quinta-feira, 28 de maio de 2009

Vocação

Às vezes sinto que nós portugueses sofremos de falta de vocação crónica.
Vejo estudantes de medicina que tiram o curso pelo prestígio. Jovens que seguem a magistratura pelos privilégios e pelo satus da coisa. E vejo cada vez menos profissionais com coração, com amor àquilo que fazem.
Talvez o passar dos anos lhes roube um bocadinho a inocência, a paixão do inicio de tudo, mas não pode de maneira nenhuma roubar-lhes valores. Pois eles detêm dentro das suas mãos o poder de salvar vidas, de lhes dar conforto, de decidir nessa linha ténue da consciência o que é melhor, ou pior para a vida daquela pessoa naquela circunstância. Médicos e Juízes deveriam ser as profissões mais nobres (não roubando a nobreza de muitas profissões) e não as mais prestigiantes. Deveriam ser exercidas com igual dose de sabedoria médica e humanidade. Pela letra da lei e pela letra da consciência. E acima de tudo com muita humildade.
Seguirem estas carreiras por vaidade, por satus, por prestígio é talvez o mais perigoso de todos os passos.

30 comentários:

Anónimo disse...

Concordo inteiramente contigo. Tive alguns exemplos disso ao longo da minha vida académica. Recordo-me por exemplo de um colega de secundário, bom aluno, e que tencionava seguir enfermagem. Durante os 3 anos que estudou ouvimos algumas frases de pouca sensibilidade da boca daquele moço "Se tiver de salvar uma pessoa mais nova ou um velho, não há dúvida. O velho já viveu tempo demais..." foi apenas uma das que me ficaram. Pois bem, no final do 12º e como as notinhas deram para a coisa...medicina! Perceberam a questão? Esta sempre foi a opção, mas caso falhasse por falta de nota não teria de ser confrontado com o facto porque entraria em enfermagem. E ele anda ai...

Blue C disse...

Tema interessante. Eu tenho uma ideia algo diferente da maioria das pessoas quanto às escolhas das profissões.
É científico que o nosso cérebro só se acaba de formar por volta dos 21 anos. Só nessa altura é que todas as nossas capacidades cognitivas estão em pleno funcionamento.
Dizerem a um puto de 16/17 anos para escolher o que fazer para o resto da vida é não-lógico.
Quantos não chegam ao curso e mudam depois de 2/3 anos? Quantos tiram o curso só porque os pais insistem apesar de odiarem o curso profundamente? E depois ou vão fazer o que odeiam profundamente ou fazem outra coisa qualquer de que gostem mais(antes isto!).
E depois saem da universidade cheios de ilusões e com falta de prática (sem saberem mandar um fax, muitos sem saberem escrever bem Português e até sem falarem bem). É que quando estamos contrariados a mente e a alma arranjam forma de de evadirem...

Lembro-me que aos 17 queria ser contabilista. Depois comecei a trabalhar e andei nas vendas, no secretariado, na gestão de empresas, no marketing e hoje trabalho em terapias naturais e Transofrmação pessoal. Não tirei curso universitário e, apesar disso, tive equipas de licenciados a trabalharem para mim sem conseguirem chegar aonde eu chegava. É que os valores profissionais contam, mas os valores pessoais contam ainda mais.

Fiz sempre o que gostava, quando deixava de gostar procurava outra coisa, ganhei experiência e sempre meti mãos à obra (mesmo quando não sabia bem o que era para fazer).
Preparava-me, esforçava e respondi sempre aos desafios com ganas de fazer bem.

Senti muitas vezes falta do curso (reconheço as vantagens de preparação de um curso), mas não o ter nunca me impediu de fazer o que gostava.
Hoje aos 35 anos sou multifacetada, tenho o meu negócio e numa época de "vacas magras" continuo a ter ganas e a arranjar alternativas.
E isto tem mesmo a ver com padrões e valores pessoais que tenho.

Um dia ouvi o Luis de Matos (ilusionista) dizer algo do género: "Adoro o que faço. Mas se um dia deixasse de o poder fazer, poderia ser um varredor de ruas, mas iria fazer tudo para ser o melhor varredor do munícipio." E assim sou.


(Acho que me estiquei um bocadinho).

