Na senda
disto, ocorreu-me dissertar, que é como quem diz, defecar as minhas próprias perguntas sobre o assunto:
Se um blogue é, pelo menos eu quero acreditar que sim, uma espécie de reflexo do que nos vai por dentro. Qual é o crime de falarmos sobre o que nos acontece num determinado momento, se é isso que nos ocupa a tola?
Dou como exemplo o massacre com o meu livrinho.
Ora, se é um bebé que vai entrar na nossa vida, é mais do que natural que nos ocupe a mente.
Se é um bebé que já entrou na nossa vida, é humano que nos condicione o cérebro materno.
Bem sei que há muito boa gente a quem um filho nada traz de novo e que em nada as modifica, mas eu não faço parte dessa superior elite. Eu posso ter uma imensidão de coisas que continuam de ferro e cal, como o meu sentido de humor, ou sonhos profissionais. Mas tenho outras tantas que mudaram completamente.
Imaginar uma tragédia natural, como um terramoto, um tsunami, ou um meteorito a estilhaçar-se no quintal, antes de ser mãe, era uma coisa mais ou menos cagativa. Depois de ter sido mãe, é outra completamente diferente. Imagino já possíveis formas de os pôr a salvo, contrai-se-me o coração só de imaginar-me com eles numa situação de vida ou morte, pois agora, a minha vida já não é o mais importante.
A minha equação, balança de medidas e de decisões, a minha mobilidade, anseios, elasticidades emocionais, modificaram-se muito, sim e eu não tenho o menor pudor em gritar aos sete ventos que houve muita merda que mudou e muitos temas dos quais me apetece falar, relacionados com putos.
Sem drama, mulherio. Sem drama.
Termos alguém com quem falar das birras, das etapas, dos brinquedos e livros preferidos, das melhores fraldas. Alguém que também nos escute, quando falamos sobre literatura, ou cinema, ou neuras maternas, sem julgamentos, é bom, pá. É maravilhoso.
Abracem a maternidade sem medos e se não conseguirem voltar às calças pré-gravidez, não há crise. Entrem numa lojinha de gangas e comprem um número intermédio. É que a maternidade é feita de fases e querer pulá-las à força toda, com uma espécie de pavor de se perderem nisto de ter filharada, nem sempre faz bem à psique.
Percam-se lá à vontade, que depois voltam. Palavra de escuteira.