quarta-feira, 10 de abril de 2013

O nosso consumismo transposto para os filhos

Entendo o instinto desenfreado de desatar a comprar peças de roupa e cadeirinhas topo de gama e saquinhos para agregar às cadeirinhas, para o nosso primeiro filhote, mas é fixe termos em mente que tudo aquilo será para nós, para taparmos o nosso gigantesco buraco consumista e não para uso útil do bebé.
Tenho bem presentes as diferenças entre a minha pessoa na primeira gravidez e maternidade e a minha pessoa na segunda gravidez.
Talvez tivesse a compulsão do consumo mais atenuada, por ter verificado a quantidade de dinheiro que se atira pela janela, talvez tivesse percebido, com um estranho clarão de lucidez, que o meu puto se estaria a cagar se tinha babygrows da Laranjinha, da Petit Patapon, ou da Primark, desde que eu lhe desse amor.
Os putos precisam de amor e de tempo e não de cadeiras topo de gama, ou 230 peças de roupa, para mudar todos os dias. É claro que também podem ter a colecção inteira da Ralph Lauren e o amor dos pais, é claro que sim. Mas isto é apenas para que os pais que não podem comprar tudo do bom e do melhor, não se sintam na merda, pois que isso é a mais irrelevante das coisas nesta estranha equação de se ser mãe, ou pai.
Os putos precisam de lençóis frescos no verão e um edredão no Inverno. Não precisam realmente de 10 mantinhas de lã marinho, mais uma envolta bordada com caxemira, mais fraldas bordadas, mais uma bolsa para a primeira roupa e outras tantas para os restantes dias de maternidade. Eles não precisam de um enxoval do princípio do século passado. A sério.
É claro que não lhes faz mal nenhum, se os pais puderem e lhes der gozo, comprarem o que lhes der na real gana, mas é preciso ter sempre em mente que aquilo é mais para os pais, do que para os putos.
"Estou a comprar esta cadeira, pois que lhe acho imensa graça e o design é gracioso e eu preciso de tê-la, pois joga bem com os meus tapetes", não é a mesma coisa do que pensar: "O meu filho precisa mesmo disto para se alimentar".
A diferença está no escolhermos enganarmo-nos a nós próprios, ou não.



12 euros

190euros

16 comentários:

Naná disse...

Pois eu tomei a decisão mais egoísta deste mundo quando embirrei que queria um muda fraldas com banheira incorporada e não me arrependo nem um bocadinho! Custou 86€ marca branca, mas ganhei tanto a poupar as minhas costas a dar banhos e a mudar fraldas!

Quanto à roupa Petit Patapon, o meu filho usou, de empréstimo já em 3.ª mão, já que andou a circular pelos bebés da família!

Anónimo disse...

Eu não sei se as pessoas acreditam mas em 7 anos de maternidade e 3 cachopos cá fora não sei se já gastámos mais de 500 euros em coisas para eles... JU-RO! Mas juro mesmo.
A minha sogra guardou toda a roupa dos netos mais velhos. Essa roupa mais as prendas que fomos recebendo e uma ou outra peça que comprámos fizeram 3 bebés felizes, quentinhos, limpinhos.
Comprámos os kits(ovo, carrinho, cadeira, etc) numa grande superfície comercial, tubo barato e deu para os 3 e está a dar para a priminha bebé.
O colchão por acaso foi caro, ortopédico com aloé vera - tinha o meu nome e custou quase 100 euros - foi a grande loucura).
Os nossos filhos até têm saído baratinhos. Não sinto necessidade de fazer deles montras de marcas, reciclamos imensas coisas, oferecem-nos muitas coisas e compramos os básicos necessários nos saldos de fim de estação a contar com a próxima.
Há mesmo um consumismo puro. Dos pais. Um exagero, sim.
Já vai longo mas, porque penso muito nisto, não consigo perceber as pessoas que só têm um filho para lhes poderem dar tudo. Tudo? Qual o conceito de tudo???

Anónimo disse...

