Querida
Joaníssima, só tu para me pores a pensar numa lista interminável destas. Mas como não consigo dizer-te que não, aqui fica o registo de mim sob as mais variadas formas:
Se eu fosse 1 mês seria um ano inteiro pois cada mês tem um significado especial.
Se eu fosse 1 dia da semana seria um sábado, sem a neurose do domingo e sem a excitação de sexta-feira.
Se eu fosse 1 número seria o 25, pois foi aos 25 anos que vivi tudo mais intensamente.
Se eu fosse um planeta seria a Terra, pois tenho algum pânico do desconhecido e dos ET’s.
Se eu fosse uma cidade seria Roma, a única com a dose certa de alegria e de melancolia necessárias ao meu estado de espírito.
Se eu fosse um móvel seria uma escrivaninha bem antiga cheia de pequenas gavetas secretas, pois é assim que me sinto tantas vezes, uma mulher cheia de compartimentos.
Se eu fosse um líquido seria sumo de maçã, era capaz de viver só disso.
Se eu fosse um pecado seria a Preguiça. Palavras para quê? Deixa-me ir ali fechar os olhos um bocadinho e já volto.
Se eu fosse uma pedra seria a turquesa, pela tranquilidade que transmite.
Se eu fosse um metal, seria qualquer um que não oxidasse.
Se eu fosse uma árvore seria daquelas sequóias gigantes, do alto da qual pudesse abarcar o mundo inteiro.
Se eu fosse uma fruta seria um morango, pois foi ao sabor dos morangos que tive os momentos mais ternurentos da minha vida.
Se eu fosse uma flor seria uma margarida. Simples, despretensiosa, mas cheia de alegria.
Se eu fosse um clima seria temperado, no meio está a virtude.
Se eu fosse um instrumento musical seria um clarinete, pois faz-me sempre lembrar o vento a soprar lá fora.
Se eu fosse um elemento seria a terra (muito embora o meu seja a água), pois sou uma mulher que precisa dos pés bem assentes na terra para me impedirem de fugir presa numa nuvem de sonho.
Se eu fosse uma cor seria o azul, desde sempre a minha cor de eleição. O azul do mar e do céu.
Se eu fosse um animal seria uma coruja. Não me perguntem porquê.
Se eu fosse um som seria o som do mar, para me lembrar que a vida continuará mesmo sem mim.
Se eu fosse uma canção seria The Very Tought Of You pela voz de Billie Holiday. Faz-me regressar a um tempo e a uma história que vivi nos meus sonhos.
Se eu fosse um estilo de música seria Música Clássica, por ser intemporal e universal.
Se eu fosse um sentimento seria o sentimento protector. Adorava poder proteger o mundo de qualquer tipo de dor.
Se eu fosse um livro seria E Tudo o Vento Levou. A grande história de amor de todos os tempos e uma heroína terrena, com defeitos.
Se eu fosse uma comida sem dúvida seria a comida italiana, regada com um bom vinho e no contexto certo é um bálsamo para o coração.
Se eu fosse um defeito seria o orgulho. Já lhe tenho ganho muitas lutas, mas a batalha ainda não terminou.
Se eu fosse uma qualidade seria a sensibilidade, já me feriu muitas vezes, mas já me ajudou a perceber tanta gente.
Se eu fosse um sabor seria o sabor a canela. Tantas vezes a uso em vez do açúcar e não faz mal à saúde.
Se eu fosse um cheiro seria o cheiro a Alfazema, porque me lembra o limpo, o puro, o fresco, o recomeço.
Se eu fosse uma palavra seria a palavra Amor. Nada faz sentido sem este sentimento à flor da pele e debaixo da língua.
Se eu fosse um verbo seria o verbo ler. Pois lemos para sabermos que não estamos sós.
Se eu fosse um objecto seria uma caneta de tinta permanente para nunca me esquecer da palavra manuscrita.
Se eu fosse uma peça de roupa seria umas calças de ganga, porque vão bem com tudo e exigem quase nada.
Se eu fosse uma parte do corpo seria os olhos, o espelho da alma.
Se eu fosse uma expressão seria um olhar comovido, pois gosto de me deixar comover.
Se eu fosse um filme seria o Antes do Amanhecer, o filme que gostaria de ter escrito, uma história que gostaria de ter vivido.
Se eu fosse uma estação seria todas, pois todas são necessárias para se dar valor às outras.
Se eu fosse uma frase seria: “Numa época em que efectivamente tudo está dito, continuar a escrever só é possível para quem é humilde”. De Gonzalo Torrente Ballester.
E vou passar este desafio sim.
À
Socas porque ela anda muito calada e assim dou-lhe material para se entreter.
À
Precis Almana, pois estou curiosa com o que ela vai responder.
Ao
Carlos, pois quero ver se ele é capaz de continuar a surpreender-me.
E
Kitty porque mereces todos os desafios do mundo.
E não vou desafiar mais ninguém, porque esta lista é extensa como tudo.