Isto de lermos outros blogs às vezes faz-nos reflectir um bocadinho, por isso quando li ontem
o post da Precis, no qual ela afirmava não acreditar em relacionamentos para sempre, mas sim em amor para sempre, a minha cabeça, depois de um longo jejum de neurónios, começou finalmente a carburar (obrigada por isso Precis).
Muitas pessoas pensam que o amor tem que ser sempre como no princípio. Por isso quando as coisas se modificam para a fase seguinte, sentem-se cair numa profunda decepção e milhares de perguntas começam a surgir: Será que o amo? Será que já não vai dar certo? Onde é que está o arrebatamento, a magia, a novidade que sentia no princípio? O facto de partilharmos o mesmo tecto fez desaparecer o encantamento inicial todo. Quem é este homem agora ao meu lado?
Nesse sentido entendo o que a Precis quis dizer, pois se não existir relacionamento, o amor será sempre perfeito dentro daquela caixinha que nunca chegou a ser aberta...
Abrir a caixa e deixar o amor crescer em todas as suas etapas, sem medo que ele azedasse, ou perdesse a validade, foi o meu grande desafio da vida adulta.
A exaltação cedeu lugar à serenidade. Onde havia inquietação há agora segurança. A incerteza passou a confiança. A novidade passou a uma doce previsibilidade.
Saber que vou chegar a casa e tenho alguém à minha espera. Saber que há alguém que se preocupa, que me pergunta como foi o meu dia, que me liga só para dizer olá, que partilha o meu silêncio, que enrosca os seus pés nos meus nas noites frias é a fase seguinte ao arrebatamento.
Tal como os filhos crescem e voam debaixo das nossas asas, também o amor cresce e evolui sempre para algo diferente, mas não necessariamente mau.
Há quem seja eternamente viciado nas borboletas no estômago, por isso quando estas deixam de esvoaçar partem em busca de mais sensações de começo, mas penso que a longo prazo se sentirão tremendamente desencantados com o amor.
É claro que há amores que morrem, que não evoluem, que se transformam em ódio, mas até para chegarmos a essa conclusão, ao fim do caminho, temos que ter dado um passo em frente, uma oportunidade ao amor...