Miguel disse...

Completamente de acordo Ana. Contudo, porque é que esses dois exemplos (como outros) têm tanto status e prestígio? Porque nós, povinho português, continuamos a prestar vassalagem, a curvar-nos à sua passagem e a sentirmo-nos inferiores. Falas dos médicos e, nesse caso estou à vontade para falar. A esmagadora maioria dos doentes farta-se de reclamar acerca de aspectos que são da única e exclusiva responsabilidade dos médicos. Reclamas com os enfermeiros mas quando e médico entra, é só sorrisinhos e "Sim, sr. dr., concerteza, sr. dr., está tudo bem sr. dr.".
Falta-nos a auto-estima e estamos demasiado pressionados socialmente a sermos "Doutores" porque ser jardineiro, pedreiro, canalizador, enfermeiro é desprestigiante. Enfim...

Miepeee disse...

Concordo e aos medicos e juizes, junto os engenheiros ;)

Ana C. disse...

Paulinha espero que essa arrogância idiota de juventude lhe tenha passado. Espero mesmo...

Ana C. disse...

Blue C o que o Luís de Matos diz é o meu lema também. Já dizia F. Pessoa: Põe quanto és em tudo quanto fazes.
Eu já nem falo das restantes profissões, onde se assiste ao mesmo em pequena escala. Falo destas duas porque brincam com vidas de seres humanos...

Ana C. disse...

Miguel ODEIO a mentalidade portuguesa de que só merece respeito quem é Dr.
Vejo muito de alguém pela forma como trata os empregados por exemplo.
Depois tens aquelas pessoas muito arrogantes com o mais baixo na hierarquia e que logo a seguir lambem o rabo e rastejam com o grau mais acima.
Deprime-me.

Ana C. disse...

Mieepe só que os engenheiros ainda não têm o poder de decidir sobre a vida de alguém... Por isso falo em médicos e juízes, pois eles detêm um poder gigantesco sobre a vida dos outros.
Quer dizer, a não ser que calculem mal uma estrutura e o edifício desabe em cima de centenas :)
Mas a arrogância está em todas as profissões mesmo.

Blue C disse...

Ana, a tua frase "que brincam com seres humanos" reportou-me logo para os Professores que neste momento são tão maltratados pelo Estado (e por alguns Pais) e que têm um papel tão importante na nossa formação como seres humanos. Não sendo eu Professora, tenho alguns amigos professores que se sentem completamente desligados da sua profissão porque o que gostam é de dar aulas e de estar com os meninos e cada vez menos lhes exigem isso.
O respeito não deveria também partir de cima?

Blue C disse...

Desculpa, usei mal uma palavra, não é cada vez menos exigido aos Professores que dêem aulas... é cada vez menos permitido porque são subterrados em burocracia.

Ana C. disse...

Blue C Professor é de facto uma profissão caa vez mais mal tratada e inversamente cada vez com mais responsabilidade a nível de formação de pessoas. Pois hoje em dia passa-se para as mãos dos profesores tarefas que deveriam caber aos pais, mas depois retira-se-lhes autoridade para as levarem a cabo.
Acho que o papel de um professor é ensinar bem, transmitindo sempre que possível ferramentas para um futuro profissional.
O papel dos pais é formar seres humanos com valores...

Anónimo disse...

Blue C permite que me manifeste em relação à questão dos professores. Eu, sendo ainda estudante do ensino superior, já vi de tudo em relação a professores. Mas manifestando-me especificamente em relação aos professores do ensino obrigatório, acho que quem realmente se empenha no que faz e é bom nisso não deve temer o que actualmente se passa e continua a ser valorizado pelos alunos e pelos pais. Há uma coisa que sempre me perturbou um pouco em relação à profissão, dentro da sala temos 1 professor de autoridade absoluta e os alunos que sabem que se virem algo de errado naquele professor serão punidos pelo mesmo. Tive aulas que foram assistidas por outros professores e o comportamento do avaliado que durante o resto do ano tinha atitudes totalmente descabidas modificava-se, eram professores modelos durante aquelas aulas. Não generalizando, há professores que estão lá para receber o seu dinheirinho no fim do mês, não são exemplos de formação social(que infelizmente não vejo hipóteses de avaliação) e/ou de formação académica.

