quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Que grande galómetro

Quando viajo, podem dar-me frio, nevoeiro, encoberto. Podem dar-me sol radioso, ou trovoada. Mas chuva caraças, chuva??!!!
Nos três dias que vamos estar em Francia-Disney-Pateto-Donald-Resort, vai chover...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A Rainha das Mães (não confundir com Rainha-Mãe)

Quando a Alice era mais bebé, sempre me senti uma mãe coxa e incapaz em relação ao seu choro, pois assim que engrenava na choradeira, não havia rigorosamente nada que a fizesse calar. O meu colo na maior parte das vezes não lhe trazia mais conforto do que o colo do pai, da avó, ou de um desconhecido que passasse na rua. Ela chorava desconsoladamente e só ao fim de muitos carinhos, canções no ouvido e festinhas, ela cedia finalmente. Não havia um passe de mágica que a emudecesse assim que se encontrava nos meus braços.
Gostava de adormecer no meu colo, mas consolo além sono não havia.
Aquelas tretas de que sempre ouvira falar quanto ao colo materno, cedo se transformaram em complexos por não ter um colo-cala-putos.
Com o António já não tinha grandes expectativas, nem planos grandiosos, talvez por isso mesmo, ele tivesse decidido brindar-me com essa coisa de vir para o meu colo e parar de chorar. É certo que não gosta particularmente de adormecer ao meu colo, aliás, não gosta de adormecer em praticamente lugar nenhum além da cama dele, mas deixa de chorar nos meus braços.
Hoje, depois de ter andado em três colos diferentes, cada um tentando levar embora o medo que o consumia por causa de um cão que ladrava demais, cada um mais experiente que o outro, cada um mais convencido que teria a chave para o calar, foi no meu colo que ele parou de chorar, no meu! Bastou passar para os meus braços e brindou-me com o mais terno soluçar seguido de um silêncio apaziguador.
Hoje senti-me dona do meu colo-cala-putos. Não importa que seja só o António que se cala nele, não importa que este colo não serene mais ninguém, porque hoje senti-me a rainha das mães :)

A minha desequilibrada ambição

Quando queremos muito alcançar a perfeição, andamos 200% do nosso tempo frustrados.
Quando baixamos as nossas expectativas, sentimo-nos fracos, pouco empreendedores.
Quando decidimos voltar a erguer a fasquia, com um estranho ânimo no nosso interior que nos impulsiona durante umas horas, acabamos por perder o gás.
Ando um bocadinho cansada de tentar regular o meu ponteiro da ambição, acho que ainda não consegui acertar com a minha hora.

sábado, 25 de setembro de 2010

Nigella sua grandessíssima

queque, ouvir-te dizer abacate em inglês aristocrático, enquanto deitas meio pacote de sal no fruto. Ou ver-te lamber a colher de pau, ou de silicone, enquanto dizes que gostas dos teus ovos salgados e mais uma vez despejas meio quilo de sal no produto, faz-me pensar se algum dia te veremos quinar em directo.
Até lá continua a tua ingestão salina de 2 quilos diários que vais no bom caminho e não te esqueças de lamber o pacote do sal, quando terminares. Dá sempre aquele toque de sensualidade que se quer num programa culinário.
Aqui entre nós, confesso-te que estou sempre à espera que te deites na bancada com a varinha mágica e faças amor com ela a noite inteira, enquanto lambes os restos de caramelo dos dedos, mas isso só deve acontecer quando o açúcar atingir níveis de limite.
Love u dear!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O melhor do casamento é:

O nosso bem amado dizer-nos que temos um pedaço de azeitona na dentuça frontal e nós, ao invés de escavarmos uma mina no chão do restaurante e para lá ficarmos, qual mineiro chileno até se esquecerem da nossa existência, deixamos ficar o pedaço de azeitona e rasgamos um sorriso, fingindo estarmos desdentadas.

Eu sei que sou...

