domingo, 31 de maio de 2009

Ai que Prazer Não Cumprir um Dever

"Faz o que tens que fazer e só depois o queres fazer". Ouvi esta frase num filme e nunca mais me saiu da cabeça, pois identifiquei-me com cada palavra.
Sempre fui o tipo de pessoa que não consegue relaxar enquanto não terminar aquele trabalho. Ou que simplesmente não consegue ir abancar no sofá antes da cozinha estar arrumada. Que não tenta sequer começar a ver um filme antes da filha tratada e adormecida.
A sério que gostava de conseguir ser diferente, já tentei mais do que uma vez deixar para amanhã o que podia fazer hoje, mas nunca durmo bem quando isso acontece...
Será que isto tem cura?

sábado, 30 de maio de 2009

Para Não Esquecer Mais Tarde...

Tenho que ir deixando aqui as tuas frases, perguntas, gestos mais memoráveis, pois sei que o tempo é especialista em varrer certos detalhes deliciosos da nossa memória.
Hoje encaraste-nos muito séria e perguntaste:
- Vocês são casados?
- Sim Alice somos casados.
- E eu sou junta?

Nota de rodapé: Ela tem 3 anos...

Começar do Zero


Às vezes abro o armário e tenho vontade de o arrancar da parede e atirar todo o seu conteúdo pela janela. Deixando-o assim livre e com espaço para o que vier de novo.
Mas a inércia fala mais alto e dou por mim a ver-me livre de algumas peças de vestuário com a calma que só uma preguiçosa conhece.
É bom fazermos limpezas gerais. Estou farta de me deitar à noite e pensar no que deveria ter feito. Cansa muito menos fazê-lo do que levar dias a pensar que não se fez...
A Melissa outro dia dizia-me que até os livros levavam guia de marcha, que odiava tralha desnecessária na sua casa e na sua vida.
Mas eu tenho uma relação diferente com os livros. Uma relação que não tenho com rigorosamente mais nada. Quando gosto de um certo livro, fecho-o, digo-lhe até qualquer dia e ponho-o a dormir numa prateleira de onde o possa contemplar.
Quando não gosto do livro atiro-o pelo ar e recuso-me a dar-lhe abrigo debaixo do meu tecto.
Pode dizer-se que é uma relação amor-ódio, daquelas que tendem a piorar com a idade. Mas tirando os livros dos Cinco e da Condessa de Segur que povoaram a minha infância, vivem comigo os livros mais importantes da minha vida.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

A Derreter

Eu não sou definitivamente uma pessoa de calor.
Primeiro: Porque me sinto burra. Vejo os neurónios a escorrerem por mim abaixo, juntamente com a água que destilo. Percebo agora porque é que em países como a Suécia o grau de produtividade é muito superior.
Segundo: Porque nem que esteja nua em cima da cama continuo com calor, ao passo que no Inverno, um bom edredão de penas resolve a coisa.
Terceiro: Entrar no carro que ficou parado ao sol tira-me anos de vida, mais precisamente cinco anos, até o ar condicionado começar a surtir efeito.
Quarto: Sinto-me capaz de ficar estendida no sofá o dia inteiro com uma intra-venosa de soro para não desidratar, mas nunca me posso dar a esse luxo.
Quinto: Gostava de me sentar muito sossegada dentro do frigorífico, mas não quero dar ideias à minha filha.
Sexto: O leite que tinha guardado na cozinha azedou todo...

Questões de Princípio


Numa das minhas idas aos Estados Unidos trouxe uma caneca com umas frases famosas de Thomas Jefferson.
Usava-a para beber o meu café matinal, mas cedo iniciei uma relação de amor com ela. Gostava mais de a ter à minha frente do que a servir de recipiente para a minha bebida de eleição, por isso de vez em quando trago-a para perto de mim enquanto trabalho no computador e leio-a vezes sem conta, como se aprendesse uma lição de cada vez que sigo as linhas de letras na superfície circular.
Hoje ao olhar para a minha companheira senti que devia partilhar aqui as pequenas lições nela impressas:
- Em questões de estilo, nada com a corrente; Em questões de Princípio permanece firme como uma rocha.
- Nunca incomodes ninguém por algo que podes fazer sozinho.
- Quando estiveres furioso conta até 10 antes de falares, quando estiveres tremendamente zangado conta até 100.
- Os meus afectos devem ir em primeiro lugar para o meu país e só depois para toda a humanidade.
Esta última frase é extensível a um sem número de coisas na nossa vida. É um lembrete para que nunca se invertam prioridades. Para mim enquanto houver uma única criança a sofrer, jamais gastaria as minhas energias a defender animais.
Enquanto alguém da minha família precisar de ajuda, essa pessoa terá sempre prioridade sobre desconhecidos.
Às vezes precisamos de uma mão cheia de princípios para mantermos os pés bem assentes naquilo que importa.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Vocação

Às vezes sinto que nós portugueses sofremos de falta de vocação crónica.
Vejo estudantes de medicina que tiram o curso pelo prestígio. Jovens que seguem a magistratura pelos privilégios e pelo satus da coisa. E vejo cada vez menos profissionais com coração, com amor àquilo que fazem.
Talvez o passar dos anos lhes roube um bocadinho a inocência, a paixão do inicio de tudo, mas não pode de maneira nenhuma roubar-lhes valores. Pois eles detêm dentro das suas mãos o poder de salvar vidas, de lhes dar conforto, de decidir nessa linha ténue da consciência o que é melhor, ou pior para a vida daquela pessoa naquela circunstância. Médicos e Juízes deveriam ser as profissões mais nobres (não roubando a nobreza de muitas profissões) e não as mais prestigiantes. Deveriam ser exercidas com igual dose de sabedoria médica e humanidade. Pela letra da lei e pela letra da consciência. E acima de tudo com muita humildade.
Seguirem estas carreiras por vaidade, por satus, por prestígio é talvez o mais perigoso de todos os passos.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cá se Fazem...

Prometi à Alice que lhe fazia uma papa Maizena para o lanche. Ela foi dormir a sesta e meto a mão na massa (neste caso na Bimby) para preparar essa recordação de infância chamada Maizena.
Despejo-a para o prato e fico ali a vê-la, a saliva mistura-se com as lágrimas que engoli. Eu olho a papa Maizena e ela olha-me a mim num flirt mais do que sensual. Pode ser que a minha filha se esqueça que lhe prometi e mesmo que se lembre posso sempre fazer outra a correr.
Pego no prato, numa colher de sopa e sentindo-me tremendamente culpada por roubar o lanche da minha filha abanco-me no sofá. Mas espera aí Ana falta uma coisa fundamental: Canela!
Levanto o rabo do sofá e corro à cozinha onde despejo à pressa o frasquinho da canela em pó. Volto a sentar-me, olhos vidrados na televisão. A verdadeira alarve. Atesto a colher de sopa e detenho-me a meio caminho só a antecipar o sabor maravilhoso. Levo a colher à minha boca salivante e...
O vómito chega, à ultima hora consigo evitar que saia tudo a jorros pela boca fora. Olho o prato e aquilo não parece canela. Aquilo não é canela... Aquilo é caril em pó...

