quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Beppe Grillo

É nestas alturas que me auto flagelo por não falar italiano. É nestas alturas que tenho a certeza absoluta de que em italiano soa mil vezes melhor.
Eu queria ter encontrado o vídeo em que o humorista, candidato pelo movimento 5 estrelas, fala do cabelo de Berlusconi, mas não consegui.
Ele diz coisas tão politicamente relevantes, em relação a Berlusconi, como:
"Mas o que é aquilo? Aquele cabelo? De que cor é aquele cabelo??? Aquilo não tem cor, parece que tem um gato morto na cabeça!"
Eu votaria neste gajo.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O meu abraço à popcorna

Depois de ler a notícia que nos dá conta da intenção da actriz que deseja instaurar uma acção judicial contra A Pipoca Mais Doce, deixo aqui o meu abraço solidário para a menina do milho adocicado.
Eu sei que o que a nossa Tuga Fashion Police desejava mesmo era uma acção vinda de uma Anne Hathaway, ou de um Travolta, mas como ainda não sabem da sua existência nos Estates (repito ainda, porque pouco faltará para que atravesse o oceano e aterre no E Channel) teve que contentar-se com o elenco da Tvi.
É triste a sina de uma fashion police em Portugal e eu estou verdadeiramente condoída. Com isso e com as acções judiciais pertinentes e relevantes que vão parar aos nossos tribunais.
Deixo apenas uma sugestão, a fim de desentupir o nosso já tão obstruído sistema judicial:
Há questões que poderiam ser resolvidas com uma simples luta de lama feminina.
E há questões que simplesmente nem sequer chegam a ser questões.

xaraaaammmmm

Então, parece que subimos um lugar e que agora é entre nós e as indestronáveis 3 sombras soft porn de cinzento :)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

MoMA, que se faz tarde

"Nos anos 70, Marina Abramovic viveu uma intensa história de amor com Ulay. Durante 5 anos viveram num furgão realizando todo tipo de performances. Quando sentiram que a relação já não valia aos dois, decidiram percorrer a Grande Muralha da China; cada um começou a caminhar de um lado, para se encontrarem no meio, dar um último grande abraço um no outro, e nunca mais se ver. 23 anos depois, em 2010, quando Marina já era uma artista consagrada, o MoMa de Nova Iorque dedicou uma retrospectiva a sua obra. Nessa retrospectiva, Marina compartilhava um minuto de silêncio com cada estranho que sentasse a sua frente. Ulay chegou sem que ela soubesse... e foi assim." (roubado da Naná).




Um casal normal teria dito qualquer coisa do género:
- Continua a mandar postais, vai com os porcos, vai pastar, vou comprar cigarros e já venho.
Mas este dois foram mais além. Estes dois decidiram que era muito mais porreiro atravessarem a muralha da China e só depois formalizarem a despedida.
Quem é que consegue competir com uma criatividade assim?!
Quantos namoros terminados que se ficaram pelas banalidades de um vai à merda, se sentirão agora humilhados perante tamanha manifestação artística?
E eis que se reencontram. Não na muralha da China, não nos destroços do muro de Berlim, não numa nave espacial. Mas em Nova Iorque, num museu consagrado, numa exposição com uma retrospectiva do trabalho dela (lacrimejo neste instante) sendo que aquela inclui poder passar-se entre duas pessoas completamente nuas (a arte da performance sempre passou ao lado do meu débil entendimento).
Ela sem comer, nem beber (substâncias legais, entenda-se) só a contemplar estranhos em silêncio. Enfim, eu cheguei às minhas muito únicas e óbvias conclusões:
Os ácidos são capazes de coisas grandiosas no espírito humano.