Patética, neurótica e de novo patética, mas estou morta de saudades da Alice...
Já brinquei com o António, já passeámos, já dobrei milhares de peças de roupa acumulada até ao tecto, almocei um prato de sopa sem compromisso de ter que cozinhar almoço. Mas quando a casa fica em silêncio, quando olho a sala sem puzzles espalhados, nem folhas amachucadas, sinto uma corrente de ar por dentro.
Já não choro, mas falta-me ela.
Talvez por a minha filhota nunca ter sido daquelas crianças muuuuito chatinhas, que destroi a casa inteira e corre em círculos à volta de uma mesa até cair para o lado isto esteja a ser mais difícil para mim do que para ela...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Oh la la



Parece que, mais ou menos daqui a uma semana, esta gaja que vos escreve, mais O esposo desta gaja que vos escreve, mais a filha desta gaja que vos escreve, deverão andar com umas orelhas destas dans la tete a passearem-se, não na feira da Malveira, não nos carrinhos de choque de Ranholas-de-cima, não na roullote das bifanas do Campo Grande, mas... Na EURODISNEY!!!!!
Ora bem, depois de muito pensar, repensar, tentar marcar, desistir, parece que a coisa se vai mesmo concretizar. Se não houver greves-gerais dos personagens Disney, atentados perpetrados pelo Pato Donald no palácio da Cinderela, ou jovens fofinhos de etnia cigana a bloquearem a entrada do Parque (isso não deve haver, porque já bazaram todos), esta família menos um, vai andar a passear-se por lá.
Já conheço a Eurodisney, fui a primeira vez com a minha irmã mais velha e uma amiga nossa aí há uns 12 anos atrás, depois regressei com a irmã mais nova, quando viajámos as duas sozinhas a Paris e agora, vou finalmente com a desculpa perfeita: Uma filhota.
Caramba, não é do caraças?
Tirando a parte da viagem de avião, em que não vou poder abraçar-me ao Hugo a tremer, por causa da Alice e tirando a parte em que vou ficar sem o António 3 dias, estou mortinha por lá chegar. Ah e por tirar um dos dias para mostrar a Torre Eiffel e Montmartre à minha filha.
Viajarmos sozinhos é maravilhoso, mas confesso que estou curiosa por esta primeira viagem pelos olhos da nossa filha...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tu ou Você?

Decidi escrever sobre isto, porque me faz comichão e porque hoje a Alice deixou escorregar um "você" numa conversa casual com o pai. Reparei que a educadora dela trata as crianças (de 3 e 4 anos) por você, mas não assimilei a possibilidade de isso vir a afectar a forma como a minha filha aborda as pessoas cá fora, os pais inclusive.
Sou uma pessoa educada, respeitadora, instruída, com valores e princípios, tal como tanta gente e nunca acreditei que tratar os filhos por você fosse sinónimo de maior respeito.
Sim, usava-se antigamente, mas no meu humilde parecer, não era sinónimo de respeito, antes de distância, medo, afastamento. Os pais tinham relações cordiais com os filhos, polvilhadas de vez em quando com alguns gestos de amizade. Passavam valores sob a forma de frases geniais, de máximas filosóficas e criavam com os filhos laços de ferro, sem espaço para abraços, carinhos, mimo.
Tratar os filhos por você era apenas uma extensão desta relação cordial e precisamente por estes motivos, não gostaria que os meus filhos se dirigissem a mim, como se dirigem à senhora da tabacaria.
Depois temos toda a geração de tias e tios que juram a pés juntos que é por uma questão de respeito e tradição que querem que os seus ricos filhos os tratem por você, mas na realidade é por puro snobismo. Na sequência dos tios de Cascais, oiço coisas como: Vá à merda em pleno café. Mandar à merda alguém usando você é respeitoso. Já dizer: Vai à merda, é do mais brega que há.
Vai daí fiquei a coçar-me com a escapadela da Alice, fiquei a pensar até que ponto isso é relevante para mim e concluí que é importante sim. Não justifica tirá-la da escola de forma nenhuma, pois ela está muito feliz lá, mas justifica uma conversa a sério com a Alice, antes que ela se transforme numa Cinha. Fazê-la ver que cá em casa e com meninos da idade dela não há vocês.
O que é que querem, não gosto, não explico, não curto, não acredito.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não sei se chore, se arrote

