sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

De 2011 nada sei

Mas em 2010 conheci o António e a nossa família ficou maior.
Por isso vim aqui despedir-me do ano em que nasceu o meu segundo filho.
Não faço balanços nem traço planos inalcançáveis, vou levando a vida à medida do que o meu olhar alcança ;)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Resiliência

Em Engenharia esta palavra é usada para descrever a capacidade de um material sofrer tensão e recuperar o seu estado normal (roubada da Wikypédia claro).
Adaptada à psicologia significa a nossa capacidade de enfrentarmos adversidades sucessivas sem ficarmos disfuncionais. Ou seja, capacidade de adaptação.
Nestes últimos meses cheguei à conclusão que ando a perder a minha resiliência.
Não estou a conseguir voltar à superfície, não tenho oxigénio para permanecer submersa por muito mais tempo.
Bem sei que não são coisas graves e que bem posso levar com a realidade bem mais dura dos outros para me abrir os olhos, mas têm moído, moído, moído até deixarem um buraco bem fundo no meu peito. Daqueles onde a luz parece não chegar.
São noites mal dormidas, conjuntivites de propagação familiar (eu incluída), tosses, ranhos, dentes, viroses, febres, reacções alérgicas. Narinel, Kleenex, soro, aerossol, compressas, gotas nos olhos, no nariz, supositórios, colo, muito colo e eu perdi-me.
Quero ir buscar-me e não consigo.
Hoje estou rouca, dói-me a garganta e custa-me falar, mas não posso estar calada, nunca me escutam à primeira, nem à segunda e sinto-me chata, uma chata rouca.
Hoje sonhei que tinha feito voto de silêncio, como uma Carmelita perdida num convento e gostei da ideia.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Rabicídio do Consumidor (ou como ser enrrabado na garantia)

Não, não estou chocada, nem um bocadinho, isto é apenas mais uma peripécia que em nada me surpreende no nosso país, onde os Direitos do Consumidor são ideias tão abstractas como um quadro em branco e onde as frases:
"Ah, é a primeira vez que temos uma reclamação"
"Tem que vir na embalagem original", mesmo que a embalagem se refira a uma máquina de lavar loiça.
"Oh, lamento muito, mas o seu telemóvel levou com humidade"
"Oh tenho muita pena, mas tem um risco de unha do mindinho na parte lateral esquerda noroeste por debaixo da bateria"
"Lamento, mas o produto não está nas mesmas condições originais, tem uma impressão digital"
"Passaram exactamente 30 segundos do final da garantia"
"Não devolvemos o dinheiro"
São o pão nosso de cada dia e onde é mais fácil accionar uma garantia na loja do chinês, do que numa empresa conhecida.
Querem um conselho?
Tentem sempre comprar em estabelecimentos dos nuestros hermanos (é triste, mas é verdade), como o Corte Inglês, é que eles, regra geral, não escrutinam o aparelho em busca de um risco imaginário, ou de sémen de gaivota no chip, limitam-se a recebê-lo e a aceitar a reclamação sem que tenhamos que perder 10 anos de vida para provar que o produto em questão quinou por conta própria e no final da odisseia levarmos com um processo em cima por termos ousado criticar os deuses do comércio justo.

domingo, 26 de dezembro de 2010

O Tempo Foge

Às vezes acho que quanto mais tempo se tem, menos se sabe geri-lo, organizá-lo, tirar partido dele. Maiores são as preocupações por coisas que não importam e menor é a capacidade de relativizar.
Se o tempo encurta aprendemos a esticar minutos em horas, fazer de dramas curtas metragens e das tragédias de vida pequenos socalcos no caminho e às vezes escapam-nos detalhes importantes.
O tempo é o que mais nos foge, o que não podemos resgatar lá atrás, o que não conseguimos travar, por isso gostava de um bocadinho mais de qualidade no meu tempo. Ando cheia de tempo nenhum e isso assusta-me à brava.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Queridas Mães

Que vejo amiúde nos shoppings-centrícos e que obrigam as crias em pranto a sentarem-se no colo de um Pai Natal duvidoso, só para tirarem uma fotografia:
Deixem-se disso.
É assim que se traumatizam putos. Eles não querem ir para o colo de um sujeito desconhecido numa superfície comercial. Eles não gostam de tirar fotografias aos gritos e com lágrimas a escorrer. Eles vão deixar de acreditar que o Pai Natal é um gajo porreiro e vão borrar-se sempre que ouvirem um sino.
Vá lá, deixem os vossos miúdos decidirem sozinhos se curtem o Pai Natal, ou se preferem ignorá-lo.
Se querem tanto uma fotografia com um desempregado desesperado que se veste de Pai Natal ao lado da Calzedónia, sentem-se vocês no colinho dele, sim?

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Voando Sobre um Ninho de Cucos

A escola da Alice tem sido uma experiência muito interessante. Ela vai lá nos intervalos das viroses, depois volta e partilha com o resto da família, principalmente com o irmão que ela adora, o que lá contraiu.
Eu sabia que ia ser duro o primeiro Inverno escolar, mas nunca por nunca pensei que fosse tão duro tê-la virulenta com mais um bebé em casa.
Mães de 3, de 4, de 10 putos, como fosteis capaz de sobreviver?
Eu acho que só com uma grande dose de espírito "deixa andar, deixa passar, tudo se resolve" é que uma pessoa se mete a ter mais do que dois filhos.
Eu sou daquelas que se afunda em cada virose, tosse e fungadela e que está sempre a ver em cada olho brilhante a febre que espreita à porta. Ou seja, sou daquelas que é bem capaz de enlouquecer em breve.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

E Assim Acontece


Era vizinho do meu avô. Quando saiu um livrinho insignificante chamado A Vontade de Regresso, o meu avô sem nunca ter olhado para uma página do livro, foi com um exemplar ao seu estimado vizinho e passou-lhe para as mãos aquela capa com um quadro do Modigliani. Pediu-lhe apenas que lesse.
Passados uns dias chamavam-me para esse mítico programa Assim Acontece e lá fui eu, completamente idiotizada e sem palavras para uma entrevista sobre coisa nenhuma, porque sou muito mais despachada a escrever do que a falar.
Quando no final daquela conversa tirada a ferros lhe perguntei se me tinha chamado por ser conhecido do meu avô, respondeu-me que nada disso, que me tinha chamado pelo livro. Pousou-me uma mão sobre o ombro, enquanto nos encaminhámos para fora daquele minúsculo estúdio e deu-me os parabéns por ser uma jovem escritora. Eu dei-lhe os parabéns por aquele programa de sempre.
E senti-me grande, demasiado grande para aquilo que na realidade era. Uma jovem frustrada estudante de Direito, tímida e sem tiradas profundas.
Hoje quando soube da morte dele fiquei mais triste do que poderia supor, tal como fiquei estupidamente vazia quando aquele programa que nos acompanhava desde sempre terminou. Não que o visse religiosamente, não porque o achasse um programa acima da média, mas porque me confortava saber que um programa assim acontecia todos os dias.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Fúria do Açúcar

Lá nas plantações de açúcar estão neste momento centenas de exploradores do canavial agarrados à barriga de tanto rirem e agarrados às contas bancárias de tanto as terem enchido em poucos dias.
Basta alguém gritar:
Olha o açúcar vai limitar-se a dois pacotes por cabeça!!! Para milhões de tugas correrem como bois a entrarem na arena, em busca do maior número de pacotes possível desse bem essencial à diabete e à cárie.
Enfim, somos tristes.
Ainda se dissessem leite, agora açúcar senhores? Para que raio querem vocês tanto pacote de sacarose em casa? É a gula, a gula.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Viagem de Regresso

A Paula Moura Pinheiro, jornalista que, sabe-se lá porquê, sempre me fez lembrar a Cleópatra e cujos programas sempre prenderam esta dispersa atenção de cada vez que passava por eles, escreveu um livro intitulado: A Viagem de Regresso.
Sempre que passo pelo livro na Fnac leio: A Vontade de Regresso.
Depois acordo e percebo que não sou parecida com a Cleópatra, nem me chamo Paula Moura Pinheiro. Depois volto a despertar e percebo que gosto à brava daquele título.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Menos Foguetes Por Favor

Não sou de foguetes, de barulheira, de gritos, de brindes, de superstições, de sorrisos amarelos, de euforia fingida.
Não sou de grandes noitadas, nem de espumante, não sou de festas cheias de malta.
Não sou militante de nada e fã de coisa nenhuma.
E há uma altura particular do ano em que tudo isto chega para me assombrar, para me dizer que sou um bicho do mato irascível e sem emenda possível. Essa altura responde pelo nome de passagem de ano.
Não me levem a mal os que gostam de a celebrar com passas, panelas, cadeiras e afins, mas o que eu gostava mesmo era de passar o ano a dormir, de preferência com tampões nos ouvidos.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A minha caderneta de cromos

Hoje, enquanto procurava uma música do fundo do baú no Youtube à velocidade de um espirro, lembrei-me de quando ficava horas com o meu pequeno rádio portátil amarelo da Sony, à espera que passasse uma música que queria gravar no rádio. Fazia cassetes inteiras com este esquema e odiava quando os locutores decidiam começar a falar antes do final da música.
Havia umas músicas que eram tramadas de apanhar, mas quando conseguia finalmente esse prodígio, ouvia e ouvia e ouvia até à exaustão aquele som ronfanho, ao mesmo tempo que tentava apanhar as letras com um pequeno pedaço de papel e uma caneta, usando o pause e o Rewind as vezes que fossem necessárias até conseguir tê-la inteirinha ao meu alcance. Depois era só decorar a coisa e fazer grandes figuras em frente dos outros putos que só gemiam pedaços de refrão. Ora tomem lá a letra inteira e embrulhem!
Lembro-me que uma que custou particularmente a conseguir foi o Somebody dos Depeche Mode, que ficou para sempre adulterada pela vozinha que entoava: Cidade By Night, By Night, By Night.
Não trocava as novas tecnologias por nada, mas caraças, como sinto falta das noites passadas com o meu gravador amarelo a fazer cassetes atrás de cassetes.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Esclareçam-me uma mini-dúvida completamente idiota

Qual é a moda de começar os títulos dos posts com as palavras De, Das, Do, Dos?
Vem-me sempre à memória um livro da Isabel Allende intitulado: De Amor e de Sombra.
Agora vou ali sucumbir De sono e já volto.

