quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
Austrália Nunca Mais
Uma convenientemente enviuvada Nicole Kidman viaja até à Austrália onde se depara com uma cena de porrada num salloon e dá de caras com um galã suado e valente que a vai conduzir até casa. Ai como ela o odeia, ai como ele é tão brutamontes. (onde é que eu já vi isto? Talvez em mais de um milhão de filmes)
Depois há uma manada que tem que ser conduzida. Quem poderá conduzi-la? E eis que passa a galope no seu cavalo esse galã suado e valente de dentes a reluzir ao sol. Depois de muitas e convenientes dificuldades, ele lá cede e acompanha a bela Nicole nessa épica condução de vacas pela Austrália.
Há um nativo que aparece sempre em posição de Yoga (tem que ser um aborígene, porque na Austrália não são Índios) e uma bela criança mestiça cheia de frases enigmáticas e de ensinamentos. Ai que comoção.
Depois o amor, Nicole boca de botox e Galã suado amam-se e trocam juras de amor, mas ele foi magoado no passado e não suporta a ideia de poder voltar a sofrer no presente, por isso parte em direcção ao sol posto com as suas vacas. Nicole chora, mas é valente.
No final, ele julga-a morta pelos malvados japoneses, mas não. Ela vive!!! Aleluia!! Que lindo.
Vou passar a explicar porque é que cada vez que vou ao cinema para ver um mau filme, fico lixada.
É que eu hoje em dia vou muito pouco ao cinema e gostava de acertar em cheio de cada vez que vou.
E depois o cartaz do filme, claramente uma cópia de E Tudo o Vento Levou. Por favor, que ofensa!
Passagem de Ano Como Quero
Consegui! O telefone não tocou com nenhum convite de última hora. Vamos passar o ano em casa. E para que não me acusem de ser totalmente desprovida de sentimentos festivos,decidi fazer fondue para o jantar, acompanhado de um bom vinho tinto.
Há mais de 2 anos que não como fondue. Mais precisamente, desde que a Alice nasceu. Não é uma refeição muito amiga das crianças. Mas chegou a hora de ela se iniciar nestes pequenos prazeres da vida.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Família
Tive mais de 20 pessoas cá em casa a passar o Natal e depois das resmunguices, da desarrumação, da confusão de papéis de embrulho espalhados, das crianças aos gritos numa correria desenfreada, do vinho entornado no chão. Consegui um momento para me sentar e olhar para a nossa família. Longe de ser perfeita, cheia de pessoas normais com os seus defeitos, as suas neuras, os seus conflitos. Mas era a nossa família, minha e do Hugo, ali toda junta a partilhar conversas, afectos. E senti-me cheia, não só de doces e de vinho , mas de amor, de muito amor.
E pensei, meu Deus se isto não é felicidade, então não sei o que é que possa ser.
Claro que este sentimento desapareceu no momento em que entrei na cozinha para começar a arrumar. Mas a felicidade é feita de momentos, apenas momentos e eu tive o meu momento neste Natal.
E pensei, meu Deus se isto não é felicidade, então não sei o que é que possa ser.
Claro que este sentimento desapareceu no momento em que entrei na cozinha para começar a arrumar. Mas a felicidade é feita de momentos, apenas momentos e eu tive o meu momento neste Natal.
Passar o Ano Sem Passar
Porque é que não podemos passar o ano simplesmente a dormir? Porquê a obrigação de festejar uma coisa que não sabemos bem o que é.
Sim, entramos no ano novo e celebramos aquilo que aí vem. E se o que aí vem é mau?
Celebramos o ano que passou? Mas não podemos fazer isso todos os dias à nossa maneira?
As flutes, as passas, as badaladas, os gritos, os tachos, subir para cima da cadeira, o fogo de artifício. Eu bem tento sentir alguma coisa, faço muita força mesmo, mas nada. Zero, sinto apenas vontade que aquilo termine depressa para poder ir descansar da noitada.
Já gostei sim da farra, da bebedeira obrigatória. Mas mesmo aí acho que não celebrava nada, era apenas mais uma noite de borga.
Será que isto é só comigo e eu estou um tremendo bicho do mato?
Sim, entramos no ano novo e celebramos aquilo que aí vem. E se o que aí vem é mau?