Vontade de Regresso


De todas as categorias de momentos que vivi, as que revejo com a frequência das saudades boas são estas.
De todas as coisas construtivas que podemos fazer por nós, viajar ocupa certamente o pódio, lado a lado com o amarmos alguém de verdade.
Podermos abrir álbuns, ou pastas no computador, com o nome dos destinos que conhecemos, sozinhos, com amigos, com um grande amor, é das sensações mais plenas que orgulhosamente possuímos.
Revisito-as quando me sinto mais perdida na rotina e na minha vila com tamanho de cidade, revejo-as com aquela certeza de que um dia voltarei a elas e passarei por aquelas ruas, entrarei naqueles cafés, contemplarei as certezas dos outros de outras línguas e costumes, provarei dos seus sabores.
Viajar é, sem qualquer sombra de dúvida, um vício, uma angústia por não fazê-las, às viagens, tanto quanto gostaria. Viajar é alegria, encantamento, vontade de regresso.
Viajar é partir para valorizar o que se tem, ou para colocar tudo sob uma perspectiva tão mais ampla do que as fronteiras do nosso país.
Viajar é vida e morro de saudades de me sentir assim, viajante de mim mesma, noutra cidade qualquer.
Morro de saudades de partir.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

sim, eu já sei

que estar nos tops de vendas não significa nada para a generalidade das pessoas, que associa estas categorias a fast food literário.
Existe a ideia generalizada de que um livro que conste da lista dos que vendem relativamente bem, não será certamente flor que se leia, mas esse preconceito podia amainar, pois nem tudo o que vende é necessariamente mau.
A ideia de que as coisas boas não são vendáveis, estão destinadas à ruína, ou votadas ao cemitério dos flops, é chatinha e preconceituosa.
Sim, há muita merda no top, mas também há muita coisa boa :)
Deixem-me então curtir o momento. Porque, para mim, que estou do lado de cá e sinto pela primeira vez na vida isto de encontrar as minhas palavras em tantas casas, é do caraças.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

da rubrica, separados à nascença

rir

De todas as pessoas que conheço, ou pelas letras, ou por viva voz, nenhumas me dão mais prazer (emocional, entenda-se) do que aquelas que se riem comigo.
Nenhumas chegam aos calcanhares das que me fazem rir.
Nenhumas me apaixonam mais do que as que sabem rir por motivo absolutamente nenhum, além daquele que apenas nós parecemos entender.
Nenhuma mente é mais brilhante para mim, do que aquela que me prende pelo humor.
Por isso, acho que se tivesse que escolher uma característica fundamental numa pessoa, daquelas que não envolvem caracter e integridade, claro, seria a capacidade de construir uma situação de humor em qualquer circunstância.
Dizermos alguma coisa absolutamente despropositada e, em vez de nos olharem em choque, como quem levou um soco à má fila, responderem-nos com outra coisa qualquer ainda mais despropositada, é o êxtase.
Um dia ainda organizo um jantar com os meus nonsense favoritos e nem vou precisar de vinho. Eles serão tudo o que preciso para me sentir ébria :)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

vamos lá a ver uma coisa

Na escrita, tudo tem potencial para nos inspirar. Desde a pedra da calçada, ao cocó canino na estrada, a um texto de alguém.
Na leitura, há livros que nos recomendam, que excedem todas as expectativas e que, se não nos tivessem recomendado, jamais teríamos pegado neles.
É claro que não vale a pena mencionarmos a inspiração que nos chegou da pedra, ou das entranhas de um bicho, pois que eles nada entendem de musas inspiradoras. Agora quando leio algum texto e surge em mim a vontade de escrever sobre a mesma coisa (gralha e Melissa vós tendes esse dom de me provocar frémitos de inspiração), eu menciono e, quando a preguiça ainda não tomou conta dos meus dedos, pasme-se, até deixo um link.
O mesmo quando me recomendam um livro (minha guru literária e não só). Eu gosto de distribuir os créditos a quem de direito.
Daí a cólica (eu sou muito dada a cólicas) subjacente aos meus encontros com espaços virtuais que vivem de inspiração alheia e que a tomam como sua.
Percorro espaços repletos de temas, em que apenas um, ou dois temas (os mais desinteressantes, diga-se de passagem) saem da cabeça do autor.
Tudo o resto é copiado, inspirado, respirado de outro sítio qualquer. Desde as fotos, aos temas, ao pénis.
Passamos o tempo todo com aquela frase "onde é que eu já vi/li isto?".
E isso maça-me.

