terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Momentos Kodak

Farto-me de passar pela ciclovia, passeios, estradas perigosas e lá estão eles e elas. Os novos mitos urbanos e de aldeia, porque nem só de urbanidade vive o mito. Os joggers. Uns elegantes e musculados, outras atléticas e tonificadas, de Ipod e ténis com conta quilómetros e gps. Enfim, os joggers profissionais, que investem em todo o artefacto de quem quer correr com estilo. Parecem nem suar e flutuam pela ciclovia, quais aparições celestiais de bruma. Depois temos os joggers patéticos, que correm com verdadeiro desespero: Calças de fato de treino desbotadas e comidas pela traça, deixando adivinhar um pedacinho de rego de rabo, ténis furados no dedão e com a sola gasta e torta, camisola polar larga e tudo o que se possa imaginar de menos profissional e estiloso. Eles arrastam-se, arfando e badalando as mamas e o rabo pelo tartan improvisado. Ali está um ataque cardíaco, um avc, um desmoronamento muscular prestes a acontecer e eu penso sempre se não será melhor parar o carro e chamar o 112, ou oferecer-lhes boleia, pois morro de pena daqueles trambolhos que correm como se tentassem chegar ao carrinho de oxigénio mais próximo.
Não tem a ver com serem gordos, ou magros. Tem a ver com o facto de não terem qualquer estilo a correr. Parecem desarticulados e desengonçados e a sensação que me dá é que vão padecer ali mesmo.
Eu pergunto-me: Porque não caminham? Porque raio têm eles que correr? Não exijam tanto de vocês próprios, queridos mitos urbanos.
Mas no meio de todas estas figuras inusitadas, com que me deparo de cada vez que corro ao lado da ciclovia (no meu carro, claro está), a que mais adorei, a que nunca, por muitos anos que viva esquecerei, foi um senhor dos seus 70 anos. Cabelo grisalho comprido e esvoaçante, calções de lycra brancos e em tronco nú. O homem patinava como se estivesse num ringue de gelo, ouvindo aplausos imaginários e, do meio do nada, obrigando-me a travar para melhor observar a cena, saltou da ciclovia em patins, directamente para a estrada do Guincho e ergueu a perna, em pose profundamente artística, tal e qual esta menina da fotografia.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Trust

Continuo a achar que a coisa mais difícil de recuperar, depois de perdida, é a confiança.
Por muito que tentemos retomar as coisas tal como eram antes de quebradas, jamais voltarão a ser iguais.
Ficará sempre uma névoa, um tom baço em cada gesto, em cada atitude, em cada silêncio.
Mesmo quando se fale verdade, imaginaremos mentira. Mesmo quando se jure, a palavra perdeu todo o seu poder. E quando a nossa palavra perde o valor, então de nada vale falarmos.
Podemos tentar recuperar os laços antigos, mas estes já não prendem como antes. A ligação foi interrompida e ficará para sempre desfiada naquele lugar.
Aceitar isto e seguir em frente, ou aceitar que não dá para seguir em frente assim, tornam a vida de quem trai e de quem é traído, estupidamente fodida.
Por isto, é tão importante sermos leais e fieis, em todos os sentidos. Acho que estas duas características, são das merdas mais satisfatórias que podemos ter na nossa vida.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Odeio Profundamente

O Carnaval.
Quero despachar a treta da máscara para a Alice levar para a escola, mas as máscaras para miúdas são um pesadelo para qualquer mãe que odeie o carnaval.
Enquanto que, para os rapazes há toda uma variedade estonteante de super-homens, piratas, homens-aranha, cowboys, hulks, Buzz-Lightyear's-ao-comando-estelar. Para as raparigas há... PRINCESAS. Vestidos horripilantes, no género camisa de noite de poliester e ponto final. Ah, também há fadas, mas confundem-se perigosamente com princesas.
Vi uma máscara gira da Jesse do Toy Story, mas recuso-me a pagar quase 50 euros por uma treta que se usa uma vez.
Há a hipótese de a mascarar de bruxa, pois ela gosta e sempre seria diferente, mas a realidade é que as máscaras de bruxa parecem vestidos de princesa, mas em preto, ou roxo.
Já pensei cortar dois buracos num lençol e mascará-la de fantasma, ou comprar-lhe uma cabeleira loira e um bigode falso, mas temo o falhanço total desta minha ideia, face a uma multidão de colegas mascaradas de... Princesas.
Vai daí, o mais provavel é ter que render-me à monarquia mesmo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

