quinta-feira, 29 de março de 2012

Avacalhada ou Abandalhada, ou...

Sei que estou a um passo de dar entrada para o clube do abandalhamento pessoal, quando:
Percebo que adormeci com a luz acesa e, horror dos horrores, deixei sair dos meus belos lábios, um pequeno e quase imperceptível, mas mesmo assim repugnante, fio de baba.
Decido entrar na pizzeria para almoçar com os miúdos, olho para a minha puída Sweat-Shirt Abercrombie and fitch (Sim, roam-se de inveja os que são de se roer de inveja) e tenho uma chuva de nódoas de origem duvidosa na zona abdominal, mangas e ombros. Secas, asquerosas, fossilizadas e bastante chamativas.
Lembrar-me de colar post-its em todas as assoalhadas da casa e na porta da rua:
- Não permitir abraços dos miúdos,logo após a ingestão de bolacha Maria e na constância de constipações.
- Não comer esparguete sem envergar um fato de celofane sobre a indumentária.
- Retomar o sábio, mas esquecido, hábito de me olhar ao espelho antes de sair de casa.

Reflexão (pouco) Católica

Eu sei que cada caso é um caso, que a excepção confirma a regra e que não pode pagar o justo pelo pecador, mas cada vez tenho menos simpatia por freiras.
Quando lhes dá para a frieza, distanciamento, amargura, ressabiamento, fujam delas como o diabo da cruz.
Também as há doces, serenas e entregues à missão, mas as outras. As que fogem do caminho, as que professam uma coisa e fazem outra, as funcionárias da repartição pública de Deus, estragam o quadro todo e consigo até imaginar-me a açoitá-las.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Do Limbo, vos desabafo

Nunca tive talento para me auto-promover. Jamais poderia segurar nas mãos um troféu que me lembrasse aquilo que alcançara, à custa do meu próprio (e salutar) ego, que possuo em escassas doses.
Vejo-me de uma forma estranha e insegura. Do alto da minha crónica falta de jeito para falar sobre mim, preciso que me vejam e me expliquem e me equacionem e me valham a pena. Pois de mim não gosto de dizer, nem de falar, nem de me achar, nem encontrar.
É estúpido e, provavelmente, trata-se, mas enquanto não for possível recorrer a um comprimido para isto, fico muitas vezes, à espera de respostas que não chegam, de mails que não regressam ao remetente sob forma de reply, de manuscritos que partem e não regressam sob forma alguma.
A questão é que tenho uma história escrita há vários meses. Uma história que acho que vale a pena pôr em livro e, como não cometi nenhum crime, não tenho um blogue de sucesso estrondoso, não sou vedeta social, não apresento programas de televisão. Enfim, como não faço a ponta de um corno dessas coisas desejáveis para se editar um livro em Portugal, vejo-me remetida para o limbo dos manuscritos e das expectativas presas pela trela invisível das editoras, que desejam sucessos garantidos à partida.
Eu podia torturar crianças e ser um sucesso de vendas, mesmo antes de começar a escrever. Podia assassinar alguém e pagarem-me antecipadamente a escrita de um livro que descrevesse o crime. Podia até fazer um blogue voltado para o sucesso rápido e eficaz, distribuindo conselhos "de graça", falando sobre homens e mulheres e maternidade e cães, mas não. Não sei fazer nada disso. Sou uma incapaz social. E, com a graça de Deus e, não existindo agentes que promovam as minhas letras por mim, não sei fazer pela vida.
E é isto. Hoje sinto que de nada vale aquilo que se escreve, mas sim quem o escreve. E é triste. Triste ao ponto de ter que escrever sobre isso.
Ainda não sei bem como partirei daqui, desta apatia, deste medo que me tolhe as pernas, impedindo-as de seguir em frente, mas alguma coisa sei que terei que fazer.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Nas nossas mãos

