sábado, 30 de outubro de 2010

Starbucks My Ass


O Starbucks tem provavelmente o pior café do mundo e a pastelaria mais plastificada do planeta e é caro como o raio, injustificadamente caro.
Abriu um Starbucks no Cascais-Shopping e criaram uma esplanada linda, cheia daqueles sofás confortáveis em tons discretos e com uma vista de cortar a respiração, comovente até. Juro, que por mais voltas que desse em Cascais, jamais me lembraria de um sítio tão perfeito como aquele para bebericar um café sem cheiro e sem sabor. A esplanada fica por debaixo das escadas rolantes do shopping, com vista para agência de viagens Abreu e a Conforama. Ali, debaixo dos rolamentos que fazem subir e descer milhares de visitantes diários, ali sem luz do dia, ou da noite, podemos beber um mau café e comer um bolo cor de bosta, ou cor de rosa. Enfim podemos dizer cheios de orgulho lusitano, que fomos ao Starbucks e meditar acerca dos motivos que levam esta cadeia a escolher shoppings em vez de lojas de rua no nosso país.
*Já sei que há um em Belém, mas não chega para aliviar as estatísticas.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Preferia o Avô Castigas



Penso que na história da musicalidade infantil nunca se fez nada de tão mau como as músicas do Canal Panda. Ora decidem distorcer as palavras e cantar: Io Quiro quimir larinjas com bininas (eu quero comer laranjas com bananas), ora espetam com este verdadeiro atrofiado mental aos pulos, de cabeleira desgovernada e batuta descontrolada a vomitar cançonetas de cortar os pulsos.
Eu juro-vos que nunca foi tão complicado ser mãe, como nos momentos em que tento explicar à Alice que aquilo não é música, é excremento verbal.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ultra Ortodoxem-se Vocês


Caramba, quanto mais reportagens da Sic e National Geographic vejo, mais chego à conclusão que a mulher ainda é um bicho muito descriminado.
Os judeus ultra ortodoxos encaram-na como causa de todos os males e tentações, são remetidas para a parte de trás dos autocarros, distinguem filas de gajos e de gajas na padaria. Em suma, têm verdadeiro horror ao sexo oposto. Ninguém adivinharia tal fobia, pelo penteadinho que usa esta malta macha ultra ortodoxa.
Outro dia via uma tribo na Etiópia, cuja emancipação dos rapazes da tribo consistia em espancarem as mulheres da sua família num ritual lindo de se ver, onde as chicoteavam, pontapeavam. Enfim, um fartote.
A burca continua de pedra e cal e ofendeu várias vezes a minha vista, na nossa rápida incursão por Paris.
Por isso quando me perguntam o que acho dessa tradição e da polémica que deu em França, a minha resposta é que me ofende sim. Ofende-me por tudo o que representa e tal como não gostam de nos ver a nós, grandes depravadas ocidentais, sem estarmos cobertas, eu também não gosto particularmente de ver aqui no Ocidente esta treta.
Intolerante? Sim sou bastante intolerante no que toca à intolerância. Agora vou ali emancipar-me mais um bocadinho e já volto.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Estados Unidos da América


Ali a vida é fácil. Naquela casinha dos subúrbios de uma qualquer cidade americana, de relvado quadrado e perfeito, de corta relvas estacionado e vida idêntica à dos vizinhos simpáticos, a vida é fácil.
Não há tempo para pensar em ser diferente. Não há tempo para sair do padrão.
Sabemos o que vamos encontrar naquele determinado armazém comercial e o que encontrarmos ali, será exactamente a mesma coisa que encontraremos num armazém da mesma cadeia, num diferente estado a milhares de quilómetros de distância e isso dá conforto, segurança.
As ruas são simétricas e paralelas, não há merda de cão na rua e sabemos com o que podemos contar.
Não há espaço para sentir de forma diferente, pois desde o berço que as crianças são ensinadas a homenagear a bandeira na escola, de mão ao peito e lenga-lenga patriótica. O Patriotismo não se questiona, é suposto.
Ali tudo encaixa. Ali vive-se ponto.
Venho com 3 anos de atraso dizer que vi o Revolutionary Road e se, por um lado me entregou a ideia do comodismo no casamento e na vida e isso é comum em muitas partes do planeta, por outro lado, deixou-me com a estranha sensação, de que este filme só poderia passar-se naquele país.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Para Vocês