10 meses


Meu querido bebé, hoje faz 10 meses que te vi pela primeira vez e desde então que te tenho a crescer ainda aqui dentro. Sinto-te mexer, dar pequenos pontapés e evoluir dia após dia, com uma intensidade sempre maior.
O que cresce dentro de mim não é já o teu pequeno corpo dependente do meu. O que cresce no meu peito é o amor que te tenho.
Nada chega de repente e o sentimento por um filho também se constroi e se acumula hora após hora e quando parece impossível gostar ainda mais, no dia seguinte sentimos que sim, que é mesmo possível e que temos uma reserva de espaço infinita apenas para vocês.
Amo-te António e não sei já viver sem o teu sorriso, sem o teu cheiro, sem o teu cabelo claro, os teus olhos de amêndoa, o teu sorriso de dois dentes, a tua doçura que se espalha a todos aqui em casa.
É bom ter-te nas nossas vidas :)

De Volta ao Passado


Frio, demasiado frio. Andámos horas às voltas até encontrarmos lugar para estacionar e muito em cima da hora entrámos na Praça de Touros a tiritar e sem grande capacidade de raciocínio. Olhei à volta e vi pessoas mais ou menos da minha idade. Praticamente não havia putos. Pensei que estava velha e entorpecida.
Depois as luzes do palco acendem-se e aquele frémito que só chega com as grandes emoções começa a tomar conta da ponta dos meus dedos, aquecendo-os. A voz do Tim Booth ecoa o All Sit Down e vemo-lo no palco, sentado, demasiado estático de gorro na cabeça, foram precisos alguns minutos até percebermos que o verdadeiro Tim estava entre as pessoas na bancada e ia descendo, como se fizesse parte do público, até toda a gente descobrir a ilusão e gritar como se costuma gritar nestas emoções que só a música traz.
Regressei ao princípio dos anos 90 e percebi que ainda sabia algumas letras de cor, percebi que queria pular, gritar, fazer figuras de fã e fiz tudo a que tinha direito. Voei até aos meus 17 anos, sonhei que o Tim Booth me via no meio da multidão e fixava o meu olhar (quase posso jurar que sim) e foda-se, fui feliz.
Não há rigorosamente nada que se compare à união que sentem os que partilham a mesma música e ontem não foi diferente.
O concerto terminou com chave de ouro, quando várias pessoas da plateia foram puxadas para o palco e para o lado dele, cantando, dançando, enlouquecendo de alegria ao som de Laid e caraças, fiquei a gostar tudo outra vez e ainda mais de James e do seu vocalista maradamente maravilhoso e acessível.
Tim Booth se me lês, eu sei que ontem olhaste fixamente para mim e não vale a pena negares.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

All Sit Down! Sim, a Anacê senta e se calhar até dorme

Diz que aqui este casalinho vai ver James.
Sairmos os dois sem filhos a reboque não acontece há uns bons 6 meses. Não sei se me enrosque no banquinho da praça de touros do Campo Pequeno e durma ao som do Tim Booth, não sei se cante com os braços em modo limpa-pára-brisas até que a voz me doa.
Vou reflectir. Seja como for sair do carro sem ter que tirar criançada e cadeirinhas e saquinhos será um fenómeno paranormal para a minha pessoa.
Por isso rezem para que nenhum imprevisto aconteça e para que possa re-ouvir um dos grupos mais marcantes da minha rica juventude sem desmaiar em êxtase.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Para as Pessoas Corajosas que Conheço

Há decisões que parecem reflexo de alguma fraqueza, mas que na realidade demonstram uma grande força interior.
Há gestos que podem parecer uma fuga, mas que na verdade são um enorme pontapé na inércia.
As pessoas de dentro não entendem assim, julgam-se em demasia, medem-se em excesso e culpam-se quando não há culpas a tirar. Mas as de fora têm o distanciamento necessário para afirmar com todas as letras que vos gabam a coragem.
Não se julguem tanto, não pesem tanto cada pequeno gesto. Deixem-se amparar, encostem-se a quem amam e quando vos disserem que fizeram a coisa certa, acreditem.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

À beira da televisão, sentei, vi e chorei



Caramba, com a idade fico cada vez mais lamechas. Tentei esconder a lágrima no canto do olho, juro que tentei e acho que fui bem sucedida. Nem a Alice, nem o Hugo perceberam que chorei no final.
E aqui me têm, completamente patética e completamente apaixonada pelo Toy Story 3.

sábado, 27 de novembro de 2010

Pendente

Sem vontade de escrever, de caminhar, de sorrir, de ler, de ir dormir, de acordar.
A minha vida está pendente da coisa mais vil que Deus ao mundo deitou:
A tosse, neste caso, a tosse da Alice.
Ela sempre teve grandes episódios de tosse, mas este está a superar todos os outros. Dura há praticamente um mês e chega sempre na calada da noite, como uma ferroada que nos desperta, um som amargo que faz com que o meu sono fique a aguardar o recomeço a qualquer momento.
Quando pensamos que nessa noite vai ser diferente, não é.
Mudam-se almofadas, lavam-se edredons, desumidifica-se o quarto, humidifca-se o quarto, muda-se de quarto em busca da causa, do agente provocador. Tudo parece que é e nada é.
Hoje fomos a um alergologista e ela tirou sangue, foi radiografada, picada.
Ainda não temos resultados de nada e o meu corpo dói. Consigo ouvir cada batida do meu próprio coração e as vozes ao longe, distorcidas e sem importância, pois nada importa. Estou pendente dela.
Queria poder tossir eu, carregar os seus males na sua vez, mas nada posso, além de dar colo pela noite dentro, esquecendo que tenho sono, que tenho frio, que me tenho a mim, pois sou dela e apenas isso impera.
Que ela fique bem, é a única coisa que importa.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Bola

Não há nada mais hilariante do que o futebol. Ele transforma homens cerebrais em loucos emocionais, dá azo a debates intelectualmente profundos e exaltados sobre o rolamento do esférico e tem-me proporcionado horas infindas de gargalhadas de cada vez que apanho vultos da nossa sociedade a divagarem em programas televisivos acerca do relvado e meia dúzia de acéfalos jogadores.
Todo o gajo que é gajo tem uma opinião a dar sobre os frangos, os passes, os dribles, as tácticas, as substituições, a performance dos jogadores e até das suas personalidades em campo. Um é obstinado, o outro é racional, cicrano é apaixonado, beltrano é gelado e por aí afora, até ao infinito. O homem que sabe falar de futebol nunca fica naquele silêncio dos que não têm assunto. Em caso de aperto, fala do último jogo do Ranholas de Cima e tem conversa para a noite toda.
Até ter começado a viver com o Hugo, gostava de ver os jogos da Selecção, mas não sabia o que era um fora de jogo, quando é que o guarda-redes passava a bola com as mãos, ou com o pé. Não imaginava o que motivava um pontapé de canto e a realidade por detrás de um livre era qualquer coisa filosoficamente inatingível para o meu débil cérebro.
Hoje em dia continuo sem saber a maior parte das coisas que referi acima, nunca consigo analisar em segundos que foi fora de jogo e adormeço na maior parte dos jogos, mas não deixo de ficar fascinada com as pessoas que vivem isto apaixonadamente, principalmente com o mulherio assanhado que conhece motivos para cartão amarelo, vermelho e grita: É CANTO, É CANTO!!! Com direito a perdigotos e tudo.
É que nesta merda do futebol sou estupidamente machista. Os gajos a perderem-se com o esférico é uma coisa, as mulheres é outra completamente diferente.

Em Continuação...

O mundo em que vivemos já não é o mundo de há 40 anos atrás, em que os putos ficavam com os avós, ou com as mães em casa, brincavam na rua à vontade, viam pouca televisão, na mão tinham uma bola em vez de um joy stick, comiam esporadicamente um bolycao e faziam a festa, não havia McDonalds, nem enchentes de pedófilos e outros animais selvagens à espreita em cada esquina, havia mais lojas de rua e menos shoppings e, por fim, havia escola a partir da instrução primária.
A emancipação da mulher foi uma das melhores coisas dos últimos anos, mas à falta de acompanhamento do equivalente masculino e de leis que apoiassem a igualdade de deveres e direitos, trouxe consigo uma enchente de aviários dispostos a ajudar nessa tarefa difícil de criar filhos e trabalhar em simultâneo.
Muitos desses aviários chamados creches, têm de facto princípios que vão além do lucro, mas muitos há que não têm.
Tal como nos compete a nós pais, colocar o cinto de segurança aos nossos filhos, alimentá-los com comida saudável, tratar para que estejam quentinhos no Inverno, zelar pela sua saúde, levá-los ao médico, às vacinas, ao parque, à praia, brincar com eles e guardá-los de todos os males. Não vejo porque não nos competirá também, interessarmo-nos pelo meio em que eles crescem fora da nossa casa, ou seja, as creches.
Por isso falei nas visitas surpresa nos infantários, ou nas câmaras. Não para espiarmos cada movimento, mas para dissuadir possíveis animais selvagens que andem à solta nos aviários.
Se eu deixo um bebé de 5 meses ao cuidado de desconhecidos e se na maior parte das vezes pago rios de dinheiro para que zelem por ele, tenho todo o direito do mundo a visitá-lo quando bem entender.
Tanta coisa com os hospitais amigos do Bebé, que promovem o estreitamento de laços entre mãe e filho, nos quais o bebé nunca sai de perto da mãe. Porque raio não se aplica a mesma lógica nos aviários?
Acreditem que se não formos nós a tomar nas nossas mãos a segurança dos nossos filhos, ninguém o faz por nós, ou pelo menos, não tão bem.
E aqui me têm indignada por esta e outras tantas histórias que oiço sobre abuso de crianças e que sinceramente me indignam muito mais do que uma tourada.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Quando só os cifrões importam

Já alguém ouviu falar de escolas privadas que pedem ajuda a voluntárias para darem comida aos miúdos etc.?
Acho isto o cúmulo da política do cifrão.
Ouvi outro dia pela primeira vez e soube também do choque de uma voluntária ao aperceber-se da negligência com que eram tratadas as crianças. Desde despejar de novo para o prato a comida que os miúdos deixavam cair, a não lhes lavarem as mãos antes das refeições (pois dá demasiado trabalho), empurrarem com impaciência crianças.
Só me ocorre dizer foda-se.
Nós não sabemos realmente onde é que deixamos os nossos miúdos e até à idade em que sabem queixar-se, é tremendamente angustiante.
Visitas surpresa à escola é o que está a dar.

Love A.



Sempre que se aproxima a altura do Natal, penso neste filme e de como gostaria de tê-lo escrito.
Vejo esta colagem vezes e vezes sem conta e sonho, porque sonhar ainda é possível.

domingo, 21 de novembro de 2010

Caraças, que Que Balde de Água Fria

Esperava-se o pior para estes dias em que decorreu a cimeira da NATO. Os jornalistas trataram de colocar as nossas mentes em alerta vermelho, falando continuamente em mais que certos desacatos violentos, manifestações assassinas, tipos de máscaras negras a partirem a cidade aos bocados, incendiários, bombistas no oceanário. O McDonalds do Rossio colocou tapumes de madeira sobre o símbolo americano e escavou trincheiras para que os seus bravos soldados de farda castanha e vermelha se agachassem em estado de sítio.
Enfim, eu esperava sinceramente um verdadeiro filme de guerra para o meu entediante fim de semana. Comprei pipocas, óculos 3D, pus o volume no máximo e para quê Anacê, para quê filha?
Para ver dois tipos a fingirem-se de mortos no passeio e mais três a atirarem baldes de tinta vermelha uns aos outros.
E foi este o cenário de guerra. Mais inofensivo do que um jogo de Paintball.
Caramba, somos mesmo patéticos.
Confesso que este não-fenómeno foi apenas superado por um casal de velhotes que dançava o fandango numa manifestação da CGTP.
Se querem acção, não venham procurá-la neste cantinho do planeta. Afinal de contas fomos aquele país que fez uma revolução com flores.

sábado, 20 de novembro de 2010

O Vencedor da Cimeira

Da cimeira da NATO, o que o meu debilmente politizado cérebro reteve de mais interessante foi o marido da Ministra da Defesa norueguesa. No meio de tantas primeiras-damas a pavonearem-se em eventos mais ou menos chatos, ali andava o cantor-actor, entre o mulherio, enquanto a esposa debatia questões internacionais de relevo, ele comprava-lhe uma malinha de cortiça, com um sorriso de orelha a orelha, pleno de simplicidade e normalidade.
É que ser marido de ministra lá no fim do mundo do Norte da Europa, por incrível que pareça, é a coisa mais banal do planeta.
Por isso, que me desculpem os Obama-Veneradores e as suas descidas e subidas de escadaria em modo jogging-descontraído, mas o marido da ministra é o vencedor da cimeira, pelo menos para mim :)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Só para partilhar alguma coisa