Acho que muita merda, em termos sociais, está, ou pode estar, nas nossas mãos. As associações de moradores, os condomínios, os agrupamentos do que quer que seja, são a forma mais espantosa de fazermos alguma coisa pelo nosso núcleo, pelo nosso bairro, pela nossa rua.
Eu decidi não ficar mais calada de cada vez que vejo o dono de um cão-cagador-de-parque-infantil, em acção, ou melhor, em não-acção.
Hoje mesmo, num parque natural que tenho aqui perto de casa, com um pequeno parque infantil, uma mãe, enquanto via o seu filho brincar, fingia não ver o seu cão a cagar o mesmo espaço. Tratei de a alertar para o cagalhão. Fez-se de estúpida, que não tinha visto e ai que ofendida que está, ai que não é preciso dizer-me nada, mas engoliu que se lixou e limpou.
Senti-me realizada. Menos um cagalhão num espaço verde.

domingo, 25 de março de 2012

O Atrofio da espécie

O que é que passa pela cabeça das mulheres, vestidas com largos vestidos, tipo bibe, sapatos que parecem meias e ganchinhos na cabeça, para imaginarem que conseguem cativar as crianças com histórias sobre a mitologia e o cosmos?
Eu, fã assumida da Casa das Histórias da Paula Rego, hoje vi-me apanhada numa destas histórias (supostamente infantis) por acidente, pois que passava pelas galerias e fui abordada, a fim de ficar a ouvir com os miúdos, a história que seria contada.
Assim fiz, até porque o público era escasso e tive uma certa pena da tal pipi-dos-sapatos-redondos.
Como é óbvio, o António, com dois anos, não consegue ficar quedo e mudo a escutar sobre a filosofia e o cosmos e os deuses e Deus e Zeus. A Alice já consegue disfarçar a seca, mas um puto de dois anos, precisa de mais esforço para ser cativado.
Depois de alguns: Mããããe e Oláááá! A atrofiada rapariga contadora de fábulas esotéricas, decide pedir-me que saia com ele, pois que não consegue sobrepor-se ao ruído.
Queria aqui dizer-lhe que regressasse à instrução primária e relembrasse as coisas que a cativavam nessa altura. Não é um exercício assim tão difícil.
Voz de lesma+Zeus+partir ovos crus e dizer que é a formação do universo não são a forma mais directa para o cosmos infantil, sim?
O facto de se vestir como uma criança, não a aproxima das crianças. Acredite.
E agora vou ali morder uma almofada e dar chapadas na minha própria cara, por não a ter mandado de volta para o pipi-de-sua-mãe e já volto.

sexta-feira, 23 de março de 2012

O dinheiro mais mal gasto

Dos últimos anos (não é semanas, nem meses, mas anos mesmo)


Isto é não ter a menor, repito, menor noção do que é ler histórias para crianças. Enfiar isto na secção infantil, mesmo ao lado das músicas do Panda e da Maria Vasconcelos, é um engodo.
Tudo em verso erudito. Cada fábula dura um minuto e a leitura é feita sem entoação, sem emoção, monocórdica e chata como o caraças (para não dizer chata comoocaralho).
Estou furiosa. FURIOSA.

quinta-feira, 22 de março de 2012

"Pais sem Stress são um mito"

Olhem só que texto giro.