Para todas as mulheres-mães fantásticas que conheço da blogosfera e fora dela e que aqui param para me deixarem uma palavra de cada vez que faço um desabafo. Para as minhas amigas que vão ser mães em breve e para as que já são.
Para todas as que me fazem acreditar que a amizade no feminino, não só é possível, como é maravilhosa.
Para vocês todinhas. Vejam.

Vuelitos

Nunca fui a neta preferida de nenhum dos meus avós e eles sempre fizeram questão de o mostrar, sem qualquer tipo de pudor, nem de constrangimento. Uma pouca vergonha portanto. Vai daí convenci-me que o papel dos avós na vida dos netos é muito giro e importante sim senhora, mas para o neto preferido, ou quando não há netos predilectos.
Hoje constato que se passa exactamente a mesma coisa com os meus filhos e odeio.
Acredito que possa ter-se uma inclinação por um neto em detrimento de outro, mas mostrá-lo tão abertamente, sem tentar ao menos disfarçar, é que me consome as tripas.
Entoarei um mantra todas as noites, no sentido de não me esquecer disto no futuro, caso os meus filhotes decidam brindar-me com netos.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O meu Filho (e já agora eu)

O meu filho dorme de noite sim, é um facto. Choraminga umas 3 ou 4 vezes por noite, mas a coisa resolve-se com uma chupeta e uma festinha.
O meu filho é uma fofura sim, confirma-se. Anda a comer bem que se farta e não é de levantar ondas.
Mas o meu filho não dorme durante o dia.
Sim, o pai do meu filho diz que isso não tem importância, que o que interessa é que ele durma bem de noite, mas ele diz isso porque não fica em casa com ele durante o dia.
Ontem fiquei tão reconhecida por uma das minhas irmãs ter ficado aqui com ele 15 minutos para eu ir buscar a Alice à escola, que lhe fiz um bolo. Ela não comeu nem uma fatia, mas a realidade é que me soube pela vida, poder bater a porta e arrancar no carro sem ter que meter o António na cadeirinha, tirar o António da cadeirinha, tirar o carrinho da mala do carro, meter o carrinho na mala do carro.
A verdade é que ando a sentir-me verdadeiramente rebentada por pequenos nadas, como ter que levá-lo só para ir comprar pão, ou ter que tirá-lo do carro para ir fazer o pré-pagamento da gasolina. Pequenos nadas que ninguém faz por mim. E pronto, está feito o desabafo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Cinema Paradiso



Por muitas voltas que dê, por muito que vasculhe na minha gaveta de memórias, não encontro em lugar nenhum filme mais doce do que este. Regado pela Banda Sonora mais maravilhosa e pela língua mais cantada do mundo.
Que saudades de filmes assim e de cinemas assim.
Adeus Quarteto, adeus Berna, adeus 7ªarte, adeus Mundial, adeus Apolo 70, adeus Caleidoscópio, adeus Star, adeus a todos os cinemas da minha juventude.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fartíssima

de Futilidade, de falta de coisa mais funda, de superfície, de raspão, de défice excessivo de neurónios.

Farta

Um bocadinho farta de todo o suspense em torno da aprovação do Orçamento de Estado. Mais ou menos como uma condenada no corredor da morte à espera de ser salva por um governador que decida ligar. A única diferença é que tenho a certeza que, venha quem vier, a merda será sempre a mesma. O mesmo cheiro e consistência, o mesmo empastamento e o penico responderá sempre pelo mesmo nome: Portugal.
Mas se vier nova merda, peço apenas que não padeça também de flatulência verbal.
E pronto, depois das analogias fecais, sinto-me purgada.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ode à Fnac