O Pânico Instalou-se

Será normal pôr gotas nos olhos e engoli-las?
Vou explicar melhor, quando ponho as gotas nos olhos acho que elas passam para a garganta.
Será possível, ou estarei toda rota com os canais em curto circuito?
O pânico apodera-se de mim a um ritmo galopante.
Acho que vou experimentar pôr as gotas na boca e ver se elas saem pelos olhos só para confirmar.

Esquecer-me de Mim no Meio de Nós

Eu sei que há casais que fazem absolutamente tudo à frente um do outro e que algures na vida em comum se esqueceram até onde acaba um e começa o outro.
O tempo vai passando e o que antigamente era escondido com pudor à sua cara metade, agora é exibido sem qualquer espécie de vergonha.
Toca de se bufarem, limparem os salões de baile enquanto vêem um filme na televisão, coçarem a micose com um ruído tal que acordam os vizinhos, partilharem o mesmo espaço enquanto um deles despeja a sua matéria orgânica.
Entre eles já não há barreiras de qualquer espécie, já não há mistérios por desvendar e absolutamente nada a esconder.
Pois eu acho que este é o primeiro passo para o suicídio do romantismo.
Há simplesmente coisas que devemos manter só nossas e por muitos anos de convivência que se tenha, não devemos desvendar tudo, tudo, tudo.
Eu continuo a ser eu mesmo depois de casada, não nos fundimos num único e indistinto ser. Por incrível que pareça a alguns casais ouvir isto, eu ainda tenho a minha conta bancária e ele tem a conta bancária dele. A única conta que partilhamos é a da nossa filha.
O Hugo tem os seus amigos e eu tenho os meus. Não passaram subitamente a ser os nossos amigos.
O mais aberrante de tudo é eu ter uma operadora de telemóvel e ele ter a dele. Aqui sim já fomos alvo de olhares incrédulos, torcidelas de nariz e até críticas mais severas.
Mas eu continuo a achar que nos temos safado bem assim. É que eu não queria esquecer-me de mim algures no meio de nós :)

terça-feira, 26 de maio de 2009

Diálogos a Duas

Desde que a minha filha começou a falar que as minhas viagens de carro nunca mais foram as mesmas:
- Mãe o que é aquilo?
- É uma antena Alice.
- O que é uma antena?
Cansada tento responder da maneira mais cobarde:
- É aquilo que está ali.
- Mas o que é?
Sentindo-me culpada faço um esforço:
- Aquela em cima do prédio serve para ajudar os telemóveis.
- O quê? Não percebo nada mãe!
Em desespero de causa tento desviar a atenção dela:
- Porque é que não ouvimos a música? Vamos cantar vá lá lá lá.
- Mãe o que é uma antena?
Estratégia Bomba Nuclear:
- É um objecto que permite emitir, ou receber ondas electromagnéticas.
- Ah! Está bem.

- Mãe porque é que a lua vem sempre atrás dé nós?
- Porque é enorme e está em todo o lado.
- Não, porque é que ela vem sempre atrás de nós?
- Porque gosta imenso da nossa companhia.
- A sério? Eu também gosto muito dela.

Cinco Em Câmara Lenta

O João Pedro e a Hannah desafiaram-me para apontar 5 momentos na minha vida que gostaria de ver repetidos em câmara lenta. E como fico sempre com a sensação de que é indecente da minha parte esquecer-me de tantos desafios, vou respirar fundo e lembrar-me. Às vezes é bom lembrar para não esquecer o essencial.
1- Podia dizer que queria ver repetido em câmara lenta o dia em que a minha filha nasceu, mas vou antes dizer que gostava de voltar àquela manhã de inverno em que me deitei ao lado dela e adormecemos a olhar bem nos olhos uma da outra. Foi como se finalmente pudesse descansar e ceder ao amor que sentia.
2 - Gostava de reviver em câmara lenta o dia do nosso casamento. Não a cerimónia em si. Mas à noite, quando tudo tinha terminado e ficámos apenas os dois como marido e mulher.
3 - A viagem que fiz a Itália com a Rita e a Diana. Sem histórias de amor nas nossas vidas. Tudo era possível, tínhamos a vida inteira à nossa frente e uma amizade cheia de cumplicidade.
4 - A primeira vez que vi Veneza. Até hoje lembro o nó na garganta, o arrepio de emoção quando o comboio entrou em Santa Lúcia.
5 - Quando segurei o exemplar do meu livro nas mãos e senti que os sonhos também se tornam realidade.

O que Não Devem Oferecer A uma Mulher

Só para o caso dos poucos membros do sexo oposto que lêem este blog estarem interessados, vou-vos dizer o que é que uma mulher não gosta de receber como presente e por favor mulheres que me lêem, confirmem, ou desmintam se estiver errada:
Electrodomésticos.
Há qualquer coisa na oferta de um ferro de engomar última geração, ou numa picadora 1,2,3 que faz passar a mensagem:
-És boa como tudo... Boa doméstica!
Nós gostamos de sentir que ainda há uma mulher por baixo das tarefas caseiras que nos consomem. E precisamos de vocês para nos puxarem da pilha de roupa por passar, para nos dizerem que somos muito mais do que isso. Já para não falar que quando nos oferecem um electrodoméstico, dão um presente para a casa e não para a vossa mulherzinha.
Voluntariarem-se para passar a roupa já é de considerar como presente de sonho.
Sei que não fazem por mal. Aliás, tenho a certeza que quando o Hugo me ofereceu aquela máquina de iogurtes num dos meus aniversários, foi apenas porque eu andava a sonhar há meses com iogurtes caseiros e ele decidiu fazer-me aquela surpresa fantástica. Mas quando abri o embrulho e vi uma iogurteira, qualquer coisa dentro de mim quebrou e dei o meu melhor para me mostrar fascinada com aquela surpresa.
Mas não era o presente de anos que queria...
E agora vou confiar na minha tremenda sorte que me diz que ele não vem aqui ler isto :)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ódios de Estimação (Desabafo número 9)

Casais de namorados sentados românticamente em bancos de jardim a espremerem pontos negros um ao outro. Não existe explicação possível para tanta intimidade cutânea. Só me dá vontade de lhes vomitar em cima.

Ler, ou não Ler no WC?