Celebramos o ano que passou? Mas não podemos fazer isso todos os dias à nossa maneira?
As flutes, as passas, as badaladas, os gritos, os tachos, subir para cima da cadeira, o fogo de artifício. Eu bem tento sentir alguma coisa, faço muita força mesmo, mas nada. Zero, sinto apenas vontade que aquilo termine depressa para poder ir descansar da noitada.
Já gostei sim da farra, da bebedeira obrigatória. Mas mesmo aí acho que não celebrava nada, era apenas mais uma noite de borga.
Será que isto é só comigo e eu estou um tremendo bicho do mato?
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Eles Andam Aí
É só comigo, ou em cada entrada de hipermercado, em cada corredor de Shopping encontramos peditórios, campanhas de marketing, vendas de produtos, vendas de créditos. Não podemos dar um passo sem sermos abordados pela Ajuda de Berço, Banco Alimentar, Associação de Crianças Desaparecidas, Associação dos Amigos do Rato Mickey com problemas pulmonares, Campanha de recolha do que tens e do que não tens... Até umas mulheres com sotaque que nos pedem para mostrarmos as mãos aos gritos, na tentativa de nos venderem produtos de manicure.
Eu já desenvolvi uma arma secreta para evitar estas abordagens agressivas: Nunca estabelecer contacto visual. Procurar qualquer coisa na carteira, fingir que se manda um sms no telemóvel, até olhar o infinito com ar abstraído. Vale tudo para lhes fugir.
Eu já desenvolvi uma arma secreta para evitar estas abordagens agressivas: Nunca estabelecer contacto visual. Procurar qualquer coisa na carteira, fingir que se manda um sms no telemóvel, até olhar o infinito com ar abstraído. Vale tudo para lhes fugir.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Calma, Deixar o Espírito de Natal Penetrar
Com a aproximação do Natal, apercebo-me que vou ter 20 e tal pessoas cá em casa para jantar e que tenho o frigorífico avariado. Apercebo-me de que isto da véspera de Natal não é para toda a gente, nem para todas as donas de casa.
É exactamente assim que me sinto. Aliás, esta(s) podia ser eu num destes dias.
domingo, 21 de dezembro de 2008
Love Actually
Depois de um típico domingo em toda a acepção da palavra domingo. Consegui aterrar no sofá, entre o final do trabalho e a sesta da Alice e num zapping desenfreado, daqueles que só uma mulher em busca do esvaziamento cerebral é capaz. Apanhei o Love Actually na minha cena preferida.
Alguma coisa tinha que correr bem no meu domingo.
Aqui fica mais um filme brilhante em todos os sentidos.
"As coisas são claras para mim, não preciso de provas"
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Porque é que os filmes não são todos assim?
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
A Mais Bonita História de Amor
Há uns tempos atrás num programa de televisão ouvi uma história que me tocou bem fundo. Como não podia deixar de ser: Uma história de amor. Tenho que a deixar registada em algum lugar, por isso aqui vai:
Na Segunda Guerra Mundial, um jovem prisioneiro Judeu que tinha perdido a família, a esperança e a vontade de viver. Decidiu que ia deixar de lutar. Ia-se entregar nos braços seguros da morte, a única que lhe traria algum conforto no meio daquele inferno em que se transformara a sua vida.
Na mesma noite em que decidiu desistir, a mãe dele apareceu-lhe num sonho e disse-lhe para não ter mais medo, porque lhe enviaria um anjo para tomar conta dele.
No dia seguinte ele acorda com uma sensação estranha de conforto e numa das suas voltas pelo campo de concentração, junto à vedação vê uma jovem que o chama e lhe pergunta o que é que pode fazer por ele. A resposta dele é simples, pouco poética, mas muito real: Tenho tanta fome. E ela estendeu-lhe um pedaço de pão.
Depois desse dia, a jovem passou a levar-lhe um pedaço de comida todos os dias e tornou-se no único ponto de luz na vida daquele rapaz. Ele vivia para aqueles minutos em que esperava por ela junto da vedação e a via chegar.
Perto do final da Guerra, ele recebe a notícia que vai ser transferido para outro campo e é com a maior amargura do mundo que o comunica à jovem mulher. Dizem adeus, pois sabem que o mais certo é nunca mais se verem. Quando ele vira costas chora. Chora por a deixar para trás e, no fundo, por tudo aquilo que perdeu com o Holocausto.