Penso tantas vezes em filhos. Como seria ter alguém na minha vida que significasse mais do que tudo ao meu redor. Como seria conhecer um amor tão altruísta como aquele que se tem por um filho.
Um grande Amor, como o entendo, não é a Deus, ou a uma mulher. Um grande amor como o imagino é aquele que não questiona, que não duvida nem por um instante, não analisa, nem traz para cima da mesa os prós e os contras, não lima arestas, não pede em troca, não se coloca diante de um abismo emocional dia sim dia não.
Um grande amor conhecem aqueles que têm ao seu lado um pedacinho de si, mas um pedacinho que não desejam igual nos defeitos, nem nas coisas más e que têm que deixar partir quando chegar o momento certo.
Não conheço de todo o amor e é triste ser assim, muito pior do que nunca ter visto o mar, um céu coberto de estrelas, a luz do sol e da lua, pior do que nunca ter viajado, nem conhecido nada além da nossa aldeia, mil vezes pior é nunca ter conhecido o amor.
Por isso rezo a quem quer que ainda escute este pobre pecador que não me deixe partir sem ter amado.
Nem sei porque te escrevo a esta hora da noite, nem a que propósito me chega esta tristeza por nada saber de como se ama, quando há coisas tão mais nobres pelas quais penar. Mas tinha que falar contigo, porque sei que me entendes por detrás de tudo o que escondo.
Estou cansado de me esconder, tão cansado...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Adeus que já vens tarde

Este post vem ligeiramente desactualizado, mas vem.
Por muito insensível que possa parecer, não me comovi com o Adeus geral que organizaram em homenagem ao Senhor do Adeus. Sinceramente pareceram-me todos ligeiramente tontinhos.
Não teria feito mil vezes mais sentido organizarem-se assim com tanto empenho e lágrima no canto do olho, quando o senhor ainda estava vivo?
Imaginem só a felicidade daquela alma solitária ao ver assim tanta malta reunida a retribuir-lhe os acenos?
Que falta de lembrança caramba.

domingo, 14 de novembro de 2010

Amigas de Uma Vida Inteira pela primeira vez

Conhecia-vos já das letras, dos desabafos, dos telefonemas em horas de aperto e de felicidade. Conhecia-vos por dentro, pelo que pensam, pelo que escrevem, pelo que querem mostrar, pelo que não desejam mostrar.
Conhecia-vos daqui e vocês a mim, mas nunca vos tinha escutado ao vivo, sentido o riso que se propaga no ar, a empatia que se sente só quando se olha.
Vieram de Braga e de Coimbra só para estarem com três patetas que vos queriam ver e foi bom.
Bom é pouco, foi como se nos conhecêssemos de uma vida inteira e como se não houvesse trinta e tal anos de histórias por completar, por saber, por entender.
Mal imaginava eu que aos 35 anos de idade ainda ia a tempo de conhecer pela primeira vez amigas de infância e de voltar a sentir de uma maneira tão pura, a cumplicidade no feminino, a conversa séria seguida de risadas, as histórias do passado que não vivemos juntas, comprimidas para que passássemos a sabê-las.
Porque é que moram tão longe quando vos sinto tão perto meninas?
Obrigada por terem vindo :)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Palavra Mãe

Adoro a forma como a Alice grita assim que me vê espreitar na sala dela: Olha, a minha mãe!!! Como se aqui deste lado, em vez de uma mulher de jeans e ténis com o cabelo um bocadinho desgrenhado, estivesse a gaja mais maravilhosa do mundo e ela me quisesse partilhar com o resto dos coleguinhas. Comove-me a forma como ela me agarra a mão no caminho para o carro e vai dizendo adeus a toda a gente, de peito cheio, como quem diz: Olhem aqui, eu com a minha mãe!
Adoro a forma como ela enrosca os bracinhos no meu pescoço quando a aconchego nos lençóis à noite e me diz: Mãe, sabes que és a melhor mãe do mundo, não sabes? E depois finaliza: E sabes que és a minha salsicha podre, não sabes?
Por enquanto eu ainda sou a pessoa mais importante, mais bonita, mais querida na vida dela e isso é, digo-vos sem exageros, nem floreados a melhor sensação do mundo. Não há rigorosamente nada que nos dê maior alento e sentido do que ouvirmos estas coisas. Principalmente nos dias em que o nosso ego anda num nível um bocadinho rastejante e nos olhamos ao espelho e não reconhecemos aquela tipa cheia de novos cabelos brancos que nos encara do outro lado.
Há dias em que ser mãe é a tarefa mais esgotante, mais sugadora do mundo. Outros há que compensam tudo com uma simples frase.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A Coçar-me pela Vida

Quero muito sair daqui, de dentro deste marasmo de vida e já agora de dentro de casa também seria bom. Juro que quero, mas hoje coço-me, não faço mais nada além de me coçar e de andar com o António ao colo, pois a seguir à constipação veio um bocadinho de febre e má disposição.
Este fim de semana, além de ter os dois doentes, fui acometida de uma puta de dor muscular no pescoço e no ombro. Levei uma simpática (sem ironia) injecção e trouxe uma pomadazita para as dores. Ontem passei o dia a coçar o pescoço, hoje ao olhar-me ao espelho pensei que tinha 23 chupões apaixonados no pescocinho, mas não, era mesmo uma alergia ao creme.
Às vezes tenho uma inveja assassina dos animais que hibernam, pois só me imagino numa gruta, dentro de um saco cama, em posição fetal, a dormir um par de meses.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Doçura na Blogosfera


Para a minha querida Alice, para que siga o exemplo da sua mãe.

Se me dissessem há uns anos atrás que ia conhecer as pessoas mais doces, mais inteligentes, mais amigas, mais irmãs num país chamado blogosfera, eu não acreditaria nem por um segundo. Mas hoje posso dizer com conhecimento de causa, que tenho sim a sorte de ter atraído na minha direcção um punhado de gente que vale para uma vida inteira.
Encomendei uns presentes de Natal à Maria Mariquitas e chegou um brinde inesperado para a minha filhota.
É por estas e por outras que tudo aqui valeu já a pena, só para vos conhecer.

domingo, 7 de novembro de 2010

Eles Lambem-se e o Papa Passa

Depois de ter visto os gays em Espanha aos linguados e apalpanços mútuos à passagem do Papa, perguntei-me, do alto desta minha estúpida ignorância e tacanhice de cavalo:
Exactamente o que é que eles desejam com isso?
Querem que a Igreja Católica ache lindinho a união entre duas pessoas do mesmo sexo, lhes lance água benta para os abençoar?
Querem que a Igreja Católica diga sim ao aborto?
Não falo das questões da contracepção, pois aqui é de facto o único ponto onde sinto que a Igreja poderia mudar, nem que fosse por ficarem calados, pois em alguns locais do globo, onde se segue à risca o que diz o Papa, chega a ser criminosa a propaganda contra o preservativo.
E não se lembrariam eles de meios de influência mais inteligentes do que se lamberem à passagem do homem?
O papel da Igreja é dizer que o aborto está errado e que um monte de coisas estão erradas. O papel dos católicos é seguirem o que a sua religião professa. O papel dos livres de pensamento (eu incluída) é acharem tudo uma grande treta, algumas coisas uma grande treta, ou mais ou menos quase tudo uma grande treta.
Ainda por cima em Espanha já não foi legalizado o casamento entre pessoas do mesmo sexo? Para quê aquele show off? Querem casar pela Igreja que tanto abominam? Juro, não consigo entender.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Esta Noite Foi Assim

Choro, muito choro desconsolado. Narinel, mais choro, soro fisiológico, mais choro, água, gritos.
Perto das 4 da manhã adormeces e nós caímos na cama, deixando jorrar a baba que escorre das nossas bocas esgotadas. As lágrimas de exaustão caem sobre a fronha.
4.30 A tua irmã começa a tossir. Codipront. A tua irmã continua a tossir. Mudamo-nos para o quarto dela. A tua irmã continua a tossir, chora porque tem ranho, chora porque tem tosse, chora porque tem sono, chora porque sim. Tu choramingas no nosso quarto.
Revezamo-nos com a tua mana ao colo, porque só assim a tosse acalma. O teu pai fica caído nos pés da cama dela, eu caio na minha cama.
Adormecemos às 6 da manhã.
Às 7.30 começas a acordar e às 7.45 aparece a Alice e eu penso que é, que só pode ser um pesadelo. Ninguém é tão maléfico ao ponto de me obrigar a levantar da cama quando não dormi. Mas ninguém quer saber do meu praguejar, das minhas dores de cabeça, da minha ressaca pura e absoluta de sono. Ninguém quer saber do que sinto eu, por isso levanto-me e retiro ranho dos quatro orifícios nasais, dou chapadas na minha própria cara, ponho a fazer o café para injectar na veia. O teu pai continua adormecido na cama da tua irmã e quando acorda queixa-se de dores de garganta e de podridão geral.
Eu só penso que quero desmaiar e quero que me levem para o hospital preocupados comigo.
Eu só penso que algures nas constipações dos miúdos conheci a loucura e voltei. Será que voltei?
Um miúdo ranhoso é do caraças. Os dois em simultâneo é tortura satânica.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

9 meses


Hoje fazes nove meses. Tantos meses quantos os que estiveste dentro de mim.
Ainda me lembro quando os dois tracinhos apareceram naquele teste de gravidez e como o meu coração bateu descompassado, cheio de nervosismo, de expectactiva, de medo, de insegurança.
Ainda me lembro de quando eras apenas alguma coisa vaga por detectar com a sonda do ecógrafo e a médica te buscava vezes e vezes sem conta sem nunca te encontrar. Cheguei a pensar que afinal não te esperava, mas tu estavas lá, pequenino, escondido, ainda um projecto de tanta coisa importante, mas estavas lá dentro de mim.
E agora és tanto todos os dias. Tanto na minha vida.
És o menino mais doce, mais sorridente, mais plácido, mais suave de todos os meninos do mundo e eu tenho a sorte de ser a tua mãe.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Pedido de Esclarecimento aos entendidos

Alguém ajuda esta fashionista frustrada, este camafeu fora de moda e me explica o fascínio pelo botim estilo Mary Poppins?
Já não bastavam os óculos à Top Gun voltarem a atacar sem dó nem piedade, as calças à Samantha Fox encherem as vistas de vítimas inocentes que apenas querem esquecer que os anos 80 existiram, os penteados à Modern Talking regressarem das trevas para me assombrarem?!!! Tinham que ir desenterrar de dentro do baú as botas desta senhora?
Se era para escolherem musicais, escolhiam a Música no Coração, ou My Fair Lady. Agora esta senhora a voar de guarda chuva com o limpa chaminés, nunca fez o meu estilo.
Inovem gentes da moda, inovem.


terça-feira, 2 de novembro de 2010

Inho

Não gosto que me digam obrigadinho, adeuzinho, abracinho, até loguinho, tchauzinho, beijoquinha.
Não sei se por ser demasiado fofinho, mas sinto-me sempre um bocadinho parvinha de cada vez que me agradecem um grande favor com o diminutivo da palavra a sério.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Distância

Com a distância a nossa cidade fica mais bonita.
Com a distância a nossa memória fica selectiva.
Com a distância do tempo, um amor que ficou a meio, torna-se perfeito, cheio de todas as possibilidades, por corromper, por viver, por estragar.
Com a distância o que era mais ou menos, pode ficar mais do que menos.
Com a distância esbatem-se os defeitos e enaltecem-se as virtudes.
Com a distância as mágoas tendem a relativizar-se, até se transformarem num pequeno lago de dor, onde molhamos os pés muito de vez em quando.
A distância é assim, uma eterna suavizadora de tudo.

