domingo, 30 de outubro de 2011

Estou Aqui

Toco no teu rosto fresquinho e encosto o nariz na curva do teu pescoço. A tua pequena mão bate no redondo do meu ombro e dizes-me desse forma que gostas do meu colo, que estás onde deves estar naquele instante de pequena carência.
Queres depois descer até ao chão e correr. Não olhas para trás, para mim. A importância que me deste há pouco, fugiu contigo e com os teus minúsculos sapatos que correm à velocidade da tua alegria.
Alargo os meus passos e sigo-te de perto, mas distante. O suficiente para poder acorrer se precisares de mim. Não sabes que te sigo e continuas veloz na tua corrida pelo mundo. Queres reter tudo nas mãos, nos olhos, na palma dos pés. Sorris a desconhecidos. Eu não importo já. Nada atrás de ti te chama. És curioso e destemido e eu penso que não te comando. Por muito que queira manter ligados a ti os meus invisíveis fios de amor, não te comando.
Depois paras e olhas por cima do ombro. Ali estou eu, a tua guardiã silenciosa. Sorris. Confirmas-me e voltas a correr em direcção ao mundo.
Digo-te em voz só minha, sem que me entendas, ou escutes: Estou aqui, bebé. Estarei aqui, às vezes parece que sempre estive. É aqui que te pertenço. É aqui que tudo faz sentido.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Fado Desgraçadinho

Ermelinda, a quinta de 9 irmãos, enviuvou cedo e ficou com três filhos nos braços. Aos 21 anos teve que regressar a casa dos pais, onde ficou numa pequena assoalhada, juntamente com os três filhos. Dormiam os quatro num pequeno colchão. Os pais eram gente pobre, carregados de carências afectivas e monetárias, mas acolheram-nos.
Dois anos mais tarde, Ermelinda conhece Tancredo e pensa ter encontrado o amor.
Tancredo era soldador numa pequena fábrica metalúrgica e mal ganhava para o seu próprio "comer", mas decidiram casar e foi já de bucho cheio que Ermelinda assinou os papéis no registo civil.
À saída do registo, o casal é atropelado. Tancredo perde um braço e o seu trabalho de soldador. Ermelinda dá à luz um par de gémeos, que nascem tolhidos pela prematuridade e com graves problemas respiratórios.
No hospital, Ermelinda apaixona-se por Joaquim, o senhor da limpeza e volta para casa dos pais. Tancredo não lhe perdoa a traição e com o braço saudável, atinge-a com ácido no rosto, deixando-a para sempre desfigurada. Joaquim não suporta viver com uma mulher marcada e foge.
Ermelinda chega a casa dos pais com os cinco filhos e de bucho novamente cheio. Arranjam-se como podem no pequeno colchão...
Esta é uma história de ficção, mas qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência.
E eu agora pergunto:
Porque porra é que um fadinho dramático, uma história de vida miserável, vem sempre acompanhada de várias levas de putos?
Ora deixa cá engravidar mais um bocadinho, xa cá ver onde é que cabe mais um.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Na Natação (a parte boa)

Desde que passei por um período turbulento na minha vida, período esse em que me transformei numa espécie de bola de stress e tensão, veias pulsantes e tudo, que tenho vindo a aprecisar coisas estupidamente normais.
O que antes era tarefa desgastante, agora é prazer.
O que antes era stressante, agora é canja de galinha com massinha de letras.
O que antes era um frete, agora é perfeitamente suportável.
Por isso, levar a minha filha à natação, já não é o correr no balneário, apressar, suar, ver tipas nuas e mães destravadas a lutarem por um duche vazio. Levar a Alice à natação é o meu momento zen.
Enquanto as restantes mães tagarelam sem cessar (de onde se conhecem elas, meu Deus) sobre as escolas, vidas, futilidades, olhando de cinco em cinco minutos para a piscina, para picar o ponto, eu encosto o queixo na pedra fria e fico ali, de pé a olhar a minha menina crescida em modo non-stop.
Não penso em mais nada, não quero saber de mais nada. Só os seus movimentos incertos, a sua coragem, a sua toca cor-de-rosa a despontar dentro e fora de água é que movem o meu olhar e aquecem o meu queixo gelado pelo contacto com a superfície fria.
Ela faz-me corações com as mãos e pisca-me o olho, eu retribúo. Naqueles 50 minutos, sou dela a cem por cento.
Sempre pensei que seria incapaz de me entregar à meditação, mas vejo agora que não é assim tão difícil despejar o corpo e a mente do que não importa. Basta-me ficar ali, a ver um bocadinho de mim fora de mim. Um bocadinho de mim tão mais corajoso, tão mais cheio de virtudes do que eu, um bocadinho de mim que não sou eu.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Brinquedos Cretinos e Horrendos