Ler, ou não ler no WC, ou water closet para os mais eruditos, eis a questão.
Durante muito tempo achava quase um sacrilégio levar boa literatura para me entreter durante o acto de... Como é que lhe hei-de chamar? Durante o acto de libertação orgânica.
E como sempre fui rápida, indolor e inodora (é claro) durante a coisa, nunca achei necessário munir-me de um livro para me acompanhar nas horas mais solitárias.
No entanto sabia de pessoas que se não tivessem mais nada à mão levavam as Sagradas Escrituras para o poleiro. Outras que levavam a chamada literatura de bosta, como as revistas da fofoca. Outras que eram até capazes de levar os Miseráveis de Victor Hugo para as ajudar na árdua tarefa de parirem um calhau.
Confesso que sempre me ri à socapa só de imaginar a cara do Saramago se soubesse que era lido em tais circunstâncias. Se bem que para mim o Saramago (e atirem-me pedras se quiserem) é literatura de insónia. Resulta melhor do que um Valium 10.
Mas avançando na minha divagação. Como já devia ter aprendido há muitos anos, não devemos gozar com nada na vida dos outros, pois um dia pode-nos calhar a mesma sorte e assim foi. Grávida de poucas semanas, comecei a ser assolada pela mais grave crise de prisão de ventre da minha existência.
Nada resultava. Por mais fibra que enfiasse pela garganta abaixo, a Alice foi a responsável pelo maior número de horas sentada na sanita de que tenho memória.
Nessas minhas horas solitárias dei por mim a ler os rótulos dos Shampôs, Gel de banho, pasta de dentes, até bulas de medicamentos. Tudo servia para me abstrair daquela tarefa tão dura em todos os sentidos e timidamente comecei a levar às escondidas umas revistas da cusquice para me acompanharem. Não havia melhor do que ler as aventuras da Lili Caneças naquele ambiente. Mas cedo me entediaram as aventuras do nosso Jet7. Eram sempre as mesmas caras, as mesmas festas, os mesmos eventos. Por isso essas revistas cederam lugar aos livros.
Depois da minha filha nascer e consumida pelo choro constante daquele bebé absorvente. O único tempo que tinha para ler era de facto na casa de banho. E muito embora já não sofresse de qualquer dificuldade a esse nível, dava por mim a ler entre o sossego daquelas quatro paredes. Acreditem que cheguei a ler um livro inteiro apenas nos momentos em que me sentava na sanita.
Hoje em dia atribuo a esse hábito que sempre critiquei um nome bem mais pomposo do que é na realidade. Eu digo que é a paixão pela leitura.
Mas há quem certamente diga com a mesma rapidez que me estou é a cagar para a leitura.
Tenha o nome que tiver, digam o que disserem, eu prefiro continuar a pensar que é tremendamente intelectual levar um bom livro para qualquer parte da nossa vida.

domingo, 24 de maio de 2009

O Meu Puff


E porque o mais giro num blog é podermos escrever desde os temas mais profundos, aos mais parvos. O meu tema de hoje é tão válido com qualquer outro e é parvo que se farta.
Comprei um puff para a minha sala. Não é um puff qualquer, é de pele castanha e cheira a vaca cremada (juro).
Comprei um puff porque adoro enterrar-me dentro daquela superfície envolvente a ler um bom livro e só conseguir sair lá de dentro com a ajuda de uma grua, ou da força braçal do Hugo.
Confiei na Alice que se atirou para cima dele com o ar mais relaxado do universo e me implorou que o levasse para nossa casa. E então eu trouxe-o para nossa casa.
Depois de o colocar estrategicamente num sítio onde pudesse observar tudo sem ser observada decidi ceder ao impulso infantil que ainda tenho dentro de mim e atirar-me para cima dele. No caminho entre o voo em que me lancei e a superfície de pele de vaca cremada imaginei-me a ceder à preguiça durante a programação da tv e fechar os olhos. Era o início de uma longa relação de amizade...
Só que quando aterrei a única coisa que senti foi a minha espinha a partir-se.
Devo ter comprado a porra do puff mais duro da história dos puffs.
De maneira que agora serve para estender as pernas enquanto leio, neste caso um bom livro.
Nesse sentido foi um bom investimenro, mas apenas e só nesse sentido, as minhas pernas agradecem...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

E Quando as Coisas Simplesmente Terminam?

Quando oiço dizer que aquele namoro de 10 anos chegou ao fim. Que aqueles dois que pareciam pertencer um ao outro desde sempre seguiram caminhos diferentes pergunto-me o que é que correu mal.
As coisas não evoluiram e estagnaram, pendentes de tudo à sua volta simplesmente bloquearam no tempo. Não há ainda condições para um casamento, ou vida em comum, para filhos, para uma casa e ficam naquele eterno namoro de jovens que parece retê-los, prendê-los numa época, congelando tudo à sua volta.
Um dia acordam e decidem que a sua vida está em pausa há 10 anos e que não vai passar daquilo.
Depois o mais estranho sucede. Eles separam-se, muitas vezes ficam grandes amigos. Coisa que nunca entendi, pois eu não seria capaz de ficar grande amiga de uma ex-relação gigantesca. Conhecem alguém novo, casam e têm filhos a correr.
Porque é que não o fizeram com aquela pessoa durante 10 anos? O que é que não sentirá o outro quando vê o parceiro de tantos anos recompôr-se tão rapidamente e arranjar alguém com quem finalmente dá o passo seguinte? Foram 10 anos de quê? De um tremendo engano? Ou foram 10 anos necessários para cada um seguir uma vida completamente oposta à que viviam?
É um mistério para mim. Mas imagino que deva doer para quem assiste ao recompôr veloz da vida de quem pensou durante tanto tempo ser a sua alma gémea.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Não Me Pertences

Bem sei que não posso ser eternamente a protagonista na tua vida.
Apesar dos nossos dias em conjunto se assemelharem a uma longa metragem, os papéis vão brilhando mais, ou menos, consoante o desenrolar da história.
No episódio de hoje entraste aflita na casa de banho enquanto eu tomava banho e gritaste: Mãe não podes molhar os olhos, tem cuidado!
No episódio de ontem sabias onde estavam as minhas gotas e assim que disse que estava na hora de as pôr apareceste com o frasquinho na mão.
E eu senti um conforto inexplicável por te saber atenta, preocupada comigo e pedi secretamente para que esse instinto nunca te passasse.
Pedi em segredo que nunca me visses como um fardo pesado demais na tua vida quando começasse a revelar-me menos jovem.
Pedi em segredo para que nunca me visses envelhecer mal. Pois mais do que a morte física, tenho pavor da morte pelo olhar dos outros. Quando os filhos deixam a pouco e pouco de ouvir os pais, de dar importância à sua palavra. Quando os pais se tornam invisíveis. Quando a companhia não passa de uma obrigação cumprida com enfado. Tenho muito medo de envelhecer assim.
Depois olhei para ti e senti que a cada minuto que passava eras menos minha mais um bocadinho, mas que apesar de tudo, eu seria tua incondicionalmente até ao último dos meus dias. Simplesmente porque é esse o destino de uma mãe.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A Minha Primeira Míele