sábado, 30 de outubro de 2010

Starbucks My Ass


O Starbucks tem provavelmente o pior café do mundo e a pastelaria mais plastificada do planeta e é caro como o raio, injustificadamente caro.
Abriu um Starbucks no Cascais-Shopping e criaram uma esplanada linda, cheia daqueles sofás confortáveis em tons discretos e com uma vista de cortar a respiração, comovente até. Juro, que por mais voltas que desse em Cascais, jamais me lembraria de um sítio tão perfeito como aquele para bebericar um café sem cheiro e sem sabor. A esplanada fica por debaixo das escadas rolantes do shopping, com vista para agência de viagens Abreu e a Conforama. Ali, debaixo dos rolamentos que fazem subir e descer milhares de visitantes diários, ali sem luz do dia, ou da noite, podemos beber um mau café e comer um bolo cor de bosta, ou cor de rosa. Enfim podemos dizer cheios de orgulho lusitano, que fomos ao Starbucks e meditar acerca dos motivos que levam esta cadeia a escolher shoppings em vez de lojas de rua no nosso país.
*Já sei que há um em Belém, mas não chega para aliviar as estatísticas.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Preferia o Avô Castigas



Penso que na história da musicalidade infantil nunca se fez nada de tão mau como as músicas do Canal Panda. Ora decidem distorcer as palavras e cantar: Io Quiro quimir larinjas com bininas (eu quero comer laranjas com bananas), ora espetam com este verdadeiro atrofiado mental aos pulos, de cabeleira desgovernada e batuta descontrolada a vomitar cançonetas de cortar os pulsos.
Eu juro-vos que nunca foi tão complicado ser mãe, como nos momentos em que tento explicar à Alice que aquilo não é música, é excremento verbal.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ultra Ortodoxem-se Vocês


Caramba, quanto mais reportagens da Sic e National Geographic vejo, mais chego à conclusão que a mulher ainda é um bicho muito descriminado.
Os judeus ultra ortodoxos encaram-na como causa de todos os males e tentações, são remetidas para a parte de trás dos autocarros, distinguem filas de gajos e de gajas na padaria. Em suma, têm verdadeiro horror ao sexo oposto. Ninguém adivinharia tal fobia, pelo penteadinho que usa esta malta macha ultra ortodoxa.
Outro dia via uma tribo na Etiópia, cuja emancipação dos rapazes da tribo consistia em espancarem as mulheres da sua família num ritual lindo de se ver, onde as chicoteavam, pontapeavam. Enfim, um fartote.
A burca continua de pedra e cal e ofendeu várias vezes a minha vista, na nossa rápida incursão por Paris.
Por isso quando me perguntam o que acho dessa tradição e da polémica que deu em França, a minha resposta é que me ofende sim. Ofende-me por tudo o que representa e tal como não gostam de nos ver a nós, grandes depravadas ocidentais, sem estarmos cobertas, eu também não gosto particularmente de ver aqui no Ocidente esta treta.
Intolerante? Sim sou bastante intolerante no que toca à intolerância. Agora vou ali emancipar-me mais um bocadinho e já volto.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Estados Unidos da América


Ali a vida é fácil. Naquela casinha dos subúrbios de uma qualquer cidade americana, de relvado quadrado e perfeito, de corta relvas estacionado e vida idêntica à dos vizinhos simpáticos, a vida é fácil.
Não há tempo para pensar em ser diferente. Não há tempo para sair do padrão.
Sabemos o que vamos encontrar naquele determinado armazém comercial e o que encontrarmos ali, será exactamente a mesma coisa que encontraremos num armazém da mesma cadeia, num diferente estado a milhares de quilómetros de distância e isso dá conforto, segurança.
As ruas são simétricas e paralelas, não há merda de cão na rua e sabemos com o que podemos contar.
Não há espaço para sentir de forma diferente, pois desde o berço que as crianças são ensinadas a homenagear a bandeira na escola, de mão ao peito e lenga-lenga patriótica. O Patriotismo não se questiona, é suposto.
Ali tudo encaixa. Ali vive-se ponto.
Venho com 3 anos de atraso dizer que vi o Revolutionary Road e se, por um lado me entregou a ideia do comodismo no casamento e na vida e isso é comum em muitas partes do planeta, por outro lado, deixou-me com a estranha sensação, de que este filme só poderia passar-se naquele país.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Para Vocês

Para todas as mulheres-mães fantásticas que conheço da blogosfera e fora dela e que aqui param para me deixarem uma palavra de cada vez que faço um desabafo. Para as minhas amigas que vão ser mães em breve e para as que já são.
Para todas as que me fazem acreditar que a amizade no feminino, não só é possível, como é maravilhosa.
Para vocês todinhas. Vejam.

Vuelitos

Nunca fui a neta preferida de nenhum dos meus avós e eles sempre fizeram questão de o mostrar, sem qualquer tipo de pudor, nem de constrangimento. Uma pouca vergonha portanto. Vai daí convenci-me que o papel dos avós na vida dos netos é muito giro e importante sim senhora, mas para o neto preferido, ou quando não há netos predilectos.
Hoje constato que se passa exactamente a mesma coisa com os meus filhos e odeio.
Acredito que possa ter-se uma inclinação por um neto em detrimento de outro, mas mostrá-lo tão abertamente, sem tentar ao menos disfarçar, é que me consome as tripas.
Entoarei um mantra todas as noites, no sentido de não me esquecer disto no futuro, caso os meus filhotes decidam brindar-me com netos.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O meu Filho (e já agora eu)

O meu filho dorme de noite sim, é um facto. Choraminga umas 3 ou 4 vezes por noite, mas a coisa resolve-se com uma chupeta e uma festinha.
O meu filho é uma fofura sim, confirma-se. Anda a comer bem que se farta e não é de levantar ondas.
Mas o meu filho não dorme durante o dia.
Sim, o pai do meu filho diz que isso não tem importância, que o que interessa é que ele durma bem de noite, mas ele diz isso porque não fica em casa com ele durante o dia.
Ontem fiquei tão reconhecida por uma das minhas irmãs ter ficado aqui com ele 15 minutos para eu ir buscar a Alice à escola, que lhe fiz um bolo. Ela não comeu nem uma fatia, mas a realidade é que me soube pela vida, poder bater a porta e arrancar no carro sem ter que meter o António na cadeirinha, tirar o António da cadeirinha, tirar o carrinho da mala do carro, meter o carrinho na mala do carro.
A verdade é que ando a sentir-me verdadeiramente rebentada por pequenos nadas, como ter que levá-lo só para ir comprar pão, ou ter que tirá-lo do carro para ir fazer o pré-pagamento da gasolina. Pequenos nadas que ninguém faz por mim. E pronto, está feito o desabafo.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Cinema Paradiso



Por muitas voltas que dê, por muito que vasculhe na minha gaveta de memórias, não encontro em lugar nenhum filme mais doce do que este. Regado pela Banda Sonora mais maravilhosa e pela língua mais cantada do mundo.
Que saudades de filmes assim e de cinemas assim.
Adeus Quarteto, adeus Berna, adeus 7ªarte, adeus Mundial, adeus Apolo 70, adeus Caleidoscópio, adeus Star, adeus a todos os cinemas da minha juventude.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fartíssima

de Futilidade, de falta de coisa mais funda, de superfície, de raspão, de défice excessivo de neurónios.

Farta

Um bocadinho farta de todo o suspense em torno da aprovação do Orçamento de Estado. Mais ou menos como uma condenada no corredor da morte à espera de ser salva por um governador que decida ligar. A única diferença é que tenho a certeza que, venha quem vier, a merda será sempre a mesma. O mesmo cheiro e consistência, o mesmo empastamento e o penico responderá sempre pelo mesmo nome: Portugal.
Mas se vier nova merda, peço apenas que não padeça também de flatulência verbal.
E pronto, depois das analogias fecais, sinto-me purgada.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ode à Fnac




Outro dia alguém me aconselhava uma livraria chamada Pó dos Livros em Lisboa, ao mesmo tempo que proclamava fugir das Fnacs da vida, como o diabo da cruz.
Desde que me recordo de ser gente mais ou menos crescida, que abrir uma pequena livraria de bairro, intimista, com atendimento personalizado, faz parte da minha carteira de sonhos.
Mas como sou uma pessoa que abre os braços aos livros, venham eles e estejam eles onde estiverem, não desprezo a Fnac, de forma nenhuma. Não gosto de endeusar livros, nem música. Gosto que sejam coisas naturais e disponíveis na nossa vida. Gosto de os poder levar para a mesa do café (na Fnac) e folheá-los, ler as primeiras páginas e decidir se vale a pena comprá-los. Gosto do anonimato que um espaço assim nos proporciona. Gosto que não me liguem puto, se dou o biberon ao António com a mão direita, enquanto balanço a cadeirinha com o pé e seguro um exemplar de culinária na mão esquerda, adoro sentir-me no direito de o fazer ali.
Gosto da democratização da cultura. Sou uma grande facha em muitas coisas, mas nestas coisas de ler não.
Depois temos a parte das crianças, onde passava largas temporadas com a Alice em busca de um livro, folheando também, ganhando intimidade, aprendendo a tratar as letras e desenhos por tu, sem vocês.
Por tudo isto e por muito que adore o charme e atendimento personalizado de uma boa livraria, onde saibam por exemplo que ter todos os exemplares de Eça de Queiroz é condição sine qua non para se poder intitular livraria em Portugal, quero agradecer à Fnac, por ter evitado o meu divórcio com as letras, numa altura em que só de imaginar entrar numa pequena livraria com dois miúdos atrás, um deles numa cadeirinha, me provocava arrepios de cansaço.

* Na primeira imagem, a famosa livraria Barnes and Noble, que não temos cá. Um bocadinho mais charmosa do que a Fnac e, geralmente com um Starbucks da treta a fazer as vezes de café incógnito :)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Pessoas Que me Provocam Comicheza

Há um determinado grupo de pessoas que mexe algures com aquilo que mais comichões me faz nas bochechas do rabo e noutras partes similares que são chatas de coçar em público.
Essas pessoas intitulam-se defensoras de alguma coisa. Dos direitos dos animais, do ambiente, de um certo país, de uma religião, de um partido, do que quer que seja.
Essas pessoas de que falo, não conhecem a palavra equilíbrio, ignoram o que seja um meio termo e cospem de cinco em cinco segundos leis da sua própria legislação interna.
São pessoas intolerantes, que não admitem brechas, que aderiram à moda das palas nos olhos, que ignoram opiniões diferentes e que deturpam situações a todo o instante.
São pessoas que nunca erram e que detêm uma verdade irritantemente universal, recusando-se a escutar argumentos alheios, que de alguma forma não encaixem no seu fanatismo.
Estas pessoas, mal imaginando que o fazem, dão elas próprias mau nome àquilo que tão ferozmente defendem.
Dão-me vontade de pegar fogo a uma árvore e fazer a dança da chuva à volta dela. Dão-me vontade de ir assistir a uma tourada, dão-me vontade de cuspir na bandeira de um país só para os ver tripar, dão-me vontade de os contrariar.
Estas pessoas irritam-me à brava.