Há de facto um jornal supostamente credível que gasta euros a pagar um ordenado a alguém que escreve assim?
Anda uma gaja a sonhar em escrever para uma revista, ou jornal, por muito brega que seja, para dar de caras com isto e perceber que afinal não é preciso saber escrever para ser convidada a escrever para um jornal?
Chamem-me ingénua, mas sempre acalentei no meu espírito pouco maduro a ideia de que os jornais tinham malta que escrevia, que tinha luzes acerca de como conectar ideias com letras e já agora, ideias inspiradas também.
Agora peidos em vez de frases, arrotos em vez de ideias, merda em vez de texto?
Não, obrigada.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sobre tudo e nada

Antes de vir aqui dizer com mais calma, que tenho uma filha mais adulta do que eu e que sinto uma vaidade absolutamente gigantesca por ela, quero deixar uma frase que encontrei hoje pintada na parede de um café. A princípio pensei que era mais uma frase Nicola, mas quando a li borrifei-me para a autoria, pois fez-me todo o sentido do mundo:
"A amizade é semelhante a um bom café, uma vez frio, não aquece sem perder o primeiro sabor."
Depois em letras mais pequenas, o nome do autor: Kant.
E esta hein?

domingo, 19 de setembro de 2010

Ao que tens que ir, não podes fugir

Não quero, não quero, não quero, não quero. Tem que ser, tem que ser, tem que ser, tem que ser. Quero chorar, chorar, chorar, chorar. Mas vou sorrir, sorrir, sorrir, sorrir.
Agora digam-me se existe gaja mais ridícula que eu? Digam-me por favor.
Caramba, nunca a divisão entre a minha cabeça e o meu coração foi tão abissal e nunca o sorrir, quando tenho vontade de chorar, foi tão difícil.
Sou a mãe mais cool e para cima do mundo à sua frente, a estender a mão para um high five e piscando um olho cúmplice de cada vez que falamos na escola, quando por dentro me sinto a verdadeira galinácea a estender perigosamente as asas sobre a cria.
Caramba que nunca me disseram que ia ser assim. Caramba.

sábado, 18 de setembro de 2010

Todos os Nomes mais o Teu


Voltar à escola enquanto mãe será certamente uma aventura. Vou esperar para ver como corre, para ver como corres nesse espaço que será um bocadinho teu, que tem o teu nome escrito e oficializado em tantos sítios.
Alice, Alice, Alice, Alice. Digo-o em voz alta tantas e tantas vezes, mas vê-lo assim desenhado por outras mãos que não as minhas, pendurado, colado, afixado, chamado, lembra-me que já és um bocadinho menos minha.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Zip Zaping

Ando chata. Chata e impaciente.
Exemplos deste meu estado de espírito aborrecido são sem dúvida, conseguir topar nos primeiros 5 minutos de filme se vou gostar, ou se vai ser uma banhada, o mesmo acontece com os livros. Comprar um Cd (sim, de vez em quando ainda compro) e não ouvir nenhuma música até ao fim. Cá em casa, quem se atrever a sentar-se ao meu lado enquanto vejo televisão, sofre, pois na realidade não vejo porra nenhuma, vou sim saltando de canal em canal e vendo dez coisas em simultâneo.
Estou na rua e quero voltar para casa, estou em casa e quero sair porta fora.
Procuro hotéis para uma possível viagem no Booking.com e não chego a conclusão nenhuma, pois salto de hotel em hotel e vou descartando este e este e este, ora pela colcha da cama, ora pelas casas de banho de aspecto duvidoso, ora porque vejo outro hotel mais bem localizado, enfim, não consigo concentrar-me num site de viagens, sem que me apeteça explorar outros países logo de seguida. Salto do Booking, para o netviagens, para o e-dreams, para o Google Earth, para a blogosfera, para a ciber-esfera e não chego a reservar nada.
Espero que isto passe, a sério que espero, se bem que, enquanto espero, aproveito para olhar por cima do ombro a ver se topo alguma coisa mais interessante para fazer do que esperar que passe.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Adoro