Concordo com quase tudo o que li aqui. Ser perfeito durante toda a paternidade/maternidade é interpretarmos um papel. Um papel que não nos deixa viver a maternidade como ela é de verdade. Um misto de contradições, de sentimentos bons e maus, de tudo e de nada. De cansaço e exultação. De felicidade e neurose.
Sim, vamos stressando a níveis diferentes e, à medida que os meses passam, com coisas diferentes. Até atingirmos um nível em que stressamos com o que é verdadeiramente grave. Vamos aprendendo a contornar o stress e a reciclá-lo. Mas stressamos, sim e isso não faz de nós seres imperfeitos na arte de criar putos, mas seres-humanos.
Confesso que o exemplo que desejo dar aos meus filhos, não é o de um ser inalcansável, pleno de paz, serenidade e sabedoria e sorrisos constantes a todas as horas do dia e da noite. Um ser que nunca erra. Isso não existe e vai frustrá-los mais tarde, quando eles próprios tiverem que lidar com as suas próprias vidas, tentando sempre alcançar e copiar a utópica perfeição materna.
Quero que eles olhem para mim e, no conjunto, consigam ver que sou uma pessoa de carne e osso que, no balanço final, deu sempre o seu melhor e nunca os olhou como uma pedra no caminho de um sonho, pois eles fazem parte dos meus sonhos.
Sorrir-lhes quando acordam de manhã (de manhã e não às 3 da manhã) e abraçá-los à noite, antes de adormecerem são coisas que saem de dentro do coração, sem esforço e que nos fazem sentir que estamos no caminho certo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia Mundial da Poesia / ou porque ela ajuda a combater o colesterol

"No ciclo eterno das mudáveis coisas
Novo Inverno após novo Outono volve
À diferente terra
Com a mesma maneira
Porém a mim nem me acha diferente
Nem diferente deixa-me, fechado
Na clausura maligna
Da índole indecisa.
Presa da pálida fatalidade
De não mudar-me, me infiel renovo
Aos propósitos mudos
Morituros e infindos"

Ricardo Reis

Não conheço nem um cagajésimo dos poetas de todo o mundo, mas, no meu íntimo instinto, sei que jamais poeta algum falará de mim como ele fala.

terça-feira, 20 de março de 2012

Coisas que me revolvem a alheira de mirandela interna

- Perceber que a moda Maria Antonieta na corte francesa está nas ruas. Que cena é esta de usar uma liga na coxa, com um laçarote de seda, sobre as meias de rede? A sério? Está na moda, é?
- Pessoas que dizem preferir mil vezes os animais às pessoas. Sim, eu entendo que os animais são muito puros e muito fiéis e muito lindos e idílicos e as pessoas são todas muito más e mentirosas e cruéis e tenho a certeza que existem pessoas muito piores que certos animais necrofagos, mas caraças, há qualquer coisa na generalização deste conceito, que inverte toda a minha escala de valores.

Não desmaiem os púdicos

Farta de todos os Keep Calms que infectam este mundo de fofura. Farta de todas as cor-de-rosuras e perfeições de moda e de espírito e de frases feitas em autocolantes virtuais. Farta das boas vindas à Prima Vera, com entusiasmo primaveril e inocente.
Aqui fica o único Keep Calm que me faz algum sentido.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Oh Yeah



E quando faço um zapping nocturno, e sem esperança de encontrar qualquer coisa que me mantenha a pestana aberta, e dou de caras com estas duas, na Rtp2?
É caso para dizer, Oh Yeah, pois que, apesar dos anos terem passado sobre os episódios, continuam igualmente cómicas e maravilhosas e nem um bocadinho desactualizadas :)
Que série, que série.

domingo, 18 de março de 2012

Sobrevivi à tinta magnética

Depois de quatro demão da famosa tinta magnética, que de magnético tem pouco (já encomendei uma sacada de extra-strong magnets no e-bay) mais duas demão de um salmão com problemas de estômago, aqui estou eu. Viva, porém sem braços e sem articulações das mãos.
Ainda quero espetar com umas pinturas sobre o salmão desmaiado, mas só depois de sair do coma (não confundir com cama, da qual tenho saído várias vezes por noite e logo de manhã bem cedo).

E assim se transforma um blog sobre coisa nenhuma, num blog de bricoleira.


Nota de rodapé pintado:
Tive que abreviar o nome do meu filho, pois fiquei sem letras magnéticas e, das muitas abreviaturas possíveis para o nome António, escolhi esta, a fim de homenagear esse grande e mítico homem musical da musicalidade portuguesa

sábado, 17 de março de 2012

Conclusão da semana.

