quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Vida num instante

Mostrem-me tudo, menos velhinhos a arrumarem os seus pertences em sacos de plástico, a empacotarem a sua vida em sacos de supermercado, empilhados à porta de casa, porque não têm dinheiro para a renda.
Mostrem-me tudo menos as lágrimas dos mais idosos, confrontados com uma estrada sem saída e um passado sem utilidade, de onde avistam já o fim com clareza.
Mostrem-me tudo, menos vidas inteiras de trabalho e dedicação dentro de sacos de plástico.
Este país vive uma época muito dura, mas os nossos idosos e crianças deviam, respectivamente, olhar para trás e sentir que valeu a pena, olhar para a frente com a certeza de que valerá a pena.

Logística

A logística que preciso de organizar de cada vez que tenho alguma coisa para fazer é absolutamente extraordinária.
Se, depois de o plano todo traçado, chamadas feitas, pedidos de ajuda lançados, trajectos alternativos delineados, me desmarcam a merda do compromisso, ou o movem para outro horário, fico rigorosa e absolutamente fecundada.
É favor não tratarem a gestão do meu tempo com desprezo e ligeireza. É que esta merda dá trabalho. Dá trabalho e desgasta.
Prioridades para algures no futuro:
Não, não é uma Pochete Chanel.
É um motorista/baby-sitter para levar e trazer as crianças, quando as minhas pernas e braços não conseguirem esticar mais.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Vou contar-vos uma história

Sabem que às vezes as frases mais impressionantes chegam de quem menos esperamos. E ontem, a minha avó veio aqui a casa, com ar compenetrado e sério e eu pensei que ela tinha já lido o livro. O livro que tem um padre que recebe cartas e sei lá mais o quê capaz de o lançar no Index da Opus Dei (sim, parece que eles têm essa lista fofinha).
Tinha lido o meu livro duas vezes (para melhor o entender, entenda-se) e, do alto do seu profundo catolicismo praticante, disse-me que tinha ficado muito comovida.
Do alto dos seus quase 90 anos, ela nunca tinha pensado nos padres (aqueles que são bons naquilo que fazem) enquanto pessoas, abnegadas, que vivem em função dos outros. Nunca tinha pensado na solidão profunda que eles poderiam sentir ao longo da sua missão.
"Exigem-lhes muito, exigem-lhes a perfeição constante e diária, os sermões pouco chatos e comoventes, mas não pensam neles enquanto seres humanos, enquanto pessoas."
- Este padre, coitado - Dizia ela, quase comovida - ao ler aquela primeira carta, sentiu-se confrontado com um sentimento que nunca tinha conhecido. Aquelas palavras, coitadinho, tocaram-no profundamente, porque nunca lhe tinham falado assim e ele sentiu, pela primeira vez na sua vida, amor. Ele sentiu amor.
E ela, a minha avó, de quase 90 anos-de-ir-à-missa-todos-os-dias, resumiu na perfeição o António e retirou-lhe toda a camada de "pecado", que pudesse surgir a um olhar pouco atento.
O António era a pessoa mais sozinha do mundo, por isso as cartas de Alice o emocionaram tanto. As cartas dela foram as palavras de amor que ele jamais escutara. Desde o António pequenino, ao António homem, nunca lhe tinham falado assim. E ele sentiu que tinha finalmente encontrado aquilo que buscara uma vida inteira.
O amor, seja em que sentido e reflexo for, jamais será pecado. É um dos sentimentos mais límpidos e imaculados do mundo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Como é que vocês, mulherio charmoso

Conseguem pintar-se todos os dias das vossas vidas?
Não tanto pelo pintar em si, esse acto de pura criatividade milagrosa. Não tanto pelo colocar de estuque e sombreado e betonilha, mas mais pelo processo posterior de se desmaquilharem.
Quantos quilos de algodão gastam por noite? Quantas horas de vida passam no processo de esfregarem os olhos até ficarem com a órbita virada ao contrário, só para se aperceberem que ainda parecem um panda, no final do processo?
Admiro-vos imenso. A sério.
Para as que usam calças de cintura descaída. Como é que o fazem? Como é que conseguem não passar a vida a flectir as pernas, a fim de que vosso belo rego fique pudicamente escondido ,ou a cueca, com o dia da semana, permaneça na invisibilidade?
E hoje são estas as minhas dúvidas insanáveis, que me separam do resto das pessoas que admiro. Hoje é isto.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Ler é o melhor remédio