Outro dia alguém me aconselhava uma livraria chamada Pó dos Livros em Lisboa, ao mesmo tempo que proclamava fugir das Fnacs da vida, como o diabo da cruz.
Desde que me recordo de ser gente mais ou menos crescida, que abrir uma pequena livraria de bairro, intimista, com atendimento personalizado, faz parte da minha carteira de sonhos.
Mas como sou uma pessoa que abre os braços aos livros, venham eles e estejam eles onde estiverem, não desprezo a Fnac, de forma nenhuma. Não gosto de endeusar livros, nem música. Gosto que sejam coisas naturais e disponíveis na nossa vida. Gosto de os poder levar para a mesa do café (na Fnac) e folheá-los, ler as primeiras páginas e decidir se vale a pena comprá-los. Gosto do anonimato que um espaço assim nos proporciona. Gosto que não me liguem puto, se dou o biberon ao António com a mão direita, enquanto balanço a cadeirinha com o pé e seguro um exemplar de culinária na mão esquerda, adoro sentir-me no direito de o fazer ali.
Gosto da democratização da cultura. Sou uma grande facha em muitas coisas, mas nestas coisas de ler não.
Depois temos a parte das crianças, onde passava largas temporadas com a Alice em busca de um livro, folheando também, ganhando intimidade, aprendendo a tratar as letras e desenhos por tu, sem vocês.
Por tudo isto e por muito que adore o charme e atendimento personalizado de uma boa livraria, onde saibam por exemplo que ter todos os exemplares de Eça de Queiroz é condição sine qua non para se poder intitular livraria em Portugal, quero agradecer à Fnac, por ter evitado o meu divórcio com as letras, numa altura em que só de imaginar entrar numa pequena livraria com dois miúdos atrás, um deles numa cadeirinha, me provocava arrepios de cansaço.

* Na primeira imagem, a famosa livraria Barnes and Noble, que não temos cá. Um bocadinho mais charmosa do que a Fnac e, geralmente com um Starbucks da treta a fazer as vezes de café incógnito :)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pessoas Que me Provocam Comicheza

Há um determinado grupo de pessoas que mexe algures com aquilo que mais comichões me faz nas bochechas do rabo e noutras partes similares que são chatas de coçar em público.
Essas pessoas intitulam-se defensoras de alguma coisa. Dos direitos dos animais, do ambiente, de um certo país, de uma religião, de um partido, do que quer que seja.
Essas pessoas de que falo, não conhecem a palavra equilíbrio, ignoram o que seja um meio termo e cospem de cinco em cinco segundos leis da sua própria legislação interna.
São pessoas intolerantes, que não admitem brechas, que aderiram à moda das palas nos olhos, que ignoram opiniões diferentes e que deturpam situações a todo o instante.
São pessoas que nunca erram e que detêm uma verdade irritantemente universal, recusando-se a escutar argumentos alheios, que de alguma forma não encaixem no seu fanatismo.
Estas pessoas, mal imaginando que o fazem, dão elas próprias mau nome àquilo que tão ferozmente defendem.
Dão-me vontade de pegar fogo a uma árvore e fazer a dança da chuva à volta dela. Dão-me vontade de ir assistir a uma tourada, dão-me vontade de cuspir na bandeira de um país só para os ver tripar, dão-me vontade de os contrariar.
Estas pessoas irritam-me à brava.

sábado, 16 de outubro de 2010

Amar é bom


Amar é bom. Amar faz-nos sentir concretos, dá-nos sentido e densidade, dá-nos vida dentro dos anos que gastamos.
Amar demasiado faz doer muitas partes do corpo e da cabeça, mas ainda assim é bom. Dor de amor tem tanto de maravilhoso, como de angustiante. Mas ainda que tivesse mais de amargo que de doce, não hesitaria em amar de peito aberto todos os dias.
Amar um homem é de uma maneira. Amar os nossos filhos é de outra.
Há várias formas de amar sim, mas no final, é naquela batida do coração, que acelera e desacelera, que dispara, ou congela que sabemos se é sério. No final, é no âmago, bem dentro do mais dentro de nós, depois de despidas todas as camadas, que tiramos as teimas e sorrimos, ou choramos, agradecemos, ou amaldiçoamos por termos conhecido o amor.
Pelo amor, ninguém pode passar indiferente.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Adrian Mole e a minha adolescência