3 constatações completamente vazias

-Comprei um gel de banho em promoção. Os 50% a mais e à borliú, foram o suficiente para me fazerem enfiar o frascalhão dentro do carrinho do supermercado, sem sequer o snifar primeiro. Conclusão: Ando a tomar banho com um gel de banho que cheira a Pronto enriquecido com cera de abelha. Cheiro a móvel.
- A dança da Ellen DeGeneres no seu programa (que tragicamente enfiaram no lugar da minha gurú Oprah) é o momento televisivo mais patético do meu dia e pergunto-me vezes sem conta, como, meu Deus, como é que esta gaja tem tanto sucesso apenas a ser pateta?
- O final do casamento da Heidi K. e do Seal deixou-me abananada e eu não me abanano com qualquer final de matrimónio.

Culpa

Gostava de poder sentir menos culpa, pois sei que, se a culpa fosse menos densa, eu viveria uma vida melhor.
Mesmo quando sei que não errei, ela insiste em chegar nos momentos mais sós. Quando me precisava só para mim, ela vem e diz-me que não devo, que há quem me precise, que não tenho esse direito meu, de me ter só para mim.
Tento virar-lhe costas, viver uma vida de plena resolução e firmeza, mas as pernas tremem. Penso duas, três vezes e a segurança foge, com a cobardia dos fracos.
Encho-me de teorias espantosas. Teorias que põem a mulher no mesmo patamar do homem, do pai, do marido e por breves minutos sinto o poder retomar ao meu corpo e encher-me o pensamento de mim e da força que quero para mim todos os dias. Mas ela chega de novo, por muito que a empurre, que a ignore, que a renegue. Ela chega sempre para me dizer em surdina que não tenho esse direito.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Perdoname

A música da Carminho com o espanholhinho imberbe e fofinho dá-me uma certa vontade de vomitar a entranha.
Sim, tem tudo para fazer verter uma lágrima, até mesmo duas, vá, mas eu agora ando assim, uma grande vaca, insensível ao lacrimejar musical.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A-D-O-R-E-I




Uma mistura de Nikita, com Silêncio dos Inocentes em ambiente refrescantemente sueco.
Fiquei presa do primeiro ao último minuto, sendo que são muitos minutos de filme.
E não, não vi a versão sueca e não li a trilogia (se bem que acho que não vou resistir).

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Depois de escrito, deixa de ser meu

Ela perguntava-lhe se ele era um homem romântico, pois só um homem tremendamente romântico poderia ter escrito o que ele havia escrito. Perguntou-lhe se idolatrava a mulher e se era capaz de tudo por ela, pois havia uma passagem no seu livro que...
Ele desviava o olhar e lutava contra a sua própria timidez. Notava-se que lhe era penoso dissecar o que havia escrito, que não gostava de fazê-lo, mas ela não reparava e prosseguia a cruzada das perguntas pessoais, fazendo ligações com frases que lera no livro.
Ele acabou por lhe atirar com voz doce, mas firme, que os livros, depois de escritos, já não lhe pertenciam.
Ela não entendeu a deixa. Eu pensei como jamais me ocorreria perguntar a um escritor, que partes daquilo que escrevera lhe pertenciam.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

6 anos

É incrível, como tudo o que eu era antes de ti ficou esbatido, perdido na névoa das coisas pouco importantes.
Bem sei que antes do teu nascimento tive momentos espantosos e marcantes e felizes e tristes, mas nada, de tudo o que fui antes, sobressai a ti.
Vejo fotografias minhas e do teu pai, antes de existires sequer em pensamento e não me parece normal não estares ali no meio de nós, não te amar ainda assim como te amo.
Saber-te nos meus dias todos, faz-me sempre sorrir. Por isso te agradeço, te abraço, te aperto, te beijo, te inspiro bem de perto, para não me esquecer que te tenho e que te devo o melhor da minha vida inteira, Alice.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

X e Y




Nunca esperei que se dessem às mil maravilhas, nem que fossem os melhores amigos do mundo. Rezava para que houvesse alguma cumplicidade e pouco mais, pois sei que isto de alimentar altas expectativas é tramado.
Foi bom não ter esperado imenso, pois foi precisamente imenso que recebi.
Vê-los juntos é uma espécie de terceiro amor. O amor pelos dois, quando estão um com o outro, quando se abraçam, quando brincam, quando caminham de mãos dadas.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Adopções Falhadas

