sábado, 31 de outubro de 2009

As Mulheres e a Bola

Penso que não há coisa mais ridícula do que assistir a um daqueles programas eruditos sobre futebol em que se sentam todos à volta de uma mesa, doutores, engenheiros, jornalistas a discutirem o cerne da bola, as contratações, os jogadores em campo, a estratégia de jogo, com a importância dada a comentadores políticos que argumentam sobre o estado da nação.
Mas quando pensei que nada me dava mais nos nervos do que estas dissertações infindáveis sobre o esférico, dou-me conta que há apenas uma coisita que me irrita ainda mais: As mulheres que falam de futebol.
Logo a mim é que isto tinha que suceder, eu que odeio mulheres machistas neste aspecto em particular transformei-me numa.
No último jogo da selecção enquanto ouvia uma senhora a fazer o relato do jogo e a gritar:
"Este foi de calcanhar" "E vai ser Canto" "Fora de jogo" a coisa bateu-me com força. Mas que raio é que esta gaja está aqui a fazer?! Os relatos da bola são com voz grossa! Isto é estranho demais, vai-te embora mulher, sai daí que não gosto de te ouvir! Xô daqui que me desconcentras!
E pronto para grande vergonha minha descobri que sou machista. As mulheres não deviam fazer relatos em directo a gritar: Gooooooooooooooooooooooooooooolo!

A Inocência é o Melhor do Mundo

Desde cedo que tento explicar à Alice que não se fica embasbacado a olhar de cada vez que alguém um bocadinho diferente passa por nós. É claro que não posso pedir que ela se transforme numa espécie de Nova Iorquina capaz de passar com uma indiferença desconcertante por uma mulher nua a cantar o fado em plena avenida, mas dentro das nossas limitações de gente comum, ela já aprendeu que não fica de queixo caído embasbacada de cada vez que alguém com uma deficiência passa.
No entanto com apenas 3 anos é natural que de vez em quando se esqueça. Por isso outro dia quando estavamos numa loja e uma senhora de cadeira de rodas motorizada passou por nós, os olhinhos dela ficaram como se diz em bico. Completamente vidrada naquela viajante de motor, seguiu-a com o olhar durante minutos a fio.
Finalmente caiu em si e olhando-me como se tivesse cometido uma grande asneira sorri e disfarça falando muito alto para que a senhora a escutasse:
- Ó mãe que carrinho tão giro, gostava tanto de ter um, compras-me?
Emendou a mão da melhor maneira que conseguiu, eu não faria melhor, mas que pode ter passado por humor negro infantil, lá isso pode...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mais uma Pérola da Minha Condição

Porque é que eu não consigo espirrar só uma vez, discreta e suavemente, como quem suspira?
Porque é que nesta época de pandemia em que tudo se alarma quando o tipo atrás de si na fila do supermercado desata a tossir e a espirrar sem se dar ao trabalho de enfiar a cara no sovaco, eu tinha que ter ataques de 16 espirros seguidos?
Mesmo que o faça para a dobra do braço, ou para a sovaqueira perfumada, não há como impedir os olhares esgazeados na minha direcção.
Às vezes basta o cheiro do perfume Patcholi de alguém a passar por mim para desencadear a avalanche incontrolável de espirros.
E o pior, o mais grave, o mais humilhante, não, não vou dizer, não posso dizer...
Está bem eu digo, perdida por 100, perdida por 1000 e quem já esteve, ou está de esperanças (ai que belo) vai entender.
O pior é que neste estado de graça gestacional, se estiver bem aflitinha para ir à casa de banho, o que acontece mais ou menos de meia em meia hora, corro o sério risco de por cada espirro que dou, libertar um pingo da minha vontade natural. Ou seja, se der 20 espirros, já não vou precisar de ir a correr para a casa de banho...

* Acho que me estou a tornar especialista em auto-humilhação pública, mas quando tudo o resto falha, não há como nos rirmos de nós próprios para animar o dia :)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ataque de Fome de Azeitonas

Depois de consumir um frasco inteiro de azeitonas Oliveira da Serra sem caroço dou graças a Deus por amanhã não ser dia de fazer análises, pois certamente, em vez de me detectar uma infecção urinária, ou coisa que o valha, apareceria nos resultados do laboratório:
Azeite biológico de baixa acidez Gourmet (que eu só urino Gourmet).
Com que cara é que eu mostrava isto à minha médica?

Quiseste agora Aguenta!

Quando estava longe de pensar em ser mãe defendia com unhas e dentes a ideia de que o pai não tinha nada que assistir ao parto se não o desejasse.
Nos tempos em que era uma grandessíssima liberal e jamais me passaria pela cabeça forçar o homem a nada, muito menos a ver-me de perna aberta e a fazer força até rebentar as entranhas.
Também não me passava pela cabeça deixar de ir ao cinema com um namorado ver um filme de acção e pontapés no traseiro, pois no amor cabia tudo. Desde a tolerância sem limites, ao verdadeiro faz e deixa fazer.
Acontece que as coisas mudaram um bocadinho (ahahaha) e desde que fomos pais, o que um faz pelo e para o filho o outro também deve fazer. Acho que se chama democracia familiar. Esse conceito vago e abstracto ainda para tantos seres do sexo masculino, mas tão nítido para mim.
Faz-lhe impressão? Que pena então e a mim não fará?
Tem pânico de sangue! Ah e se eu tiver, como é que me desenrasco?
Não gosta de me ver sofrer! Então não tivesse insistido para termos mais filhos.
E pronto, estou assim, tanto quero a democracia que lentamente me transformo numa ditadora :)

* O Hugo não disse nenhuma destas frases feitas que mencionei acima, mas ando a sentir que se quer esquivar do acontecimento. Só que eu já preparei a epidural para lhe dar e tenho uma maca reservada ao lado da minha. Riso maquievélico.