Passados anos, já terminada a Guerra, este jovem polaco prossegue a sua vida nos EUA. E, cedendo à pressão de um amigo, lá aceita sair num Blind Date, orquestrado por ele. Quando aparece no encontro um pouco contrariado percebe que a mulher que, passados tantos anos, estava ali bem à sua frente, era a jovem do campo de concentração. O seu coração parou, o dela também. Apesar do tempo que tinha passado e de ele estar quase irreconhecível fisicamente, reconheceram-se quase imediatamente.
São casados até hoje.
Digam-me por favor se esta não é a história de amor de todos os tempos?
Isto dava um livro, isto dava um filme...
Na Segunda Guerra Mundial, um jovem prisioneiro Judeu que tinha perdido a família, a esperança e a vontade de viver. Decidiu que ia deixar de lutar. Ia-se entregar nos braços seguros da morte, a única que lhe traria algum conforto no meio daquele inferno em que se transformara a sua vida.
Na mesma noite em que decidiu desistir, a mãe dele apareceu-lhe num sonho e disse-lhe para não ter mais medo, porque lhe enviaria um anjo para tomar conta dele.
No dia seguinte ele acorda com uma sensação estranha de conforto e numa das suas voltas pelo campo de concentração, junto à vedação vê uma jovem que o chama e lhe pergunta o que é que pode fazer por ele. A resposta dele é simples, pouco poética, mas muito real: Tenho tanta fome. E ela estendeu-lhe um pedaço de pão.
Depois desse dia, a jovem passou a levar-lhe um pedaço de comida todos os dias e tornou-se no único ponto de luz na vida daquele rapaz. Ele vivia para aqueles minutos em que esperava por ela junto da vedação e a via chegar.
Perto do final da Guerra, ele recebe a notícia que vai ser transferido para outro campo e é com a maior amargura do mundo que o comunica à jovem mulher. Dizem adeus, pois sabem que o mais certo é nunca mais se verem. Quando ele vira costas chora. Chora por a deixar para trás e, no fundo, por tudo aquilo que perdeu com o Holocausto.
Passados anos, já terminada a Guerra, este jovem polaco prossegue a sua vida nos EUA. E, cedendo à pressão de um amigo, lá aceita sair num Blind Date, orquestrado por ele. Quando aparece no encontro um pouco contrariado percebe que a mulher que, passados tantos anos, estava ali bem à sua frente, era a jovem do campo de concentração. O seu coração parou, o dela também. Apesar do tempo que tinha passado e de ele estar quase irreconhecível fisicamente, reconheceram-se quase imediatamente.
São casados até hoje.
Digam-me por favor se esta não é a história de amor de todos os tempos?
Isto dava um livro, isto dava um filme...
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Mais Uma Vez Tu
Sonho ver-te crescer e assistir à pessoa em quem te vais transformar. Tento não colocar nenhuma das minhas expectativas nos teus desejos e vontades, tento não me colocar à frente dos teus horizontes. Espero ter sempre a força para recuar quando quiseres avançar e para avançar apenas quando chamares por mim.
És agora parte da minha vida de uma forma que nunca pensei ser possível e isso traz-me um conforto sereno e doce. Uma certeza que já ninguém me pode tirar.
És agora parte da minha vida de uma forma que nunca pensei ser possível e isso traz-me um conforto sereno e doce. Uma certeza que já ninguém me pode tirar.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Playing By Heart
Hoje apetecia-me rever todos os filmes que nunca consegui esquecer. Por isso os vou deixando aqui a conta gotas, para me poder lembrar vezes sem conta da emoção que se sente ao sair do cinema depois de se ter visto um filme a sério...
Porque é que há tanto tempo que não vejo nada que me encha as medidas?
Before Sunrise
Para que nunca me esqueça de como se escreve um bom guião e de como uma história simples com duas personagens apenas pode ser tão brilhante e profunda.
Este filme em muitos sentidos completa-me.
Nem Sempre é Fácil
Acordar e tentar esquecer-me de mim só para poder entrar dentro da vida dos outros. Daqueles que existem apenas no papel e na minha cabeça.