Eu não sou uma dona de casa exemplar. Não gosto da maior parte das tarefas. Aliás, encaro-as como um trabalho que tenho que cumprir o mais rapidamente possível para me poder entregar a outras coisas mais importantes.
Lembro-me que há uns anos atrás ouvia uma conversa de mulherio sem intervir e elas falavam de como esticavam a roupa toda antes de a pendurar no estendal. Parece que assim a roupa ia impecável para passar a ferro. Os meus olhos deram uma volta completa nas órbitas como se tivesse saído do exorcista.
- Fazes o quê? Pergunto eu.
- Ah a minha roupa não se estraga. Há pessoas (leia-se mulheres) que estragam a roupa toda na máquina. Isto tudo dito num tom de cumplicidade, de mistério feminino. Como se fosse uma realidade paralela que me andava a passar ao lado há anos a fio.
Tendo esta mentalidade pouco doméstica nunca investi em electrodomésticos topo de gama. Ia sempre para as marcas mais baratas. Pois podia jurar que faziam exactamente o mesmo que as mais caras.
Fazer o mesmo até faziam, mas durante quanto tempo era a verdadeira questão...
O primeiro a padecer foi o meu frigorífico americano LG . Com apenas 1 ano e meio morreu de um dia para o outro levando consigo toda a comida armazenada no seu interior. Esteve 3 meses para voltar cá para casa. 3 meses longos e duros em que eu repeti para mim mesma que o barato sai caro.
Depois foi a máquina da loiça que deixou de secar a loiça.
E least, but not last, a máquina da roupa que de cada vez que centrifugava nos obrigava a fugir de casa devido ao barulho de explosão eminente.
Foi então que me passei da cabeça. Acho que se pode dizer que tive uma epifania de Dona de Casa Perfeita e decidi comprar uma máquina Míele. Esse mito, esse ícone do mundo do electrodoméstico.
Ao penetrar no interior da loja disse apenas: Eu quero uma Míele.
- Mas tem preferência por algum modelo? Costuma lavar sedas, roupa delicada? Temos a nova tecnologia do tambor com favos e...
- Sedas eu? Favos? Não, eu só quero uma Míele.
Olhares estupefactos da empregada.
- Eu quero a mais barata de todas. Só tem que durar como uma Míele.
E continuei a repetir a mesma frase para a empregada que me deve ter rotulado de lavadeira ignorante assim que me pôs os olhos em cima.
E assim meus queridos, esta dona de casa imperfeita acabou de adquirir um mito de fazer roer de inveja o mulherio mais preocupado com as questões da lavandaria doméstica.
Eu também tenho uma Míele.

A Venda Agressiva

Eu sei que já falei sobre isto, mas eles "andem aí" e eu não consigo controlar a minha vontade de mal dizer.
Os vendedores de cartões de crédito no meio dos centros comerciais, as barraquinhas com campanhas de ajuda para tudo o que mexe nos corredores dos hipermercados que me obrigam a caminhar com o meu olhar pregado no infinito, ou a atender uma chamada imaginária de cada vez que passo por eles são já um dado adquirido na minha existência.
Mas há um pesadelo que não consigo superar. Aquele que me dá vontade de gritar de cada vez que me assediam:
- Deixa ver sua mão! Querida venha cá, há quanto tempo não cuida da sua mão? Olha para mim, não vai embora!!!!
De cada vez que vejo um desses quiosques de venda de produtos para as mãos o meu olhar no infinito não resulta, as chamadas imaginárias são irrelevantes, o meu ar mais antipático deve ser visto por elas como sorriso cativante. Pois as mulheres não vão desistir enquanto não conseguirem enfiar-me uma mistela nas mãos e juro-vos já estive mais longe de fazer uma queixa à direcção do Shopping. Que merda é esta? Tenho a sensação de caminhar por uma rua de Calcutá com uma fila de crianças famintas atrás de mim a venderem caricas, garrafas de água contaminada, tudo o que consigam impingir ao turista. Só que eu não estou na Índia, estou numa superfície comercial em Portugal. Mas pelos vistos apostada em querer dar a imagem do 3ºmundo a quem por lá se passeia.
Eu já decidi a estratégia: Vou enfiar um tijolo na carteira e da próxima vez que elas correrem atrás de mim para que eu lhes mostre as mãos, eu mostro-lhes o poder do tijolo na face (que é para não dizer na tromba).

terça-feira, 19 de maio de 2009

Ódios de Estimação (Desabafo número 8)

Pais de Criancinhas insuportáveis que nada fazem para corrigir o filho.
- És velha e feia! - Diz a criança na direcção da avó.
Sorriso amarelo da avó. Mãe em voto de silêncio.
- Tens uma barriga enorme, porque é que és tão gordo? - Fala a criancinha na direcção do avô.
Mãe ainda é capaz de sorrir como quem diz: Ai que gracinha que ela tem. Mesmo já com 9 anos continua encantadora, cheia de espírito.
Penso que aqui estão os futuros putos bullings, se é que este nome existe. Os miúdos a quem tudo é permitido, a quem não é incutida uma réstia de sensibilidade para com o próximo. Miúdos em que a javardice, porque é o único termo que me ocorre depois de passar 5 minutos com uma criança assim, é aplaudida como uma graça sem fim pelos pais babados por tudo o que o filho faz.
Nesta espécie de anarquia em que o pai insiste em ser compincha em vez de pai, a mãe melhor amiga em vez de mãe. Neste marasmo em que não há deveres, apenas direitos, em que o mau comportamento não é travado porque dá muito trabalho, ou simplesmente porque se tem medo de dizer não ao menino é que se criam monstros infelizes.
Se pensam estar a fazer o melhor por eles ao sorrirem com todas as "gracinhas" preparem-se para o maior choque da vossa vida...

A Passagem do Tempo

Hoje queria abrir o armário e ter só coisas perfeitas para vestir. Olhar-me ao espelho e ver apenas um reflexo que me fizesse sorrir. Hoje queria deixar de olhar para aquela nódoa na minha camisa preferida e concentrar-me em tudo o que não está manchado. Hoje queria deixar de olhar a loiça suja à espera das minhas mãos e olhar apenas a loiça nos armários. Perfeitamente arrumada.
Hoje queria poder abraçar-me e confortar o meu corpo tenso demais.
Hoje queria poder viver de amor, chegar-me a ti e inspirar-te como um remédio milagroso.
Hoje sei que tenho que me sentar aqui e ganhar inspiração. Hoje de todos os dias tenho que fechar os olhos e sentir-me tocada por aquele sopro invisível que nos lança as mãos numa correria inexplicável para se manterem ligadas ao pensamento.
Hoje sinto-me pequena e logo hoje que tinha que me sentir gigante.
Às vezes o tempo range quando passa e conseguimos ouvi-lo sussurrar em cada recanto de nós.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

E Quando o Toque do Telemóvel Estraga Tudo

Não acham que um toque de telemóvel diz muito acerca do seu dono? Não que eu goste de pôr rótulos, mas eram capazes de se apaixonar por alguém cujo toque de telemóvel fosse "Para bailar La Bamba"?
Ou fechar um negócio importante com um sujeito cujo telemóvel começasse a entoar umas gargalhadas desenfreadas de bebé?
Só eu é que perdia o apetite se estivesse num jantar e começasse a ouvir no volume máximo a Ana Malhoa a cantar?
Sempre que compro um telemóvel (ao longo da minha vida tive 2) a primeira coisa que faço é procurar um toque que se pareça com um telefone. Mas isso sou apenas eu, uma conservadora incorrigível no que toca às telecomunicações.
Tirando o alerta de mensagens que é uma campainha da porta a tocar, o meu toque chama-se trim-trim.