Ser Mãe é... Abrir as Pernas?

Sei que vou usar frases feitas, lugares comuns e tudo o que já se ouviu mil vezes a propósito do caso da menina russa Alexandra que foi entregue a uma tipa abusadora e alcoólica com a única justificação de ter sido ela quem abriu as pernas para a fazer e para a parir.
Nada como fundamentar uma decisão judicial nestes critérios imutáveis e do princípio do mundo, tão antigos como os calhaus com milhões de anos:
Pariu, logo, é mãe.
Seria realmente maravilhoso que todas as parideiras biológicas defendessem, criassem, educassem, dessem amor às crianças que puseram no mundo, mas tristemente, muitas vezes cabe ao estado defendê-las dos próprios progenitores, quem as deveria guardar e proteger em primeira instância.
A palavra mãe pode sem dúvida definir o melhor e o pior que existe num ser humano. Uma mãe pode ser responsável por uma pessoa feliz e realizada, ou por uma pessoa triste a traumatizada para o resto da vida.
Por essa razão, quando cabe aos tribunais decidir na encruzilhada, nas situações limite, não pode ser esta palavra a definir tudo, como se dizer que é mãe, que deu à luz, fosse atestado bastante para entregar uma vida inocente nas suas mãos.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A Primeira Roupa


Não há nada como mexermos na roupa do bebé que ainda não conhecemos, para nos sentirmos mais próximos desse pequenino ser que aí vem.
Imaginamos como em breve aquele pedacinho de tecido minúsculo vai estar cheio de um corpinho quente e cheiroso. Esquecemos até a parte do chorão, pensando apenas como é bom ter aquele bocadinho de nós enroscado nos nossos braços.
Andava a precisar de me sentir assim, por isso hoje fui em busca da primeira roupa do António (às vezes este nome soa-me tão adulto).
A Alice teve direito a cueiro e golinhas de princesa. Uma primeira roupa digna de capa de revista. Afinal de contas não é todos os dias que se vê o mundo pela primeira vez. Há que estar vestido à altura do acontecimento.
Mas desta vez e certamente por ser um rapaz, não sinto vontade de nada disso.
Fiquei-me numa solução de compromisso.
E pronto hoje sinto-me com vontade de encher isto tudo de roupinhas de bebé e ceder ao melaço que sinto no meu coração, mas não quero deixar ninguém diabético, por isso fica apenas uma fotografia e agora reparo que este é o 500º post deste blogue, nem de propósito :)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Tudo a Nu

Eu já sabia que nos dias que correm não podemos passear calmamente pelo Shopping, seja ele qual for, sem sermos abordados por agressivos vendedores de crédito, pedintes para todo e qualquer tipo de instituição de apoio a uma vítima qualquer (que me perdoem as sérias), mulheres que nos ordenam que lhes mostremos as mãos para verem as nossas cutículas.
Eu já estava habituada a estes filmes, já tinha inclusivamente as minhas armas secretas anti-abordagem. Mas o que fazer quando uma inesperada realidade surge? Daquelas ideias de génio que nos entram pelos olhos esbugalhados adentro sem pedirem permissão?
Quando eu pensei que nada ultrapassaria a moda de arranjar as unhacas dentro de quiosques em pleno shopping, atirando com as peles mortas e restos de unha na rebarbadora para cima dos passeantes incautos, eis que surge uma ainda mais brilhante invenção:
Arranjar a sobrancelha em público!!! Não é com pinça, é com uma espécie de linha que se vai enrolando no pêlo e arrancando o mal pela raiz. E elas ali ficam, impávidas face aos olhares alheios que as exploram curiosos, como macacos no circo.
Para quando a depilação à brasileira (não confundir com a feijoada à brasileira, que essa até nem me importava) em público, bem no meio do recinto comercial para qualquer um poder assistir ao vivo a a cores ao arrancar forçado e de pernil aberto do pêlo púbico? De que é que estão à espera mentes brilhantes do negócio?

Fúria Compulsiva

Ando numa estranha fúria de deitar coisas fora. Há quem lhe chame preparar o ninho, há quem lhe chame loucura, há quem lhe chame taradice-maníaco-compulsiva-agravada.
A realidade é que já devo ter dado coisas suficientes para fazer uma pequena aldeia algures no Sudão.
Hoje vou dar uma secretária, uma cama, um baú, uma televisão antiga, a mesa onde ela estava, edredons, cobertores, almofadas.
Alguém me agarre por favor, pois corro o risco de regressar a casa um dia destes e não ter nada além das paredes.
De cada vez que esvazio uma prateleira de inutilidades sinto-me mais leve. Isto não pode ser normal. Onde é que eu estava com a cabeça quando decidi guardar tantas almofadas? Bem sei que andei meses em busca da almofada perfeita, mas se nenhuma me agradava porquê guardá-la?!!!
Talvez isto possa ser explicado com uma vida passada, ou não indo tão longe, num passado recente, pois ainda me lembro que na véspera de ir para o hospital ter a Alice tinha trolhas no quarto a terminarem uma obra e jurei para mim mesma que jamais me deixaria apanhar novamente nas malhas da procrastinação.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Divagações

Às vezes penso que a doença torna as pessoas mais sensíveis em relação aos outros.
Quem nunca esteve doente não sabe entender quem sofre de uma maleita qualquer. Pode até dizer: "Coitadinho imagino o que estás a passar", pode até fazer um grande esforço por se colocar na pele do outro, mas não sabe, não imagina, não supõe sequer.
Há experiências que unem de forma invisível quem por elas passou, numa espécie de irmandade muda, onde basta um olhar para se sentirem compreendidos uns pelos outros.
Os restantes que nunca passaram por isso, nunca vão entender.
Um médico que nunca esteve numa cama de hospital, que nunca dependeu de ninguém para sobreviver, nunca entenderá a 100% o seu doente.
Isto são apenas coisas que me passam pela cabeça, numa certeza quase indesmentível. Quem sofreu alguma vez um grande desgosto, ou equacionou de verdade a vida e a morte entenderá muito melhor quem agora passa pelo mesmo, disso estou certa.

domingo, 25 de outubro de 2009

Pois é, Parece Que...