Abre-se sempre uma racha no meu coração quando leio, ou vejo reportagens sobre este tema.
Não sou ninguém para atirar pedras, mas a realidade é que tenho vontade de atirar um saco cheio de pedras à cabeça de quem se acha capaz de empreender esta missão de vida e depois, com a maior ligeireza deste mundo, quando confrontado com os reais problemas que uma criança "marcada" traz consigo, recua e devolve o produto defeituoso.
Eu sei que não seria capaz de ter um cão. Não tenho tempo, não tenho paciência, não tenho espírito, por isso jamais me ocorreria "fazer a experiência" e trazer um cachorrinho para casa. Se não desse, devolvia, sem crise.
Talvez por ter um sentido de responsabilidade quase obsessivo, sei que não seria capaz, por isso remeto-me ao meu próprio egoísmo, sem magoar ninguém.
Falando de pequenas-grandes pessoas, que carregam mágoas grandes demais para a sua idade, a minha paralisia adensa-se. ´
Se adoptasse uma criança de coração cansado. Uma criança rejeitada pelos próprios pais. Se decidisse adoptar uma criança e dar-lhe a minha família. Aceitá-la como parte de mim e dos meus, teria que ser sem rede de segurança. Plenamente, como aceitei os meus próprios filhos, quando vi os seus pequenos corações pulsantes na primeira ecografia e deixei o meu amor por eles crescer, com todas as virtudes e defeitos.
Demasiado exigente? Sim, claro, mas falamos de pessoas, não é? Por isso não sei se seria capaz, por isso jamais arriscaria errar. Jamais arriscaria magoar ainda mais uma criança ferida. Não conseguiria viver comigo própria se falhasse e se tivesse que explicar a uma menina, ou menino, que teriam que regressar a uma instituição, que também esta família não a queria. Eu própria ficaria marcada para sempre e consumir-me-ia eternamente pela culpa.
Vai daí, esta pessoa que escreve meia dúzia de alarvidades por semana, neste espaço parvinho, não seria capaz de assumir esse compromisso.
Vai daí, esta pessoa que tem sacos de pedras para muito poucas situações, consegue encher um saco de pedregulhos para situações assim.
Admiro imensamente, de braços abertos e olhos comovidos, as famílias que recebem crianças e as tornam suas, dando-lhes um lar e o calor de uma família que nunca conheceram. Uma parcela de mim odeia-se por saber que não teria os tomates necessários.
Sou fã das pessoas que adoptam plenamente e que não colocam sequer a hipótese (tal como não o fazem para os filhos biológicos) de devolverem uma criança, porque se dá mal com o cão, porque tem más notas, porque se porta muito mal e é traumatizada e dá muito trabalho curar-lhe as feridas.
Cresçam, senhores. Cresçam e reduzam-se às vossas incapacidades. Preencham carências com outras actividades lúdicas, pode ser?

*A reportagem em questão é esta.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Bom Jornalismo

Acabei de ver uma reportagem da BBC sobre um grupo de ciganos romenos em Londres. Parece que gerem uma espécie de tráfico de crianças, para porem as mesmas a pedir esmola. Têm um BMW estacionado à porta e vivem abastadamente.
O jornalista em questão, observou-os durante meses a fio, abordou-os com a coragem destemida de quem quer fazer a diferença e, por fim, foi até à Roménia, em busca de famílias e de respostas.
Fiquei presa do princípio ao fim. Aquele jornalista (John Sweeney) calvo e meio barrigudo inquiriu, insistiu, defendeu, abordou, observou e fez a diferença entre uma reportagem do caraças e tudo o resto que gostam de intitular jornalismo, mas a que eu chamo, notícia chiclete com comunicador social bem vestido e aprumado.
O jornalismo, quando é assim, feito com tomates e boas histórias, é das profissões mais fantásticas que conheço.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