Tudo o que seja programas sobre casas, restauro de casas, decoração de casas, compra de casas, troca de casas.
Tirando o Querido Mudei a Casa, que com tanta conversa pelo meio e tanta divagação em torno do diluente da Robialac e suas características, acaba sempre por me fazer fechar a pestana...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Assombro Fashion

Hoje entrei nesse templo da moda chamado Zara e deparei-me com estes cães na secção dos sapatos (não este modelo, mas o modelo pêlo-de-caniche-encardido-por-anos-de-mijo). Olho em volta e de facto, estava numa loja de roupa e não numa pet-shop, mas o meu assombro manteve-se. Aproximei-me, toquei-lhes, fiz-lhes festinhas, assobiei-lhes, acenei-lhes com um pedacinho de bacon que tinha agarrado à camisa, mas nada, não me ligaram puto, ficaram ali, na prateleira rente ao chão, fofinhas e peludas.
Eu só pergunto, do alto da minha ignorância fashionista, alguém anda com esta merda nos pés? Aquilo não morde? Não fica a trampa dos passeios agarrada ao pêlo? Não vos confundem com o Big Foot?
Há de facto malucos para tudo.

Os anos uns atrás dos outros

Sinto-me cada vez mais tolerante. Não sei porque carga de água fiquei assim neste marasmo e pacifismo interior, mas acho que isto de fazer anos, uns atrás dos outros, nos traz coisas boas.
Deixei-me das certezas inabaláveis e universais da adolescência, divorciei-me dos planos mais do que certos, separei-me das grandes lutas por nada de especial e dos julgamentos à primeira vista.
Saltei fora das constantes opiniões não solicitadas e tentei dar um pontapé no que não é importante para me fazer parar mais do que um minuto.
Ainda me irrita o egoísmo, o egocentrismo, a falta de auto-conhecimento e de admissão dos próprios erros de muita gente e com isso a intolerância renasce em mim com todas as forças, mas de resto gosto de sentir que abraço pessoas diferentes de mim, visões opostas, ideias absurdas sob o meu prisma, mas válidas para outros.
Gosto de sentir que os anos, uns atrás dos outros, me fizeram mesmo alguma coisa jeito além dos cabelos brancos e das duas linhas vincadas no rosto e que não passei indiferente ao que me aconteceu, ou deixou de acontecer.
Gosto de sentir que não sou impermeável à vida.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Deambulações de Vida e de Vídeo

Não me venham com tretas, a dizer que os vídeos isto e que os vídeos aquilo, pois sem dúvida que o nosso melhor investimento nos últimos anos foi a câmara de filmar. As fotografias imortalizam de uma forma muito sua, são momentos estáticos, para os quais olhamos vezes e vezes sem conta e que dispomos na nossa casa em molduras, dentro da página de um livro, em caixas, em álbuns, no computador.
Agora os filmes não são estáticos, têm vozes, sons, movimentos, gritos, risos e são talvez a melhor forma de reviver momentos.
Ontem revimos horas de filmes familiares, desde que a Alice tinha 6 meses e caramba, que emoção tão, mas tão grande e como ela vibrou com cada momento em que se reviu bebé, a gatinhar, a andar, a dizer as primeiras palavras, a dançar. E nós lá, sempre lá com ela, na galhofa, na emoção, no primeiro banho de mar, nos domingos de ronha na cama, nos passeios no paredão, na primeira ida ao zoo.
Ainda não chegámos ao nascimento do António (filmado sim), mas tenho a certeza de que quando chegarmos nos vamos emocionar até ao fundo.
A Alice regra geral odeia ver-se bebé, não sei se é só com ela que isto acontece, mas fica verdadeiramente neurótica. Agarra-se a nós e não nos larga mais, numa espécie de medo de perder a sua meninice. Mas ontem viu tudo cheia de vontade e no final, sem dizer uma palavra, foi abraçar o pai, numa espécie de reconhecimento de tudo o que viu nos filmes...