Parece que desapareceram faixas de rodagem na Capital para darem lugar a ciclovias.
Parece que em estradas movimentadas, engarrafadas, infernais roubaram uns bons metros de largura para que os nossos milhares de ciclistas, tal como em Amesterdão, pudessem invadir os quilómetros sem fim de ciclovia limpinha e pronta a pedalar.
Parece que se impunha isto, que temos a tradição da bicicleta em vez do carro, que na cidade das sete colinas não há de facto melhor meio de transporte que o pedal.
Parece que temos que ser mais europeus, mais civilizados, mais abicicletados, por isso toca de tirar espaço aos carros que não existem em Lisboa e dar esse lugar, não aos peões com carrinhos de bebé, ou deficientes motores que tantas vezes têm que andar de perfil, pelo meio da estrada, entre merda de cão e crateras terrestres abertas na calçada com meio metro de largura. Peões? Quem são os peões de Lisboa? Malta estúpida, inconsciente, que chega ao seu destino coxa, estropiada, ou com menos 10 quilos pela aventura empreendida.
Sim é de facto bom poder pedalar à beira rio, ou como aqui em Cascais, à beira mar, sem o perigo de levar com um carro em cima. Mas também seria espectacular se pudéssemos andar a pé com prazer, sem corrermos risco de incapacidade física permanente.
*Não sei porquê, mas tenho quase a certeza que só à pala das ciclovias o nosso António Costa angariou uns belos votos de malta jovem e europeia, acabadinha de se recensear...

sábado, 24 de outubro de 2009

É Oficial

Quando pensava que o episódio das cuecas gigantes era o ponto alto da humilhação semanal de uma grávida, hoje parada na fila do Continente, abro a boca num dos meus milhentos bocejos diários, daqueles que não pedem ordem para chegar, tal a frequência com que me consomem e em vez de sair aquele gemidozinho de sono próprio de um bocejo como deve ser, sai-me um arroto. Completamente involuntário, mas sonoro, bem de dentro de mim, ecoando assustadoramente à minha volta.
Os olhares (imaginários, ou não) cortaram-me ao meio e senti-me a verdadeira mulher das cavernas.
É oficial, a partir de hoje sei que de cada vez que bocejo também posso arrotar sem querer. Digam lá que uma grávida não é de facto um ser fascinante na sua multiplicidade de funções?
Estou toda rota. Às vezes pergunto-me como é que o Hugo ainda vê algum encanto em mim...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Vontade de Regresso

E agora digam-me lá o que é que faz uma mulher grávida que envia um exemplar do seu livro para as mãos de uma amiga que não vê há milhares de anos, mais concretamente, para a Holanda e recebe esta resposta?
Chora claro está, chora tanto que tem que ir buscar uma esfregona e um balde para não molhar as meias novas da timberland.

Viajar Perder Países Ser Outro Constantemente

Joaníssima da Silva depois de me englobar no pacote das "Minhas Anas" pediu-me que falasse acerca das 3 viagens de sonho feitas e por fazer.
Aqui tenho um grande problema, pois 3 é pouco. É pouco para fechar numa gaveta as que fiz e pouco para colocar no meu desejo as que farei. Mas vou tentar.
- A viagem que fiz a Itália com a Rita e a Diana. Milão, Roma, Florença e Veneza. Fomos as 3 numa espécie de despedida da vida de solteiras, ainda que não soubéssemos que assim era. Desde essa viagem que cada uma acabou por seguir o seu rumo adulto, mas as melhores memórias não foram embora. Os cigarros fumados a seguir ao jantar numa tranquila ponte em Veneza (nenhuma de nós fumava já, mas abrimos excepção), as conversas sobre amores desejados, os cafés caríssimos das esplanadas nas praças principais. Quando me lembro desta viagem, lembro-me que vivi.
- A primeira vez que conheci os Estados Unidos num misto emocionante de filme e de reencontro com um país que já conhecia pelos livros e pelo cinema.
- A nossa Lua de Mel por representar o começo de tudo. Praga com a sua vida, a sua música, as suas cores. Salzburgo como a terra que viu Mozart nascer e que nos abrigou de mão dada a acertarmos o passo um pelo outro.

As 3 viagens que sempre desejei fazer e que estou certa farei um dia mais tarde:
- Chile e aqui admito pela Isabel Allende :)
- Nova Zelândia por ser nos antípodas, por significar que conheci o outro lado do mundo.
- Escócia. Esta terá que ser a nossa próxima incursão. Por todo o misticismo inerente e por sempre ter sonhado pernoitar num castelo assombrado.