uishilist

para qualquer altura do ano:
- Alguém que venha cá a casa cozinhar.
- Alguém que fique com os putos uma vez por semana para eu conseguir ir ao cinema acompanhada pelo meu espoiso e aproveitar o cartão zon. Compras 2 bilhetes, pagas 1.
- Alguém que me obrigue a deixar de ver o Encantador de Cães. Eu já falo mexicanês, por osmose e já digo para mim própria, quando lido com os putos: Jui Jave to be Calm jand assertive..
- Alguém que me diga, com meiguice e languidez, que afinal não é sábado, quando toca o despertador.
- Alguém que me obrigue a não ir ler coisas que odeio, só por esbugalhanço de olhos com estupidez alheia.
Enfim, acho que preciso de uma baby-sitter para mim. Ah e uma carteira Cavalinho, que eu dou prioridade às marcas portuguesas (ou aquilo é espanhol?) e gosto de andar com cenas a tiracolo com designação equina.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

www.humildade.com

Das 10 qualidades importantes que um ser humano social deve ter, a que nos faz mais falta, aos tugas, é a humildade.
A quantidade de seres que fazem coisas banais, medíocres até, e se enchem de novo riquismo espiritual, exibindo-se como pavões em rituais de acasalamento, é de bradar aos céus.
Não haverá ninguém que os chame à razão, se é que razão é uma característica possível nestes espécimes, e lhes proporcione um banho de merda, a ver se baixam um bocadinho a cabeça e se reduzem à sua insignificância?
Depois também temos os seres que até podem fazer alguma coisa de especial, mas que estragam tudo com a sua petulância e voltamos à urgência do banho de merda.

considerações sobre a barriga da Kate Middleton

Depois de ver na capa de uma revista, a Kate e o seu príncipe, numa qualquer deslocação de trabalhos forçados a uma praia das Caraíbas, cheguei à depressiva conclusão de que a barriga da Kate com 4 meses de gravidez é mais pequena do que a minha barriga actual.
E é isto.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

eu pensava que

A primeira noite em que dormiu no quarto dela, tinha sido o mais duro corte no cordão umbilical.
Depois, essa noite foi destronada pelo primeiro dia de escola.
E o primeiro dia de escola foi destronado por uma espécie de viagem de finalistas que fizeram quando ela terminou a pré-primária, em que dormiram todos numa casa que a professora tinha no Cartaxo.
Mas como estou sempre a aprender, aquilo ainda não tinha atingido o clímax, pois o insuperável, o imbatível, o primeiro prémio de corte de cordão umbilical foi ontem, quando ela veio da escola sem o dente de cima.
Já lhe tinham caído 4 dentes de baixo, sem grande mossa. Eu até estava a levar bem a coisa, juro. Agora o dentinho de cima, aquele pequeno grão de arroz que sempre lhe caracterizou as feições, aquele dentinho pequeno e perfeito, que formava o seu sorriso único de menina?!!!!
Foda-se, estou de rastos.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Repitam depois de mim: Isto não é um babyblog

