Chateia-me a distinção entre o você e o tu. Cada vez mais me apetece tratar as pessoas por "tu", mas fico sempre naquele limbo do não saber se melindro, se abuso, se sou inconveniente, ou demasiado à vontadinha.
É que, se para uns, não há cá confianças, não te conheço de lado nenhum, a distância é boa e eu gosto, eu tenho um doutoramento e tu não, eu sou Professor Doutor e tu és só dr., eu estou cá em cima e tu nem por isso, eu tenho 80 anos e tu 30, para outros, aqui me incluo, há muito que tudo isso não passa de um jogo de adivinhas maçador.
Vai daí, tomei uma decisão radical:
Passarei a tratar toda a gente por you. O you é a designação mais perfeita de todas as línguas e deveria ser importada com a urgência de um medicamento raro e necessário à cura do pedantismo nacional.
Maioridade
Há 4 dias
7 comentários:
Um grande contraste entre a vida real e a blogosfera é exactamente o "tu".
Também há o Alvim que não consegue tratar ninguém de outra forma que não por tu.
Na língua inglesa fica sempre bem ;)
Concordo plenamente
O you dá grandes dores de cabeça a uma tradutora como eu! Porque é preciso determinar a relação entre as personagens, de acordo com os nossos padrões sociais - o tu e o você! - que não existem no inglês.
;)
Penso sempre nas minhas amigas tradutoras e no you. Como raio decidem vocês se há cerimónia para um você, ou não?
Não sei querida, não sei. Eu própria não me sinto à vontade em tratar por tu, pessoas com que não tenho ou não quero ter grande à vontade. Não tem nada a ver com graus académicos mas com o manter uma certa distância quase higiénica. Mas lá está eu não sou propriamente uma pessoa com as competências sociais muito desenvolvidas. ;)
bj
Eu opto sempre pelo tu, o voçê não me sai naturalmente. Mesmo quando depois me respondem "a senhora" ou "voçê".
Não sou tia (ainda)e só uso o voçê quando digo em tom de brincadeira à minha filha "venha cá já imediatamente!"
Hey You, what's up?
Eu não sei que educação me deram os meus pais mas custa-me tanto tratar as pessoas por você... Há grandes excepções, há pessoas, por outro lado, que só consigo tratar no âmbito do você, mas se é alguém mais ou menos da minha idade, pl'amor de Deus... o você não se me desenrola na garganta.
No fundo, acho que sinto as energias e se a pessoa est+a no mesmo canal que eu, trato-a por tu.
Por exemplo, trato os meus avós por você mas os miudos tratam os avós por tu e eu acho muito mais giro, porque o TU quebra uma quantidade de barreiras, rodeios, merdices. A cumplicidade que eles têm com os avós permite-lhes isso, não sei explicar.
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