Pensar neles, viver com eles, encontrar palavras para as conversas, acção para as cenas agitadas, amor para as cenas de paixão, maldade para as cenas do vilão.
Tenho dias assim. Em que simplesmente custa demais despegar-me da minha pele, desfazer-me da minha rotina para me colar na pele deles quase por osmose.
Hoje foi difícil e ponto final.
Pensar neles, viver com eles, encontrar palavras para as conversas, acção para as cenas agitadas, amor para as cenas de paixão, maldade para as cenas do vilão.
Tenho dias assim. Em que simplesmente custa demais despegar-me da minha pele, desfazer-me da minha rotina para me colar na pele deles quase por osmose.
Hoje foi difícil e ponto final.
sábado, 13 de dezembro de 2008
Saudade
Apaguem o sol, tragam as nuvens cinzentas uma por uma e façam-nas chover.
Tirem o verde das árvores e dispam-nas de folhas só para que não possa vê-las florescer.
Calem todos os ruídos que não são necessários, as vozes dos que falam ao longe, porque hoje choro. Hoje quero apenas sentir a tua falta, o teu vazio dentro da minha vida irremediavelmente sem ti.
Nada hoje aqui habita em mim. Nada para além da saudade que deixaste.
Tirem o verde das árvores e dispam-nas de folhas só para que não possa vê-las florescer.
Calem todos os ruídos que não são necessários, as vozes dos que falam ao longe, porque hoje choro. Hoje quero apenas sentir a tua falta, o teu vazio dentro da minha vida irremediavelmente sem ti.
Nada hoje aqui habita em mim. Nada para além da saudade que deixaste.
A Nossa História
Porque não falar da nossa história? Porque não deixar escrito em algum lugar como é que conheci o teu pai?
Acreditas mesmo se te disser que nos conhecemos quando eu tinha 13 anos?
Quando penso no assunto, nem eu mesma acredito que nos conhecemos já há 20 anos!
Não, não foi um namoro daqueles que nunca mais acaba, simplesmente, éramos grandes amigos, os nossos prédios em Lisboa era colados um no outro e nós assim ficámos também.
O teu pai tinha uma frase que, mesmo depois de nos separarmos pela distância, ficou para sempre gravada na minha memória. Entre as gargalhadas com que polvilhava cada piada descarada, enfiava o que ficou conhecida como a sua frase clássica: Just Kiding. Podia dizer as maiores barbaridades, que logo de seguida se desculpava com estas duas palavras em inglês.
Não havia quem não ficasse contagiado com o seu bom humor e por esse motivo, um grupo de pessoas parecia sempre levitar à sua volta.
Aos 16 anos mudei-me para Cascais e fomos perdendo o contacto. Nunca, mas mesmo nunca esqueci o Just Kiding e muitas vezes dava por mim a dizer essa frase em voz alta, como se ao dizê-la os meus tempos loucos de Lisboa voltassem nesse mesmo instante e juntamente com eles, o teu pai e o nosso grupo de amigos.
Já menina bem comportada e estudante de Direito, há uma tarde em que decido faltar a uma aula e ir matar saudades com a D. para a Av. de Roma. Foi um impulso, completamente fora do normal, que nos levou ao baldanço culpabilizado. Mas lá fomos e, sentadas na esplanada da Gelataria Roma, vimos passar o teu tio Filipe, irmão do teu pai.
Não queria acreditar, chamei-o e foi como se o tempo não tivesse passado. Senti que por muito tempo que passasse, havia cumplicidades que teimavam em não se perder. Trocámos números de telefone.
Passado um tempo o teu pai mandou-me uma mensagem.
Não conhecia o número, perguntei quem era. A resposta foi simples e esclarecedora: Se te disser Just Kiding, lembras-te?
Daí para a frente uma amizade antiga transformou-se num novo amor e eu, que estava sozinha há tanto tempo, acreditei que tinha ficado assim na mais completa secura, só para poder valorizar um grande amor quando ele surgisse.
Não foi fácil entrar na vida do teu pai. Ele tinha saído magoado de uma relação e não se entregava com essa facilidade toda. Mas a amizade que tínhamos serviu para não nos deixarmos fugir um do outro.