O Amor à Primeira Vista

Todos somos ensinados a procurar um grande amor desde cedo.
Há quem diga que basta um olhar para sabermos que estamos destinados. Outros defendem que quando as palavras encaixam magicamente naquilo que sentimos e se antecipam a nós encontrámos o filão do amor.
Há ainda quem acredite que é quando os corpos se conhecem e se encaixam como uma roupa feita à medida que teremos chegado ao fim da nossa busca e a nossa vida pode rumar para dentro da outra pessoa como uma corrente imparável. Podemos deixar-nos ir, podemos esquecer-nos de nós, de quem somos, de quem queríamos ser e passarmos o resto dos nossos dias a dedicar-nos ao outro com um náufrago que acabou de encontrar uma embarcação que o socorreu.
Esta pode ser, ou pode não ser a minha opinião. Mas o que eu gostava mesmo de saber é se acreditam em amor à primeira vista? Se acreditam que ainda existem amores para sempre que começaram assim com um olhar, um toque, uma carícia suave...

domingo, 17 de maio de 2009

Quando a Pachorra Atinge o Nível do Guiness

Pior que o genérico da nova novela da TVI, pior do que ver as criancinhas a cantar em tudo o que é canal, pior do que aquele mágico cobarde e com uma máscara do filme Haloween a cobrir-lhe as ventas, que põe a nu todos os truques de magia, apostado em deixar o Luís de Matos no desemprego. Pior, mil vezes pior do que tudo isto junto, só mesmo o World Guiness Book Of Records.
Ainda hei-de ver por lá alguém a tentar a proeza de conseguir tirar 5 quilos de cotão do umbigo em cinco segundos. Ou mais macacos do nariz do que aqueles que consegue engolir em 10 segundos. Pessoas lutadoras que treinaram anos a fio da sua vida só para atingirem este nível de perfeição. Até me comovem.
Haja pachorra para a programação televisiva em Portugal. Mas haja pachorra redobrada para a programação televisiva de fim de semana.
Se não fosse a minha Power Box o que seria de mim?

sábado, 16 de maio de 2009

Morder a Língua

Sabemos que andamos a falar demais em frente da nossa filha quando entramos na sala e ela nos diz:
- Então Bitch?

Diz-me a tua matrícula dir-te-ei quem és


A L criou este desafio no mínimo original. Quantas vezes não passo por carros cujas matrículas me fazem rir, pensar, imaginar, dar seguimento às letras.
Lembro-me quando há alguns anos atrás, a minha irmã foi buscar um carro novo a um stand e veio toda vaidosa, sorriso de orelha a orelha a conduzir o seu brilhante Honda Civic. Passou cá por casa para me mostrar aquela máquina reluzente, em contraste com o meu Renault 5 em sétima mão, mas muito estimado e amado. Quando a vi dobrar a esquina, cheia de si, o meu olhar caiu sobre a matrícula e o riso começou numa crescente incontrolável, até tomar conta de tudo à minha volta. Ela incrédula perguntou:
- O que é que foi, não gostas?
- Vais-me dizer que não viste? Ah Ah Ah
Ela começou a ficar verde, já a imaginar que ia tecer uma qualquer crítica invejosa ao bólide novo.
- A matrícula! Ah Ah Ah Ah
- O que é que tem a matrícula?
- PU, não viste? Não reclamaste? Ah Ah. A tua matrícula é PU!!!!!!
Ela ficou na mesma, mas se fosse comigo tinha esperado mais um mês só para não andar ao volante de um carro com tamanho estigma. Só eu é que via as iniciais daquela palavra de beira de estrada?
Passando esta memória de juventude e voltando à matrícula do meu carro. Vocês que me conhecem e que sabem um bocadinho acerca das coisas mais importantes na minha vida vão perceber o que senti quando bati os olhinhos (na altura com óculos) nesta pérola da literatura automóvel.
De cada vez que olho a matrícula do meu carro é e será sempre Alice, o nome da minha filha :)
Quem se sentir motivado a fazer este desafio é favor matricular-se à vontade.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Tirem-me deste Filme

Estou proibida de deixar entrar água nos olhos durante um mês. Ora bem em termos de lavar o cabelo pensei em óculos de mergulho. Mas na primeira semana dei o desconto e resolvi entrar num cabeleireiro ao acaso só para lavar o cabelo:
- Boa tarde é só para lavar e secar rapidamente.
O cabeleireiro estava às moscas, senti-me a primeira e última cliente do dia.
- Ai mas qual rapidamente, vai fazer mãos?
- Não, só mesmo lavar e secar.
- E pés?
Começo a olhar a porta da saída, mas já fui empurrada e conduzida a um dos lavatórios onde uma mulher de meia idade histérica e oxigenada me empurra. Fica-me com o casaco e com a carteira e faz com que desapareçam algures num armário embutido.
"Porra que fui emboscada". Penso já com a toalha aos ombros.
- Só lhe pedia que tivesse cuidado com os olhos para não entrar água.
Mas a mulher já me enfiou a mão no escalpe como se não houvesse amanhã e diz-me:
-Relaxe querida que eu vou cuidar de si. Ai tanto stress que estou a sentir.
"Pudera", penso eu.
E as manápulas impiedosas lançam bocadinhos de espuma em todas as direcções, mas principalmente para os meus olhinhos vermelhos e aterrorizadamente fechados. Depois segue-se o que me pareceu uma cena de filme de ficção científica. Ela massaja-me o craneo com tal força que me preparo para morrer de traumatismo ucraniano (como diria a minha empregada).
- Está a sentir o stress a sair?
"se continuas assim sai-me o cérebro pelo rabo, disso podes estar certa" pensei.
E toca de me espremer mais a cabeça, convencida que estava a caçar uma cliente para toda a vida. Quando dei por ela estava com as mãos no meu pescoço a pressioná-lo até ao limiar da fractura exposta.
- Sabe é que estou com um bocadinho de pressa.
- Mas que pressa, deixe que cuidem de si para variar.
Acabou a lavagem e levantei-me com a massa encefálica a sair pelo nariz e o cabelo dormente.
- Uma secadela rápida, não quero brushing.
- E sai assim desarranjada? Nem pensar meu amor.
E toca de me enfiar as molas no cabelo, me repuxar com a escova, mandar-me com o bafo do secador para os olhos que parecem post-its de tão secos.
Saí de lá com menos 22 Euros e o orgulho feito em fanicos. O que é que me aconteceu ali dentro? Como é que me deixei levar daquela forma? Só pode ter sido a massagem mortífera que me assassinou uns quantos neurónios.
Cabeleireiros ao acaso nunca mais na minha vida. Óculos de mergulho venham eles. Ou então peço ao meu marido que me lave o cabelo no jardim e faça de Robert Redford que eu faço de Meryl Streep.

E Quando as Notícias da Vida de Alguém São Boas Para Variar


E quando ficamos anos sem ouvir falar daquela pessoa que marcou uma altura do nosso passado e de um dia para o outro descobrimos que compôs e interpreta (como percursionista) a música que nos vai representar no Festival Eurovisão da Canção?
Não que esse evento me diga alguma coisa, ou que sequer me dê ao trabalho de verificar se ficámos em último, ou penúltimo lugar. Mas este ano podes crer que vou torcer por ti . Quem sabe não perco a cabeça e até assisto ao evento pela televisão? E daí acho que prometo o impossível, tenho uma ideia melhor, gravo na power box e depois meto em Fast Foward até chegar à vossa interpretação.
É que tu, apesar de tudo, nunca desististe da música e eu prezo muito quem corre atrás dos seus sonhos.
Força Pedro Marques!