Hoje deu-me uma saudade brutal do Adrian Mole, das suas borbulhas, erecções descontroladas, namoros, frustrações, desabafos.
Hoje deu-me uma saudade avassaladora de quando tinha os meus 12 anos e, já coberta pelos lençóis aconchegantes, ligava a luz da mesinha-de-cabeceira e lia, lia, lia, até os olhos doerem e a cabeça ferver emocionada.
Nunca, até ter sido mãe pela primeira vez, um livro me trouxe sono (um livro que gostasse é claro), nunca li para adormecer, pois quando um livro é bom, faz-nos procrastinar o apagar da luz vezes e vezes sem conta.
Tenho saudades dessas luzes acesas até às tantas da manhã, presa no interior dos "Cinco na Ilha do Tesouro", ou da "Trinta Diabos", presa nos livros de aventuras e neste meu primeiro livro sobre a adolescência no masculino.
Tenho saudades do Adrian Mole e imagino como estará ele agora, sem borbulhas, homem distinto e com uma vida pacata nos subúrbios londrinos.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ctrl Alt Delete

Tenho dias em que se me surge mais um pequeno problema, mais uma contrariedade, mais uma árvore caída no caminho, mais um telefonema para fazer, uma reclamação, um protesto, uma falta de facilidade, sinto que vou apagar.
É muito injusto não termos uma tecla delete na nossa vida para estas merdas, uma tecla de pause para os momentos bons e uma tomada para desligarmos, quando o restart não resulta.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Vontade de Regressar A Nossa Casa

A nossa casa pode ser grande, pequena, luxuosa, simples, minimalista, aconhegante, desarrumada, ordenada. A nossa casa comporta tantas variantes como nós comportamos no nosso interior.
A nossa casa tem que ser o porto de abrigo para onde os filhos rumam, tem que dar vontade de ficar quando o mau tempo ruge lá fora.
A nossa casa deve ser vivida, aberta, utilizada, moldada. Uma casa que não se usa, apenas se preserva, como um museu, é como um livro que repousa nas prateleiras e que nunca se leu. Não faz sentido.
A nossa casa é onde nos entendem, onde tiramos os sapatos e podemos descansar do mundo lá fora. É todo um outro mundo, onde podemos fechar os olhos e saber que nada de mal nos acontece ali.
A nossa casa é o nosso fôlego, a lufada de ar fresco que precisamos quando o mau acontece lá fora.
Um desejo bem fundo que tenho nesta tarefa de ser mãe, é que a Alice e o António nunca percam a vontade de regressar a casa.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Rir para não chorar

De manhã a televisão vive num universo paralelo. A programação é exclusivamente pensada para donas de casa desesperadas, ou velhotes solitários e indefesos. Isto eu já sabia, mas ainda não tinha reparado que a publicidade também era vocacionada para esse grupo de pessoas ingénuas que não têm grande contacto com a realidade-além-tv. Desde aspiradores milagrosos, ao Cilit Bang que remove à primeira passagem ferrugem milenar encrostada, até (e pasmem tal como eu) uma empresa amorosa que vos avalia as jóias de ouro que possam ter em casa.
Basta enviarem as jóias todas por correio e ficarem à espera da avaliação. Que atenciosos que eles são e fofinhos também.
Primeiro mijei-me a rir, mas depois congelei. Será que alguém, no seu perfeito juízo envia as jóias por correio e espera pelo seu regresso?
O piór é que tenho a certeza que sim.