Se algum dia te vierem com a história de que não existe essa coisa do destino. Lembra-te de mim e do teu pai. Conhecemo-nos em miúdos, separámo-nos jovens, reencontrámo-nos diferentes e tivemos-te a ti como prova de que tínhamos mesmo que acontecer.
Acreditas mesmo se te disser que nos conhecemos quando eu tinha 13 anos?
Quando penso no assunto, nem eu mesma acredito que nos conhecemos já há 20 anos!
Não, não foi um namoro daqueles que nunca mais acaba, simplesmente, éramos grandes amigos, os nossos prédios em Lisboa era colados um no outro e nós assim ficámos também.
O teu pai tinha uma frase que, mesmo depois de nos separarmos pela distância, ficou para sempre gravada na minha memória. Entre as gargalhadas com que polvilhava cada piada descarada, enfiava o que ficou conhecida como a sua frase clássica: Just Kiding. Podia dizer as maiores barbaridades, que logo de seguida se desculpava com estas duas palavras em inglês.
Não havia quem não ficasse contagiado com o seu bom humor e por esse motivo, um grupo de pessoas parecia sempre levitar à sua volta.
Aos 16 anos mudei-me para Cascais e fomos perdendo o contacto. Nunca, mas mesmo nunca esqueci o Just Kiding e muitas vezes dava por mim a dizer essa frase em voz alta, como se ao dizê-la os meus tempos loucos de Lisboa voltassem nesse mesmo instante e juntamente com eles, o teu pai e o nosso grupo de amigos.
Já menina bem comportada e estudante de Direito, há uma tarde em que decido faltar a uma aula e ir matar saudades com a D. para a Av. de Roma. Foi um impulso, completamente fora do normal, que nos levou ao baldanço culpabilizado. Mas lá fomos e, sentadas na esplanada da Gelataria Roma, vimos passar o teu tio Filipe, irmão do teu pai.
Não queria acreditar, chamei-o e foi como se o tempo não tivesse passado. Senti que por muito tempo que passasse, havia cumplicidades que teimavam em não se perder. Trocámos números de telefone.
Passado um tempo o teu pai mandou-me uma mensagem.
Não conhecia o número, perguntei quem era. A resposta foi simples e esclarecedora: Se te disser Just Kiding, lembras-te?
Daí para a frente uma amizade antiga transformou-se num novo amor e eu, que estava sozinha há tanto tempo, acreditei que tinha ficado assim na mais completa secura, só para poder valorizar um grande amor quando ele surgisse.
Não foi fácil entrar na vida do teu pai. Ele tinha saído magoado de uma relação e não se entregava com essa facilidade toda. Mas a amizade que tínhamos serviu para não nos deixarmos fugir um do outro.
Se algum dia te vierem com a história de que não existe essa coisa do destino. Lembra-te de mim e do teu pai. Conhecemo-nos em miúdos, separámo-nos jovens, reencontrámo-nos diferentes e tivemos-te a ti como prova de que tínhamos mesmo que acontecer.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Estou Aqui
Entro no quarto escurecido pela noite e sem fazer barulho debruço-me sobre a tua cama. A tua respiração tranquila acalma-me sempre, passo os dedos pelos teus cabelos e afago-os com todo o carinho que consigo pôr naquele gesto. Mexes-te porque sentes que estou ali e isso conforta-te. Por isso acordas apenas o suficiente para me sentires entrar no teu quarto todas as noites, para sentires que te guardo.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Sway
Todos nós temos uma música que nos transporta a um momento qualquer nas nossas vidas. É uma sensação tão intensa que por vezes evitamos ouvi-la só para não nos lembrarmos. Ou fazemos questão da a pôr a tocar para recordarmos.
Esta é a minha música e do Hugo.
Foi uma das coisas que me fez apaixonar por ele. Gravou-me um cd com músicas cujas letras pareciam todas escritas para mim (porque é que nunca mais fizeste isso?). Entre elas estava esta. Tocaram-na no nosso casamento e hei-de pô-la sempre que as coisas à minha volta estiverem menos boas. Pois assim que a oiço, aquela emoção dos primeiros tempos volta e tudo fica de novo luminoso.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
The Bridges Of Madison County
Posso já ter visto este filme um milhão de vezes, mas tenho a certeza de que vou continuar a chorar de cada vez que puser os olhos nesta cena.
