Ontem, ao reler um livro escrito à mão que oferecemos ao pai, repleto de fotografias, chamado "A Nossa História", percebi que não há forma mais incrível do que perpetuarmos o que quer que seja através da escrita. Podem ser emoções, sentimentos, perdas, ganhos, sensações, declarações de amor, sopros passageiros de inspiração.
Ler à distância de alguns anos aquilo que se sentiu bem lá atrás provoca-me sempre uma comoção bem funda e muita vontade de resgatar a pureza de alguns sentimentos cá para a frente.
A escrita tem esse dom, de nos transportar, de nos elevar, de nos fazer sentir tudo de novo.
Por isso decidi que vos vou escrever mais vezes a ti, ao teu irmão e ao teu pai. Talvez num blogue apenas nosso, talvez em documentos que vou imprimindo, talvez em qualquer lugar, pois o lugar não importa. Importa apenas que fique.
Quero que fiquem sempre em mim e eu em vocês da forma que melhor sei dizer as coisas. Desejo um dia poder transportar-vos no colo deste amor imenso que vos tenho e que nem sempre digo da melhor maneira do mundo, desejo que saibam sempre aquilo que muitas vezes não consigo pôr na voz e quem sabe conseguir que regressem a este lugar seguro guardado pelas palavras.
Hoje entrei no quarto que será do teu irmão e passei a mão sobre cada figura que me ajudaste a colar com tanto entusiasmo. Não consegui dizer-te o que senti, mas irei escrever-te certamente sobre este mistério de já amarmos alguém que nunca vimos.
Ontem, enquanto desenhavas ao meu lado sobre a mesa desarrumada amei-te por tudo o que serás um dia e ainda nem sei quem serás um dia.
Hoje ao dizer adeus ao teu pai de manhã senti um medo terrível de o perder e não sei bem porquê.
Tudo isto quero dizer-vos todos os dias, tudo isto vos escreverei algures, num lugar que fique.
16 comentários:
Amor x talento para colar as emoções às palavras x hormonas de grávida à flor da pele = texto maravilhoso.
Obrigada por partilhares connosco.
tão lindo! não sei muito bem porquê mas puseste-me a chorar como uma madalena, agora!
Um texto escrito com o coração :')
Lindo!
Definitivamente o coração na ponta dos dedos ... lindo!
Lol... entendo-te e digo-te que é realmente fantástico!
Tenho um blogue onde escrevi sobre a luta contra a infertilidade... quando o leio... ainda sinto tudo de novo!
Tenho um blogue onde descrevi a minha gravidez... consigo viver tudo de novo!
tenho dois blogues onde escrevi para o pedro... em privado... e um dia, quando ele ler... vai adorar!
tenho um blogue onde eu e o meu marido escrevemos um para o outro... LINDO!
E TENHO ESTE BLOGUE DE GAJA! lol... que conheces... lol... adoro ler-me e reler-me e sentir-me e avançar e recuar no tempo e nos sentimentos...
jocas
Há um mimo no meu blog para ti.
Beijo.
Também estava a pensar fazer o mesmo. Dei-me conta de que o blog é muito bom, sim, mas também tem muito desabafo, tenho medo de que ele fique com a impressão errada quando o ler (sim, porque vou arranjar forma de fazer um backup qualquer dia e o meu blog vai sim sobreviver aos avanços tecnológicos!)
E é a maneira como comunicamos, sim. Queria poder fazer um álbum fotográfico genial ou um livro de aguarelas, mas não dá (isto já parece o Your Song do Elton John).
Posso sim, deixar, por escrito de várias formas, o quanto o amo.
C gostei das hormonas na tua equação ;) Obrigada!
Lia juro que não era essa a minha intenção...
Anna^ obrigada :)
mãeee na maior parte das vezes o coração está bem na ponta dos meus dedos, sim senhora.
Lebasiana meu Deus tantos blogues. Mas sim tens razão, tenho que arranjar um outro espaço mais pessoal.
ergela já fui lá agradecer ;)
Melissa vamos a isso então, mãos à obra. Ai mas a preguiça é tanta que até para criar um outro blogue me faltam as forças ;)
Bemmmm!!!
Só te digo uma coisa: privelegiados serão os teus filhos, por terem uma mãe que escreve assim, e que irá escrever7descrever (sim, não interessa como nem onde) todo o amor que lhes tem!!
Não te escondas nunca (ainda que venhas a ter essa necessidade) porque iluminas a minha alma, e a alma de todos os que por aqui passam com a tua escrita carregada de sentimento...
As vezes quase que consigo te visualizar. ;-)
Bjs
Sabes que desde muito cedo tive o hábito de, volta e meia, escrever cartas a pessoas importantes na minha vida, pessoas que de alguma forma me marcaram e marcam, amigos, família, alguém que não se esquece... muitas dessas cartas não as entreguei. Mas ficaram escritas e, ao fazê-lo, senti sempre uma espécie de alívio e alegria por estar a exprimir o meu amor por aquelas pessoas...
Entendi o teu texto e o que sentes, e adorei a forma como o exprimes, como sempre!
Bj xxx
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