sábado, 11 de setembro de 2010

Os Carros da Minha Vida

Oiço muita gente dizer que é desapegada de bens materiais e, pensando bem, também não me apego muito a móveis, roupas, loiças, não ligo a jóias, nem a muitas dessas coisas que tanta gente tem dificuldade em deitar fora. Desprendo-me de uma peça de roupa com a mesma facilidade com que vou à casa de banho (comparação profunda).
Mas há uma excepção a isto tudo, há de facto um bem material que viaja pela veia da nostalgia que pulsa em mim, de cada vez que tenho que me desfazer dele, um imenso mar de memórias surge em vagas, em marés altas e baixas, até me fazer suspirar. Esse bem material tem 4 rodas mais uma suplente e chama-se carro.
Não é que ligue a grandes carros, nada disso. Mas ligo às recordações que eles trazem e levam consigo.
O meu Renault 5 em sétima mão, que me levava ao liceu e à faculdade, deixando-me tantas vezes apeada, ou com a manete das mudanças na mão. Esse Renault 5, onde ouvia cassetes gravadas de propósito vezes e vezes sem conta, traz-me o melhor dos tempos, os tempos em que ter carro era a minha íntima liberdade. Os tempos em que conduzir pela estrada do Guincho era a melhor terapia para um desgosto de amor.
Depois veio o Peugeot 205, meu querido carro, ainda me lembro do luxo que era um carro com ar condicionado e um rádio Grundig com aquelas barrinhas que saíam para evitar furtos. As histórias que o meu Peugeot ouviu, os desabafos de amigas, o mar, o vidro embaciado pelo frio da noite, as aulas em Lisboa, até a revisão da matéria antes de uma oral.
Seguiram-se os dois Alfa Romeos ronronantes como leões, cheios de estilo que "herdei" do meu pai e que, de alguma forma, simbolizaram a passagem da minha vida adolescente a adulta, não me perguntem porquê.
Depois veio a minha adorada carrinha, com uma mala onde podem dormir à vontade duas pessoas bem esticadas, onde cabe tudo o que decida atirar para o seu interior. A carrinha que nos conduziu ao hospital para os meus filhos nascerem e que nos trouxe de volta uma família maior.
Agora digam-me, como é que é possível não sentir saudades, amizade, nostalgia, por estes amigos que me viram crescer a mim, aos meus filhos, à minha vida?
Por isso, até hoje procuro tantas vezes as matrículas dos meus velhos amigos, na esperança de os reencontrar, vivos ainda e com saudades minhas também.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mais Bota Botilde e mais e mais e mais e mais

Imaginemos que a Bota Botilde é de facto culpada. Imaginemos que as vítimas foram de facto vítimas e não reles e recambolescos mentirosos. Como raio se hão de elas sentir a ver o trombil da dita bota de manhã à noite na televisão a vitimizar-se? Chiça que o que é demais enjoa. E olhem que eu tenho uma grande reserva de Guronsan em casa.