Não sentirmos pena de nós próprios é um exercício complicadíssimo.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Espaços mortos e a tinta magnética




Com o evento dos computadores portáteis, o escritório cá de casa, enquanto espaço com útil finalidade, está morto.
Tenho uma parede cheia de placards com fotos, desenhos, postais, "criações artísticas" dos miúdos. Uma caixa com brinquedos, uma secretária descomunal, que alberga o meu velhinho e bajoulo computador, mas onde daria perfeitamente para fazer uma refeição para 6 pessoas, um armário com códigos e manuais (seleccionados da razia que fiz na última mudança) de Direito, clássicos da literatura que herdei do meu avô e voilá. Eis um espaço que não me serve para nada.
O meu coração remodelador palpita por uma mudança de visual. Palpita por um sofá-cama da IKEA, fofo e macio. Mesinhas de trabalho para a criançada. Móveis organizadores para os puzzles, jogos e afins, puffs, um tapete redondo, uma secretária mais maneirinha e o toque de mestre: Pintar a parede que tem os placards com tinta magnética, para poder prender tudo o que me der na gana com simples imans.
E é isto. Um post decorativamente cretino.
Como é óbvio, só vou ter orçamento para a tinta, por isso é o que farei. Talvez ponha à venda a loiça inútil que repousa no mais inútil louceiro, a secretária que é mesa de jantar-rústica e, com esses trocos consiga, pelo menos as mesinhas para os putos.

quinta-feira, 15 de março de 2012

"A Mulher é o único ser que quer mudar, mesmo quando está bem"



Há medida que os anos vão passando no meu calendário, as minhas exigências e prioridades em relação àquilo que importa, vão girando e mudando de posição, como uma roda gigante, daquelas onde conseguimos avistar a cidade inteira quando estamos lá em cima, ou apenas o chão de cimento, quando ficamos em baixo.
Se no princípio de tudo, eu queria sempre a vista inteira da cidade. Desejava tudo de alguém. Desde as flores, aos beijos, aos poemas, à filosofia, às tiradas excepcionais, ao romantismo irrepreensível (daqueles que vimos nas comédias românticas), ao gosto pela mesma música. A pessoa que seria a minha metade, teria que me encher de tudo a todas as horas e minutos, pois eu não merecia menos. Hoje, aos-mais-para-os-quarenta-do-que-para-os-trinta, são muito mais as vezes em que aprecio a firmeza do chão de cimento, às tonturas da vista lá de cima.
Hoje sei que não é possível tudo, todos os dias e a todas as horas e que exigir isso de alguém, em modo permanente, é uma espécie pontapé em nós próprios. É pedir o fracasso.
Entendermos que podemos estar bem, sem termos que ter tudo a cada instante, é uma prova de que conseguimos largar um bocadinho do pêlo feminino que nos cobre a pele, e que nos foi incutido desde cedo pelos contos das princesas beijadas, que viveram felizes para sempre com o seu príncipe perfeito e imaculado.
As relações têm mácula e aceitarmos a possibilidade das nódoas, da falibilidade alheia, é meio caminho andado para vivermos livres das ânsias femininas que nos consomem.
É que isto de ser mulher, não confunde só os homens. Muitas vezes põe-nos doentes.


*Frase ouvida na entrevista do MST, ao Dani Oliveira.

quarta-feira, 14 de março de 2012

cansada

Depois do stress da operação (apesar de simples, eu sei, mas não deixou de custar), à minha filha e de ela se ter portado como um verdadeiro copo de açúcar e doçura (tirando o acordar da anestesia, em que revivi o exorcista inteiro).
Depois de o António ter apanhado escarlatina nos dias que antecederam a operação e nós não sabermos se ela teria a bactéria, ou não e, logo, se teria que ser adiada a intervenção, ou não.
Depois de vários dias de nervoso miúdinho e grandinho.
Depois de muitas decisões e desempates médicos, em que tive que reaprender a ouvir o que dizia o meu instinto.
Depois de passado o pior, de a tosse nocturna ter desaparecido, juntamente com os adenóides. Depois de eu querer beijar o otorrino por me ter devolvido as noites sem tosse (entendo agora os desenhos na sua parede e percebo que devem ter sido as mães a desenhá-los).
Hoje o António acorda de novo todo às pintinhas.
Foda-se. Estou tão cansada do exercício da enfermagem, vinte e quatro, sobre vinte e quatro horas, mas tão cansada, que só me apetece ganir.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Onde Estará