Torrada com Manteiga

Quando penso na melhor forma de decidir se aquele é um amor de verdade uma única imagem chega de rompante e afoga-me o coração em mil sentidos.
A forma como ele faz com que ela se veja.
Não são as palavras, os beijos, os abraços, os presentes. Se bem que também é tudo isto, mas agora, para o que importa, não é nada disto.
Ela vê-se reflectida no olhar dele, pelo olhar dele e isso faz com que volte a resgatar o amor por si mesma. Pois nunca se tinha visto assim. Nunca se imaginara pelos olhos de ninguém que não os dela própria e esses eram demasiado injustos, exigentes, negligentes até.
Mas agora que aprendeu a ver-se pelo olhar do amor sente que afinal até merecia uma coisa assim.
Quando alguém consegue amar-se e comover-se através do olhar que lhe lançam de si própria. Quando alguém vê relfectido na emoção do outro tudo o que jamais imaginou possuir, não terá que procurar muito mais. É como torrada com manteiga. Completam-se.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Quando o Luxo do Repouso se Torna Uma Miragem

A indiferença dos filhos pequenos ao nosso mal-estar é talvez das coisas mais cansativas que alguma entidade superior inventou apenas com o propósito de nos torturar.
Eu só queria poder estar um bocadinho com os olhos fechados, pois eles estão tão, mas tão secos que se sair à rua com o vento que está fico com a paisagem inteira colada nos olhos. Autocarros e tudo.
As palavras de conforto que recebo:
- Mãe, ó mãe olha para mim. Não quero que tenhas os olhos vermelhos, não gosto. Mãe, ó mãe olha aqui, não gosto quando fechas os olhos. Mãe, ó mãe, olha só o que eu estou a fazer. Olha as minhas pulseiras mágicas, queres ver a magia? São perfeitas! Mãe, ó mãe estás melhor e agora já melhoraste? Já podes olhar? Mãe querida fofinha eu adoro-te e tu? Agora estás bem? Mãe nunca mais vais ao médico dos olhos, nunca mais!!!!!!!

Mais um Cheirinho do Primeiro Mundo

Na Suécia quem nos atende nos restaurantes e atrás dos balcões são suecas descomplexadas de olhos azuis fluorescentes e cabelo muito loiro. Verdadeiras betinhas surfistas da linha. Uma pessoa até se sente assim constrangida quando aquelas meninas todas cheias de estilo nos enfiam com o salmão em cima da mesa. A nossa vontade é convidá-las para se sentarem connosco como velhas/novas amigas.
É claro que também há emigrantes atrás dos balcões, mas a maioria é assumidamente e sem qualquer tipo de vergonhas, sueca.
O que me leva à questão: Onde estão os nossos empregados de mesa? Aqueles que conhecem as caras, os nomes dos nossos filhos, nos perguntam pelo trabalho, sabem o que mais gostamos de comer. Aqueles que fazem do servir à mesa uma arte, um prazer para quem é atendido?
Sim, estão a envelhecer e nos restaurantes mais típicos, aqueles que insistem em manter algumas tradições, como a dos empregados de mesa-família como eu lhes chamo.
Ainda vou a alguns restaurantes onde me tratam por menina e sabem exactamente o que vou pedir, ainda que fique anos sem aparecer por lá.
Mas infelizmente os portugueses têm cada vez mais vergonha, ou idiotice ainda não percebi bem, de trabalharem no que quer que seja que não tenha Dr. antes do nome. Por isso é vermos esta arte tão querida em vias de extinção e cada vez mais empregados de outras nações, ou mesmo da nossa nação a atirarem-nos com pratos em cima do topo da sua arrogância. A não perceberem os pedidos à primeira, à segunda, ou à terceira e a fazerem o favor de nos porem a comida à frente sem um sorriso, sem um bom dia, sem nada que nos dê sequer vontade de lhes deixarmos 1 cêntimo de gorjeta.
Qualquer dia temos que os tratar por Dr. Em vez de: "Faxavor Garçon" (ah ah garçon) passará a ser: "Faxavor Sr.Dr! Podia mandar passar mais um bocadinho o bife?"
- Ah se eu sou Dra.? É mesmo preciso saber o meu grau académico para mandar passar o bife? Então sou Doutora por extenso, Arquitecta, Engenheira e quero isso bem passado!
Na Suécia não se tem vergonha do trabalho, qualquer que ele seja. E cá? hmmm acho que não é preciso pensar muito.

*Perguntinha idiota: Já vos aconteceu pedirem-vos para preencher um estúpido cartão de fidelidade de uma loja rasca de bijutaria e uma das perguntas ser: Grau académico? Só mesmo cá...
E os cartões que nos impingem nas lojas davam outro post...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Mulheres da Blogosfera e da Vida Real

Achei que o tema do post anterior merecia uma continuação. Por isso aqui venho completar alguns pensamentos que tenho acerca do sexo oposto e da mente feminina.
Sempre fui muito resguardada em relação a mostrar-me por inteiro logo à partida. Se queremos que alguém nos conquiste não podemos dar-lhes de mão beijada todas as chaves para o sucesso. Gosto de deixar as pessoas agirem sem saberem bem o que dizer para me conquistarem. Sem lhes dar muitas pistas.
Só quem me conhece realmente bem tem acesso aos meus meandros interiores.
Mas por algum estranho motivo. Quem sabe para compensar um pouco a minha retracção, tal como uma irmã de alma que puxa por nós, a escrita sempre me obrigou a mostrar-me tal e qual como sou, não me deixando travar, calar, conter, guardar. Na escrita sou plena de mim. Simplesmente porque não consigo escrever o que não sinto.
Essa dualidade sempre me manteve equilibrada, por isso, tal como alguém que precisa de uma terapia qualquer para não descarrilar, a minha terapia são as letras que me espelham e me limpam.
Quanto àquelas mulheres que se denunciam logo à partida a um homem em fase de conquista não as critico. Mas eles são muito mais espertos do que aparentam ser com aquele olhar que nos absorve. Enquanto vocês falam dos amores falhados ao longo da vossa trágica vida amorosa, dos que já vos levaram para a cama, da vossa carência doentia pelo sexo oposto, eles já vos estão a pôr uma cruz vermelha em cima.
Enquanto vocês falam acerca da necessidade que têm de ser surpreendidas já eles estão a magicar a forma como no dia seguinte vos vão surpreender. E depois ficam nos céus porque ele simplesmente adivinhou o que vos faz felizes, quando simplesmente se limitou a ouvir as vossas dicas todas.
Não digo que não se dêem a conhecer, mas façam-no com calma meninas. Penso que este jogo da conquista deve ser feito de igual para igual. Dêem quando ele der. Carta a carta, dia após dia vão lançando mais um bocadinho de vocês e quando sentirem que se podem realmente mostrar, que aquele homem é de facto merecedor de entrar no lado de dentro da vossa vida, força.
Nós temos realmente o coração perto da boca e acho isso um dom maravilhoso. Mas é também uma faca de dois gumes. Penso que devemos ter o coração perto das palavras só para quem o merece...
Sei que há homens que se soltam na escrita e que se emocionam quando escrevem. Penso que o exemplo mais real que tenho desse tipo de homem é o Miguel Sousa Tavares que quando escrevia para a Máxima me fazia chorar e quando o lia no Público nas suas críticas mordazes me fazia aplaudir o espírito acutilante e corrosivo com que lançava as suas farpas ao país. Por isso é que pergunto: Onde é que está esse espírito partido em dois aqui na blogosfera? Vá, toca a mostrarem os dois lados de vocês.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Homens da Blogosfera