sábado, 16 de outubro de 2010

Amar é bom


Amar é bom. Amar faz-nos sentir concretos, dá-nos sentido e densidade, dá-nos vida dentro dos anos que gastamos.
Amar demasiado faz doer muitas partes do corpo e da cabeça, mas ainda assim é bom. Dor de amor tem tanto de maravilhoso, como de angustiante. Mas ainda que tivesse mais de amargo que de doce, não hesitaria em amar de peito aberto todos os dias.
Amar um homem é de uma maneira. Amar os nossos filhos é de outra.
Há várias formas de amar sim, mas no final, é naquela batida do coração, que acelera e desacelera, que dispara, ou congela que sabemos se é sério. No final, é no âmago, bem dentro do mais dentro de nós, depois de despidas todas as camadas, que tiramos as teimas e sorrimos, ou choramos, agradecemos, ou amaldiçoamos por termos conhecido o amor.
Pelo amor, ninguém pode passar indiferente.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Adrian Mole e a minha adolescência


Hoje deu-me uma saudade brutal do Adrian Mole, das suas borbulhas, erecções descontroladas, namoros, frustrações, desabafos.
Hoje deu-me uma saudade avassaladora de quando tinha os meus 12 anos e, já coberta pelos lençóis aconchegantes, ligava a luz da mesinha-de-cabeceira e lia, lia, lia, até os olhos doerem e a cabeça ferver emocionada.
Nunca, até ter sido mãe pela primeira vez, um livro me trouxe sono (um livro que gostasse é claro), nunca li para adormecer, pois quando um livro é bom, faz-nos procrastinar o apagar da luz vezes e vezes sem conta.
Tenho saudades dessas luzes acesas até às tantas da manhã, presa no interior dos "Cinco na Ilha do Tesouro", ou da "Trinta Diabos", presa nos livros de aventuras e neste meu primeiro livro sobre a adolescência no masculino.
Tenho saudades do Adrian Mole e imagino como estará ele agora, sem borbulhas, homem distinto e com uma vida pacata nos subúrbios londrinos.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ctrl Alt Delete

Tenho dias em que se me surge mais um pequeno problema, mais uma contrariedade, mais uma árvore caída no caminho, mais um telefonema para fazer, uma reclamação, um protesto, uma falta de facilidade, sinto que vou apagar.
É muito injusto não termos uma tecla delete na nossa vida para estas merdas, uma tecla de pause para os momentos bons e uma tomada para desligarmos, quando o restart não resulta.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Vontade de Regressar A Nossa Casa

A nossa casa pode ser grande, pequena, luxuosa, simples, minimalista, aconhegante, desarrumada, ordenada. A nossa casa comporta tantas variantes como nós comportamos no nosso interior.
A nossa casa tem que ser o porto de abrigo para onde os filhos rumam, tem que dar vontade de ficar quando o mau tempo ruge lá fora.
A nossa casa deve ser vivida, aberta, utilizada, moldada. Uma casa que não se usa, apenas se preserva, como um museu, é como um livro que repousa nas prateleiras e que nunca se leu. Não faz sentido.
A nossa casa é onde nos entendem, onde tiramos os sapatos e podemos descansar do mundo lá fora. É todo um outro mundo, onde podemos fechar os olhos e saber que nada de mal nos acontece ali.
A nossa casa é o nosso fôlego, a lufada de ar fresco que precisamos quando o mau acontece lá fora.
Um desejo bem fundo que tenho nesta tarefa de ser mãe, é que a Alice e o António nunca percam a vontade de regressar a casa.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Rir para não chorar

De manhã a televisão vive num universo paralelo. A programação é exclusivamente pensada para donas de casa desesperadas, ou velhotes solitários e indefesos. Isto eu já sabia, mas ainda não tinha reparado que a publicidade também era vocacionada para esse grupo de pessoas ingénuas que não têm grande contacto com a realidade-além-tv. Desde aspiradores milagrosos, ao Cilit Bang que remove à primeira passagem ferrugem milenar encrostada, até (e pasmem tal como eu) uma empresa amorosa que vos avalia as jóias de ouro que possam ter em casa.
Basta enviarem as jóias todas por correio e ficarem à espera da avaliação. Que atenciosos que eles são e fofinhos também.
Primeiro mijei-me a rir, mas depois congelei. Será que alguém, no seu perfeito juízo envia as jóias por correio e espera pelo seu regresso?
O piór é que tenho a certeza que sim.

domingo, 10 de outubro de 2010

6 anos de Nós

Não, nem sempre é fácil, nem sempre é como no início, quando tudo parecia ter o poder de nos disparar o coração febril e apaixonado.
Não, nem sempre é um caminho cheio de flores e dias bonitos, como nos tempos em que mesmo num dia de chuva fazia sol só porque estávamos juntos.
Não, nem sempre é como seria suposto ser, como dizem os filmes no cinema que é, com gestos de constante enamoramento e paciência infinita de parte a parte.
Mas eu quero que continue a ser, de todas e tantas maneiras possíveis. Quero que continue a ser contigo. Porque até a normalidade contigo me conforta.
Quero ver os nossos filhos através de ti e ver-me pelos teus olhos.
Quero encostar o meu pé direito no teu pé esquerdo, enquanto dormimos e sentir que o teu pé não se afasta.
Quero poder continuar a dizer-te as minhas piadas inconvenientes e fazer-te rir.
Quero que continues a tentar fazer-me rir.
Quero chatear-te quando estou chateada sem que te chateies.
Quero poder não ter que dizer nada de especial e ficar calada sem pesos de consciência.
Quero o conforto da nossa família no final do dia.
Quero-te ainda e sempre.
Parabéns a nós!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Toda a Verdade sobre os Brinquedos do António


Esta é a versão "dinheiro mal gasto".


Esta é a versão "Brinca até te fartares" (os favoritos).

E é assim, sempre foi assim desde o princípio dos tempos, mas nós continuamos a gastar alguns euros com brinquedos chamativos, só porque somos otários, só porque achamos que ele não vai resistir àquela textura, àquele som, àquelas cores. Mas passem-lhe para a mão uma tampa de tramperuere (ehehehe, adoro esta palavra) e vejam o delírio acontecer.
Na cadeirinha, tenho uma bonecada pendurada, mas é ao fecho eclair que prende a capota que ele dedica toda a sua atenção.
Eh voilá, aqui têm toda a verdade sobre os brinquedos do António e sobre o António. Ele é um moço de gostos simples :)

Women's Secret (Versão Upgrade)

Ontem, ao passear-me entre as filas de pijamas da Pantera Cor de Rosa e coelhinhos fofinhos, cuequinhas com corações e flores mimosas, roupões suaves e quentinhos, eis que encontro, numa das prateleiras, tímidos e reservados na sua solidão, preservativos e vibradores.
Alucinei, ou mais alguém viu isto à venda na loja acima referida?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

As contradições da Maternidade (ou há malucos para tudo)

"Adorei" ver uma mãe na Disney a dar de mamar ao seu bebé, enquanto a filha de cerca de dois anos emborcava por uma palhinha uma bebida azulada, até à exaustão.
"Adorei" ver os pais com bebés de colo na fila para as diversões, sendo que os bebés berravam de sono e de cansaço, sem sequer saberem onde estavam.
"Adorei" ver os pais obrigarem os putos a tirarem fotos com personagens Disney, mesmo quando os putos se desgoelavam de terror.
Concluí que nesta coisa chamada maternidade/paternidade, há muita gente a julgar fazer coisas pelos putos, quando na realidade as fazem para si.

Contigo no Coração






Viajar pelos teus olhos foi a sensação mais completa do mundo. O teu sorriso nervoso quando entraste na Disney, o teu olhar brilhante quando percebeste que tinhas ali, na palma da tua mão, os amigos do teu imaginário. A tua paciência infinita nas filas para as diversões, o teu riso de alegria, os teus gritos de entusiasmo, fizeram de mim uma pessoa mais crescida.
Conheceste um bocadinho de Paris e abraçaste o teu pai quando ele tirou do bolso uma Torre Eiffel em miniatura, que repousa agora na tua mesinha de cabeceira como um troféu precioso.
És demasiado pequena para perceber que os franceses continuam demasiado antipáticos para o meu gosto e que Paris continua demasiado cheia de turistas para podermos andar desafogados. És demasiado pequena para apreciar com olhos de gente crescida uma cidade, mas o dia que passámos na cidade luz não protestaste, não fizeste birras, só pediste colo cerca de uma centena de vezes e deitaste-te no banco sujo da estação de metro.
Não foste demasiado pequena para veres a Disney Land, como me disseram tantas vezes, foste na idade certa para que te fique gravada na memória.
Espero que, quando fores maior, te recordes que os teus pais estavam lá contigo.
Sei agora que a minha alegria quando a tua acontece é a mais genuína de todas.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Que grande galómetro

Quando viajo, podem dar-me frio, nevoeiro, encoberto. Podem dar-me sol radioso, ou trovoada. Mas chuva caraças, chuva??!!!
Nos três dias que vamos estar em Francia-Disney-Pateto-Donald-Resort, vai chover...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A Rainha das Mães (não confundir com Rainha-Mãe)

Quando a Alice era mais bebé, sempre me senti uma mãe coxa e incapaz em relação ao seu choro, pois assim que engrenava na choradeira, não havia rigorosamente nada que a fizesse calar. O meu colo na maior parte das vezes não lhe trazia mais conforto do que o colo do pai, da avó, ou de um desconhecido que passasse na rua. Ela chorava desconsoladamente e só ao fim de muitos carinhos, canções no ouvido e festinhas, ela cedia finalmente. Não havia um passe de mágica que a emudecesse assim que se encontrava nos meus braços.
Gostava de adormecer no meu colo, mas consolo além sono não havia.
Aquelas tretas de que sempre ouvira falar quanto ao colo materno, cedo se transformaram em complexos por não ter um colo-cala-putos.
Com o António já não tinha grandes expectativas, nem planos grandiosos, talvez por isso mesmo, ele tivesse decidido brindar-me com essa coisa de vir para o meu colo e parar de chorar. É certo que não gosta particularmente de adormecer ao meu colo, aliás, não gosta de adormecer em praticamente lugar nenhum além da cama dele, mas deixa de chorar nos meus braços.
Hoje, depois de ter andado em três colos diferentes, cada um tentando levar embora o medo que o consumia por causa de um cão que ladrava demais, cada um mais experiente que o outro, cada um mais convencido que teria a chave para o calar, foi no meu colo que ele parou de chorar, no meu! Bastou passar para os meus braços e brindou-me com o mais terno soluçar seguido de um silêncio apaziguador.
Hoje senti-me dona do meu colo-cala-putos. Não importa que seja só o António que se cala nele, não importa que este colo não serene mais ninguém, porque hoje senti-me a rainha das mães :)

A minha desequilibrada ambição

Quando queremos muito alcançar a perfeição, andamos 200% do nosso tempo frustrados.
Quando baixamos as nossas expectativas, sentimo-nos fracos, pouco empreendedores.
Quando decidimos voltar a erguer a fasquia, com um estranho ânimo no nosso interior que nos impulsiona durante umas horas, acabamos por perder o gás.
Ando um bocadinho cansada de tentar regular o meu ponteiro da ambição, acho que ainda não consegui acertar com a minha hora.

sábado, 25 de setembro de 2010

Nigella sua grandessíssima

queque, ouvir-te dizer abacate em inglês aristocrático, enquanto deitas meio pacote de sal no fruto. Ou ver-te lamber a colher de pau, ou de silicone, enquanto dizes que gostas dos teus ovos salgados e mais uma vez despejas meio quilo de sal no produto, faz-me pensar se algum dia te veremos quinar em directo.
Até lá continua a tua ingestão salina de 2 quilos diários que vais no bom caminho e não te esqueças de lamber o pacote do sal, quando terminares. Dá sempre aquele toque de sensualidade que se quer num programa culinário.
Aqui entre nós, confesso-te que estou sempre à espera que te deites na bancada com a varinha mágica e faças amor com ela a noite inteira, enquanto lambes os restos de caramelo dos dedos, mas isso só deve acontecer quando o açúcar atingir níveis de limite.
Love u dear!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O melhor do casamento é:

O nosso bem amado dizer-nos que temos um pedaço de azeitona na dentuça frontal e nós, ao invés de escavarmos uma mina no chão do restaurante e para lá ficarmos, qual mineiro chileno até se esquecerem da nossa existência, deixamos ficar o pedaço de azeitona e rasgamos um sorriso, fingindo estarmos desdentadas.