tu-tus maternos


Sempre me enfadaram de morte as aulas de ballet para criancinhas.
Assistir a uma daquelas festinhas de fim de ano, ou às representações caseiras dos magníficos pliés e saltinhos desajeitados, era como levar com uma bigorna na cabeça.
Sorrisos amarelos, palminhas contidas, exclamações de êxtase com um pézinho menos desajeitado, palitos nos olhos para que não fechassem, eram as muletas possíveis para uma tipa impaciente como eu.
Quantos anos levaria até sair alguma coisa de jeito, era a minha constante pergunta interior. Que nunca era respondida, pois a maioria das crianças borrifa-se no Ballet antes de aprender de facto qualquer coisa interessante.
Vai daí, sempre rezei para que a Alice não fosse dada a essas vontades de tu-tus e sapatilhas e carrapitos, pois só Deus sabe o que me custaria ter que enfrentar representações caseiras da coisa.
É claro que os meus pedidos não foram escutados e já tenho uma filha que me pede para ir para o Ballet e me faz coreografias e representações fascinantes aqui em casa.
Se continuar a pedir-me, sei que vou ceder e que vou lacrimejar comovida, aplaudir entusiasmada e gritar com cada saltinho desajeitado do meu bocadinho de gente, pois ser mãe (também) é descobrirmos alegria no que antes nos arrancava bocejos :)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

É impressão minha

Ou o cartão do Continente já não dá um chavo?
Antigamente descontava sempre alguma coisinha, agora, sempre que estendo o cartãozinho vermelho, tenho a exorbitante quantia de zero euros.
Mais um cartão que vai com os porcos.

50/50



Lidar com o sofrimento alheio por nós, quando temos uma pedra que nos esmaga o peito.
Consolar os que nos sofrem, os que fazem do nosso drama, drama seu, quando o drama é mais nosso do que deles.
Não saber exactamente quando e como sofrer, ou se é bom, ou mau sofrer e em que proporção sofrer sem fazer ruir tudo.
Não conseguir chorar, ou não conseguir parar de chorar, como um rio que se tivesse libertado por dentro, rasgando todas as comportas de defesa.
Termos alguém que nos faça rir e que sinta que rir não é proibido, mas que saiba entender quando choramos.
Este filme tem tudo, absolutamente tudo e, no entanto, transborda de simplicidade.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

PUB

Muito provavelmente movida por uma inveja secreta e venenosa. Motivada apenas pelo ácido que cresce nas minhas entranhas, por ninguém querer publicitar a ponta de um corno neste espaço, venho aqui desabafar sobre a matéria:
Confesso que não consigo ler blogs com neons e quadradinhos de publicidade que pisca.
Também não consigo ler blogs com templates cheios de tralha fofinha e às bolinhas e às risquinhas (alguns bem giros, por sinal).
E o motivo pelo qual não consigo fazê-lo, não se prende com a minha aversão pela versão árvore de Natal blogueira. O meu motivo é ranhoso, pelintra e nada fashion.
A realidade é que o meu pequeno Asus tem enfartes do miocárdio, ou da memória ram, ou rem, ou zen e atrofia por completo ao mínimo contacto com essas realidades blogosféricas.
Demora meses a entrar num desses espaços publicitários e quando entra não consegue abrir nada, ou detém-se a pensar durante horas.
Vai daí cansei-me.
Isso, ou preciso de um computador novo.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Querida Isabel


Allende, eu sempre te amei em segredo. A ti e à Frida Khalo das sobrancelhas cerradas.
Gosto de mulheres fortes e frágeis. De mulheres humanas, que quebram e são quebradas, mulheres cheias de remendos. Gosto de mulheres que não são perfeitas e que não sabem o que querem todos os dias a todos os minutos. Mulheres que são bonitas sem o serem, ou sem o saberem.
Gosto de mulheres que não são evidentes (o mesmo se aplica aos homens).
A beleza demasiado óbvia sempre me enjoou. A profundidade auto-proclamada e publicitada, sempre me fez desconfiar. E os padrões bem definidos sempre me fizeram inveja, nesta minha constante incerteza de saber quase nada.
Por isso, espero que não me desiludas com o teu Caderno de Maya.
Passaste por uma fase menos boa com o Reino dos Dragões e essas histórias do fantástico que não me cativaram. Depois regressaste com a Soma dos Dias e tomaste-me de novo nos teus braços, como naqueles dias na casa dos meus vinte, em que me perdia nas horas da noite com as tuas letras nas minhas mãos.
Agora estou na casa dos meus trinta e é bom como o caraças teres regressado à minha vida.