E se eu disser que já li para não enlouquecer, quando os exames da faculdade consumiam o meu corpo e o meu gasto cérebro pelas trezentas interpretações possíveis a dar a um artigo legal?
E se eu disser que já li para acreditar que, um dia, me apaixonaria como os personagens da Jane Austen, ou para entender o conceito de Amizade, com o mítico Alberoni, bem lá atrás nos meus vintes?
E se eu disser que já viajei para bem longe, que já senti cheiros, vi rostos, passeei e sentei-me em mesas de café e comboios russos, que já segurei mãos frias de personagens, consolando-as de uma perda qualquer?
E se eu disser que já li para esquecer e para lembrar?
E se eu disser que já li para me sentir completa, quando o vazio me preenchia a rotina?
E se eu disser que já li para me libertar e para me sentir presa ao chão?
E se eu disser que já troquei programas irrecusáveis, por um bom livro e se eu disser que continuarei a recusá-los pelo mesmo motivo?
E se eu disser que não existe (quase) nenhum prazer que iguale uma noite passada com uma boa história?
E se eu disser que já senti várias ressacas de histórias e personagens que não queria ter deixado presos na palavra fim?
E se eu disser que odeio que me aborreçam com perguntas chatas, ou com telefonemas da treta, quando estou a meio de um capítulo do caraças?
E se eu disser que prefiro um livro que me amorteça a tola, do que um programa de televisão que me deixe em coma cerebral?
Se as pessoas entendessem que um livro não é assim tão caro, para a catadupa de emoções, viagens, sentimentos, que é capaz de nos proporcionar, talvez decidissem ler mais :)

No reply

Devíamos poder desdizer, desfazer, desenviar.
Bem sei que as palavras faladas, ficam. Daí termos que ter cuidado com aquilo que dizemos, pois as palavras, tanto podem ajudar a curar, como a ferir de morte alguém.
São instrumentos de precisão que devemos usar com cautela, sempre.

Odeio arrepender-me de um e-mail, ou mensagem enviada. Quando é que inventam um pequeno bracinho virtual que vá lá à frente arrancar, da caixa de correio, ou de mensagens do outro, a mensagem que se mandou?
Isso é que era.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A Vida Continua

É um dos clichés mais batidos do mundo.
É utilizado como conforto, como motivação, como ânimo, como alento. Como incentivo a continuarmos em frente, apesar de tudo.
Mas, para mim, sempre foi a frase mais avassaladora do mundo.
Não há qualquer tipo de conforto num "a vida continua".
A vida, por vezes, devia parar por nós. Se não a vida, os outros, se não os outros, nós próprios.
A solenidade dos nossos problemas, dos nossos dramas, deveria ser respeitada pela vida, nem que fosse apenas por um segundo.
Os filhos deixariam de pedir que lhes limpássemos o rabo, os maridos e mulheres deixariam de sentir fome e carências afectivas, o trabalho não revestiria a urgência de alimentar a família, a família não pediria nada, não nos pediria nada.
E é isto que penso de um "a vida continua". Sim, é claro que a vida passa bem sem nós e prossegue nos dias e minutos, sem nos oferecer a menor importância. No seu egoísmo de vida. Todos sabemos isso. Mas, caraças, às vezes era bom a vida parar por nós, sim, nem que fosse apenas por um minuto.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Hoje foi um dos primeiros dias do resto da minha vida

