Há pessoas que chegam a um novo espaço e observam, medem, mijam os cantos, a fim de marcar território, estudando os rivais. Pessoas que, bem no fundo, são comidas por dentro, na própria insegurança e no receio do seu próprio fracasso.
Há outras que chegam de coração aberto, plenas de esperança no universo e na condição humana e que são mijadas logo no primeiro segundo e só vão sentido a acidez da urina uns tempos depois, ficando à toa, cheirando o ar e não entendendo o porquê.
Outras que parecem pacatas, mas que estão de olhos bem abertos e coração semi fechado. Nada dizem de especial e podem parecer encaixar-se no grupo das mijáveis, mas não dormem e usam galochas anti-mijo.
Podia continuar aqui a enumerar grupos e encaixes ecléticos nesta coisa de viver no meio de pessoas, mas deixo isso para os profissionais do meio, os zoólogos, biólogos e afins, pois que, no fundo, somos todos animais selvagens, cheirando, emboscando, marcando território, escondendo fraquezas, sublimando virtudes.
Tenho a sorte de me ter cruzado já com pessoas normais, com a medida certa de animal selvagem e Homem, mas regra geral a selva está pejada de inseguros mortíferos.
Grandes diálogos: O Apartamento
Há 1 mês