Gostava muito de saber sobre as viagens imaginárias e reais da Raquel, do Miguel e da Melissa. Por isso considerem-se desafiados.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cuecas Para que Vos Quero

Apesar de não ser mulher de fio dental, nem de cinto de ligas, no qual possa colocar sensualmente um punhal, ou pequeno revolver, também não gosto de ceroulas até aos sovacos, cuecas com a Hello Kitty, ou roupa interior gasta e sem elásticos.
Tenho a minha vaidade, ainda que sem grande exagero. Gosto de estar digamos que apresentável. Por isso ontem fui com a Alice procurar cuecas de grávida, pois as minhas já cortavam a circulação de sangue em certas partes do meu corpo. Escolhemos as duas o que me pareceu um modelito sóbrio, neutro, tamanho médio. Não dava para abrir a embalagem, por isso deduzi que andasse no M.
Chegadas a casa a minha filha decidiu tirar as peças sensuais da embalagem e enfiar aquilo na cabeça, qual saco de batatas com furos. Rimo-nos a bom rir com o tamanho exagerado da coisa até às lágrimas.
Ahahahah isso não me vai servir Alice, vamos levar para o supermercado e encher de compras, boa?
Risos e mais risos.
Apenas e só por descargo de consciência decido experimentar aquela caricatura de cueca e eis se não quando o pior acontece. O terror se apodera do meu ser com todas as forças. O pesadelo torna-se realidade. Aquilo serviu-me.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Frases das Fases

Vou criar uma lista com as frases mais ouvidas durante as várias fases da minha existência. São tantas que vai ser complicado reunir as mais emblemáticas. Mas para ficar desde já um registo, decidi deixar aqui algumas para ajudar na futura compilação.
Fase de celibato: Então e namorado?
Fase de namoro: Então para quando o casamento?
Fase pós casamento/Fase do coito: E filhos?
Fase primeira gravidez: Uma hora curta.
Fase pós parto (nem deixam uma pessoa recuperar das dores): Então e quando é que vem um maninho?
Fase desta gravidez (esta é talvez a mais proferida de todas. Tão usada que já sei até quando vai saltar da boca de alguém e antecipo-me): Ó que bonito, um casalinho.

Só me Apetece é Ganir

A minha sina de grávida é repetir análises, fazer contra-provas, pesar-me em balanças avariadas e sentir-me velha e cansada.
Com a Alice tinha sucedido o mesmo, repetir a chatice da análise do açúcar numa tortuosa espera de 3 horas, ao longo das quais terei que remover do interior das minhas queridas veias 4 doses de sangue. Ou seja, tirar sangue, beber xaropada de açúcar, esperar uma hora, voltar a tirar sangue, esperar mais uma hora, voltar a tirar o dito e, ai que giro, esperar outra hora e voltar a tirar mais uma litrada. Yupi! Há lá coisa melhor? Ah e no meio de tudo isto não posso mexer-me muito, pois altera os valores da coisa e claro, além do xarope de açúcar, nada mais repousará no meu estômago carente.
Portanto amanhã lá estarei eu munida de um livro que não será de vampiros sanguinários, pois a minha força psíquica tem limites, a praguejar contra o facto de os homens não poderem ficar grávidos também e a rezar para que não esteja com diabetes gestacional. Logo eu que nem sequer ligo a doces, que troco com a maior das facilidades um doce de ovos por um bom bife...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Saramaga Aqui e Depois Ali

Então e porque é que eu não gosto do Saramago?
Podia construir um discurso intelectual, pretenciosamente polido e criticar-lhe o estilo de escrita que me entorpece os sentidos até ao estado catatónico.
Podia simplesmente assumir a minha grandessíssima tacanhice de espírito e (que se lixe) dizer que nunca consegui acabar um livro dele.
Podia limitar-me a ficar calada como fazem muitos, porque não se diz que um Prémio Nobel nos faz dormir até a produção de baba nos afogar. O Prémio reveste-os de uma espécie de escudo invisível que os torna inatacáveis por nós não-membros da Academia e leigos em matéria de Prémios sejam eles Nobel, Pulitzer, Camões, ou Kinder Surpresa.
Mas eu sou um grande pedregulho e posso dizer mal dos Grandes com a ingenuidade dos parvos. Até me posso dar ao luxo de dizer que não gosto do Saramago-homem-além-do-escritor. Tenho medo dele, parece-me sempre o papão desterrado numa ilha vulcânica negra como breu, antipático, arrogante e a cagar sentenças biblícas do alto de um estranho pedestal.
Depois os verdadeiros comunas, pelo menos como eu os vejo, são malta simples, genuina, sem peneiras, tal e qual o Jerónimo Sousa. E ele não é assim, dá mau nome ao partido e acho isso um bocado indecente para os camaradas...
Perguntam-me vocês: Mas tu estás estúpida Ana? O que é que importa quem escreve, o que realmente interessa é como escreve. Pois, só que temos um pequeno-grande problema, como deu para perceber em cima, ele não me cativa por lado nenhum...
Resta-me dizer-vos que quando estive na Suécia e a pedido de um fã saramaguiano, corremos metade de Estocolmo em busca de um livro dele escrito em sueco (sim, há malucos para tudo) e ninguém, nenhum ser vivo funcionário de livraria sabia de quem se tratava. E esta hein?

Desanimada

Tenho dias em que sinto que queria ter mais força, em que tudo à minha volta se esfuma de cada vez que me disponho a agarrar os meus desejos.
Dias em que tudo se transforma numa névoa indistinta, em que sinto que não serei capaz de ser uma boa mãe para dois, uma boa mulher para um, uma boa pessoa para mim e ainda assim prosseguir os meus sonhos.
Dias em que me sinto perdida no meio das tarefas cumpridas e por cumprir e em que não sobra nada do que queria ser.
Tenho dias em que o mais puro dos pânicos toma conta de mim e me pergunto em que raio estava eu a pensar quando decidi embarcar de novo nesta aventura maternal para a vida inteira.
Depois olho as fotografias dela, acaricio-lhe a bochecha suave, vejo as ecografias dele. Penso que não dormi um minuto de noite, ora com azia, ora com vontade de ir à casa de banho, ora com falta de posição, ora com tudo às voltas na cabeça e sei que a culpa é do meu próprio corpo cansado que se agarra impiedosamente ao meu ânimo. Amanhã será um novo dia.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Senta-te Aqui e Conta-me o Teu Dia

