segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Divagações

Às vezes penso que a doença torna as pessoas mais sensíveis em relação aos outros.
Quem nunca esteve doente não sabe entender quem sofre de uma maleita qualquer. Pode até dizer: "Coitadinho imagino o que estás a passar", pode até fazer um grande esforço por se colocar na pele do outro, mas não sabe, não imagina, não supõe sequer.
Há experiências que unem de forma invisível quem por elas passou, numa espécie de irmandade muda, onde basta um olhar para se sentirem compreendidos uns pelos outros.
Os restantes que nunca passaram por isso, nunca vão entender.
Um médico que nunca esteve numa cama de hospital, que nunca dependeu de ninguém para sobreviver, nunca entenderá a 100% o seu doente.
Isto são apenas coisas que me passam pela cabeça, numa certeza quase indesmentível. Quem sofreu alguma vez um grande desgosto, ou equacionou de verdade a vida e a morte entenderá muito melhor quem agora passa pelo mesmo, disso estou certa.

23 comentários:

Unknown disse...

deixei um presente procê no meu blog

Lia disse...

as más experiências aproximam quem por elas passa! Não é possivel saber a dor sem passar por ela...

Precis Almana disse...

Eu não sei se será só a doença, ou se poderíamos estender a passar por coisas difíceis na sua generalidade. Ou seja, quem sofreu com perdas, com medos de perda, com rejeições, etc., torna-se mais forte e sensível ao sofrimento dos outros, porque sabe o quanto gostaria de ter sentido apoio pelo próprio sofrimento, ou o quanto valorizou tê-lo tido.

Miguel disse...

Enfim Ana, como em tudo há sempre a outra face. Eu já conheci pessoas doentes (e muito) cujo sofrimento só serviu para as empedernir ainda mais...
Feitios.

PiXie disse...

Passar pelas mesmas experiências na vida que outras pessoas, como perdas, sofrimentos, morte de alguém, mas também momentos de felicidade e alegria é algo que aproxima sempre 2 estranhos mais facilmente... no entanto, há sempre formas diferentes de se sentir um mesmo acontecimento o que também pode levar a confusões ou conflitos...
Mas concordo totalmente com tudo que disseste! Eu agora é que também já ía começar a divagar.... ;)
Bjs xx

Mena disse...

Concordo contigo..
Só quem passa por elaspode daro real valor....
Há o sofrimentode quem padece,e osofrimentode quem está a seu lado a sentir-se completamente impotente em ajudar...
Eu jápassei pelas duas posições... não desejo nenhuma delas...
beijo

Melissa disse...

Pois... há várias maneiras de reagir.

A minha mãe, por exemplo, fechou-se completamente dentro de si, com o pretexto de que precisava de todas as forças que tinha para chegar à cura. Simplesmente fechou a porta.

O meu avô, por outro lado, sendo a vinda do Anticristo à Terra, virou um cordeirinho nos últimos dias. (Num final totalmente contranovelístico, os filhos perdoaram-no.)

Isto de se ver a braços com a própria mortalidade talvez traga ao de cima o que a pessoa realmente é, nos dois casos que pus aqui foi o que aconteceu: da doença, emergiu uma lutadora centrada e um patife mentiroso. Conheço outros que não vale a pena pôr aqui mas que também seguem o mesmo padrão.

c disse...

Olá Ana. Quando foi diagnosticado ao meu segundo filho um "probleminha" quando era ainda muito pequeno - o terror de qualquer mãe - julguei que não ia aguentar. Senti-me do outro lado de uma parede, num lugar onde o eco das vozes dos outros mal se ouvia. Só quando descobri que desse lado afinal não estava sozinha, que havia lá outras mães e pais que estavam a passar ou tinham passado pelo mesmo, senti o tapete a voltar para debaixo dos pés, uma rede a amparar finalmente uma queda que parecia não ter fim. Estar no hospital com outras mães, ao lado da cama dos filhos, é das experiências mais fortes que se pode ter.
Um abraço para ti.

Kitty Fane disse...

Assino por baixo. Concordo com tudo o que escreveste. Tenho provas mais do que suficientes que comprovam isso. :-)

Unknown disse...

Concordo Ana. Só passando pelas situações, podemos opinar sobre estas, com a certeza de quem já lá esteve.

continuando assim... disse...

eu tambémacho ... que só passando por essas situações ....

Ana C. disse...

Walkyria muito obrigada, prometo que lá vou espreitar ;)

Ana C. disse...

Lia nem mais...

Ana C. disse...

Precis eu falei na doença porque m apercebi que quem nunca teve uma dor física não é tão solidário com as dores alheias. É claro que se pode estender a várias outras coisas...

Ana C. disse...

Miguel é claro que há pessoas doentes que ficam azedas com o resto do mundo. Mas não é esse o ponto. O ponto é que quem nunca sofreu alguma "dor" física nunca entenderá a dor do outro...

Ana C. disse...

Raquel eu entendo onde querias chegar, pois há experiências que tocam pessoas diferentes de formas diferentes. Mas aqui o que eu quero dizer é que só quem passou por certas dores consegue entender a 100% quem passa pelo mesmo...

Ana C. disse...

Mena há também o sofrimento de quem vê alguém sofrer sim senhora. Esse revestido de uma impotência terrivel...

Ana C. disse...

Melissa eu concordo com tudo o que dizes, mas eu não estou a falar em reagir à doença. Falo de pessoas que nunca estiveram doentes e que não conseguem entender o que é estar vergado pelas dores por exemplo, simplesmente não entendem...

Ana C. disse...

C nem mais, era precisamente isso que eu queria dizer. Só quem está, ou esteve no mesmo barco entende...
Espero que já esteja tudo bem agora convosco.

Ana C. disse...

Kitty Fane há coisas que nem precisam de comprovação, como te disse, chegam-me como uma verdade quase indesmentível ;)

Ana C. disse...

João Pedro e isso torna-as mais duras, ou mais sensíveis no sítio onde foram magoadas...

Ana C. disse...

continuando assim, só passando mesmo...

Mena disse...

Relativamente as dores de quem as sente...
Eu infelizmente jápassei por dores queninguémdeseja...
Colicas renais... sóquem as teve dá o valor...
Eu preferia 3 partos a voltar a ter essas dores...e eu tive um parto de quase 14 horas...
Lombalgias... sabes, daquelas emque perdes até o andar?
Lá está! Como tu dizes e muito bem... só quem passa por elas!!
Beijos