Não sei como é que é com os outros, mas comigo foi assim, hoje.
Hoje acordei e belisquei-me várias vezes. Depois fui fazer pequenos-almoços, com vontade inexistente para tarefas mundanas e necessidades orgânicas, uma vez que o mundo mais não era do que um suporte necessário aos meus pés pouco precisos.
Voltei a beliscar-me, certifiquei-me que o chão continuava debaixo dos meus pés e que as nuvens continuavam do outro lado da janela.
Fui ver se os meus filhos continuavam aqui e se o mundo não se tinha evaporado para um lugar inacessível qualquer.
Saí de mão dada com o António e fui a ouvi-lo choramingar o caminho todo, mas tudo me soava distante e distorcido. As pessoas que se cruzavam comigo pareceram-me estranhamente normais para o dia que era e fiquei lixada por ninguém partilhar a minha bolha.
Fiz várias paragens. Primeiro no carrinho do Noddy, onde coloquei 1 euro e fiquei a ouvi-lo cantar com a ursa Teresa, depois no urso à porta de uma loja, onde o António fez questão de parar para ter uma conversa inadiável com o bicho. E as pessoas continuavam na mesma, como se nada fosse. Como se o mundo hoje não se sentisse diferente.
As pessoas prosseguiam as suas rotinas, ostensiva e ofensivamente.
Depois entrei, de mão dada com o meu filho, que nada sabe disto de entrar devagar nos sítios e pousei os olhos sobre as prateleiras à sua procura.
E ali estava ele, lado a lado com Os Homens que Odeiam as Mulheres e com mais qualquer título que não vi, pois que tudo se desfocou à minha volta.
Ali estava a minha história, pronta para entrar na vida de toda a gente que quisesse recebê-la.
Ali estava eu. Mas já não era eu. De todo. Era a história, cujo destino me pertenceu um dia, mas agora livre para habitar dentro do destino de alguém.
Por isso hoje foi importante.
Hoje foi um dos muitos primeiros dias importantes da minha vida. Hoje foi um recomeço e os recomeços merecem ser celebrados sempre.

um post do caraças

Aqui.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sós

Às vezes acho que, se falássemos com alguém sobre aquilo que verdadeiramente sentimos, não chegávamos ao ponto de não retorno.
Às vezes acho que, se comparássemos mais vidas com a nossa vida, entenderíamos que não é assim tão diferente com o resto do mundo.
Às vezes acho que, se ouvíssemos mais acerca da banalidade alheia, a nossa rotina não pareceria tão só.
Às vezes acho que, apesar de nos sentirmos sós tantas vezes, não somos os únicos a sentirmo-nos sós tantas vezes.
Sendo únicos, não o somos de todo e é bom sabermos isto. Como uma espécie de certeza de coisa nenhuma importante.
É que cansam as máscaras, cansa a perfeição. É tudo tão melhor quando tiramos as camadas que nos cobrem. É tudo tão melhor e sentimo-nos tão menos sós.

Palavras para quê (2)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Definir o amor

Definir o amor é das tarefas mais tramadas do mundo.
Não é escrever dele, sobre ele, para ele. Isso é a parte mais fácil. Há pessoas a fazê-lo desde sempre.
Mas falá-lo em voz alta e ter que provar por poucas palavras faladas, que sabemos disso. Do amor, é tarefa hercúlea.
Condensar um sentimento tão vasto é praticamente impossível.

correndo o risco de já vir tarde, mas...

Então a Casa dos Segredos ainda não acabou?
Ainda há mais segredos, ou é só pastilha elástica?

Acho que é a primeira vez na minha existência televisiva que não faço puto ideia de quem é quem, o que é que se faz, quem pina com quem, quem é mais reles que quem. Não faço. Nunca consegui ver mais do que 3,2 segundos e tenho alguma pena, porque quando estou na fila do supermercado e olho as capas das revistas, recheadas de caras dos segredos, não sei quem são e não me entretenho assim na fila do supermercado.
Ler os rótulos das pastilhas elásticas e sondar variedades de limão e piri-piri da chiclete, não é suficiente para me acalmar a impaciência.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Novidades :)

Pois que parece que o livro estará nas livrarias, à espera de quem lhe pegue, a partir do dia 24 de Janeiro.
Pois que parece que o lançamento é dia 14 DE FEVEREIRO (Sim, desmarquem todos os programas de fim de tarde com os vossos adorados e adoradas, para esse mítico dia), às 18.30, na Bertrand das Amoreiras.
Entretanto, vou exercendo pressão psicológica e chantagem emocional convosco, para que não me deixem sozinha no dia 14 de Fevereiro e para que não deixem as páginas do livro cerradas por muito tempo :)
Eu não queria ser chata, mas acho que serei. É uma inevitabilidade incontornável dos chatos. Serem-no.