Blue C disse...

Ana, concordo quando dizes que passam aos Professores responsabilidades dos Pais. Só isso já está errado, quanto mais não dar poderes para tal. Mas a minha experiência como criança e com crianças é que somos animais e copiamos o que vemos (ao contrário do ditado Faz o que eu digo, não faças o que eu faço). E os Professores são formadores de conhecimento, mas também são exemplos de seres humanos. Recordo-me de ter tido professores muito disponíveis para me ouvirem e aos meus colegas além de darem aulas. E para isso eles têm que se sentir bem, têm que estar realmente lá e não com a cabeça atolada e pressionada.

Paulinha, não me parece que os Professores tenham medo das avaliações, mas são pessoas muito dignas que andam a ser enxovalhadas das mais diversas formas. Conheço alguns excelentes professores que se sentem exaustos com as condições actuais de ensino. E claro que os miúdos são uma esponja de energia e reflectem no seu comportamento a disposição dos adultos que os rodeiam (Pais incluídos). Também apanhei professores-cromos, mas felizmente a maioria eram excelentes. E no ensino público. E o que mais me marcou não foi o conhecimento, mas os seres humanos que eram.
É por tudo isto que me pergunto que valores estamos mesmo a passar aos Professores, Médicos, Juízes, etc de amanhã.

Blue C disse...

Paulina, esqueci-me de dizer algo. A história do Professor ter a faca e o queijo na mão é mais velha do que todos nós. Eu nunca me fiei nisso e como boa "reaccionária" (como me chama a minha Mãe) consegui confrontar os meus Professores e rectificar situações como as que relatas. Nisto tenho que agradecer à senhora minha Mãe que sempre me disse e mostrou que eu tenho o direito de me defender quando injustiçada, mas com inteligência. E aqui é que está a base da coisa... a educação começa em casa, nos Pais.

Anónimo disse...

Blue C concordo com o que dizes quando devemos defender-nos das situações desagradáveis. Mas dou-te um dos muitos exemplos que tive. Sempre estudei em escolas públicas e posso dizer que sempre fui uma aluna sem qualquer tipo de queixas, quer a nível académico quer comportamental.
Durante uma aula um colega achou uma piada enorme andar a esticar a parte de trás do meu soutien para o largar em seguida (agradável heim?). Foi avisado uma, foi avisado duas... à terceira hesitei se levava um estalo ali mesmo ou se simplesmente reportava o facto à professora. Inocentemente chamei a professora junto de mim e contei-lhe o que se estava a passar, ela riu-se para ele e responde-me "e tu diz lá que não gostas?". Resultado, no fim da aula fui juntamente com a minha colega do lado falar com a directora de turma que se encontrava no conselho directivo e reportar-lhe o sucedido. "sinto muito, mas não posso fazer nada". Suponho que posteriormente a professora tenha sido confrontada com a situação pela colega porque fez-me a vidinha negra até ao final do ano. Com esta atitude levou a que outras situações bem piores fossem ocorrendo na sala. Chegou a meter 26 alunos de 30 na rua porque sim...
E também afirmo, tive grandes professores, que me ajudaram muito e me ensinaram muito mais do que o que vem nos livros. Felizmente são a maioria, mas não se pode simplesmente varrer o lixo para debaixo do tapete e fingir que os restantes que também formam pessoas não existem.

Ana, julgo que os professores não são os principais responsáveis pela educação dos adolescentes e crianças, mas é com eles que se passa grande parte do dia e tal como diz a Blue C., há a tendência a copiar comportamentos. E daí ter exposto a questão desta forma, é que eu acredito que o que é necessário em qualquer profissão, seja médico, juiz, engenheiro, professor etc, é humildade e bom senso. E enquanto na maioria das profissões, tens de dar satisfações a mais alguém ou pelo o menos o teu trabalho passa por uma equipa, ali há um estatuto único, de pessoas que decidem e muito o nosso futuro e o que nos tornamos e que também têm sentimentos de vingança e são mesquinhas.

Filipa disse...

Li aqui alguém que diz que estamos demasiado pressionados para sermos doutores. Onde? Por quem? Como? Não há entidades abstractas.