É uma grande história de amor. E uma grande actriz.
"Este tipo de certeza só chega uma vez na vida"
A Partida
O comboio embalava cada um dos meus pensamentos com aquela cadência cheia do mesmo ritmo.
Os meus olhos estavam fixos nas costas da pessoa à minha frente, como se não conseguisse olhar para nenhum outro lugar. A paisagem que passava colorida ao meu lado não importava, pois apenas aqueles ombros à minha frente me prendiam todos os sentidos. Os ombros sacudiam-se ao de leve, como que albergando uma espécie de choro silencioso.
Depois veio uma voz, suave, quase doce que falava baixinho, como se rezasse a uma qualquer entidade. Como se pedisse por qualquer coisa que tinha perdido, como se sentisse que estava perdida na sua viagem. Apenas ouvi a palavra Saudade e também eu a senti bem cravada no fundo da pele.
Sabia o que havia deixado para trás e como tudo isso era difícil demais.
Decidi pousar uma mão sobre o seu ombro. Tocar-lhe apenas. Dizer-lhe que também estava ali com ela naquela viagem.
A sua mão pousou sobre a minha, como um sopro e apertou-a em agradecimento.
Tínhamos partido em simultâneo e tive então a certeza de que chegaríamos juntas.
E isso estranhamente consolou-me.
Os meus olhos estavam fixos nas costas da pessoa à minha frente, como se não conseguisse olhar para nenhum outro lugar. A paisagem que passava colorida ao meu lado não importava, pois apenas aqueles ombros à minha frente me prendiam todos os sentidos. Os ombros sacudiam-se ao de leve, como que albergando uma espécie de choro silencioso.
Depois veio uma voz, suave, quase doce que falava baixinho, como se rezasse a uma qualquer entidade. Como se pedisse por qualquer coisa que tinha perdido, como se sentisse que estava perdida na sua viagem. Apenas ouvi a palavra Saudade e também eu a senti bem cravada no fundo da pele.
Sabia o que havia deixado para trás e como tudo isso era difícil demais.
Decidi pousar uma mão sobre o seu ombro. Tocar-lhe apenas. Dizer-lhe que também estava ali com ela naquela viagem.
A sua mão pousou sobre a minha, como um sopro e apertou-a em agradecimento.
Tínhamos partido em simultâneo e tive então a certeza de que chegaríamos juntas.
E isso estranhamente consolou-me.
O Cheiro do Café
O cheiro das tarefas de todos os dias começa por entrar dentro de mim através do cheiro do café que faço de manhã cedo.
Não troco a minha máquina de café velha e gasta por nenhuma Nespresso da vida. O cheiro das cápsulas coloridas dá-me arrepios. É como se fosse um comprimido de café e eu odeio tudo o que seja comprimido em termos de tamanho.
Adoro encher uma das minhas canecas enormes e bebericar enquanto vejo as notícias da manhã. Adoro sentir o fumo quente a embaciar-me os óculos e principalmente, adoro a forma subtil como vou começando a acordar depois de cada trago.
Os dias deviam começar assim para toda a gente, ao sabor do café.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
António Alçada Baptista
Quando alguém que sempre viveu connosco através dos livros parte fica um vazio muito grande.
Resta apenas o consolo de poder regressar aos seus livros e recordar, reviver, reler as vezes que forem precisas até que ele renasça.
E não é esta a forma mais nobre de alguém conseguir perpetuar-se no mundo?
domingo, 7 de dezembro de 2008
Tudo É Ainda Possível
Vou para longe, para perto do final do caminho. Mas o caminho não acaba, reparte-se por estreitos caminhos sem rumo. Olho em volta sem saber por onde seguir. Não há indicações, não há linhas direitas. Apenas percursos sinuosos que me conduzem a lugar nenhum.
Depois acordo, e naquele segundo em que ainda não sei se estou acordada, ou a dormir, penso que tudo é ainda possível.
Depois acordo, e naquele segundo em que ainda não sei se estou acordada, ou a dormir, penso que tudo é ainda possível.
sábado, 6 de dezembro de 2008
Um Dia Não
Às vezes acordo cansada. É como se dormir já não bastasse para me recompor do dia anterior. As noites acabam muito cedo para a quantidade de sono que precisa de penetrar no meu sistema.