domingo, 20 de janeiro de 2013

o meu grilo falante

diz-me santinho quando espirro, mesmo antes de eu espirrar.
diz-me que tudo vai correr bem, mas que se estivesse no meu lugar, estaria exactamente como eu.
diz-me para sair da estupidez e acordar para a vida, diz-me para adormecer um bocadinho e esquecer.
diz-me que sim, que não, que tem certezas, que talvez.
fala-me das fracções de pensamento que lhe afrontam a tola.
fala-me de mim, melhor do que eu. Fala-me de si, abrindo partes escondidas por anos de silêncio imposto.
fala-me de uma coisa em particular que estranhou, sabendo que estranharei também.
fica contente com as minhas conquistas, como se fossem suas e senta-se na plateia de mim própria, aplaudindo a minha vida.
o meu grilo falante é feito de um material indolor, inodoro e de ph neutro, que não me irrita quase nunca.
Tenho sorte. Tenho muita sorte por ter esta espécie de espelho de mim própria, que ora me reflecte fazendo-me entender que brilho. Ora me esconde, fazendo-me ver que o momento é de reclusão.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

E voltando ao tema recorrente do vapor

Eu sei que já falei nisto, mas nunca é exagero repetir:
Malta, a sério. O tempo mais mal gasto da nossa vida é a passar a ferro. Já fizeram as contas ao tempo útil de vida que perdem em frente a uma tábua? A menos que vos dê prazer e descontraia (há gostos para tudo), mandem o ferro pastar. Ou se não conseguirem fazê-lo totalmente, façam-no para aqueles itens que não precisam assim tanto de tirar as rugas.
Eu sou uma mulher mais livre, desde que faço isso.
E dou por finda a rúbrica sobre eletrodomésticos e tarefas da domesticidade da vida privada.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

serviço público

Descobri que a maleita da minha máquina de lavar roupa, que estava à beira de um avc, era, atentem bem: O detergente líquido/gel, que sempre lhe botei nas entranhas.
Estava com as tubagens completamente bloqueadas pela gosma mais nojenta que possam imaginar. Um visco, um ranho mal cheiroso em que se transformou o gel e que não deixava a pobre respirar convenientemente. Podendo a qualquer momento bloquear e atirar-me com a água toda de retorno para o chão flutuante.
Disse o ladrão certificado que veio aqui desmontá-la, soprar e lavar os tubos, que quem não lava a temperaturas muito elevadas e usa detergente líquido (qualquer marca), corre este risco, pois o gel não se desfaz convenientemente.
Vai daí, estou oficialmente a dar pó à minha máquina e tirei duas brilhantes conclusões com mais este incidente electrodoméstico:
Qual mestrado, qual doutoramento, qual pestana queimada. Metam-se na arte de arranjar máquinas e canos. Isso sim, é um negócio do pénis.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Começo a ficar

Absolutamente farta de mim. Mim não tem piada. Mim é demasiado até para mim.
Preciso de abstrair-me de mim. Queimar incenso, beber um chá com vodka, enquanto vejo os acumuladores de tralha, no TLC, lembrando-me para não me acumular em demasia, que já me cheiro a mofo.
Agora é que dava jeito Yoga.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

palavras para quê

Nossa Senhora está no facebook, nosso Senhor também.
Não havia, portanto, nenhum argumento válido para esta pérola não estar.
Se quiserem amantizar-se, força.

.

 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O contexto do amor

Disseram-me uma vez que o amor, por si só, não vendia.
Sentaram-me numa pequena mesa redonda, olharam-me nos olhos brilhantes de expectativa e disseram-me que era preciso um contexto. Não bastava uma boa história de afectos. Os afectos teriam que ter lugar no período de Salazar, na Segunda Guerra Mundial, no grande terramoto de 1755.
A culpa não era minha que o amor não fosse vendável por si só. A culpa era da dificuldade de vender uma história de amor sem contexto. A menos que eu fosse alguém estupidamente conhecido. O que não era, de todo, o caso.
Eu, que sempre acreditei que uma boa história podia passar-se numa carruagem suja de metro, num banco de jardim, dentro de uma casa no meio de lugar nenhum. Eu, que sempre acreditei que bastavam os afectos para tornar o contexto irrelevante, morri um bocadinho por dentro.
Vim para casa pensar num contexto onde pudesse passar-se a minha história. Um contexto que pudesse encher o olho, que pudesse atrair as pessoas para a sinopse.
Arranjei logo dois bons contextos, a minha cabeça fervilhou de ideias o dia inteiro. Mas à noite, quando tudo toma forma dentro de mim, quando os monstros entram e não consigo virar as costas à verdade. À noite eu quis que o contexto se fodesse.
Dois dias depois, enviava de novo a história de amor sem contexto para outra editora. Uma das poucas para onde ainda não tinha enviado.
Uma semana depois ligaram-me. Alguém tinha acreditado que o amor podia acontecer em qualquer lugar. Alguém tinha acreditado nas minhas palavras e tinha as ferramentas para fazê-las vingar.
E assim, posso dizer-vos, com as garantias de alguém sem importância nenhuma, que o amor acontece-nos sob todas as formas, todos os dias das nossas vidas, em todos os lugares. É só estarmos atentos e não deixarmos de acreditar.