As coisas que nunca tive quando era pequena nunca foram incentivo, nem desculpa para as repetir na idade adulta.
Sei de tantas pessoas que à falta de outro modelo qualquer acabam por repetir nos filhos o que criticavam nos pais. Eu sempre fiz questão de não repetir erros. Se não havia modelo em certas coisas, criei eu o meu próprio modelo. Isso de vivermos na sombra dos pais uma vida inteira, cobrando, protestando, atirando à cara, há muito que me passou do sistema.
Por exemplo, nunca houve em minha casa o costume das refeições à mesa. Geralmente era cada um para seu lado a horas dispersas, por isso uma coisa que me dá um certo prazer é a rotina do sentar à mesa para jantar.
Mesmo quando éramos só eu e o Hugo fazia questão de me sentar com ele durante o jantar numa cumplicidade que se cria apenas nestes momentos.
Hoje com a Alice e em breve com outro pimpolho por aí sinto cada vez mais como este tipo de rotinas é importante para uma criança, ou um jovem. É o nosso momento de família, uma espécie de porto seguro que nos faz sentir perto uns dos outros, que transmite uma certa segurança e sanidade.
É claro que isto não é rígido, geralmente aos fins de semana a coisa não é bem assim, mas mesmo aqui a Alice pergunta sempre: Então não nos sentamos juntos mãe?
E eu percebo como é nas coisas mais simples que os miúdos encontram a sua serenidade.

domingo, 18 de outubro de 2009

Eu não Corro Ando Depressa Como Tudo

Entre os meus traumas de juventude contam-se alguns episódios urbano-humilhantes, daqueles que nos fazem querer escavar um buraco para nos lançarmos no interior da terra até ao inferno.
Um desses episódios foi uma entrada atrasada no meu querido Quarteto (sala de cinema em Lisboa) e na escuridão do filme que começava malogradamente com uma cena nocturna, ter-me espatifado em pleno corredor, ladeada por filas e filas de cadeiras. Consegui ouvir os risinhos abafados e tudo. Remeti-me ao meu lugar e não me movi durante o filme inteiro, acho que nem dormi nessa noite, tal a humilhação.
Outra humilhação marcante foi numa corrida para apanhar o autocarro (ainda adolescente) ter-me espatifado também e ter visto os olhinhos de alegria dos passageiros que tinham ganho o dia com aquela cena agitada no meio da pasmaceira matinal.
Desde então que me recuso a correr para apanhar um transporte. Posso andar depressa cheia de classe, como se não quisesse nada com aquela carruagem de metro, como quem está só de passagem, mas correr jamais na vida. Até porque regra geral acabava sempre com as portas fechadas no trombil e um sorriso amarelo...

sábado, 17 de outubro de 2009

O Massacre do Blogue

Eu adoraria saber o que é que passa pela cabeça de alguém quando decide, sob a capa do anonimato, implicar com um certo blogger.
Ciúmes dos 124566 seguidores?
Ciúmes da vida do blogger?
Implicância só porque sim?
Síndrome do Funcionário Público (mais precisamente dos funcionários das repartições de finanças) que como não têm para si decidem complicar a vida de quem pode ter?
Maldade pura e dura daquela que faz os olhos ficarem vermelhos e envolve labaredas e corninhos diabólicos?
Frustração em último grau?
Conhece pessoalmente o blogger e como não o grama e não tem coragem de lhe fazer a vida negra cara a cara, faz-lhe a vida negra na blogosfera?
Dos milhões de motivos que me surgem na cabeça, não encontro um único bom motivo.
Ver que um certo blogue que admiramos termina porque a energia negativa em torno dele se revela insuportável, lixa-me tanto que não tenho palavras e só me faz pensar que a vida está mesmo cheia de pessoas estranhas...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Tralha

Todos nós conhecemos pelo menos uma pessoa acumuladora-compulsiva. Trocando por miúdos, uma pessoa que não consegue deitar nada fora. Tem o roupeiro atafulhado com roupas que não veste há mais de 10 anos, mas que pensa sempre que um dia voltará a usar, debaixo da cama caixas e caixinhas de tralha. Pratos velhos misturados com antigos, pois nunca tem coragem de se desfazer da loiça lascada. Armários com prateleiras vergadas pelo peso da tralha, papéis que vai simplesmente acumulando, desde talões de multibanco a recibos de restaurantes, a guardanapos de papel onde escrevinhou um qualquer número de telefone.
Caixas cheias de medicamentos fora de data, o frigorífico cheio de tudo e mais alguma coisa, inclusivamente cheiro a chouriço avinagrado.
Estas características podem não se acumular todas na mesma pessoa, mas certamente que terá uma, ou duas destas belas manias.
Eu reconheço que demoro mais tempo a deitar papéis fora do que devia, mas de resto tenho fobia de guardar porcarias, tralhas, roupas. De cada vez que faço uma razia ao meu armário sinto-me estranhamente leve, como se um peso me tivesse saído de cima. Eu acho que guardarmos muitas coisas que nos prendem, que nos atafulham, que nos puxam para dentro. A sério que estou profundamente convencida que o bem estar em nossa casa está directamente ligado à porcaria inútil que acumulamos.
Por isso é com espírito renovado que vos digo que enchi 3 sacos de roupa, lençóis, carteiras, sapatos. 3 sacos que tenho a certeza farão as delícias de alguém que precise realmente deles.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O quê Maitê Era Só Isso Daí?