Ainda assim tive que escrever de manhã e cada palavra, cada letra saiu como se me tivessem assaltado a alma e roubado a inspiração durante a noite.
Depois da tortura do teclado só me apetecia olhar o vazio e esvaziar-me de tudo a pouco e pouco, sem falar, sem me mexer, sem fazer qualquer movimento que desperdiçasse a energia que recuperava devagar.
Mas já não posso ficar assim. O tempo a sós é um luxo que já não tenho há muito tempo.
E contra tudo o que o meu corpo pedia, dei por mim em excursão familiar até à árvore da Zon em Lisboa.
Nem se diz árvore de Natal, é mesmo árvore da Zon (tv cabo). E que no fundo é uma coisa imensa em metal, cheia de efeitos luminosos.
Será assim tão complicado fazer uma árvore de Natal que pelo menos pareça um pinheiro verdadeiro?
Ainda assim tive que escrever de manhã e cada palavra, cada letra saiu como se me tivessem assaltado a alma e roubado a inspiração durante a noite.
Depois da tortura do teclado só me apetecia olhar o vazio e esvaziar-me de tudo a pouco e pouco, sem falar, sem me mexer, sem fazer qualquer movimento que desperdiçasse a energia que recuperava devagar.
Mas já não posso ficar assim. O tempo a sós é um luxo que já não tenho há muito tempo.
E contra tudo o que o meu corpo pedia, dei por mim em excursão familiar até à árvore da Zon em Lisboa.
Nem se diz árvore de Natal, é mesmo árvore da Zon (tv cabo). E que no fundo é uma coisa imensa em metal, cheia de efeitos luminosos.
Será assim tão complicado fazer uma árvore de Natal que pelo menos pareça um pinheiro verdadeiro?
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Tudo o Que Está Perto Parece Distante
Toda a aprendizagem é um tempo de clausura. O amor não consiste nisto de um ser se entregar ao outro logo que se dá o encontro. O amor é a ocasião única de amadurecer, de tomar forma, de nos tornarmos um mundo para o ser amado.
Renuncie a que o compreendam. Creia somente nesse amor que lhe pertence como um bem de raíz. Tenha a certeza de que há nesse amor uma força, uma benção que podem acompanhá-lo tão longe quanto os seus passos o levarem.
Renuncie a que o compreendam. Creia somente nesse amor que lhe pertence como um bem de raíz. Tenha a certeza de que há nesse amor uma força, uma benção que podem acompanhá-lo tão longe quanto os seus passos o levarem.
O Prazer da Leitura
"Se ainda hoje nos acontece folhear esses livros de outrora, é apenas como sendo os únicos calendários que guardámos dos dias passados, e com a esperança de vermos reflectidas nas suas páginas as casas e os lagos que já não existem" (...)
E não é verdade?
E não é verdade?
A Minha Inspiração
Uma mulher que pegou no seu sofrimento interior e o transformou num dos livros da minha vida: Paula.
Depois encheu-se de coragem e voltou a transformar a própria vida num livro mágico, levando-me através da Soma dos Dias (dos seus dias) fazendo-me sentir sua cúmplice a cada página, a cada passagem.
Porque é que depois de um livro assim, fica um vazio tão difícil de preencher? Uma saudade que mais nenhuma história leva embora.
Jane Austen
A minha heroína, a minha escritora de eleição.
Ainda hoje suspiro pelo Mr. Darcy...
Apetecia-me reler Orgulho e Preconceito, mas tenho sempre medo de voltar aos livros que adorei, de tocar novamente nos personagens que deixei quando fechei o livro.
E se descubro que o Mr. Darcy e a Lizzie são agora apenas mais um casal igual a tantos outros? Com excesso de peso e discussões constantes?
Não, definitivamente, prefiro não voltar a abrir as páginas desse livro, é mais seguro continuar a imaginá-los felizes para sempre.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Adivinha O Que Eu Não Digo
Porque é que desejamos sempre que eles adivinhem os nossos desejos sem nós termos que proferir uma palavra, ou pior, quando dizemos o contrário daquilo que sentimos, na esperança de que eles nos leiam as entrelinhas e façam o que não dissemos.