Só mais isto, que me lembrei. Há tempos o mais velho pediu um Nike. Tivemos uma conversa. Séria, provavelmente a primeira séria com o filho maior. O conceito é muito simples, com o dinheiro de uns nike compramos ténis da Berg para todos, na sport zone. Porque é que os pais ficam aflitos e traumatizados porque não conseguem satisfazer as crianças? Eu não me sinto culpada. Nada. Ele percebeu. Muito bem mesmo. Até porque a rapidez com que destroi calçado só me arrependeria se os tivesse comprado...
Claro que um dia destes, em que possa, lhe farei uma surpresa e lhe compro uns Nike, um dia destes, já lá vamos, agora não dá e ele percebeu.

os 3 Viajantes! disse...

Mesmo, mesmo e vou ainda na primeira viagem da maternidade!!;) Sou muito racional neste tema, não querendo dizer que volta e meia lá me do o gostinho de comprar algo que sei que é mais caro sem grande justificação!!:P

S disse...

Concordo plenamente.
Bjs

Melissa disse...

Ja gastei pouquissimo com o primeiro e pretendo gastar ainda menos se tiver um segundo
Ah, e adoro tudo que a ouvirdizer diz, tudo!

Su disse...

Tão verdade...

Su disse...

Tão verdade...

gralha disse...

Quem precisa de artilharia de marca para os filhos é quem precisa de artilharia de marca para si próprio, tout court. Ouvirdizer-maria, tu gastas tão pouquinho porque tens muitos produtos alimentares caseiros e quem te fique com os meninos de graça (ou quase, no caso do JI público). O maior custo dos pobres pais da cidade vai para essas coisas.

Anónimo disse...

É verdade, Gralha, mas eu estava a falar só de roupas e acessórios e essas coisas não de 1.ª necessidade.
Em relação à escola o único custo são os almoços, 30€/mês cada um. A Câmara comparticipa estas coisas todas, o que tb é muito bom. Por exemplo: pagamos 9 euros/mês p cada um na piscina; o pólo do conservatório de música de Tomar que temos cá custa cerca de 20 euros/mês (uma vez mais, a câmara comparticipa o resto) e tem toda uma variedade de instrumentos para aprender, tudo mesmo. Aliás, o mais velho o ano passado foi para o violino e eram só 10 euros/mês mais 3 do aluguer do violino. O futebol é gratuito, o karaté é mais carote, são 30 euros/mês. Mesmo assim, são custos abaixo do normal nas cidades, é uma realidade.

Por outro lado queria comprar uns ganchos giros para o cabelo e não há nada... :)

Xana disse...

É tão verdade...

saudosa disse...

Eu, mãe de primeira viagem.... comecei a preparar o Enxoval da minha filha logo cedo....

Comprei, para além dos cremes do continente, uma toalha de banho!!!

Mai nada!!!

Tudo o resto: herdei ou emprestaram-me!!!

Quando cheguei a 2 meses dela nascer, vi o que ainda não me tinham emprestado e fui à procura junto do rol de amigas que já tinham 2 filhos e que comentavam que tinham fechado a fábrica...

Ainda hoje (a besniga vai fazer 3 anos) continuo a não comprar praticamente nada!!!!

Maria João disse...

Mas 190 euros por uma cadeira não é nada. Escandaloso é uma que custa uns 300 e tal euros. É que só pode ser eléctrica e alimentar as criancinhas!!!

Melissa disse...

Mudar me ei para tomar.

Cat disse...

Sem dúvida. Sou muito mais pragmática agora nessas matérias. Do primeiro comprei tudo novo ,de marca ou não, barato ou caro, não era esquisita mas tinha de ser novo. Com a vinda dos gémeos contam-se pelos dedos de uma mão o que têm novo: comprei o que precisava em 2ª mão (carrinho, "ginásio", etc) e tudo o mais foi herança de amigas (roupa que os bébés deixam nova ou que deixam de servir sem terem chegado a usar etc etc) sem qualquer constrangimento! Bom senso também se aprimora com a idade/experiência. Beijinhos

Sara L. disse...

Concordo com tudo, e não posso deixar de sorrir ao ver as imagens das duas cadeiras... porque na verdade tenho de admitir... o meu filho tem as duas!