificuldades financeiras, arranjam sempre um extra, para contribuirem para o Banco Alimentar. Famílias, sem as quais, o Banco Alimentar nem sequer sobreviveria. Famílias essas que agradeciam que a senhora fizesse uma retratação.
Noutros moldes, diferentes, mas da mesma maneira ofensivos. Ofende-me o silêncio do Presidente da República. Ofende-me o Não Comento, Não é a altura apropriada, este não é o momento. Porque, afinal de contas, estamos a pagar-lhe um ordenado, para ele não fazer a ponta de um corno.
Também me ofendem os banqueiros que gritam para um microfone: "Ai aguenta, aguenta".
Enfim senhores, a cena é:
Há coisas que devemos guardar para a intimidade da mesa de jantar, em família.
Há outras que devemos falar, mesmo quando os nossos tomates estejam a sentir-se do tamanho de ervilhas.
É tudo uma questão de sensibilidade. Sensibilidade e bom senso.
Maioridade
Há 4 dias
6 comentários:
Tens razao sim sra, e preciso sensibilidade e bom senso sim, mas ela nao deixa de ter alguma razao nas coisas que diz, e duro de ouvir, mas tbem e a realidade!
Bjos
Maggie
As pessoas têm saber o que devem falar aos filhos de todos e o que devem guardar para os seus.
Verdade, o mérito da obra não é posto em causa, mas é precisamente por se representar tal instituição que há que haver sensibilidade, tacto, nas palavras, palavras que chegam às famílias que contribuem e sem as quais o Banco Alimentar não subsistiria.
Gostei.
Concordo em absoluto!
É que já não basta estarmos como estamos, ainda temos que gramar esta forma de tortura psicológica... depois não querem que as pessoas se enfureçam?!
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