Uma coisa que me faz rosnar

Se há coisa que me revira o lobo central ao contrário e me troca o hemisfério Norte pelo Sul, é entregar o dinheiro na mão à senhora que está atrás do balcão e quando lhe estendo a mão para receber o troco, ela espalha o cascalho todo pelo balcão.
Hoje então estive mesmo para pegar nas moedas que a senhora projectou com desprezo sobre a superfície sebosa à minha frente e atirar-lhas às ventas.
Caramba, não pedia um atendimento britânico com Love para aqui e Love para acolá, mas os mínimos dos mínimos por favor.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Bacancias

Nas minhas férias tive oportunidade de observar muita gente. Gente com miúdos mil vezes mais chatos que os meus, gente a ter que suportar birra, atrás de birra, atrás de birra, mães que passavam o jantar inteiro levantadas do buffet para a mesa e vice-versa e a cortar carne aos quadradinhos, enfim, gente que, tal como nós, pouco descansava. Gente mal educada, gente discreta, gente javarda, gente menos javarda e gente assim-assim.
Da gente javarda recordo-me de uma mãe na praia a gritar para o filho de cerca de um ano e meio, que teimava em correr pela praia:
- OLHA QUE BEM AÍ O HOMEM MAU, OLHA QUE TE LEBA EMBORA, ANDA CÁ ANTES QUE LEBES NA CARA!!!!! AIIIIIII OLHA O HOMEM MAU ALI ATRÁS DO CHAPÉU!!!!!
Parte nº 2 e quanto a mim a mais hilariante que escutei, enquanto a dita mãe corria atrás do puto com uma garrafa de água mineral, tentando vertê-la para dentro dos calções de banho do miúdo:
- ANDA CÁ, NUM OUBISTX??? ANDA CÁ P'RÁ MÃE TE LAVAR A PILA!!!!!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Só sei que vou chorar

Habituei-me tanto a ter-te todos os dias o dia todo na minha vida durante 4 anos e meio, que vou precisar de outros 4 anos e meio para me habituar a ter-te menos vezes por dia.
Para a semana começas a escola e, racionalidades e pedagogias arrumadas na gaveta, confesso-te em segredo, porque ainda não consegues ver além do meu sorriso: Vou chorar muito. Vou andar na rua, empurrar o carrinho do teu mano e olhar em volta à tua procura. Vou ligar o rádio do carro e ficar à espera que cantes comigo. Vou pedir-te que ponhas a chupeta ao mano quando ele chorar e só depois perceber que tenho que ser eu a ir pô-la. A minha mão vai ficar fria e esquecida dentro do bolso com saudades do calor da tua e os meus passos vão fazer sempre intervalos regulares à tua espera.
Não sei como vai ser. Sei apenas que tem mesmo que ser e que te amo e quando amamos assim sorrimos sempre, mesmo quando dentro do nosso coração chove torrencialmente.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A Bota Botilde

Confesso que estou um bocadinho farta da Bota Botilde, das nostalgias da Bota Botilde, do encantamento pela dita bota nos dias que correm.
Eu tive uma. Lembro-me perfeitamente da argola para enfiar o pezinho e saltar sobre o sapato roxo e feioso dezenas de vezes, até as canelas tremerem de exaustão.
Mas ver a minha alma lacrimejar hesitante, porque o homem associado a essa peça de calçado foi condenado por crimes que me revolvem o estômago. Usar o argumento da bota para achar impossível alguém cometer crimes, não me parece.
Ainda se fosse o jogo do elástico, aí sim poderia até desculpar, agora a bota botilde? Essa coisinha feia e sem graça? No way.

domingo, 5 de setembro de 2010

Melhor que a Angelina e muito mais Jolie

Estou a ver o Enemy At The Gates no Hollywood (um grande filme com o Jude Law e a Rachel Weisz) e concluo sem grandes delongas, que mil vezes mais gira que a mítica Angelina Jolie, que quanto a mim me parece sempre acometida de uma crise alérgica labial depois de ter sido picada por um ferrão da Abelha Maia, é a Rachel Weisz, caramba, ela é mesmo bonita.