Eu sei que sou...

Patética, neurótica e de novo patética, mas estou morta de saudades da Alice...
Já brinquei com o António, já passeámos, já dobrei milhares de peças de roupa acumulada até ao tecto, almocei um prato de sopa sem compromisso de ter que cozinhar almoço. Mas quando a casa fica em silêncio, quando olho a sala sem puzzles espalhados, nem folhas amachucadas, sinto uma corrente de ar por dentro.
Já não choro, mas falta-me ela.
Talvez por a minha filhota nunca ter sido daquelas crianças muuuuito chatinhas, que destroi a casa inteira e corre em círculos à volta de uma mesa até cair para o lado isto esteja a ser mais difícil para mim do que para ela...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Oh la la



Parece que, mais ou menos daqui a uma semana, esta gaja que vos escreve, mais O esposo desta gaja que vos escreve, mais a filha desta gaja que vos escreve, deverão andar com umas orelhas destas dans la tete a passearem-se, não na feira da Malveira, não nos carrinhos de choque de Ranholas-de-cima, não na roullote das bifanas do Campo Grande, mas... Na EURODISNEY!!!!!
Ora bem, depois de muito pensar, repensar, tentar marcar, desistir, parece que a coisa se vai mesmo concretizar. Se não houver greves-gerais dos personagens Disney, atentados perpetrados pelo Pato Donald no palácio da Cinderela, ou jovens fofinhos de etnia cigana a bloquearem a entrada do Parque (isso não deve haver, porque já bazaram todos), esta família menos um, vai andar a passear-se por lá.
Já conheço a Eurodisney, fui a primeira vez com a minha irmã mais velha e uma amiga nossa aí há uns 12 anos atrás, depois regressei com a irmã mais nova, quando viajámos as duas sozinhas a Paris e agora, vou finalmente com a desculpa perfeita: Uma filhota.
Caramba, não é do caraças?
Tirando a parte da viagem de avião, em que não vou poder abraçar-me ao Hugo a tremer, por causa da Alice e tirando a parte em que vou ficar sem o António 3 dias, estou mortinha por lá chegar. Ah e por tirar um dos dias para mostrar a Torre Eiffel e Montmartre à minha filha.
Viajarmos sozinhos é maravilhoso, mas confesso que estou curiosa por esta primeira viagem pelos olhos da nossa filha...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tu ou Você?

Decidi escrever sobre isto, porque me faz comichão e porque hoje a Alice deixou escorregar um "você" numa conversa casual com o pai. Reparei que a educadora dela trata as crianças (de 3 e 4 anos) por você, mas não assimilei a possibilidade de isso vir a afectar a forma como a minha filha aborda as pessoas cá fora, os pais inclusive.
Sou uma pessoa educada, respeitadora, instruída, com valores e princípios, tal como tanta gente e nunca acreditei que tratar os filhos por você fosse sinónimo de maior respeito.
Sim, usava-se antigamente, mas no meu humilde parecer, não era sinónimo de respeito, antes de distância, medo, afastamento. Os pais tinham relações cordiais com os filhos, polvilhadas de vez em quando com alguns gestos de amizade. Passavam valores sob a forma de frases geniais, de máximas filosóficas e criavam com os filhos laços de ferro, sem espaço para abraços, carinhos, mimo.
Tratar os filhos por você era apenas uma extensão desta relação cordial e precisamente por estes motivos, não gostaria que os meus filhos se dirigissem a mim, como se dirigem à senhora da tabacaria.
Depois temos toda a geração de tias e tios que juram a pés juntos que é por uma questão de respeito e tradição que querem que os seus ricos filhos os tratem por você, mas na realidade é por puro snobismo. Na sequência dos tios de Cascais, oiço coisas como: Vá à merda em pleno café. Mandar à merda alguém usando você é respeitoso. Já dizer: Vai à merda, é do mais brega que há.
Vai daí fiquei a coçar-me com a escapadela da Alice, fiquei a pensar até que ponto isso é relevante para mim e concluí que é importante sim. Não justifica tirá-la da escola de forma nenhuma, pois ela está muito feliz lá, mas justifica uma conversa a sério com a Alice, antes que ela se transforme numa Cinha. Fazê-la ver que cá em casa e com meninos da idade dela não há vocês.
O que é que querem, não gosto, não explico, não curto, não acredito.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não sei se chore, se arrote

Há de facto um jornal supostamente credível que gasta euros a pagar um ordenado a alguém que escreve assim?
Anda uma gaja a sonhar em escrever para uma revista, ou jornal, por muito brega que seja, para dar de caras com isto e perceber que afinal não é preciso saber escrever para ser convidada a escrever para um jornal?
Chamem-me ingénua, mas sempre acalentei no meu espírito pouco maduro a ideia de que os jornais tinham malta que escrevia, que tinha luzes acerca de como conectar ideias com letras e já agora, ideias inspiradas também.
Agora peidos em vez de frases, arrotos em vez de ideias, merda em vez de texto?
Não, obrigada.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sobre tudo e nada

Antes de vir aqui dizer com mais calma, que tenho uma filha mais adulta do que eu e que sinto uma vaidade absolutamente gigantesca por ela, quero deixar uma frase que encontrei hoje pintada na parede de um café. A princípio pensei que era mais uma frase Nicola, mas quando a li borrifei-me para a autoria, pois fez-me todo o sentido do mundo:
"A amizade é semelhante a um bom café, uma vez frio, não aquece sem perder o primeiro sabor."
Depois em letras mais pequenas, o nome do autor: Kant.
E esta hein?

domingo, 19 de setembro de 2010

Ao que tens que ir, não podes fugir

Não quero, não quero, não quero, não quero. Tem que ser, tem que ser, tem que ser, tem que ser. Quero chorar, chorar, chorar, chorar. Mas vou sorrir, sorrir, sorrir, sorrir.
Agora digam-me se existe gaja mais ridícula que eu? Digam-me por favor.
Caramba, nunca a divisão entre a minha cabeça e o meu coração foi tão abissal e nunca o sorrir, quando tenho vontade de chorar, foi tão difícil.
Sou a mãe mais cool e para cima do mundo à sua frente, a estender a mão para um high five e piscando um olho cúmplice de cada vez que falamos na escola, quando por dentro me sinto a verdadeira galinácea a estender perigosamente as asas sobre a cria.
Caramba que nunca me disseram que ia ser assim. Caramba.

sábado, 18 de setembro de 2010

Todos os Nomes mais o Teu


Voltar à escola enquanto mãe será certamente uma aventura. Vou esperar para ver como corre, para ver como corres nesse espaço que será um bocadinho teu, que tem o teu nome escrito e oficializado em tantos sítios.
Alice, Alice, Alice, Alice. Digo-o em voz alta tantas e tantas vezes, mas vê-lo assim desenhado por outras mãos que não as minhas, pendurado, colado, afixado, chamado, lembra-me que já és um bocadinho menos minha.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Zip Zaping

Ando chata. Chata e impaciente.
Exemplos deste meu estado de espírito aborrecido são sem dúvida, conseguir topar nos primeiros 5 minutos de filme se vou gostar, ou se vai ser uma banhada, o mesmo acontece com os livros. Comprar um Cd (sim, de vez em quando ainda compro) e não ouvir nenhuma música até ao fim. Cá em casa, quem se atrever a sentar-se ao meu lado enquanto vejo televisão, sofre, pois na realidade não vejo porra nenhuma, vou sim saltando de canal em canal e vendo dez coisas em simultâneo.
Estou na rua e quero voltar para casa, estou em casa e quero sair porta fora.
Procuro hotéis para uma possível viagem no Booking.com e não chego a conclusão nenhuma, pois salto de hotel em hotel e vou descartando este e este e este, ora pela colcha da cama, ora pelas casas de banho de aspecto duvidoso, ora porque vejo outro hotel mais bem localizado, enfim, não consigo concentrar-me num site de viagens, sem que me apeteça explorar outros países logo de seguida. Salto do Booking, para o netviagens, para o e-dreams, para o Google Earth, para a blogosfera, para a ciber-esfera e não chego a reservar nada.
Espero que isto passe, a sério que espero, se bem que, enquanto espero, aproveito para olhar por cima do ombro a ver se topo alguma coisa mais interessante para fazer do que esperar que passe.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Adoro

Tudo o que seja programas sobre casas, restauro de casas, decoração de casas, compra de casas, troca de casas.
Tirando o Querido Mudei a Casa, que com tanta conversa pelo meio e tanta divagação em torno do diluente da Robialac e suas características, acaba sempre por me fazer fechar a pestana...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Assombro Fashion

Hoje entrei nesse templo da moda chamado Zara e deparei-me com estes cães na secção dos sapatos (não este modelo, mas o modelo pêlo-de-caniche-encardido-por-anos-de-mijo). Olho em volta e de facto, estava numa loja de roupa e não numa pet-shop, mas o meu assombro manteve-se. Aproximei-me, toquei-lhes, fiz-lhes festinhas, assobiei-lhes, acenei-lhes com um pedacinho de bacon que tinha agarrado à camisa, mas nada, não me ligaram puto, ficaram ali, na prateleira rente ao chão, fofinhas e peludas.
Eu só pergunto, do alto da minha ignorância fashionista, alguém anda com esta merda nos pés? Aquilo não morde? Não fica a trampa dos passeios agarrada ao pêlo? Não vos confundem com o Big Foot?
Há de facto malucos para tudo.