Na senda disto, ocorreu-me dissertar, que é como quem diz, defecar as minhas próprias perguntas sobre o assunto:
Se um blogue é, pelo menos eu quero acreditar que sim, uma espécie de reflexo do que nos vai por dentro. Qual é o crime de falarmos sobre o que nos acontece num determinado momento, se é isso que nos ocupa a tola?
Dou como exemplo o massacre com o meu livrinho.
Ora, se é um bebé que vai entrar na nossa vida, é mais do que natural que nos ocupe a mente.
Se é um bebé que já entrou na nossa vida, é humano que nos condicione o cérebro materno.
Bem sei que há muito boa gente a quem um filho nada traz de novo e que em nada as modifica, mas eu não faço parte dessa superior elite. Eu posso ter uma imensidão de coisas que continuam de ferro e cal, como o meu sentido de humor, ou sonhos profissionais. Mas tenho outras tantas que mudaram completamente.
Imaginar uma tragédia natural, como um terramoto, um tsunami, ou um meteorito a estilhaçar-se no quintal, antes de ser mãe, era uma coisa mais ou menos cagativa. Depois de ter sido mãe, é outra completamente diferente. Imagino já possíveis formas de os pôr a salvo, contrai-se-me o coração só de imaginar-me com eles numa situação de vida ou morte, pois agora, a minha vida já não é o mais importante.
A minha equação, balança de medidas e de decisões, a minha mobilidade, anseios, elasticidades emocionais, modificaram-se muito, sim e eu não tenho o menor pudor em gritar aos sete ventos que houve muita merda que mudou e muitos temas dos quais me apetece falar, relacionados com putos.
Sem drama, mulherio. Sem drama.
Termos alguém com quem falar das birras, das etapas, dos brinquedos e livros preferidos, das melhores fraldas. Alguém que também nos escute, quando falamos sobre literatura, ou cinema, ou neuras maternas, sem julgamentos, é bom, pá. É maravilhoso.
Abracem a maternidade sem medos e se não conseguirem voltar às calças pré-gravidez, não há crise. Entrem numa lojinha de gangas e comprem um número intermédio. É que a maternidade é feita de fases e querer pulá-las à força toda, com uma espécie de pavor de se perderem nisto de ter filharada, nem sempre faz bem à psique.
Percam-se lá à vontade, que depois voltam. Palavra de escuteira.

Ando um pouco atrasada nos comentários da actualidade,

mas a renúncia do Papa, só veio reforçar a minha ideia de que a Igreja é composta por homens e não por entidades infalíveis e endeusadas.
Para muitos pode ter tido o efeito da queda de um mito, que é o dos papas até que a morte nos separe. Mas eu gostei de sentir a Igreja mais perto do comum dos mortais.

Nos dias que nos são importantes

Dia 14 de Fevereiro de 2013, cheguei a várias brilhantes conclusões, que isto nós estamos sempre a chegar a conclusões ao longo da vida e quanto mais variadas, melhor:
Nos dias em que precisamos mesmo, as pessoas mais importantes aparecem e as que não aparecem têm boas desculpas, avisando-nos, ou enviando perfeitos representantes.
Nos dias em que precisamos mesmo, vislumbramos orgulho nas caras de uma mão cheia de amigas.
Nos dias em que precisamos mesmo, somos surpreendidos pelas presenças de quem não conhecíamos e que importam de verdade (C. e Mariinha, obrigada).
Nos dias em que precisamos mesmo, percebermos que alguém que não víamos há 25 anos decidiu aparecer e partilhar aquele momento connosco, comove-nos até às entranhas.
Nos dias em que precisamos mesmo, ver um amigo muito antigo subir as escadas de três, em três, apressadíssimo, com duas horas de atraso, enche-nos à mesma o coração.
Nos dias em que precisamos mesmo, ver o sorriso orgulhoso da nossa filha, o piscar de olho e sinal de fixe, feito com o polegar, do nosso bebé e o olhar brilhante do nosso marido, é praticamente suficiente para que mais nada falte.
Nos dias em que precisamos mesmo, a família dá uma ajuda e angaria amigos de todas as facções, idades, preferências partidários e literárias. E uma prima de 90 anos, vem sozinha, de bengalinha, desde o lar onde vive.
Nos dias em que precisamos mesmo, e tirando aquelas honrosas excepções acima referidas, só faz mesmo falta quem lá está.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sugestões a José Viegas

Fiquei trémula de emoção quando li a intenção de José Viegas, caso fosse abordado por um fiscal das finanças, de o mandar "tomar no cú".
Fico sempre trémula de emoção quando alguém com poder verbal para fazer chegar pensamentos ao país, o faz de forma exemplar.
No entanto, deixo aqui algumas soluções alternativas ao "tomar no cú", numa tentativa de não cair na monotonia verbal, caso decidam adoptar a mesma postura, ao serem abordados por fiscais do fiscú:
Vá ser semeado no ânus!
Faça o favor de ser encavado por um nigeriano pouco meigo.
Vá colher proventos na cavidade obscura.
Guardei a factura no cú, faça-me o jeitinho de a tirar lá de dentro.