sábado, 4 de setembro de 2010

Massagens na Pança e um soco na vaidade

Na praia, com a Alice por uma mão e a prima dela de 7 anos pela outra, avistamos um puto a ser enterrado na areia por um bando de miúdos. Já só tinha a cabeça de fora e tanto Alice como prima ficaram em êxtase a olhar aquela brincadeira.
- Tia, podemos enterrar-te assim? - Pergunta a minha sobrinha.
- Podemos, podemos mãe? - Pergunta uma Alice dividida entre o terror de me perder nas profundezas da terra e a excitação de escavar um buraco do tamanho do mundo.
- Meninas, vá calma lá com vocês, olhem para mim e leiam os meus lábios: N-Ã-O!!!! Ainda para mais, já sei a quem vai calhar escavar o buraco.
- Ó vá lá, vá lá, vá lá, vá lá.
- NÃÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!!!
- Está bem tia, eu já percebi. É porque tens outro bebé na tua barriga, não é?
E enquanto profere esta afirmação dos demónios, faz festinhas na pança encolhida até às costas de uma Anacê demasiado embaraçada para responder.
Chiça que a criançada sabe espetar facadas com tanta sinceridade, não?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A Urgência do Crescimento dos Putos

Confesso-me ignorante no que toca a escolas e putos, pois só sei das aventuras dos filhos de pessoas próximas de mim. A Alice entrará este mês, mas cai fora do usual, pois vai mais tarde do que é costume. Ultrapassando esta bela introdução, há de facto coisas que me fazem um bocadinho de chateamento cerebral:
Porque carga de água metem os putos a comer sozinhos desde o berço? Sim, eu compreendo que seja impraticavel, alimentarem dezenas de crianças individualmente à hora das refeições, mas se o nosso puto é daqueles que não tem prazer em comer e pensa que o prato à frente dele é um mero suporte de material de brincadeira, lixam-nos a vida em casa, pois temos a criança a brincar com a comida em vez de introduzi-la na bocarra e a recusar-se a ser alimentada por nós. Um bebé de 1 ano, se não for portador de um apetite voraz, associando automaticamente o prato com comida ao saciar da fome, vai inevitavelmente brincar, atirar, projectar, gritar, enquanto o chão, paredes, tecto, mesa e afins são pintados com tinta alimentar.
Há quem ache que tudo isto é pedagogicamente encantador, que os miúdos devem ser atirados para a independência desde o útero, mas eu só pergunto:
Qual é a pressa?
Não é verdade que todos os miúdos, mais cedo, ou mais tarde comem as suas refeições sozinhos? Então e se for um bocado mais tarde, é crime pedagógico? É incompetência materna?
Ai que horror, os teus filhos ainda não comem sozinhos?
Olha não, é que se eu ficasse à espera que comessem sozinhos, olhando-os em hipnotizante encantamento, enquanto me cagavam a casa toda, fecundando-me a paciência até ao infinito, desconfio que por esta altura pesariam 2 quilos, eles e eu.
Se der fantástico, se não der, não deu.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Radio-televisão-portuguesa nº2

Enquanto estive de férias (sim a dura, podre e malcheirosa realidade é que regressei hoje) descobri toda uma panóplia televisiva paralela. Condenada aos 4 canais generalistas e a dezenas de outros sem o menor interesse, redescobri o canal 2.
O telejornal da rtp 2 vê-se sem qualquer tipo de esforço, nem vontade incontrolável de zapingzar de cada vez que me deparo com 30 minutos de informação futebolística e lá passam realmente notícias. Os programas sobre a vida selvagem prendem do primeiro ao último minuto e caramba, descobri esta série de programas sobre bairros problemáticos que adorei, sem favor nenhum, adorei mesmo.
Regressada a casa e aos 1234567 canais disponíveis, fiz uma promessa a mim própria: A Rtp 2 vai ocupar os meus olhos carentes de qualidade e vai reconectá-los com o meu pobre cerebro atrofiado por meses de Discovery and living e Sic Mulher.