Tanta coisa, tanta coisa e afinal de contas quando arranjo tempo para ouvir o famoso e já antigo vídeo da que sempre achei uma actriz medíocre (apenas dona de uma grande beleza) Mete na Proença é isto que me sai na rifa?
O famoso escarro que imaginei gutural, verde em forma de uma bola de golfe e bem saído das entranhas era um fiozinho ridículo de cuspo que escorre pelo queixo da bela mulher?
Nem sequer me arregaça as calças e obra no meio da metrópole?
Fraquinho, fraquinho. Eu sabia que ela não era grande espingarda na representação, mas se a sua carreira se afundar, o humor não será a sua bóia de salvação.
Quanto a mim tratou-se apenas da mais pura falta de jeito na arte da pantonomia. Os portugueses têm tanto para serem gozados, são um povo tão rico em potencial gozatório e a mulher atira completamente ao lado...
Até fiquei com pena dela.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Aperto na A5

O nosso aniversário de casamento foi muito bom, mas deixou marcas.
Almoçámos na Brasserie do Entrecosto (ahaha) no Chiado e aquele molho divinal com mais de 20 especiarias deixou-me, como dizer, com irritabilidade intestinal.
Estive basicamente doente e obrigada a comer arroz com frango desde domingo.
Hoje melhorei para grande alívio meu, pois de manhã tinha a famosa, esperada, ansiada ecografia das 22 semanas e não calhava nada bem andar a fugir para a casa de banho de cada vez que a sonda me pressionasse o abdómen.
Mais relaxada meti-me no carro rumo a Lisboa em plena hora de ponta e eis se não quando entre Carcavelos e o Estádio Nacional, com carros à frente, atrás, dos lados e por cima me vejo acometida não por uma cólica qualquer, mas por A CÓLICA do século. Aquela cujo apelo é tão, mas tão premente que conseguimos ouvir o organismo a gritar, a gemer, a implorar por alívio. Pus o ar condicionado no máximo numa vã tentativa para eliminar o suor de pânico e dor que me alagavam.
O que fazer numa situação destas? Chamar uma ambulância e pedir-lhes que tragam uma arrastadeira? Sair do carro e tirar de dentro da mala um pequeno bacio de emergência que trago sempre para a minha filha? Sair do carro e atirar-me para a divisória central no meio das moitas? Gritar por socorro sem parar? Suicidar-me?
Digo-vos que até hoje sempre pensei que estar aflita para urinar e não poder era muito mais insuportável do que estar aflita para outra coisa qualquer. Digo até hoje, pois hoje derrubei esse mito ao atingir o recorde do sofrimento orgânico. Até ao bebé pedi para se agarrar com força aos intestinos de forma a travar a catástrofe iminente.
Hoje perdi 10 anos de vida no trajecto Cascais-Lisboa.
E depois de escrever isto pergunto-me: O que raio é que acabei de escrever aqui? Nem sei se não apague isto mais tarde, mas precisava mesmo de desabafar...
Entretanto com tanto arroz com frango acho que perdi algumas gramas. Ao menos isso.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

145 Pulsações Por Minuto

145 pulsações por minuto é o ritmo com que o teu coração bate.
Quando saíres de dentro de mim conhecerás lentamente o ritmo de todos nós, umas vezes mais depressa quando sentires uma grande alegria, outras mais devagarinho quando o teu coração congelar por algum motivo menos bom. Mas agora são 145 pulsações por minuto e nenhuma pressa de coisa nenhuma.
Quando tiveres a minha idade vais perceber que muitas vezes seria bom controlarmos as batidas do nosso coração à velocidade necessária e vais descobrir também que não consegues. Que ele trabalha por ti maquinalmente sem nada poderes fazer para acertares a sua marcha ao teu ritmo.
Mas agora vives a 145 pulsações por minuto como se a pressa de alcançares o mundo fosse imensa, como se quisesses beber da vida cheio de sede, como se não pudesses esperar um minuto e no entanto, aqui estás tu sem nada que te preocupe além das minhas preocupações e eu tento não me preocupar muito por ti, pela tua irmã, pois sei que ainda vivem um bocadinho ao som das minhas próprias batidas.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Uma Questão de Direitos

Parece que foi aprovada uma lei na Polónia que prevê em alguns casos a castração química de pedófilos.
Parabéns Polónia!
Venham agora os defensores dos direitos dos animais, ups, dos direitos humanos, clamar contra tão bárbara decisão.
Que a prisão nada resolve nestes casos de taras incuráveis eu já sabia. Que a maioria deste tipo de criminosos que é posta em liberdade volta a reincidir, não é novidade. Então porquê o choque perante esta decisão?
Finalmente alguém se preocupa mais com os Direitos das crianças abusadas do que com os direitos dos abusadores.

domingo, 11 de outubro de 2009

Reza Eleitoral

Que ganhem candidatos que acabaram o curso a um Domingo e com envolvimentos por esclarecer em negócios obscuros, que ganhem candidatos que fogem na mala de um carro para o Brasil, que ganhem candidatos condenados a penas de prisão, mas por favor, pelo amor da santa e dos santos e de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo que não ganhe o Paulo Pedroso em Almada. Porque se isso acontecer passo definitivamente um atestado de betão armado cerebral ao povo.

sábado, 10 de outubro de 2009

5 Anos De...


Hoje faz cinco anos que dissemos sim. Sim para o que der e vier, sim para o bem e para o mal, sim para o futuro, sim olhando o passado, sim hoje.
Cinco anos em que cada um seguiu de mão dada, lado a lado, deixando o outro adiantar-se e seguindo mais atrás, desviando-se quando foi preciso, atravessando-se quando chamado a defender.
Cinco anos do fogo à quietude, da ânsia à serenidade.
Cinco anos em que passámos de dois a quatro.
Se tivesse que definir como é estar casada contigo, por muito pouco romântico que possa soar à primeira, eu teria que te comparar àquele par de chinelos que calçamos quando chegamos a casa.
Podemos ter os sapatos mais elegantes do mundo nos pés enquanto jantamos num restaurante fino com pessoas de elite, mas por debaixo da mesa descalçamos os sapatos e suspiramos por aquele par de chinelos que nos aguardam em casa, que nos envolvem os pés numa carícia silenciosa. Aquele par de chinelos dos quais não conseguimos desfazer-nos porque o regresso a casa sem eles seria tremendamente frio.
Os meus chinelos são os teus braços quando me envolves, o teu ombro quando me sento ao teu lado após um dia cansativo e me encosto a ti sem ter que dizer nada de especial.
Os meus chinelos são as poucas flores que me ofereces, mas quando decides fazê-lo nunca me trazes rosas.
É bom saber que chego a casa para ti e que tu chegas a casa para mim.
É bom saber que os meus pés nunca mais vão ficar frios no Inverno...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Os Desgostos de Amor