Comida e Amor

Desde sempre que a comida, o alimento é associado a conforto e amor.
Quem providencia a comida às crias, é quem mais as ama. A reunião familiar em redor de uma mesa com comida é tida como um momento de união.
A mãe que acha que o filho nunca comeu de mais, havendo sempre espaço para um segundo almoço, um segundo lanche, uma terceira vez. A mãe que quer sentir-se no topo da lista das que providenciam o alimento preferido do filho.
A mulher que conquista pelo estômago.
E eu pergunto porquê? De onde vem isto de associarmos comida com amor?
Não que eu faça diferente. Gosto de ter um bolo à espera da minha filha quando ela chega da escola, pois sei que isso lhe traz uma sensação de conforto. Mas porquê?
Porque é que comida, não é simplesmente isso mesmo. Comida?

sábado, 12 de janeiro de 2013

Em defesa da Pepa

Ainda não percebi o motivo de tanto alarido.
Não desfazendo no Pequeno Nicolas, são, ou não são os desenhos animados mais fixes que andam aí?


sinto-me tão mais confortada

Descobri que Nossa Senhora está no Facebook. Vou pedir-lhe amizade.

O que não nos mata, torna-nos mais fortes

Sempre tive dúvidas em relação a esta frase.
Umas vezes acho que sim, absolutamente sim.
Outras vezes sinto que nos torna mais frágeis e com tiques nervosos.
Outras tantas, sinto que nos deixa em coma.
Nada é linear, nem mesmo as frases que parecem feitas para nós.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Nem tudo são más notícias

lembram-se da reportagem daquele sem abrigo e do seu cão, que passou na sic?
Parece que os espectadores da sic já ajudaram. O senhor já tem emprego e casa :))))
Às vezes sabe bem ouvir uma boa notícia, para variar.

canina

Parece que 17000 pessoas assinaram uma petição para salvar um cão que matou um bebé.
Parece que 17000 pessoas se deram ao trabalho de pensar no cão que matou um bebé, com profunda pena, arranjando desculpas, afirmando que talvez não tivesse sido bem assim e que a história está mal contada.
Parece que 17000 pessoas acham importante salvar um cão que matou uma criança, quando a criança ainda nem foi a enterrar.
Confesso que nem sequer pensei no cão. Um cão que ataque mortalmente alguém deve ser removido do convívio social e ponto final. Não há grandes raciocínios a fazer. Há riscos que não se correm por motivo algum.                              
Eu pensei nas pessoas. Nos adultos que permitiram o convívio de um bebé com um animal portador de mandíbulas de tubarão. Um animal que num minuto está bem e no outro se pode passar (afinal de contas, espantem-se, é um animal), porque o bebé o pisa, lhe grita, lhe enfia o dedo nos olhos (sim, as crianças tendem a fazer isso aos animais).
Eu pensei nos milhares de acéfalos por esse mundo fora (basta googlarem) que insistem em comprar animais com potencial assassino, sem terem mão neles, julgando ficar assim  imbuídos de poder, ou fazerem uma espécie de tunning ao seu status.
Que características tem um pitbull, ou um dog argentino, ou um akita, ou um merdita, diferentes de outra raça de cão,  que os torne assim tão apelativos e irresistíveis? O que é que os diferencia assim tanto, para a malta querer ter um? Cheira uma baixa de insulina num diabético melhor do que os outros, por exemplo? É excelente com idosos e deficientes? A única diferença é a fama que têm, uma fama merecida dizem as estatísticas, uma fama injusta, dizem os fanáticos.
Juro que gostava que me explicassem, porque é que, com centenas de raças de cães, a malta embica precisamente para aqueles e os passeia com descontração, muitas vezes arrastadas pelos bichos, sem açaime e sem mão, incomodando-me, assustando-me, não me deixando andar tranquila com os meus putos na rua?
Que direito têm eles de impor o seu cão na vida dos outros, sem se darem sequer ao trabalho de açaimá-los como manda a lei?
Que direito têm eles de colocar em risco a vida dos próprios filhos, porque acham piada a ter um cão daquele género?
Como é que se corre o risco, como? Se existe 10% de hipóteses que sejam, de o meu cão poder passar-se dos carretos e matar o meu filho, porque tem potencial físico e mental para o fazer, eu não vou correr esse risco jamais.
"Em nove anos, nunca fez mal a ninguém". Só me faz lembrar os jornalistas que vão à aldeia do assassino, ouvir os vizinhos dizerem: "Ele era amigo do seu amigo". Ou quando vou a uma loja reclamar de uma merda que avariou e oiço o funcionário: "mas nunca tivemos nenhuma reclamação".
O grande problema dos cães ditos potencialmente perigosos, é que são, regra geral, adquiridos por malta que diz coisas deste género e isto chateia-me, põe-me canina.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