Já perdi há muito a ilusão de encontrar brinquedos bonitos, originais e com 2% de parte didáctica. Hoje em dia, a malta que inventa brinquedos, combate ferozmente pela criação mais horrenda, ou mais cretina do universo.
No meu top 5 estão estas duas pérolas:
Um mini skate para andar com os dedos das mãos. Ui, que emoção, que adrenalina, que perigo não deve proporcionar este desporto em dois dedos. Tem rampas, ferramentas, o diabo a sete e é tão caro quanto idiota.
E esta coisa com ar de prostituta morta viva, que de boneca não tem nada.



terça-feira, 25 de outubro de 2011

"Cook Yourself Thin"



Adoro este programa. Quero provar de tudo e fazer de tudo.
Apesar de estas tipas adorarem contar as calorias de cada prato e eu não perceber um boi sobre calorias, tudo o que fazem tem um aspecto rigorosamente delicioso e, segundo elas, sem culpas.
Gosto de ver a forma como convertem pratos nocivos para a saúde, em comida-não-provocadora-de-enfartes.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Já repararam...

Que, desde que surgiram em Portugal os armazéns IKEA, toda a gente tem a casa igual?
Quem entra numa, entra em todas :)
A propósito de IKEA, é impressão minha, ou aquilo já não é tão barato como era?
Onde é que está a política do acarrete o esqueleto da mobília, monte aquela merda toda ( tentando não enlouquecer) e pague menos?


Entrevista de emprego para o IKEA

terça-feira, 18 de outubro de 2011

AHAHAHAHAHAHA

O Governador do Banco de Portugal deixou um conselho sensato ao povo português:
Têm que poupar mais.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Estado de Emergência Mental

Depois das medidas-para- deixar-a malta-em-pelota do governo, milhentas vozes se levantaram.
Perguntam vocês:
Vozes de protesto? Vozes de compadecimento?
E eu respondo:
Não.
A maior parte das vozes que escutei por este mundo virtual, foram vozes de regozijo. Ufa, ainda bem que ganho menos de 1000 euros, ufa, acho muito bem que a classe média pague, xiça, ainda bem que sou pobre. Eles que vão masé trabalhar, os mandriões que ganham esses milhões de euros. O que me leva a concluir que quem ganha mais de 1000 euros é milionário e não trabalha.
Somos um país de facto triste, onde parece que ganhar razoavelmente, por um trabalho que se faça bem, é vergonha (sendo que ganhar bem, não é ganhar 1000 euros).

Desabafo inspirado neste post.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Estamos fecundados, estamos

Não se pode prender a malta que nos conduziu a este excremento financeiro?
Não se pode empalá-los?
A única safa é deixar o povo todo em cuecas e debaixo da ponte?????
A sério, é ultrajante. Sinto-me encolhida de medo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Os Pequenos Monstros

Há uns meses atrás, enquanto observava uma criança de 5 anos a dar ordens a uma empregada doméstica, copiando a forma como a própria mãe tratava a funcionária, estremeci.
A empregada ia sorrindo amarelamente e lá ia fazendo o que a criancinha ordenava, uma vez que a mãe achava muita gracinha àquele pequeno clone do seu feitio de merda.
Na escola da Alice há muitas crianças peneirentas e de nariz empinado e quando vejo as mães das ditas, entendo tudo. São clones.
Atitudes, gestos de desprezo, peneiras, arrogância em crianças tão pequenas, regra geral, são uma espécie de copy-paste do comportamento a que assistem em casa.
É claro que existem crianças difíceis, teimosas, menos dóceis, cujas atitudes têm uma grande dose de feitio incorporado. Feitio esse que os pais lá vão tentando adoçar em desespero, mas ainda assim, tentando dobrá-los um bocadinho.
Esses pequenos monstros, serão um dia monstros de tamanho normal e isso custa-me e assusta-me. Aliás, assombra-me.
Se há (pouco, mas ainda assim algum) poder que um pai tem é o poder de fazer a coisa certa. O poder de deixar uma pequena impressão digital no coração dos filhos, para que quando cresçam, ou ainda em tenra idade, saibam distinguir o certo do errado.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Depressão

