Nada percebo delas. Queria muito perder a minha barriga, algures antes dos 40, mas sei que se continuar a comer a minha cerelac, ou Nestum, as probabilidades de isso vir a acontecer são bastante diminutas. Mas eu sei disso e aceito esta minha fraqueza, com promessas diárias de que deixarei a Nestlé na casa dos 30.
As únicas dietas que fiz na minha vida, tiveram que ver com abstinência de açúcar na gravidez. Por isso, tenho muito pouca moral para debater este assunto.
No entanto, existe uma coisa chamada bom senso, que sempre me impeliu a dizer àquela colega de faculdade, que transportava uma garrafinha com uma mistura de cor duvidosa, que andar a beber seiva, ou a comer sopa durante uma semana, não levaria rigorosamente a nada, além de um par de quilos perdidos em 8 dias, um persistente mau humor e uma vontade de comer alarvemente, finda a dieta, repondo os quilos à velocidade da luz.
Ela era estudante universitária, inteligente, com vários quilos a mais, mas tinha este lapso cerebral que a levava a acreditar no misticismo miraculoso da seiva, ou da sopa.
Aquilo que todos os que tentam emagrecer vários quilos à conta destas ideias radicais precisam de entender, é que a única merda que resolverá o problema será uma mudança para a vida. Um compromisso mais duradouro do que um contrato matrimonial.
Não me venham com tretas, ou mudam os seus hábitos alimentares de forma profunda, consciente e continuada, e por continuada eu quero dizer mais ou menos para sempre, ou voltarão aos quilos.
É como deixar de fumar. Não dá para conceder e fumar apenas um maço por semana. Ou se deixa de fumar, ou não se deixa de fumar.
E é esta a dura realidade. Toda a coisa do compromisso para a vida é assustadora, tira a força nas pernas e impele-nos ao suicídio gastronómico, afogando as mágoas na charcutaria, ou enfiando a cabeça na vitrina da pastelaria tentando um atalho menos doloroso e acreditando em milagres, mas é isto. Quase que posso jurar que sim.