domingo, 10 de outubro de 2010

6 anos de Nós

Não, nem sempre é fácil, nem sempre é como no início, quando tudo parecia ter o poder de nos disparar o coração febril e apaixonado.
Não, nem sempre é um caminho cheio de flores e dias bonitos, como nos tempos em que mesmo num dia de chuva fazia sol só porque estávamos juntos.
Não, nem sempre é como seria suposto ser, como dizem os filmes no cinema que é, com gestos de constante enamoramento e paciência infinita de parte a parte.
Mas eu quero que continue a ser, de todas e tantas maneiras possíveis. Quero que continue a ser contigo. Porque até a normalidade contigo me conforta.
Quero ver os nossos filhos através de ti e ver-me pelos teus olhos.
Quero encostar o meu pé direito no teu pé esquerdo, enquanto dormimos e sentir que o teu pé não se afasta.
Quero poder continuar a dizer-te as minhas piadas inconvenientes e fazer-te rir.
Quero que continues a tentar fazer-me rir.
Quero chatear-te quando estou chateada sem que te chateies.
Quero poder não ter que dizer nada de especial e ficar calada sem pesos de consciência.
Quero o conforto da nossa família no final do dia.
Quero-te ainda e sempre.
Parabéns a nós!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Toda a Verdade sobre os Brinquedos do António


Esta é a versão "dinheiro mal gasto".


Esta é a versão "Brinca até te fartares" (os favoritos).

E é assim, sempre foi assim desde o princípio dos tempos, mas nós continuamos a gastar alguns euros com brinquedos chamativos, só porque somos otários, só porque achamos que ele não vai resistir àquela textura, àquele som, àquelas cores. Mas passem-lhe para a mão uma tampa de tramperuere (ehehehe, adoro esta palavra) e vejam o delírio acontecer.
Na cadeirinha, tenho uma bonecada pendurada, mas é ao fecho eclair que prende a capota que ele dedica toda a sua atenção.
Eh voilá, aqui têm toda a verdade sobre os brinquedos do António e sobre o António. Ele é um moço de gostos simples :)

Women's Secret (Versão Upgrade)

Ontem, ao passear-me entre as filas de pijamas da Pantera Cor de Rosa e coelhinhos fofinhos, cuequinhas com corações e flores mimosas, roupões suaves e quentinhos, eis que encontro, numa das prateleiras, tímidos e reservados na sua solidão, preservativos e vibradores.
Alucinei, ou mais alguém viu isto à venda na loja acima referida?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

As contradições da Maternidade (ou há malucos para tudo)

"Adorei" ver uma mãe na Disney a dar de mamar ao seu bebé, enquanto a filha de cerca de dois anos emborcava por uma palhinha uma bebida azulada, até à exaustão.
"Adorei" ver os pais com bebés de colo na fila para as diversões, sendo que os bebés berravam de sono e de cansaço, sem sequer saberem onde estavam.
"Adorei" ver os pais obrigarem os putos a tirarem fotos com personagens Disney, mesmo quando os putos se desgoelavam de terror.
Concluí que nesta coisa chamada maternidade/paternidade, há muita gente a julgar fazer coisas pelos putos, quando na realidade as fazem para si.

Contigo no Coração






Viajar pelos teus olhos foi a sensação mais completa do mundo. O teu sorriso nervoso quando entraste na Disney, o teu olhar brilhante quando percebeste que tinhas ali, na palma da tua mão, os amigos do teu imaginário. A tua paciência infinita nas filas para as diversões, o teu riso de alegria, os teus gritos de entusiasmo, fizeram de mim uma pessoa mais crescida.
Conheceste um bocadinho de Paris e abraçaste o teu pai quando ele tirou do bolso uma Torre Eiffel em miniatura, que repousa agora na tua mesinha de cabeceira como um troféu precioso.
És demasiado pequena para perceber que os franceses continuam demasiado antipáticos para o meu gosto e que Paris continua demasiado cheia de turistas para podermos andar desafogados. És demasiado pequena para apreciar com olhos de gente crescida uma cidade, mas o dia que passámos na cidade luz não protestaste, não fizeste birras, só pediste colo cerca de uma centena de vezes e deitaste-te no banco sujo da estação de metro.
Não foste demasiado pequena para veres a Disney Land, como me disseram tantas vezes, foste na idade certa para que te fique gravada na memória.
Espero que, quando fores maior, te recordes que os teus pais estavam lá contigo.
Sei agora que a minha alegria quando a tua acontece é a mais genuína de todas.