Vou passar a dar um exemplo:
- Ficas aborrecida se for sair?
- Sem mim?
- Não demoro, mas como não podemos sair os dois, ia só eu...
- Eu importar-me? Claro que não, vai à vontade (por dentro gritamos: Vais-me deixar aqui em casa sozinha? Tens coragem?) Mas por fora somos a compreensão em pessoa.
Mais tarde quando ele chega a casa encarregamo-nos de o fazer pagar em lume brando...
Isto será a ordem natural das espécies?
Algum dia poderá ser diferente?
Vou passar a dar um exemplo:
- Ficas aborrecida se for sair?
- Sem mim?
- Não demoro, mas como não podemos sair os dois, ia só eu...
- Eu importar-me? Claro que não, vai à vontade (por dentro gritamos: Vais-me deixar aqui em casa sozinha? Tens coragem?) Mas por fora somos a compreensão em pessoa.
Mais tarde quando ele chega a casa encarregamo-nos de o fazer pagar em lume brando...
Isto será a ordem natural das espécies?
Algum dia poderá ser diferente?
A Árvore Do Ano Inteiro
Pronto já está, já fiz a árvore de Natal. Ou melhor, já fizemos, eu e a Alice. Sei que é só no dia 8 de Dezembro que se decora a árvore, mas eu tenho uma criança em casa, ou melhor duas. Eu e a minha filha e nós nunca tivemos grande jeito para esperar.
Não é por nada, mas esta árvore devia estar em casa durante todo o ano. Porquê apenas no Natal? É como os presentes, devíamos recebê-los em suaves prestações mensais...
Olhar para a árvore iluminada à noite dá-me (como diria o Paulo Bento) tranquilidade, muita tranquilidade.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Mamma Mia Mas Que Bela Porcaria
Tens que ir ver! Não podes perder! É fantástico, vais adorar!
Mas porque é que eu ainda dou ouvidos a estes conselhos? Só servem para não acharmos nunca tão bom como nos disseram, ou então para nos atrair para um filme única e exclusivamente pelas opiniões alheias.
Tirando a Música no Coração e My Fair Lady, nunca consegui gostar de nenhum musical transformado em filme.
Ver a Meryl Streep aos pulinhos em cima de um telhado a cantar, ou o ex James Bond a saltitar apaixonado enquanto cacareja com uma voz de agente- ao- serviço- de- sua- majestade-castrado-por-um-espião-maléfico, não definitivamente não é para mim.
E quando os actores estão a meio de um qualquer diálogo e subitamente essa conversa se transforma numa canção e os personagens, correm, pulam, dançam, eu penso: Esperem lá, mas isto é ficção! E eu detesto perceber que estou a ver um filme.
Quando um filme é mesmo bom tem que me fazer abstrair do facto de ser tudo a fingir e aqui é sempre tudo tão a fingir...
O que salva um bocadinho (mesmo só um bocadinho) esta situação caótica numa ilha grega, é precisamente a ilha grega e as músicas dos Abba.
É caso para dizer Mamma Mia, tirem-me deste filme!
Mas porque é que eu ainda dou ouvidos a estes conselhos? Só servem para não acharmos nunca tão bom como nos disseram, ou então para nos atrair para um filme única e exclusivamente pelas opiniões alheias.
Tirando a Música no Coração e My Fair Lady, nunca consegui gostar de nenhum musical transformado em filme.
Ver a Meryl Streep aos pulinhos em cima de um telhado a cantar, ou o ex James Bond a saltitar apaixonado enquanto cacareja com uma voz de agente- ao- serviço- de- sua- majestade-castrado-por-um-espião-maléfico, não definitivamente não é para mim.
E quando os actores estão a meio de um qualquer diálogo e subitamente essa conversa se transforma numa canção e os personagens, correm, pulam, dançam, eu penso: Esperem lá, mas isto é ficção! E eu detesto perceber que estou a ver um filme.
Quando um filme é mesmo bom tem que me fazer abstrair do facto de ser tudo a fingir e aqui é sempre tudo tão a fingir...
O que salva um bocadinho (mesmo só um bocadinho) esta situação caótica numa ilha grega, é precisamente a ilha grega e as músicas dos Abba.
É caso para dizer Mamma Mia, tirem-me deste filme!
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