Porque é que na blogosfera e na vida real também temos mais mulheres a falarem de sentimentos do que homens? Será uma táctica de defesa pessoal?
Na vida real nada dizem, pouco se expõem e deixam a tontinha desbroncar-se toda acerca do que sente, do que gosta, do que queria de um homem e depois zás, dão-lhe o golpe de mestre encarnando subitamente tudo aquilo que ela já deixou no ar. De seguida temos aquela amiga que vem ter connosco sonhadora e diz: Ele adivinha-me antes de mim própria. E nós não querendo magoá-la, soltamos um: Mas exactamente o que é que lhe falaste de ti?
Só que na blogosfera não há estas regras de retracção/ataque (pelo menos eu acho que não há). Então porque não mostrarem mais um bocadinho do vosso avesso? Sem estarem refugiados no humor, na política, no sarcasmo que, repito, adoro, mas às vezes sabe a pouco...
Eu sei que eles também os têm, aos sentimentos e fundos que se farta. Então porquê esse medo de se exporem, esse pé atrás sempre que têm que ligar o coração à boca, ou à escrita?
Adoro os blogs sarcásticos, cheios de humor, despreocupados dos meus companheiros de blogosfera. Mas adoraria que um dia eles se passassem todos da cabeça e desatassem a polvilhar a sua escrita com um bocadinho deles.
As mulheres sem dúvida são bem mais corajosas nestas coisas do coração, entram nisto de peito aberto. Ou então são tremendamente parvas ainda não percebi bem...

Novidades da Retina

No meio da névoa que ainda povoa o meu olhar (por isso não consigo responder aos vossos comentários de ontem) venho dar-vos notícias dos meus olhos.
A coisa correu bem porque eu ia pedrada a conselho do médico. E parece que me comportei lindamente. Sim porque no meio de olhos com separadores, pálpebras com fita cola, gotas e cotonetes a passearem-se sem pudor pela minha retina, ainda me era pedido que olhasse um milímetro para trás, para a direita. E, hipnotizada pelo calmante milagroso lá fiz tudo o que me era pedido.
Confesso que houve um detalhe que me pôs um bocadinho apreensiva. Na parte do laser começou a cheirar-me a esturro...
Quando me levantei da marquesa consegui ver as horas no relógio de parede, apesar do nevoeiro britânico que ainda me envolve, consegui dar um grande beijinho ao médico por aquele pequeno milagre que ele tinha acabado de operar na minha vida.
À parte disso tenho os olhos tremendamente, para não dizer assustadoramente vermelhos e hoje volto lá para ver se a coisa ficou mesmo bem.
Quando o nevoeiro abandonar estas paragens volto em força ;)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Santini


Se algum dia fizesse uma lista das 10 coisas que qualquer pessoa deveria fazer antes de morrer. Uma delas seria certamente comer um gelado do Santini.
Pegar num daqueles copos a transbordar de peças de fruta em forma de gelado, arrastar os meus pés e os da Alice para um qualquer recanto onde possamos saborear em conjunto aquele sabor incomparável é sem dúvida um dos meus momentos de felicidade.
É que a minha filha também já é um bocadinho viciada no Santini. Ou seja, sabe o que é bom.
Outro dia partilhávamos as duas um gelado de tangerina e o sabor era tão incrível que só me faltou mesmo cuspir os caroços dos gomos sumarentos.
O de avelã é um dos meus favoritos, mas quando provei o de canela era tão real que estive mesmo para ir buscar um arroz-doce para acompanhar.
Se estivesse no corredor da morte e me perguntassem qual a última refeição que queria consumir antes de ser tostada, adivinhem lá o que é que eu pedia...

domingo, 10 de maio de 2009

Adeus



Chegou a hora de vos dizer adeus. Vocês que estão comigo desde os 16 anos para me ajudarem a focar o que insiste em aparecer desfocado diante de mim. Vocês que têm sido a minha muleta visual desde que me lembro. Vocês que já imprimiram no meu rosto uma espécie de imagem de marca, pois já pouca gente se lembra de mim antes de vos usar.
Adeus. Amanhã despeço-me. Talvez vos guarde numa qualquer gaveta como memória distante, talvez me desabitue de um dia para o outro do ritual de vos pousar na mesinha-de-cabeceira a cada noite que antecede o sono. A trocar-vos pelos escuros graduados de cada vez que desponta o sol, para logo vos colocar de seguida assim que vem a sombra.
Enfim foi um casamento que terminou em divórcio. Mas penso que é um divórcio amigável, sem rancores, nem mágoas. Aliás, fica uma única mágoa. A de não vos terem deixado estar presentes no nascimento da minha filha e ela me ter sido mostrada como uma mancha desfocada e incerta. Penso que foi o dia em que me senti mais diminuída na minha miopia.
Quanto à intervenção que farei, já ouvi umas insinuações que a equiparam a uma qualquer cirurgia estética e que me deixaram um bocadinho furiosa. Deixem-me que vos esclareça, e quem usa óculos sabe, que é uma incapacidade física que nos diminui sim. Não é por vaidade que quero tirar os óculos, é simplesmente porque quero ver bem sem eles. É crime? Ah bem me parecia que não.
Não estou de todo nervosa. Apenas maravilhada com esta espécie de milagre que está prestes a dar-se na minha vida. Só há uma imagem estranha que insiste em não desaparecer dos meus sonhos e tem a ver com o filme Laranja Mecânica. Deixo aqui a fotografia para o caso de não se lembrarem bem da cena do filme que me anda a perseguir...




sábado, 9 de maio de 2009

Cuidado com o Cão



Sempre que apanho uma estrada secundária para o Cascais-Shoping, esse must para qualquer habitante da zona, passo por este chalet cujos proprietários tenho a certeza serem decoradores de exteriores profissionais. Confesso que muitas vezes até paro o carro para deixar entrar em mim o glamour, o ambiente de esplendor que exala daquela casa. Mas outro dia notei que tinham acrescentado mais um elemento decorativo...
Se dúvidas havia quanto ao desaparecimento de todos os cãezinhos da minha campanha favorita contra-bosta-de-cão-nas-ruas, dissiparam-se há poucos dias atrás, assim que bati os olhos no portão do chalet.
Eles já tinham a branca de neve e os sete anões todos em fila no muro, dois casais de cisnes a ladeá-los, já tinham uma carroça cheia de vasos no meio do pequeno acimentado a que devem chamar jardim. Mas o toque de mestre deu-se quando esta campanha saiu à rua. Eles não pouparam um único cachorrinho de cartão, nem respectivas prendas. Esparramaram-nos no seu belo portão gradeado e na tentativa inteligente de dissuadir intrusos, como se os sete anões não fossem já suficientes, enfiaram uma tabuleta que diz: Cuidado com o Cão.
É Portugal no seu Melhor aqui tão perto :)