E se sim, para nos licenciarmos e aprendermos, qual é o problema, mesmo que a vida depois nos leve a fazer outras coisas? Que mal há em aprender e em tirar cursos e em valorizarmo-nos?

Para se ser médico não se pode ser só ambicioso. As médias são elevadas, pelo que é preciso ter dois dedos de testa (pelo menos) e ter muito trabalho. A mesma coisa com os juízes. E quase de certeza que te referes aos juízes por causa da cena da criança. A m*** feita está na lei, não na aplicação que dela fazem os juízes. Que, se não a cumprirem, são penalizados... Profissionalmente.
Ou seja, eles estão a exercer a sua profissão como ela deve ser exercida, porque não há vontades próprias... Para isso existe a lei.
Os médicos é mais ou menos a mesma coisa; de que me interessa que seja delicado e simpático, se não me tratar? Só quero que me trate, ou cure, ou o que seja, porque do resto trato eu.

O caso do colega da Paulina, não é de todo incompreensível. Eu imagino os dilemas que se colocam aos médicos... a sério, imagino. E, enquanto estudante, esses dilemas devem surgir, e ele verbalizou. Não percebo muito bem onde está o problema.

Ana C. disse...

Chica Francisca (que nome tão giro)
Não sei se leste bem o texto, mas eu defendo o equilibrio entre o saber e a forma como esse saber é aplicado.
É que sabes, a medicina não se exerce num escritório das finanças, mas em contacto com seres humanos. Daí a vertente vocação ser de grande importância para abarcar na própria vida a vida de tantos outros. Não basta ser marrão e tirar boas notas para ser um médico a 100%.
E meu Deus ser juíz é tão, mas tão mais do que estrita aplicação da letra da lei. Um juíz não pode ter duas talas nos olhos e ignorar toda a envolvente do caso.
Bem sei que o nosso sistema jurídico é muito preso a leis e regras processuais. Mas entre a letra da lei e aplicação da sentença tens o juíz no meio. Por algum motivo...
E não me referia apenas ao caso Alexandra...

Banita disse...

E havia aqui tantas classes para juntar...
Tens razão... há que ter vocação para se ser seja o que for, menos para varrer o chão, porque eu também não a tenho e todas as 4ª feiras lá estou eu de aspirador em punho! Aí é preciso é ter paciência para aguentar andar todo o dia a varrer!
Também acho que escolhemos muito cedo e muitas vezes sem a consciência do que aquilo é, para que serve e que futuro nos vá trazer!!
Eu gostava que os meus filhos, fossem médicos, modelos e futebolistas, mas apenas pelo dinheiro na conta bancária e não pelo status! E muitas vezes o problema está aí! Nos rios de dinheiro que determinadas profissões auferem! Vamos ver o que reserva o futuro deles e esperar que eles possam sempre decidir o que é o melhor para eles!

Anónimo disse...

A maior crise é a de valores e enquanto não a ultrapassarmos nada feito. Por isso é que o meu lema de momento é este: those are my principles, and if you don't like them, I have more. :-)

Di disse...

Olá Ana C.

Tenho que dizer que concordo contigo, mas acrescento que nem todos os magistrados são assim.
Há pessoas de valor e com amor à camisola, que trabalham até altas horas da madrugada e para quem os processos são mais do que papel e números.
Agora, como nesta ou noutras profissões, há pessoas arrogantes, prepotentes e sem valores, mas isso será sempre assim... pequenez há em todo o lado.

Isabel Moreira Rego disse...

Querida amiga Márcia, eu desejava que não estivesses certa naquilo que escreveste sobre o amor à profissão de médicos e juizes, mas infelizmente estás mais que certa.Eu ouvi, no tribunal, um juíz dizer para uma testemunha, mulher, com 46 anos de idade:"o que é que vc entende de cristais, com essa idade?" Eu estava presente, olho para o juiz e vejo nele aspecto de 45 anos.E esse mesmo juiz acompanhava aquele processo havia 22 anos.Então eu pergunto: quantos anos ele tinha quando pegou no processo? Tinha apenas 23/25 anos no maximo.Deu tanta volta ao processo que acabou por gastar, durante 22 anos, o dinheiro do povo com um processo que não tinha pernas para andar.Por fim acabou dizendo e desdizendo, das próprias decisões que tinha tomado ao longo dos 22 anos.Eu nesse processo aprendi que todos tens um preço. E vendem-se pelo valor mais alto. Os médicos são a mesma coisa.Mal de nós quando precisarmos deles!
E deviam ser os melhores profissionais do Mundo!
Jinhos
Isa

Ana C. disse...