*Capa mais feia esta.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

(in) Resoluções e Desabafos

Depois de muito reflectir e de não ter feito nem uma resolução para 2012, percebi o porquê desta minha aberração interior (a de não fazer resoluções).
A única coisa que desejo mesmo ardentemente e com todas as minhas forças é saúde para todos. E isso, infelizmente, não depende da minha força de vontade, nem do meu esforço anímico.
2011 foi um ano de muita tosse (meu Deus, tanta), febre, vírus, bactérias, vomitados, dores musculares, urgências, anti-histamínicos, antibióticos, antipiréticos, sprays nasais, humidificadores, desumidificadores, aerossóis.
Noites inteiras sem dormir, a velar e a zelar por sonos pouco tranquilos e a rezar para que se tranquilizassem. Rezas interiores para que passasse depressa, para que passasse tudo para mim. Os meus olhos vermelhos que olharam, vezes sem conta, olhinhos corajosos e pacientes.
Por tudo isto, eu sei. Eu tenho a mais pura das certezas absolutas, que enquanto houver saúde, tudo se remedeia.
É claro que, no meio do cansaço, agradeço por não ser nada mais grave. Mas mói. Muitas coisas pouco graves desgastam e tiram forças para outras coisas, que talvez fossem importantes.
Agora há uma palavra nova: Adenóides. Apesar de terem um tamanho normal, provocam tosse, provocam e agarram tudo o que há de mau pelo ar. E eu espero e aguardo por tudo o que me mandam esperar e aguardar, mas sem força para resoluções de ano novo, pois a única coisa nova que quero aqui em casa, é saúde.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Meta aqui o Playmobil



A sério, não há nada melhor do que isto para guardar todas as pequenas peças, vestidinhos, bonequinhos, cabeças de bonequinhos, pernas de bonequinhos, sapatinhos, jarrinhos. Enfim, tudo o que vem com os Playmobil e que se dispersava pela casa inteira.
A que eu comprei tem dois lados, dá para regular o tamanho das divisórias e custou 4.90 (ou 4.99, não me lembro) no Continente :)
Tem a vantagem de a própria arrumação dos artefactos ser, em si, uma distracção para durar vários minutos seguidos.
Sinto-me a Martha Stewart da arrumação em série.
E já estou a imaginar os carrinhos do António dentro de uma destas.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Made in Portugal

Se eu visse a Casa dos Segredos, não teria qualquer problema em admiti-lo, pois cheguei a uma altura da minha vida em que não minto sobre o lixo televisivo a que assisto. Todos nós precisamos de uma certa dose de abstração de vez em quando e eu não sou diferente.
Só que nunca assisti àquela merda. Entre miúdos doentes, falta de tempo para mim, falta de tempo para namorar, para respirar, não iria certamente gastar os poucos minutos que tenho livres a ver comportamentos símios em directo.
Para isso tenho o National Geographic.
Ouvi comentários, apanhei momentos, sim. Vi pessoas a coçar o rabo e com mamas grandes, vi chungaria, daquela que dói mesmo, e nada mais.
Mas ontem, na passagem de ano caseira, cairam-me os olhos na TVI (sim, algumas vezes eles caem) e vi um ser de bigode e fato de treino de nylon cor de rosa e preto, a grunhir qualquer coisa em directo. Parece que era o pai de uma das concorrentes (uma de franja loira) e ali estava ele, em pleno reveillon a debitar sabedoria paterna, num canal aberto, com direito a vários minutos de tempo de antena, simplesmente porque é pai de uma acéfala que tem um segredo e participou num Reality Show sobre vida selvagem.
E então fez-se luz e eu percebi finalmente o que é preciso fazer-se para se vencer em Portugal:
Não é trabalhar para ganhar dinheiro. Não é estudar, nem ter algum valor intelectual, ou espiritual.
O que é preciso para se ter valor em Portugal, é coçar o rabo em directo, mostrar o rego em fio dental, e provar que não se sabe nada além de um par de mamas. Quem conseguir ser menos em tudo, será premiado com o voto de quem gasta o seu tempo a ver este circo.
O que é preciso para lançar um livro em Portugal, é mandar um prédio pelos ares, ter sido casada com uma pessoa acusada de pedofilia, ou filha de uma pessoa acusada de pedofilia.
O que é preciso para se ser alguém em Portugal é ser-se ninguém.