*Para que não haja possíveis más interpretações, eu aplaudo de pé Mr. José Viegas e suas intenções verbais. Apenas quis ajudar os contribuintes que quisessem enveredar por outra resposta de conteúdo similar.





sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Amanhã

Às 17.00, estarei na Bertrand do Colombo para uma sessão de dedicatórias amorosas :)
Apareçam!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Ajuda

Não sou nenhuma santa. Também eu viro muitas vezes a cara a fotografias que passam na internet e que pedem ajuda para isto e para aquilo.
Também eu levei muito tempo a passar ao lado de tudo isto, salvo algumas excepções.
Até me ter deparado com isto. Um caso real, de uma menina que me acostumei a ver, em fotos, no facebook, por ser filha de uma grande amiga da Melissa. Sempre ouvi falar da Cecília e da sua luta, primeiro pela vida, depois contra o cancro e sempre me fechei em posição fetal-mental, ao imaginar-me na situação da mãe da Cecília.
Imagino-a todas as noites, antes de adormecer. Pergunto-me sempre: Como estará ela, como estará a esperança dela, o que sentirá ela neste momento que antecede o sono e em que tudo nos vem à memória? Temerá ela muito? Doer-lhe-á muito?
E, mais uma vez fico longe de conceber o que é estar nos seus sapatos, mas envio-lhe, ainda que à distância, muito amor de mãe, para mãe, de mulher para mulher, de ser humano para ser humano.
E agora olho sempre duas vezes para os apelos na internet, sejam eles quais forem, pois ainda que haja muita treta a circular on-line, jamais quero correr o risco de não ajudar quem realmente precise.
Eu já dei a minha ajuda, dentro do que me é possível, para esta mãe e esta filha na sua batalha por salvar a vida desta fofinha e senti-me estupidamente bem.


Não virem a cara a esta menina. Não virem, leiam a notícia relacionada, vão ao facebook para mais detalhes.
Por muito pouco que possamos dar, do pouco se faz muito, quando nos juntamos a sério.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

imaginem

a coisa mais patética que vos poderia acontecer e terão o cenário do que me sucedeu hoje.
No estacionamento do centro comercial, voou-me um garrafão de água do luso para debaixo do carro.Fiquei com um garrafão de água do luso entalado, literalmente, debaixo do carro.
O estrilho era tanto que fui a conduzir praticamente de joelhos no chão, já que sou uma gaja discreta.
Estacionei e, deitada no chão molhado e ligeiramente muito sujo do parque de estacionamento exterior, desferi golpes de guarda-chuva na merda do garrafão, até que ele se soltasse.
Consegui finalmente a proeza. O garrafão voa de novo e entala-se debaixo de um carro que ia a passar.
Isto dava uma curta metragem.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O pânico, o drama, o horror

E aqui estou eu. Sem nada no cérebro à excepção de dia 14 de fevereiro.
Estou muito bem a caminhar e: Cólica profunda e horribilis.
Estou muito bem a tomar duche e: Cólica profunda e horribilis.
Estou muito bem a pasmar com a notícia da renúncia do Papa e: Cólica profunda e horribilis acompanhada de Avé Maria.
Estou muito bem a meter massa de pimentão no frango e: Cólica profunda e horribilis.
Estou muito bem a dormir e: Cólica profunda e horribilis, acompanhada de tentativa de auto esganamento.
E é isto malta. Padeço DA cólica. Eu sou uma gaja estupidamente tímida e desinteressante, que raios tenho eu para dizer? Mas porque tenho eu que dizer? Dizer é altamente sobrevalorizado. Ter que dizer é tortura.
Dizer nunca foi o meu forte.
Agora vou ali padecer de mais 234 cólicas profundas e horribilis, antes de me lançar nos braços do meu leito e fingir que sou uma pessoa minimamente válida e fascinante.
A propósito de nada de especial, à excepção da tentativa de abstração do dia 14 de Fevereiro e respectiva cólica adjacente. O livro do José Luís Peixoto, sobre a Coreia do Norte está a revelar-se uma nice surprise.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Para vocês, dia 14 de Fevereiro



