Alice passa as mãos pelo cabelo, numa tentativa vã de o arranjar, aperta o grosso casaco até cima e sai para o ar frio do começo da noite, ao encontro da sua vida lá fora.
Já não repara no carro estacionado em frente ao café, nem na nuvem de fumo que ele deixa atrás de si quando finalmente arranca, pois na sua cabeça apenas há espaço para as tarefas que tem que cumprir religiosamente e é nelas que pensa enquanto acelera o passo, passando o cachecol por cima do rosto. Não se detém muito tempo nas coisas más, nem na sua vida tão vazia. Há muito tempo que deixou de acreditar no destino. Ela sabe que a vida não é um caminho repleto de surpresas, mas antes um percurso no qual se escolhe o rumo que parece mais certo. Tenta sorrir, mas depois de um dia inteiro a servir à mesa não sente forças para dar um passo a mais do que os passos estritamente necessários.
Aproxima-se da escola da filha e sabe que assim que a vir irá arrancar de dentro de si força para a carregar ao colo no caminho de volta sempre com um sorriso nos lábios. Porque ela é o seu único motivo para sorrir.
Não, Alice não é uma mulher fria e indiferente. É apenas uma mulher cansada e magoada que há muito tempo deixou de lutar por uma vida melhor. Que há muito tempo desistiu de si.
Por isso está muito longe de imaginar que serve de alento aos dias de alguém...
ARTUR
Artur acabou de trocar de roupa e enverga agora a sua farda branca de todas as noites. Tem pela frente mais um turno interminável que pode ser muito agitado, ou nada agitado, o desenrolar das horas é sempre uma incógnita num hospital. Mas voluntariar-se para aquele horário nocturno, foi a única forma que encontrou de poder ficar perto da sua mulher...
Ainda faltam uns minutos para começar o seu turno, por isso decide ir até lá fora respirar ar fresco. Sente-se sufocar, precisa do ar gelado no rosto para despertar daquela espécie de sonho, de culpa, pois Alice não lhe sai da cabeça, o seu olhar, a sua voz, as suas mãos. É nesse preciso instante que vê Alice transpor as portas da Urgência com uma menina ao colo...
E é nesta altura que cansada e sem imaginação passo a bola ao Miguel C. Resta saber se ele se sente desafiado, ou não...
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 1 mês
13 comentários:
Continuar a história?!!? Eh lá!!! Vamos lá a ver como corre...
Me aguarrrrdem!!
Sim filho, ós depois quando terminares a tua parte, passas para mim que eu retomo...
Mas vê lá, não metas o Artur a trabalhar na morgue!
O Artur é casado?! Tem a mulher em coma?!
Aiiiiiii!
;)
Ana, mas tu vê-se mesmo que lês muito... Como é que adivinhaste?
Para compor o "quadro" do Artur seria the next best thing!!
Cada vez gosto mais dele! Tímido e carente! Ahhh, combinação explosiva!
Urge uma descrição física, naturalmente abonatória, de ambos os protagonistas. Sim, as histórias de amor são mais emocionantes quando ambos são muiiiito bonitos ou encantadoramente feiinhos (embora eu prefira os bonitos!!) Shame on me!
;)
Ana, agora a bola está no Miguel C, espero que ele tenha as várias opiniões e pedidos em conta, vai lá manifestar-te please ;)
Já fui, já fui!!
;)
Tens noção de que eu devia estar era a trabalhar e ando aqui a saltitar de história para história, não tens?!!
Culpa sua, né?!
;)
Ana, não tarda és a próxima a escrever AH AH
Como te compreendo, só que eu minha querida, ACABEI HOJE O MEU TRABALHO!!!!
E eu estou a começar.
Por isso é que me permito esta pequena distracção!
Daqui a duas semanas ninguém me põe a vista em cima, que este prazo é apertadinho!
Assim sendo, vou ler mais um bocado!
Bom fim-de-semana!
;)
Então Ana C. já passaste a bola ao Miguel. Ele aceitou. Não vou perder isto por nada. Sempre quero ver como é que ele se vai sair desta. A Alice a entrar no hospital com a filha.O que irá acontecer. Não percam os próximos capítulos. Bjs
Mariinha é o que se pode chamar de blogonovela ;) não podes perder um capítulo que seja
Não vou perder um episódio desta blognovela! ;)
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