A Efemeridade da Felicidade

Neste local tranquilo e quente em que me encontro esqueço-me das razões que me trouxeram aqui.
Neste local pacífico em que nada escuto além dos sons que me importam sinto que é o lugar certo para estar.
Neste local em que a textura da chuva lá fora me reconforta o olhar, sinto-me a escorregar entre os meus próprios olhos, como a chuva que cai nos vidros molhados do lado de fora da minha casa.
Sinto-me forte, sinto que nada me pode acontecer enquanto estiver aqui neste local tranquilo e quente do lado de dentro de mim.
Conto os segundos até a sensação passar, porque eu sei que irá passar. Tudo de bom passa depressa demais para que tomemos consciência. Mas eu sei melhor do que isso e vou tomar consciência, vou ser mais rápida que o próprio momento e vou arrastar-me com ele, dentro dele, no seu interior, fazê-lo durar até me confundir nos seus espaços.
E assim serei feliz por mais um breve momento.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Algumas Dicas e Perguntas Pseudo Culturais

Aqui está o melhor livro que li nos últimos tempos. É um escritor como há poucos que brinca com as palavras de uma maneira comovente. Deliciou-me em tantos sentidos que me apaixonei irremediavelmente pela escrita deste homem.
O título atraiu-me como um íman, pois é o nome da primeira novela em que participei como guionista. O que me encantou no primeiro livro dela: Comer, Orar e Amar desencantou-me neste. Levei-o na minha viagem e foi a pior escolha possível. As personagens não agarram nem à força de super cola 3, a história é dispersa e sem interesse. Uma decepção brutal...
É só a mim que me faz confusão a escolha do Tom Hanks para este papel? Primeiro no Código DaVinci, agora no Anjos e Demónios. Mas porquê este cabelo? Era mesmo necessário enfiar-lhe um penteado tipo capachinho pintado? Não, apesar de adorar o Tom Hanks, ainda estou para perceber que raio é que ele faz enfiado neste personagem de cabelo sinistro.
Esta é uma ordem: Dia 9 e 16 de Maio saem com o Público a primeira e segunda parte deste épico que vi há algum tempo atrás e que nunca esqueci. A Melhor Juventude. Um filme italiano que retrata a história de uma família em Itália desde os anos 6o até hoje. É imperdível. Por mais 1,95 ficam com uma pequena obra prima em casa.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

De Volta ao Essencial


Há mulheres, talvez em demasia, que vão acumulando fardos ao longo da vida. Fardos que colocam, um a um sobre o corpo vergado pelo vento do esforço.
Há mulheres que se julgam tão necessárias à rotação dos outros que se esquecem da sua própria rota. Transformando o seu caminho num tapete suave, onde toda a gente possa repousar os pés, esquecendo que também precisam de repousar da caminhada.
Há mulheres que apenas se contentam com o máximo e o máximo todos os dias cansa de verdade. Cansa tanto que faz com que os outros vivam cansados delas.
Há mulheres que querem ser tudo para todos e acabam por ser nada para elas.
Por isso é bom parar. Colocar os fardos em mãos alheias nem que seja por um dia e pensarmos que estamos aqui. Pensarmos que os outros gostam tanto mais de nós, quanto nós próprios gostarmos.
Pedir ajuda não é de todo sinal de fraqueza para quem pede. E quem ajuda gosta de se sentir necessário na vida alheia. É uma espécie de intercâmbio de vida. Preciso de ti, como precisas de mim. Agora sou eu, mais logo serás tu.
Por isso foi tão importante ter passado cinco dias longe das minhas tarefas diárias. Foram cinco dias em que me senti de novo e percebi que afinal ainda estou aqui. Diferente pelas diversas camadas que se foram acrescentando em mim, mas igual em todas as outras camadas que compõem o essencial.
Agora que revejo as fotografias de viagem, não sei porquê, esta parece resumir tudo o que acabei de escrever...

Pippi

Como vim da terra da Pippi das Meias altas trouxe uma pequena lembrança desse mito sueco à minha filha.
- Ó tão gira mãe, como é que se chama?
- Pippi.
O olhar dela dividiu-se entre o espanto e a surpresa.
- Pippi?
- Sim Pippi das meias altas.
Apercebi-me imediatamente do que lhe estava a fazer confusão. E as duas últimas partes do nome serviram apenas para piorar tudo. Um pippi com meias altas, claro.
- Porque é que ela se chama pippi?
Pensei para mim: Que boa pergunta, realmente que bosta de nome. Em voz alta saiu-me:
- O verdadeiro nome dela é Pipidelle.
- Dele? Não é dela?
Não se controlando mais desatou num ataque de riso tão, mas tão brutal que terminou em soluços. Aconteceu o mesmo comigo. Está até agora a gozar com o nome da menina de tranças. É o Pippi dela, o Pippi dela!! Ah Ah Ah Ah
Neste caso foi mesmo pior a emenda que o soneto.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Primeiras Impressões de Viagem




Sabem quando regressam de viagem e estão cá, mas ainda um bocadinho lá? Pois é, eu ainda não aterrei.
Vinda do país onde inventaram a palavra civismo ainda me custa mais. A parte boa foi poder finalmente abraçar a minha filha, sentir o cheiro dela, os cabelos, os beijos. Definitivamente não há nada como viajar e ter cá qualquer coisa que nos dê vontade de regressar...
Nesta viagem não fui com grandes expectativas, talvez por isso esta cidade me tenha enchido tanto as medidas. Quando levamos as mãos vazias, tudo o que conseguirmos segurar já é um ganho. E foi este o caso.
Meninas solteiras se querem arranjar um bom marido vão pescá-lo à Suécia. Nem é por serem estampas, porque nisso, as mulheres são mais bonitas. Mas por serem uns pais do caraças. É vê-los por todos os lados com os filhos, a empurrarem carrinhos do tamanho de autocarros, que cá não passariam numa única porta, é vê-los entrarem para os fraldários que lá também existem nas casas de banho masculinas. É vê-los darem a papa. É vê-los a passearem em grupos com os amigos, todos com os respectivos filhos. Os nórdicos dividem tarefas na verdadeira acepção da palavra e não apenas para fazerem um favor às respectivas esposas. É simplesmente natural para eles.
Estas são as minhas primeiras impressões do primeiro mundo. Quando tiver aterrado com os dois pés em solo português voltarei para mais pormenores.
Tive saudades vossas, por isso com calma terei que vos ir visitar um a um para saber de vocês...

Estocolmo