Os anos uns atrás dos outros

Sinto-me cada vez mais tolerante. Não sei porque carga de água fiquei assim neste marasmo e pacifismo interior, mas acho que isto de fazer anos, uns atrás dos outros, nos traz coisas boas.
Deixei-me das certezas inabaláveis e universais da adolescência, divorciei-me dos planos mais do que certos, separei-me das grandes lutas por nada de especial e dos julgamentos à primeira vista.
Saltei fora das constantes opiniões não solicitadas e tentei dar um pontapé no que não é importante para me fazer parar mais do que um minuto.
Ainda me irrita o egoísmo, o egocentrismo, a falta de auto-conhecimento e de admissão dos próprios erros de muita gente e com isso a intolerância renasce em mim com todas as forças, mas de resto gosto de sentir que abraço pessoas diferentes de mim, visões opostas, ideias absurdas sob o meu prisma, mas válidas para outros.
Gosto de sentir que os anos, uns atrás dos outros, me fizeram mesmo alguma coisa jeito além dos cabelos brancos e das duas linhas vincadas no rosto e que não passei indiferente ao que me aconteceu, ou deixou de acontecer.
Gosto de sentir que não sou impermeável à vida.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Deambulações de Vida e de Vídeo

Não me venham com tretas, a dizer que os vídeos isto e que os vídeos aquilo, pois sem dúvida que o nosso melhor investimento nos últimos anos foi a câmara de filmar. As fotografias imortalizam de uma forma muito sua, são momentos estáticos, para os quais olhamos vezes e vezes sem conta e que dispomos na nossa casa em molduras, dentro da página de um livro, em caixas, em álbuns, no computador.
Agora os filmes não são estáticos, têm vozes, sons, movimentos, gritos, risos e são talvez a melhor forma de reviver momentos.
Ontem revimos horas de filmes familiares, desde que a Alice tinha 6 meses e caramba, que emoção tão, mas tão grande e como ela vibrou com cada momento em que se reviu bebé, a gatinhar, a andar, a dizer as primeiras palavras, a dançar. E nós lá, sempre lá com ela, na galhofa, na emoção, no primeiro banho de mar, nos domingos de ronha na cama, nos passeios no paredão, na primeira ida ao zoo.
Ainda não chegámos ao nascimento do António (filmado sim), mas tenho a certeza de que quando chegarmos nos vamos emocionar até ao fundo.
A Alice regra geral odeia ver-se bebé, não sei se é só com ela que isto acontece, mas fica verdadeiramente neurótica. Agarra-se a nós e não nos larga mais, numa espécie de medo de perder a sua meninice. Mas ontem viu tudo cheia de vontade e no final, sem dizer uma palavra, foi abraçar o pai, numa espécie de reconhecimento de tudo o que viu nos filmes...

sábado, 11 de setembro de 2010

Os Carros da Minha Vida

Oiço muita gente dizer que é desapegada de bens materiais e, pensando bem, também não me apego muito a móveis, roupas, loiças, não ligo a jóias, nem a muitas dessas coisas que tanta gente tem dificuldade em deitar fora. Desprendo-me de uma peça de roupa com a mesma facilidade com que vou à casa de banho (comparação profunda).
Mas há uma excepção a isto tudo, há de facto um bem material que viaja pela veia da nostalgia que pulsa em mim, de cada vez que tenho que me desfazer dele, um imenso mar de memórias surge em vagas, em marés altas e baixas, até me fazer suspirar. Esse bem material tem 4 rodas mais uma suplente e chama-se carro.
Não é que ligue a grandes carros, nada disso. Mas ligo às recordações que eles trazem e levam consigo.
O meu Renault 5 em sétima mão, que me levava ao liceu e à faculdade, deixando-me tantas vezes apeada, ou com a manete das mudanças na mão. Esse Renault 5, onde ouvia cassetes gravadas de propósito vezes e vezes sem conta, traz-me o melhor dos tempos, os tempos em que ter carro era a minha íntima liberdade. Os tempos em que conduzir pela estrada do Guincho era a melhor terapia para um desgosto de amor.
Depois veio o Peugeot 205, meu querido carro, ainda me lembro do luxo que era um carro com ar condicionado e um rádio Grundig com aquelas barrinhas que saíam para evitar furtos. As histórias que o meu Peugeot ouviu, os desabafos de amigas, o mar, o vidro embaciado pelo frio da noite, as aulas em Lisboa, até a revisão da matéria antes de uma oral.
Seguiram-se os dois Alfa Romeos ronronantes como leões, cheios de estilo que "herdei" do meu pai e que, de alguma forma, simbolizaram a passagem da minha vida adolescente a adulta, não me perguntem porquê.
Depois veio a minha adorada carrinha, com uma mala onde podem dormir à vontade duas pessoas bem esticadas, onde cabe tudo o que decida atirar para o seu interior. A carrinha que nos conduziu ao hospital para os meus filhos nascerem e que nos trouxe de volta uma família maior.
Agora digam-me, como é que é possível não sentir saudades, amizade, nostalgia, por estes amigos que me viram crescer a mim, aos meus filhos, à minha vida?
Por isso, até hoje procuro tantas vezes as matrículas dos meus velhos amigos, na esperança de os reencontrar, vivos ainda e com saudades minhas também.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mais Bota Botilde e mais e mais e mais e mais

Imaginemos que a Bota Botilde é de facto culpada. Imaginemos que as vítimas foram de facto vítimas e não reles e recambolescos mentirosos. Como raio se hão de elas sentir a ver o trombil da dita bota de manhã à noite na televisão a vitimizar-se? Chiça que o que é demais enjoa. E olhem que eu tenho uma grande reserva de Guronsan em casa.

Uma coisa que me faz rosnar

Se há coisa que me revira o lobo central ao contrário e me troca o hemisfério Norte pelo Sul, é entregar o dinheiro na mão à senhora que está atrás do balcão e quando lhe estendo a mão para receber o troco, ela espalha o cascalho todo pelo balcão.
Hoje então estive mesmo para pegar nas moedas que a senhora projectou com desprezo sobre a superfície sebosa à minha frente e atirar-lhas às ventas.
Caramba, não pedia um atendimento britânico com Love para aqui e Love para acolá, mas os mínimos dos mínimos por favor.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Bacancias

Nas minhas férias tive oportunidade de observar muita gente. Gente com miúdos mil vezes mais chatos que os meus, gente a ter que suportar birra, atrás de birra, atrás de birra, mães que passavam o jantar inteiro levantadas do buffet para a mesa e vice-versa e a cortar carne aos quadradinhos, enfim, gente que, tal como nós, pouco descansava. Gente mal educada, gente discreta, gente javarda, gente menos javarda e gente assim-assim.
Da gente javarda recordo-me de uma mãe na praia a gritar para o filho de cerca de um ano e meio, que teimava em correr pela praia:
- OLHA QUE BEM AÍ O HOMEM MAU, OLHA QUE TE LEBA EMBORA, ANDA CÁ ANTES QUE LEBES NA CARA!!!!! AIIIIIII OLHA O HOMEM MAU ALI ATRÁS DO CHAPÉU!!!!!
Parte nº 2 e quanto a mim a mais hilariante que escutei, enquanto a dita mãe corria atrás do puto com uma garrafa de água mineral, tentando vertê-la para dentro dos calções de banho do miúdo:
- ANDA CÁ, NUM OUBISTX??? ANDA CÁ P'RÁ MÃE TE LAVAR A PILA!!!!!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Só sei que vou chorar

Habituei-me tanto a ter-te todos os dias o dia todo na minha vida durante 4 anos e meio, que vou precisar de outros 4 anos e meio para me habituar a ter-te menos vezes por dia.
Para a semana começas a escola e, racionalidades e pedagogias arrumadas na gaveta, confesso-te em segredo, porque ainda não consegues ver além do meu sorriso: Vou chorar muito. Vou andar na rua, empurrar o carrinho do teu mano e olhar em volta à tua procura. Vou ligar o rádio do carro e ficar à espera que cantes comigo. Vou pedir-te que ponhas a chupeta ao mano quando ele chorar e só depois perceber que tenho que ser eu a ir pô-la. A minha mão vai ficar fria e esquecida dentro do bolso com saudades do calor da tua e os meus passos vão fazer sempre intervalos regulares à tua espera.
Não sei como vai ser. Sei apenas que tem mesmo que ser e que te amo e quando amamos assim sorrimos sempre, mesmo quando dentro do nosso coração chove torrencialmente.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Bota Botilde

Confesso que estou um bocadinho farta da Bota Botilde, das nostalgias da Bota Botilde, do encantamento pela dita bota nos dias que correm.
Eu tive uma. Lembro-me perfeitamente da argola para enfiar o pezinho e saltar sobre o sapato roxo e feioso dezenas de vezes, até as canelas tremerem de exaustão.
Mas ver a minha alma lacrimejar hesitante, porque o homem associado a essa peça de calçado foi condenado por crimes que me revolvem o estômago. Usar o argumento da bota para achar impossível alguém cometer crimes, não me parece.
Ainda se fosse o jogo do elástico, aí sim poderia até desculpar, agora a bota botilde? Essa coisinha feia e sem graça? No way.

domingo, 5 de setembro de 2010

Melhor que a Angelina e muito mais Jolie

Estou a ver o Enemy At The Gates no Hollywood (um grande filme com o Jude Law e a Rachel Weisz) e concluo sem grandes delongas, que mil vezes mais gira que a mítica Angelina Jolie, que quanto a mim me parece sempre acometida de uma crise alérgica labial depois de ter sido picada por um ferrão da Abelha Maia, é a Rachel Weisz, caramba, ela é mesmo bonita.

sábado, 4 de setembro de 2010

Massagens na Pança e um soco na vaidade

Na praia, com a Alice por uma mão e a prima dela de 7 anos pela outra, avistamos um puto a ser enterrado na areia por um bando de miúdos. Já só tinha a cabeça de fora e tanto Alice como prima ficaram em êxtase a olhar aquela brincadeira.
- Tia, podemos enterrar-te assim? - Pergunta a minha sobrinha.
- Podemos, podemos mãe? - Pergunta uma Alice dividida entre o terror de me perder nas profundezas da terra e a excitação de escavar um buraco do tamanho do mundo.
- Meninas, vá calma lá com vocês, olhem para mim e leiam os meus lábios: N-Ã-O!!!! Ainda para mais, já sei a quem vai calhar escavar o buraco.
- Ó vá lá, vá lá, vá lá, vá lá.
- NÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!!
- Está bem tia, eu já percebi. É porque tens outro bebé na tua barriga, não é?
E enquanto profere esta afirmação dos demónios, faz festinhas na pança encolhida até às costas de uma Anacê demasiado embaraçada para responder.
Chiça que a criançada sabe espetar facadas com tanta sinceridade, não?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A Urgência do Crescimento dos Putos

Confesso-me ignorante no que toca a escolas e putos, pois só sei das aventuras dos filhos de pessoas próximas de mim. A Alice entrará este mês, mas cai fora do usual, pois vai mais tarde do que é costume. Ultrapassando esta bela introdução, há de facto coisas que me fazem um bocadinho de chateamento cerebral:
Porque carga de água metem os putos a comer sozinhos desde o berço? Sim, eu compreendo que seja impraticavel, alimentarem dezenas de crianças individualmente à hora das refeições, mas se o nosso puto é daqueles que não tem prazer em comer e pensa que o prato à frente dele é um mero suporte de material de brincadeira, lixam-nos a vida em casa, pois temos a criança a brincar com a comida em vez de introduzi-la na bocarra e a recusar-se a ser alimentada por nós. Um bebé de 1 ano, se não for portador de um apetite voraz, associando automaticamente o prato com comida ao saciar da fome, vai inevitavelmente brincar, atirar, projectar, gritar, enquanto o chão, paredes, tecto, mesa e afins são pintados com tinta alimentar.
Há quem ache que tudo isto é pedagogicamente encantador, que os miúdos devem ser atirados para a independência desde o útero, mas eu só pergunto:
Qual é a pressa?
Não é verdade que todos os miúdos, mais cedo, ou mais tarde comem as suas refeições sozinhos? Então e se for um bocado mais tarde, é crime pedagógico? É incompetência materna?
Ai que horror, os teus filhos ainda não comem sozinhos?
Olha não, é que se eu ficasse à espera que comessem sozinhos, olhando-os em hipnotizante encantamento, enquanto me cagavam a casa toda, fecundando-me a paciência até ao infinito, desconfio que por esta altura pesariam 2 quilos, eles e eu.
Se der fantástico, se não der, não deu.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Radio-televisão-portuguesa nº2

Enquanto estive de férias (sim a dura, podre e malcheirosa realidade é que regressei hoje) descobri toda uma panóplia televisiva paralela. Condenada aos 4 canais generalistas e a dezenas de outros sem o menor interesse, redescobri o canal 2.
O telejornal da rtp 2 vê-se sem qualquer tipo de esforço, nem vontade incontrolável de zapingzar de cada vez que me deparo com 30 minutos de informação futebolística e lá passam realmente notícias. Os programas sobre a vida selvagem prendem do primeiro ao último minuto e caramba, descobri esta série de programas sobre bairros problemáticos que adorei, sem favor nenhum, adorei mesmo.
Regressada a casa e aos 1234567 canais disponíveis, fiz uma promessa a mim própria: A Rtp 2 vai ocupar os meus olhos carentes de qualidade e vai reconectá-los com o meu pobre cerebro atrofiado por meses de Discovery and living e Sic Mulher.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Charlotte Bronte