O Inverno do Chumbo

Serve de banco de apoio para os putos chegarem ao lavatório, serve para fechar com estrilho na cara de alguém que não se cale, serve como arma de arremesso e de defesa pessoal, serve para construir uma pequena cabana de papel.
Não serve para ler fora da cama, a menos que possuam dois braços robóticos que vos segurem no tijolo.
Não serve para lerem, enquanto degustam uma chávena de café (que linda esta imagem), pois não conseguem segurá-lo apenas com uma mão.
Não serve para levarem dentro do bolso do casaco, qual edição de bolso dos Capitães da Areia, a menos que tenham bolsos do tamanho de uma embarcação. E, neste caso, nunca é demais ressalvar a proibição de se inclinarem à beira rio, para espreitarem aquele peixe com bigodes que nada.
E pronto. Isto não quer dizer, de todo, que não goste de calhamaços. Quando a história é boa, eu até agradeço que nunca mais acabe.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O Paciente Inglês


Tinha 21 anos e esperava sempre por um filme com a expectativa dos que aguardam a chegada de um grande amor. Era aquele que me arrebataria e me transportaria para bem longe dos meus dias sempre iguais.
O cinema sempre foi o lugar onde me era permitido sonhar. Chegava a sair de uma sessão e entrar na seguinte, para ver outro filme.
Andava à espera deste filme há meses. Por isso mesmo, entrei  na sala de cinema com a certeza de que iria assistir a uma história inesquecível.
Enganei-me. Foi uma tremenda decepção. Tirando a maravilhosa Juliette Binoche e a sua história, aquele casal gelado, de aspecto germânico não criou a menor empatia com o meu exigente coração e a história pouco me disse.
Mas a música, meu Deus, a música emprestou toda a emoção que faltava.
A banda sonora deste filme é simplesmente brilhante e ainda me acompanha nos dias em que preciso de chegar àquele lado onde ninguém me encontra.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Ohmmmmmm

A oportunidade surgiu quando reencontrei uma velha amiga que era agora professora de yoga. Decidi deixar de ser cobardolas e penetrar numa aula experimental, pois sempre senti que me faltava alguma da espiritualidade, tranquilidade e alma meditativa dos que se viram para o mundo de dentro, a fim de se conectarem com o universo de fora. Além da elasticidade, exercício e controlo da respiração, que este corpinho tenso e mole, se é que é possível estes dois adjectivos conviverem, ansiava por conhecer.
Vai daí, lá fui eu. Disposta a conectar-me com as energias do universo. Disposta a aprender a meditar ao som de Enya, ou ruídos da natureza modo cd. Disposta a ser uma gaja que sabe exalar e inalar tranquilidade, enquanto consegue pentear o cabelo com os dedos dos pés e entoar um mantra.
Depois desta experiência de 1 hora e meia, fiquei a conhecer ainda mais aspectos fascinantes sobre a minha pessoa. A saber:
- Não consigo manter os olhos fechados para meditar. A curiosidade de ver se os outros estão também de olhos fechados, ou se fazem batota, se o sol desponta lá fora, se o tecto tem teias de aranha, se alguém tem um macaco pendurado no nariz, vence sempre.
- Não consigo abstrair-me do que é que vou fazer para o jantar, do que é que tenho que trazer do supermercado, das calças de lycra que entram pelo meu regabofe adentro e que tento ajeitar sem que ninguém repare que me mexo do estado meditativo.
- A Enya continua a dar-me vontade de sair a correr, com um par de asas, pulando de nenúfar em nenúfar, pelos penhascos irlandeses, qual bailarina que nunca cumpriu o sonho de dançar e depois de se lançar num vórtice de voo pelo penhasco, se espatifa em soninho profundo lá em baixo.
- Estar deitada num colchão de ginástica, a escutar uma maré que vai e que vem, enquanto uma voz nos relaxa e impele a esquecer tudo o que há de supérfluo, é uma oportunidade única para eu bater um choco.
Além de tudo isto, fiquei uma semana a andar de pernas abertas.