Se me perguntarem do que mais tenho saudades no passado não é dos desgostos de amor.
De cada vez que os vejo bem lá atrás, enterrados às três pancadas, bem fundo, ou apenas à superfície sorrio pela paz, pelos dias sem atritos do presente.
Ainda lembro quando a dor me toldava a vida inteira, consumindo-me como uma espécie de sombra que me perseguia em cada música, filme, café, rua, perfume. Nada me trazia o esquecimento, nenhuma conversa era suficientemente anestesiante, nenhum filme suficientemente poderoso, nenhum livro ultrapassava o desgosto sentido bem nas entranhas de mim. Encarar os outros um martírio, explicar o que se passava uma tortura.
Nada, rigorosamente nada me esvaziava daquilo que me enchia o que precisava de espaço. Queria respirar e doía, queria conversar sobre outra coisa qualquer, mas na minha voz apenas habitava o desabafo, queria olhar um espaço em branco, mas tudo se preenchera com a sua imagem.
Os desgostos de amor consomem muito de nós e nada os aplaca além de um dia atrás do outro. Só mesmo o tempo, por muito lugar comum que possa soar, nos dá outra perspectiva de tudo.
Os desgostos de amor são como uma morte ao contrário, como ter que aprender a viver sem alguém que está vivo e ao nosso lado. Enterrar uma pessoa que vive é das tarefas mais hercúleas que se podem dar ao coração e o meu não tem a menor saudade de se sentir magoado.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

As Injustiças da Natureza

Ando numa fase de energia zero. Hoje lá fui fazer as análises de rotina quase de madrugada e dei por mim a fazer xixis em dois frascos, um antes, outro pós desinfestação bacteriológica, a tirar sangue antes de um copo de açúcar e depois do dito copo. A enfiar cotonetes em locais cuja timidez não me permite mencionar num espaço familiar como este e na espera a ler um livro de vampiros maléficos. Talvez a escolha mais idiota de leitura que poderia ter feito entre seringas sugadoras de ORH+.
Quando a simpática (devo frisar demasiado simpática e faladora compulsiva no plural) analista me enfiava a cotonete no sítio onde o sol não nasce e me dizia: Vá agora não se assuste vamos pôr no rabinho, eu pensei:
Mas porque porra não nos podemos revezar com o pai nas gravidezes?
Agora fico eu, no próximo ficas tu que é para veres o que é bom para a tosse!
Era esperar para ver as taxas de natalidade a cairem vertiginosamente...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Alguém me Ajuda?




Alguém me diz por favor o que é que o Herman José faz na candidatura à Câmara Municipal de Sintra, ou se estou a ver mal, o que é que a Ana Gomes faz num programa de humor?
O meu cérebro está a deitar fumo com tanto ilusionismo...

A Queda do Pedestal Materno

Eu gosto de explicar as coisas à Alice, não tenho grande medo das palavras e prefiro usar uma palavra bem dita e explicar o seu significado do que substitui-la por uma adaptação infantil. Nunca disse popó, sempre disse carro, piu-piu também nunca saiu da minha boca, porque não pássaro?
E do alto do meu pedestal estava convencida que não havia pergunta difícil demais, ou inquirição suficientemente complicada para me deixar sem resposta. Mas há dois dias atrás surgiu a temida, a pesadélica, a vampírica questão que tanto temia:
- Ó mãe como é que o nosso mano foi parar dentro da tua barriga?
Sorriso amarelo nos lábios, respirar fundo e zás:
- Então, muito simples, o pai plantou uma semente na minha barriga.
Sorriso fascinado do outro lado.
- A sério??? E regou???
- Claro, vá agora dorme que já é tarde, muitos beijinhos até amanhã - Enfiando-lhe os lençóis sobre o corpo pensei ter dado cabo da coisa da forma mais limpa e sem espinhas possível.
Passou-se um dia e alguma coisa dentro de mim me dizia que a segunda parte do interrogatório estava a fermentar no seu pequeno cérebro...
- Ó mãe?
Tremi.
- Sim querida.
- Como é que o pai pôs a semente na tua barriga?
Sorriso amarelo.
- Olha ali no tecto um passarinho! E fugi porta fora.
Agora digam-me que espécie de mãe cobarde e campónia sou eu?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Longe dos Olhos mas Perto do Coração

Quando comecei este blog longe estava eu de pensar que me ligaria tanto a tantas pessoas.
Se me dissessem que me preocuparia de verdade com caras que nunca vi, muitas cujos traços nem conheço, acho que soltaria várias gargalhadas, umas atrás das outras, pois sempre fui muito céptica nestas coisas virtuais.
Mas eis-me preocupada, comovida, feliz, apreensiva. Vibrando com uma vitória, desanimando com uma derrota, felicitando, apoiando pessoas que só conheço daqui, pelo que escrevem, pelo que desejam mostrar de si.
Sei que ninguém conhece ninguém por um blog, sem olhar nos olhos, sem escutar a voz, sem viver lá fora na vida real. Mas que sinto que conheço muitos de vós desde sempre sinto e isso já ninguém me pode tirar. Sou uma pessoa mais rica desde que por aqui ando, obrigada por isso :)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Dia 5 de Outubro, Ou a Minha Nostalgia Monárquica