Das três irmãs Bronte a minha preferida.
Um dia, não muito distante, assim quero acreditar, pegarei em mim, nos meus pés e olhinhos e partirei à descoberta dos locais onde nasceram e viveram as irmãs Bronte, Jane Austen, Shakespeare e tentarei respirar um bocadinho do ar que respiraram.
É que eu tenho este fetiche por seguir os passos, as vidas, até os túmulos de pessoas que admiro, vasculhar fotografias, biografias, pinturas, cenários, casas, ambientes até à exaustão.
A Charlotte Bronte tem o condão de me prender da primeira à última página e de fazer das personagens apagadas, pouco bonitas e supostamente insípidas, minhas heroínas e portadoras de verdadeiros vulcões interiores.
Comprei um livro dela para ler nas férias e descobri que só não tenho tempo para ler os livros que não conseguem prender-me...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Guardar este momento

Nunca fui grande amante de praia, de calor, de areia, de creme protector, de confusão. Para mim praia é no final da tarde e é sentir o cheiro a sal na pele antes de me vestir para jantar. Estes cheiros e sons trazem de volta coisas boas e ter de volta coisas boas faz-me bem, por isso hoje queria parar o relógio e suspender o calendário. Deixar-me ficar a sentir a brisa húmida que vem do mar, o som das ondas ao longe, os gritos das crianças que brincam, as gaivotas que temperam o entardecer.
Queria que nada do que é bom terminasse e que pudesse guardar este momento para sempre numa pequena caixa que se abrisse para deixar sair o ruído deste dia de cada vez que me sentisse triste.

É impressão minha, ou isto parece uma letra sentimental da Mafalda Veiga? É assim, o ar da praia solta a lamechas que há em mim.

sábado, 28 de agosto de 2010

Férias, ou nem por isso

Fomos parar a um hotel servido por uma praia com 10 cm de comprimento, espaço esse partilhado por barcos de pescadores e alminhas que desconhecem a palavra distância mínima da toalha alheia.
Fomos parar a um hotel cuja praia de tamanho normal mais próxima se situava na mais bela e por explorar localidade algarvia chamada Armação de Pêra. Localidade ímpar na sua natureza selvagem e sem construções em altura, onde arranjar um buraco para o carro e outro para uma toalha de bidé no areal nojento é mais difícil do que espetar uma bandeira no topo do Everest. Localidade que muitos portadores da nossa portugalidade parecem achar paradisíaca, avaliando pela forma sedenta com que fluem nas ruas apinhadas e desgovernadas, ou com que sacam das toalhas para o dia todo na selva barulhenta.
Fomos parar a um hotel com uma vista magnífica sobre o mar, mas sem podermos sair da piscina por todos aqueles motivos acima. Vai daí mudámos.
E agora, apesar de já ter descoberto que o António não gosta de praia e chora para ir embora, ao passo que a Alice chora quando vai embora, apesar de me ter conformado em passar as manhãs com o meu baby debaixo dos pinheiros, enquanto o Hugo vai para areia com a Alice, apesar de já ter entendido que férias com dois miúdos de idades diferentes são uma espécie de gestão de recursos humanos paterno-maternos, em que pai e mãe se revezam e raramente se encontram, sinto que tenho as coisas controladas.
A praia gigantesca a três minutos de distância a pé, os pinheiros que nos dão sombra e os finais de tarde no areal a quatro, já dão um certo cheirinho a férias e caramba, férias, apesar de cansativas, são boas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Lá, lá, lá

Com voz esganiçada, mas alegre, canto:
Eu vou, eu vou, bazar daqui eu vou, Lá lá lá lá lá lá lá lá lá, eu vou, eu vou.
Malas, malinhas, malões, sacos, saquinhos, sacalhões, baldes de praia, cadeirinhas, garrafões e marmitas com feijões, mas eu vou, eu vou, bazar daqui eu vou, lá lá lá lá lá lá lá lá lá, eu vou, eu vou!!!
Acho que nunca estive tão contente por viajar até essa mítica e deserta região por explorar chamada Allgarve...

*A parte das marmitas e garrafões é ficção, mas é de facto a única coisa que não levamos.

domingo, 22 de agosto de 2010

Toddlers and Tiaras

De cada vez que tenho um lampejo deste programa absolutamente vomitante chamado Toddlers and Tiaras, pergunto-me, como é que é possível.
Possível existirem mulheres destas a parirem miúdos, possível existir um país onde é permitido este tipo de concurso, possível existirem pais que assistem impávidos e serenos à esquizofrenia da mulher para com as filhas/filhos, possível conceber-se este tipo de concurso para bebés.
Estas mães, com graves problemas de identidade e traumas de infância, que fazem questão de viver o sonho da Cinderela através das filhas obrigam as miúdas (e miúdos também sim) a passarem pelo crivo de jurís, dentes postiços, unhas falsas, bronzeado artificial, vestidos de cabaret, laca no cabelo, prémios de dinheiro, frustrações, competição, vaidade, futilidade, tudo em nome dos seus próprios sonhos.
Roça a psicopatia, ouvi-las justificarem tudo com o bem estar e gozo das filhas e depois ver as crianças com birras, amuos, sono, impaciência por terem que se sujeitar ao desfile de beleza infantil.
Eu gostava de tecer aqui uma verdadeira tese sobre como é triste vermos estas coisas acontecerem e ninguém fazer nada quanto a isso, mas a realidade é que só me ocorre a palavra bigorna, juntamente com a cabeça destas mães.

sábado, 21 de agosto de 2010

Choramingar e coisas assim

Dou ao pé para o acalmar num embalar mais ou menos suave, pisco-lhe o olho e respiro fundo. Sei que vai melhorar quando o que quer que seja que o põe de mau humor for embora.
Até lá tento pensar nas coisas boas, só nas coisas boas, mas o choramingar não deixa, o choramingar só me faz pensar em choramingar e mais nada ao cimo da minha vida inteira interessa, só interessa que ele pare, que me dê um momento de silêncio.
Li algures num blog demasiado estranho para o linkar aqui que existem estudos que dizem que quando o bebé chora a culpa é da mãe, as cólicas são culpa da mãe, a ansiedade do bebé é culpa da mãe e penso: Caramba há mesmo mães que vivem assim, que pensam assim, que se culpam assim? E há mesmo estudos que se debruçam sobre coisas tão estúpidas assim, como descobrir culpados para a má disposição de um bebé?
Há, parece que há sim.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Não sei por onde vou...

Fazer planos é pedir, na maioria das vezes, decepções.
Andar à deriva, sem marcos, nem propósitos também não é saudável, pois consome-nos uma espécie de cegueira para a frente que nos atormenta o espírito.
O ser-humano precisa de algumas certezas, mas não todas. Apesar do conforto que dá o calendário cheio de tracinhos e objectivos por alcançar, o desconforto por não conseguir alcançá-los consegue ser sempre pior.
Por isso decidi fazer planos à minha medida, não me sobrecarregar e não me lançar nas malhas da auto flagelação de cada vez que os falho.
Sabermos a nossa medida é bom e caminharmos de acordo com a força do nosso coração é sensato.
Há uma frase, se não me engano, do José Régio, cantada pela Maria Bethânia, que diz mais ou menos assim:
"Não sei por onde vou, só sei que não vou por aí"
E é isto, tem que ser isto.

domingo, 15 de agosto de 2010

Apalavronada

Juro que não sei o que se passa comigo, mas de cada vez que escrevo sai-me um palavrão. Estou verbalmente incontinente e suspeito que é por não poder praguejar em voz alta perto da Alice e vá, do António também. É como quando falta a água aqui em casa e me dá para padecer de sede a cada instante.
Apesar de não ter rigorosamente nada contra, nunca tive veia para o palavrão escrito em modo non stop, nem para falar como uma habitante de um bairro problemático algures no mapa citadino, por isso estranho-me.
Se esta maleita andar a afectar mais alguém é favor dizerem-me, a fim de me sentir menos solitária e desprezível. Até lá tentarei desdramatizar e gritar uns dois ou três palavrões por hora pela janela fora a ver se isto vai embora.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Dramas de Beleza ou Aqui também se usa Chanel

Entre as joias, diamantes e Ferraris, o Hugo ofereceu-me nos anos um conjunto de gel de banho, creme para o corpo e perfume Chanel. Nada de gozos nem de assobios invejosos, porque eu também tenho direito a ser absoluta e irremediavelmente fashion e, surpresa das surpresas, o perfume e seus sucedâneos não cheiram a velha gaiteira, são fresquinhos como gosto.
Problema nº1:
Não tenho coragem de lavar as partes baixas com o gel de banho Chanel, acho indecente.

Ontem queria ter comprado na Body Shop uma luva-esponja, daquelas que tiram as células mortas, porque tenho-as para dar e vender, principalmente na massa cinzenta, mas tive preguiça de ir à dita loja e acabei por comprar uma esponja com o mesmo propósito, mas rasca do Continente.
Problema nº2
Esfolei-me viva.

Hoje atingi o patamar mais reles de uma mulher fashion e comprei uma caixinha de roupa interior numa grande superfície/loja-tipo-feira. Cheguei a casa, abri a embalagem e as pintinhas amorosas na loja, haviam-se transformado numas bolas descomunais de velhota.
Problema nº3
Deito aquela merda fora, ou guardo para usar numa noite de incontinência?

Coisas que já sei

Acho graça à quantidade de coisas que posso dizer que já sei. Coisas das quais fiz teorias, frases, conjecturas e finalmente tirei conclusões. Coisas simples, menos simples, mais ou menos desarranjadas. Coisas.
Coisas de que posso falar se me pedem conselho, ou que guardo para mim se não me pedem.
A coisa que me chegou hoje de sopetão foi simples. Chegou com uma clareza quase cristalina, daquelas que admitem poucas dúvidas e deixou-me triste.
Entendi que, a maior parte das vezes, quem nada pede, nada recebe. Que quem bem se comporta não é visto, nem premiado.
Ao contrário de quem faz merda a vida inteira. Este sim é visto, ajudado, coberto de atenções e pézinhos de lã.
Premiar a merda através de excesso de zelo e ignorar aquele que não apresenta problemas, é das coisas mais idiotas que podemos fazer e magoa.
E esta coisa eu já sei.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Polaroids da Minha VIda

Não sei se é só a mim que acontecem estes momentos fotográficos da minha própria vida. Momentos em que consigo remeter tudo para a minha lente de focagem manual e parar a imagem, congelando-a dentro do meu coração.
Ontem aconteceu-me ficar a olhar a minha família e sentir que tudo estava onde deveria estar. A Alice fazia uma festinha nos cabelos do irmão, o Hugo ouvia as notícias e eu tive a certeza que o mundo, o meu mundo, era um lugar onde queria estar.
Depois tudo terminou, o ruído regressou, o calor invadiu cada partícula da minha pele cansada, a Alice deu início a mais uma sessão de cantorias enlouquecidas, o António choramingou assustado, o Hugo refilou com nada de especial e a rotina instalou-se subtilmente, obrigando-me a usar a lente de focagem automática.
Tenho dias em que preciso muito de ver fotografias. Lembrar as que tiro com o olhar e as que tirei com a máquina ao longo dos anos. Sempre que revejo algumas imagens de momentos importantes, ou que não importaram assim tanto, amo com mais força e tenho mais uma vez a certeza de que o caminho que trilhei faz afinal de contas todo o sentido.