O António Barreto diz que Portugal vai desaparecer e eu acredito.
Relacionado com a prostituta da crise e com o desânimo geral que se respira a cada anúncio do governo, nunca vi tanta malta depressiva no parque.
Hoje uma senhora de ar triste e de mochila às costas, senta-se perto de nós, abre a mochila e, não, não tira uma bazuca, nem uma granada de mão, mas um pacote xl de pão de forma e ali fica ela a alimentar os pavões. Sorriu tristemente para nós e disse: Esta é a minha única alegria.
É claro que ela podia estar triste por um milhão e meio de motivos, além do facto de o nosso país estar a desaparecer, mas por uns segundos, apeteceu-me ficar ali sentada com ela, a dar pão aos pavões.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Giseleeeeeee

A quem é que chocou o anúncio da Hope, com a Gisele Bundchen?
A sério que há alguma mulher que tivesse ficado moralmente chocada com aquilo?
Sinceramente, quanto a mim, é mais uma sátira ao bicho homem, do que à condição feminina.
Chocou-me muito mais ver a Helena Coelho em lingerie, agarrada a uma tábua de passar a ferro, do que ver a Gisele a usar a lingerie para dar a volta à cabeça de um gajo.
Se há alguém que deva ficar ofendido aqui é o Homem :)
Quanto ao envolvimento governamental num anúncio de lingerie, nem sequer consigo comentar esta atrocidade.

Povo madeirense, obrigadinha por mais uma ronda desta merda

sábado, 8 de outubro de 2011

Rapidinha Ao Estilo d'A Mulher Certa

Sei que canto horripilantemente mal, quando passa Angels do Robbie Williams no rádio do carro e fico a ouvir zunidos e ligeiramente nauseada com a minha própria voz.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Zzzzzzzzzzz Paris Zzzzzzzzzzz

Estou num estado tão pateticamente sonolento, que meço a qualidade de um filme pelo facto de adormecer, ou não, enquanto o vejo.
Quando o sono se entranha e nos provoca dores nos ossos e articulações, está na hora de repensarmos seriamente os filmes que escolhemos para ver. Tudo me soa a canção de embalar, os diálogos, a banda sonora, os sorrisinhos, as bombas que explodem, os tiros, os murros, os chavões, os beijos, as paisagens.
Quando o nosso filho insiste em acordar às 4 da manhã, ou num dia bom, às 6, qualquer filme que me ponham à frente é um drunfo.
Neste caso, falo do Meia Noite em Paris, com o Owen Wilson e a sua voz à la Woddy Allen a fazerem cafoné na minha cabeça.
Tenho a certeza de que se estivesse menos consumida por este estado sonâmbulo, tudo teria sido diferente. Mas Paris nunca foi a cidade da minha vida e o Owen Wilson está longe de ser o meu actor de eleição, por isso, muitos foram os momentos em que cabeceei vergonhosamente.
Acho que este filme é fofinho e despretencioso, bem ao estilo do Woody. Também acho que dá uma bela lição sobre os roaring twenties a um adolescente que comece agora a vibrar com o Hemingway e a Gertrude Stein (estive na campa dela no Pere Lachaise, quando tinha 19 anos), mas eu estou velha e só quero poder dormir uma noite inteira. Por isso, Paris, lamento desapontar-te, mas meia noite é muito tarde para mim :)

sábado, 1 de outubro de 2011

Não sei o que se passa

Mas a realidade é que alguns comentários aparecem no meu mail, mas não aparecem aqui...
Não tenho a mais pequena ponta de jeito para desvendar estes mistérios, por isso vou esperar que a doença passe por si.