E quando

Fazemos o telefonema para a assistência técnica, explicamos detalhadamente o problema do qual padece a nossa máquina de lavar a roupa, com pormenores, datas da ocorrência, comportamentos estranhos na centrifugação, limpeza do filtro já efectuada, perspectivas negras e angústias e a resposta é:
- Só um momento que vou passar aos colegas da assistência técnica.
 E percebemos que estivemos a partilhar a vida da nossa máquina com a pessoa errada e que teremos que repetir tudo com outra pessoa diferente.

*É oficial. Sou a pessoa com menos sorte, pelo menos em Portugal Continental, em matéria de electrodomésticos.

sábado, 5 de janeiro de 2013

As Mães ditadoras e cagadoras de sentenças

A propósito disto e disto eu tenho que voltar a falar sobre a amamentação e decisões sobre tudo o que implica os nossos filhos e a nossa forma de criá-los. Não sob a perspectiva de quem deu, ou não de mamar, já que das minhas mamas sei eu, mas da perspectiva da culpa.
Uma mãe, principalmente no primeiro filho, é um ser que se questiona, se culpabiliza, se martiriza, se auto julga a cada instante. Não há, portanto, necessidade de opiniões não solicitadas e intrusivas. Pois a mãe já fez as suas ponderações, antes de os outros as fazerem e apenas ela sabe o que é melhor para si e para o seu rebento.
Se correr bem, correu, se correr mal, correu. Não é o fim do mundo.
Cada mãe sabe da sua mama. Cada mãe sabe do seu filho.
Se mais mulheres se preocupassem em denunciar, por exemplo, situações de maus tratos a menores, ao invés de andarem preocupadas com a opção pela ordenha industrial ou artesanal de cada mulher, insinuando que o amor materno se mede pelo volume de leite sugado dos seus peitorais, ou com a escolha do ensino público, ou privado para os filhos, o mundo seria um lugar melhor e a maternidade uma experiência mais serena.
Adoro a cumplicidade feminina, mas deixem-me que vos diga, que quando lhes dá para serem competitivas no desempenho da maternidade, não há quem as ature.


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

lálálálá

Que bom aspecto que tem o trailer do filme Os Miseráveis. A história é boa, os actores parecem-me benzinho, a imagem excelente Então digam-me lá uma coisinha:
PORQUE CARAÇAS TINHAM QUE OS PÔR A CANTAROLAR???????!!!!!
Odeio filmes/musicais. Odeio.
Estamos no meio de uma cena altamente dramática e com elevada carga emocional e o personagem desata a cantar, qual filme da Disney? Nop, não é para mim.

As pequenas coisas que estragam tudo

Um homem pode falar sobre cocó, caganeira, desarranjo intestinal. Um homem pode passar horas infindas a dissertar sobre cores, formas e feitios, locais de descarga e a fazer piadas sobre o troço. Um homem que consiga ouvir-me explanar teorias sobre diarreia, qual criança que vibra de cada vez que se fala cocó, sem julgar a graduação do meu q.i., é de facto alguém com quem, certamente, gostarei de partilhar boas gargalhadas.
Agora não poderá jamais deixar a suspeita, ainda que subtil e leve, que efectivamente caga.
Um homem não caga. Fala sobre isso com um à vontade espetacular, formula piadas profundas, mas jamais nos deixará perceber quando e onde faz ele a sua descarga.
Portanto, aqui deixo eu o meu contributo sapiente na arte para um casamento harmonioso:
Não digam ao que vão quando têm que ir. Apaguem o rasto e apregoem aos sete ventos que padecem de um defeito físico raro, que consiste na arte de não passar merda pelo vosso organismo.