Banita é claro que havia mais classes a juntar, mas eu escolhi estas duas porque jogam com vidas humanas...

Ana C. disse...

Socas não imaginas como concordo contigo, mas tanto, tanto que até vou escrever sobre isso :)

Ana C. disse...

Di e eu tenho que dizer que concordo contigo. Tenho a perfeita noção de que em todos são assim. Tanto nos médicos, como nos magistrados. Felizmente ainda há pessoas de valor em todos os ramos...

Ana C. disse...

ISA olá e muito obrigada pelo teu testemunho. Só uma correcçãozinha, o meu nome é Ana e não Márcia :)
Quanto ao resto, por isso é que eu numa resposta a um dos comentários disse que não me referia apenas ao caso Alexandra...
Sei que há muita imaturidade e insensibilidade em profissões que deviam primar pelo oposto...

Marcia P. disse...

Querida Ana,
Este post me fez lembrar da menina russa que foi entregue a mãe biológica.
Que tristeza! Parece que vivia bem com a família de acolhimento e um Juiz que provavelmente não possue senso da família e poucos anos de magistratura, decidiu o destino desta pobre criança.
Fiquei vários dias sem tirá-la da cabeça, tenho uma filha de 6 anos e imagino o que deve ter passado na cabeça da mãe afetiva.
Concordo com as palavras do Dr. Marinho Pinto quando numa entrevista, ressaltou que este processo teria que ser conduzido por um Juiz experiente, com bons anos de profissão e principalmente pai, para que não aconteça o que vimos no telejornal a mãe biológica dá-lhe umas boas palmadas para lhe fazer calar a boca já que queria a prima Suzana.
Foi deprimente. Que Deus a proteja!

Abraços,
Márcia - Cascais

Precis Almana disse...

Vais desculpar-me, Ana, mas como socióloga não acredito em vocações, em algo inato que tenha assim tanta força para te encaminhar para algum lado.

Há é determinadas características das pessoas que expliquem que ela exerça melhor ou pior determinada profissão. Por exemplo, eu sou curiosa e tenho vontade de aprender. Isso ajuda-me na minha profissão de investigadora.
Ser-se afável quando na medicina, ajuda a que os doentes se sintam bem.
Etc.
De resto, a escolha dos percursos académicos e/ou profissionais faz-se de um misto que combina vivência pessoal, educação, "pressões" dos pais, da família, etc.
E eu não sei se agora é "pior" ou "melhor" do que antes. O que existe agora é uma maior democratização e acesso ao ensino, o que acho muito bem, e por isso haverá mais heterogeneidade de características nos profissionais. Será isso?

Ana C. disse...

Marcia de facto os casos relacionados com menores são sempre mais chocantes mesmo. Decidir sobre a vida de um adulto é uma decisão de peso, decidir sobre a vida de uma criança é brutal...

Ana C. disse...

Precis então e os padres e as freiras? :)
Nem tudo tem uma explicação racional e lógica. Há profissões que deveriam ter mais de vocação do que de outra coisa qualquer. A vocação traz o resto. A vontade de aprender e de exercer essa aprendizagem ao serviço dos outros. Quem faz o que não gosta, ou quem o faz pelos motivos errados, nunca pode ser tão completo como aquele que exerce uma profissão com paixão...

Precis Almana disse...

Não chamo vocação, acho que é a educação que ajuda a encontrar o caminho, combinada com algumas características pessoas.
Famílias de médicos, por exemplo, achas que é porque estás no genes? Evidentemente que não. É porque se nasce e cresce no seio de toda uma "tradição".
Padres e freiras? Ahahahahah. Isso é um chamamento (eu chamar-lhe-ia outra coisa mas não quero ofender ninguém).
Não há vocações enquanto tal, a sério.