Atirem-me pedras se quiserem, cuspam na minha imagem retrógrada com desprezo, mas hoje, dia 5 de Outubro apetecia-me ter um Rei.
Bem sei que não os escolhemos, que podem ter taras genéticas, que não podemos mandá-los embora (se bem que há sempre a hipótese de um golpe), mas tenho dias em que me apetecia simplesmente ser um bocadinho mais patriota e vá-se lá saber porquê as monarquias instigam o patriotismo que há em mim. Talvez pelos Séculos inteiros de história em que este país brilhou sob a égide de tantos monarcas.
Depois vejamos bem. Será que podemos dizer que a Inglaterra, a Dinamarca, a Suécia, a Espanha são países merdosos e menos democráticos por terem lá a família real?
Sim, a família real dá despesa, mas um rei é educado desde o berço para nos representar. Não tem ali absolutamente nenhum interesse pessoal além do país. Não procura estatuto, não se deixa cegar pelo poder, não quer subir a escadaria política, não ascendeu àquela condição através de nenhum partido político.
E hoje em dia tem uma espécie de poder calmante sobre a populaça, anestesiando-os num interminável folhetim de acontecimentos (como as novelas da Tvi). Ora vamos lá ver o casamento da Princesa, olha o baptizado do pequeno príncipe.
Num regime semi-presidencial como o nosso em que o Presidente da República passa a maior parte do tempo a dizer que não se mete em nada, nem nas comemorações da República digam-me por favor que mal faria um rei em seu lugar?

domingo, 4 de outubro de 2009

As Pessoas a Preto e Branco

As pessoas a preto e branco não gostam de outros pontos de vista, de alegrias alheias, de quem seja diferente.
As pessoas a preto e branco regem-se por um conjunto de normas que pré-estabeleceram e fora das quais não ousam conceber a sua vida.
As pessoas a preto e branco nunca votam fora do seu partido, não se interessam por crenças fora da sua religião, que muitas vezes desconhecem de raiz. Pensam que ser bom cristão é ir às missas e rezar o Pai Nosso e riscam com uma pesada cruz vermelha de censura quem não lhes siga os rituais.
As pessoas a preto e branco imaginam que a felicidade dos outros só é possível se for igual à sua e não conseguem rir de si próprias.
As pessoas a preto e branco não gostam de muitas cores, preferem a segurança do preto, ou do branco.
As pessoas a preto e branco não escutam a outra parte numa discussão, ora dando o braço a torcer, ora lutando com todas as forças pelo seu ponto de vista. Limitam-se a repetir os mesmos argumentos até à exaustão.
As pessoas a preto e branco são, acima de tudo, tremendamente chatas.

sábado, 3 de outubro de 2009

AHAHAHAHAH


Para quem precise de rir carregue no Play por favor :)
Que saudades do Jô.

Um fim de Tarde em Cheio

Hoje senti-me uma estrangeira em Lisboa, no bom sentido é claro. Há dias em que simplesmente ela volta a ser a minha cidade e hoje foi um deles.
A música ao ar livre pelas ruas da baixa foi uma daquelas iniciativas louváveis que tanto invejamos noutras cidades e que hoje aconteceu por lá.
A Alice adorou ver os Pequenos Violinos da Orquestra Metropolitana e eu adorei ficar sentada em frente ao S. Carlos a ouvir os miúdos tocar.
Seguiu-se um passeio de fim de tarde pelo Chiado e percebi que tenho que lá ir mais vezes, matar saudades, mostrar à minha filha os sítios onde costumava ir quando aquelas ruas faziam parte do meu quotidiano.
Hoje Lisboa encheu-nos as medidas e os ouvidos de música :)

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Lições no Parque / ou Os Putos dos Outros


Muitas vezes uma ida ao parque com os nossos filhos dá-nos grandes chapadas na cara, chapadas emocionais claro, senão vejamos as lições retiradas de uma tarde passada num espaço recém-criado ao ar livre, que é como quem diz, num espaço feito à pressão antes das autárquicas:
Lição Número 1: Há sempre um puto que se porta 1 milhão de vezes pior do que a nossa filha, fazendo cerca de 10 birras por segundo, daquelas de bater o pé e de se atirar para o meio do chão lamacento.
Lição Número 2: Há sempre alguma mãe que grita mais alto, que se enerva mais depressa, que tem menos paciência do que nós.
Lição Número 3: Quando dizemos que a nossa filha não obedece à primeira devemos morder a língua, pois filhos há que nunca, jamais obedecem a coisa nenhuma.
Lição Número 4 e talvez a mais importante: Manter sempre o triciclo da nossa filhota a um passo de distância, evita que tenhamos que andar a correr atrás de um puto esperto que não sabe a diferença entre objectos alheios e objectos próprios. Evita um ataque de pânico no nosso rebento.
Conclusão Final: Os putos são regra geral chatos, mas o lado bom é que muitas vezes os putos dos outros conseguem fazer-nos sentir com uma sorte desmedida por a nossa não ser assim :)

Morre Lentamente

Já tinha deixado aqui este texto (correcção mais do que justa e necessária) de Martha Medeiros que sempre fez tanto, mas tanto sentido para mim e hoje é um dia tão bom como outro qualquer para me agarrar a cada frase com todas as forças e sair da inércia que me tem toldado o caminho...

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajectos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro ao invés do branco e os pingos nos iis a um redemoinho de emoções, exactamente o que resgata o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e o coração aos tropeços.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho.
Morre lentamente quem não viaja, não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem não se permite, pelo menos uma vez na vida, ouvir conselhos sensatos, quem passa os dias queixando-se da má sorte, ou da chuva incessante. Quem destroi o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem abandona um projecto antes de o começar, nunca pergunta sobre um assunto que desconhece e nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ar que respiramos.
Somente com infinita paciência conseguiremos a verdadeira felicidade.