Aqui está tudo aquilo e aqueles que podem ver, fazer, ouvir e tocar no dia 14 de Fevereiro. (Sim, penso que podem tocar com o dedo indicador no Ricardo Carriço e na Sandra Barata Belo) Adoraria que viessem e trouxessem quem quiserem trazer. Bem sei que o dia do amor deveria definitivamente ser todos os dias, mas este dia é especial, celebrem-no comigo :)

Minha querida amiga,

Se te escrevo por aqui, é apenas porque não consigo deixar de fazê-lo. Escrever sempre me foi orgânico, sempre teve que ser.
Se te escrevo por aqui, é apenas porque quero dizer-te da melhor forma que sei dizer.
Se te escrevo por aqui, é porque conquistaste o lugar mais especial de todos. Aquele lugar que reservo apenas àqueles que me dizem muito. O lugar que me impele a escrever.
Estando tu assim, arranjaste ânimo para me escrever sobre uma das coisas que te deixava triste e essa coisa não era nada do que seria de supor. Essa coisa que te deixava triste, era o facto de não poderes estar presente num dia importante para mim. No dia do lançamento do meu livro, que leste bem antes de estar envolvido numa capa e contra-capa. Parece que tinhas programado uma surpresa, mas não te preocupes com isso, pois surpreendeste-me exactamente da mesma forma quando me revelaste as tuas intenções.
Esta tua preocupação tocou-me de uma forma absurda, pois eu acho sempre, vá-se lá saber porquê, que não mereço uma pessoa tão especial na minha vida.
Levanta-te dessa cama, pelo menos uma mão cheia de vezes por dia, para não te destreinares, para poderes vir ao evento especial que organizarei só para nós. Para aquele pequeno grupo de mulheres que sempre acreditou em mim e que valorizou a minha vida, só pelo simples facto de estar lá, do outro lado deste monitor.
Eu adoro-te miúda e digo-o da melhor forma que sei fazê-lo, digo-o escrevendo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

!!!!!

O que dizer disto
E disto?
Vamos lá a abrir a mini, o vinho, o champanhe francês, ou vinho espumante português. Percamos a cabeça e abramos uma lata de coca-cola.
Estou nas nuvens. Dividir o top 10 com soft porn é coisa para me fazer celebrar por 1 ano :)

os deuses devem estar loucos

Começo a gostar deste governo.
Juro. São geniais em matéria de se superarem a eles próprios e em matéria de entretenimento.
Quando pensamos que já não podem ser mais elefantes numa loja de cristais, eis se não quando: Franquelim.
Até eu, que sou bronca e bruta como um paquiderme num campo de flores, saberia ter escolhido melhor.
Mas não faço parte do governo, infelizmente, pois ganhariam bastante com a minha criatividade.
Para começar, remodelaria aquela merda toda, mas nem pensar em personagens do BPN. O BPN é como certas novelas que nunca mais terminam e que maçam, a partir do 180º episódio.
Exploraria todo um novo elenco, iria buscar mais processos, mais envolvidos e convidá-los-ia para integrarem quem nos representa, a fim de formarem uma história diferente.
Apostaria no processo casa pia. Bibi é um nome mil vezes mais apelativo do que Franquelim.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Um lugar melhor

O mundo seria certamente um lugar melhor, se as pessoas guardassem mais para si certos pensamentos e ideias luminosas.
Absolutamente ninguém as questiona sobre coisa alguma, mas elas insistem em brindar-nos com a sua opinião, como se esta fosse imprescindível à nossa sobrevivência enquanto seres sensíveis.
A maior parte das vezes dão-na, de peito inchado e expressão de contributo social magnânimo.
Quando as escuto, às opiniões profundamente desnecessárias, imagino-me num filme do Tino, Tarantino, a desferir golpes de sabre, vendo as suas cabeças rolarem, caírem numa poça vermelha pastosa, mas ainda assim, e num banho de realidade desconcertante, apesar de ser um sonho que acalento com ternura, as cabeças separadas do resto do corpo continuam a ladainha.
Há as pessoas que não se mancam e há as pessoas que não sabem desferir golpes de sabre verbais e acabam cheias de feridas auriculares e em órgãos que pulsam com emoção. Pessoas como eu, entenda-se.
Fosse eu tão corajosa, como quando me encontro sozinha, a responder de forma brilhante, com horas de atraso e apenas dentro da minha cabeça, às opiniões fuzilantes dos outros, e seria uma pessoa mais bem resolvida, seja lá o que isso for.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

perguntas importantes

Depois de um dia de merda, é com essa pessoa que querem estar?
Depois de um dia cheio de alegrias, é essa pessoa que desejam abraçar?
Depois de um dia cheio de frustrações, o vosso desejo é desferirem golpes com a caçarola, ou cafeteira elétrica na tola dessa pessoa? Se sim, isso é bom, pois nós descarregamos naqueles que nos são mais importantes. É evidente que é uma cena profundamente injusta, uma vez que deveríamos descarregar naqueles que nos fazem a vida negra, mas enfim, há que aceitar as coisas como são e isto não sei se mudará algum dia.
Riem-se das mesmas idiotices, reparam nas pequenas cretinices em que mais ninguém repara e dividem a cerveja, quando há só uma mini no frigorífico?
Podia continuar aqui o dia inteiro e desbravar todo um futuro a elaborar testes de revistas femininas, mas se já chegaram até aqui com respostas positivas, esqueçam lá a merda que vos deixou furiosos, aquele pequeno detalhe de insensibilidade que vos feriu de morte a alma.
Se chegaram até aqui, acho que estão num nível bem promissor com quem divide o vosso espaço. Abram essa mini e celebrem.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

3 anos

De filho, de mano, de companheiro, de palavras em construção, de amor em sentido crescente, de brincadeiras, de desnorte, de birras, de abraços, de zangas e pazes.
3 anos de passos, correrias, mãos nos meus cabelos, caras furiosas, seguidas de sorrisos , compreensão e impaciência.
3 anos de sofás riscados, com canetas de cor e pedidos de desculpa.
3 anos da tua presença, do teu riso, do teu choro, de ti.
3 anos do mais completo e perfeito amor do mundo. Aquele amor que não conhece retrocessos, por muitos cansaços e desesperos que provoque.
3 anos da perfeição mais imperfeita que conheço, de um passado que já não faz sentido sem ti aqui, perto de mim.
Adoro-te, meu querido de cabelo espetado, cara de zangado e sorriso fácil.
Adoro-te, António.
Muitos parabéns.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Querida Silvina,





Hoje quero o Notting Hill todo na tua vida, porque não mereces menos do que o Notting Hill na tua vida.
Tenho pensado muito em ti e desejado todas as coisas boas do mundo inteiro na tua direcção.
Acredita que, se pensamentos serenos e positivos tivessem o poder de voar para perto de ti, estarias cheia, plena de amor em teu redor, pois não mereces menos do que o amor do mundo inteiro, ainda que concentrado apenas numa pessoa, pertinho de ti.
Este país é maravilhoso na luz, no mar, na comida, no calor, nas pessoas que te querem bem. Mas não te proporciona o conforto e a tranquilidade de um bom sistema de saúde, como o que tens aí, no qual possas confiar sem reservas, se não dizia-te, com a firmeza dos que têm certezas absolutas: Vem.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.
Eugénio de Andrade