Onde estará aquele que me levará embora os minutos vazios da noite, cheios da sombra da rotina e os trocará por emoção?
Onde estará aquele que me arrancará daqui, em direcção a tudo o que tem para me contar e me transportará nos seus lábios de letras sem fim, até ao seu mundo?
Onde estará aquele que me comoverá e me fará carregar para sempre a sua história, bem dentro daquelas memórias que não acabam nunca?
Em que prateleira dormirá, à espera que as minhas mãos o encontrem, à espera que dele me falem, aguardando voltar à vida, mais uma vez através do olhar de alguém, do meu olhar?
A Melissa falou-me neste livro, mas estava longe de imaginar que seria um grande amor.
Agora parto em busca do próximo. Falhando muitas vezes, superando outras, desistindo outras tantas, mas sempre à espera de um outro grande amor, que pareça conhecer-me desde sempre e ao qual me apeteça retornar vezes sem conta, em pensamento.

sábado, 10 de março de 2012

Drive Cobra






Nesta fase da minha vida, divido os filmes em duas categorias:
Os que me fazem adormecer.
Os que não me fazem adormecer.
O Drive manteve-me bem acordada, sim senhora, mas trouxe-me à memória um filme mais antigo, com esse mítico e irrepreensível actor, Silvestre EstAlone.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Celebre o dia da Mulher II

Acabei de receber um SMS da Midas: Celebre o dia da mulher com um check-up gratuito.
Será que vão fazer rastreio da mama?
Mas quem é que trata do marketing das oficinas? Serão os próprios mecânicos? É que, a sério...

Celebre o Dia da Mulher

E venha à Santogal. Na compra de dois tapetes para o carro, oferecemos uma lavagem.
Este é, provavelmente, o SMS mais enternecedor que já recebi em toda a minha existência feminina.
É preciso um conhecimento íntimo da mulher, uma sensibilidade exagerada, uma profundidade materna para engendrar uma publicidade assim.
Que mulher é que resiste a isto, ãh?
Eu vou já a correr celebrar o dia da mulher e comprar dois tapetes para o carro, um para cada lado.

domingo, 4 de março de 2012

Coisas Sobre-humanas e outras

Reynaldo Gianecchini diz, numa revista da cusquice, que só conheceu amor e sorriso com o cancro.
Uma qualquer empalitada famosa, afirma na capa de uma publicação cor de rosé moisé, que nada a deita abaixo.
Depois temos todo um conjunto de recém mamãs que saem da maternidade e afirmam, enquanto posam com um bebé sob uma fralda de pano, que os seus filhos são uns bens dispostos e uns paz-d'alma.
Pois eu tenho novidades chocantes para os leitores destas revistas. Novidades que talvez vos pareçam demasiado rudimentares, ou terra-a-terra, mas aqui vão elas.
- Há malta que, efectivamente, fica triste por ter um cancro e que não consegue entender, porque porra é que aquela merda lhe foi acontecer.
- Há mulherio que chora e deprime quando lhe metem os palitos e fica um bocadinho deitado abaixo.
- E a maior parte dos bebés porta-se bem em ambiente hospitalar. Mas deixem-nos só chegar a casa, para verem o que é bom para a tosse.
E pronto, era só isto.

sexta-feira, 2 de março de 2012

To Die For

Não, não é um par de sapatos. É uma das melhores massas que provei nos últimos tempos :)
E é pena que não aliciem este blogue com publicidade, porque me venderia bem facilmente por um carregamento deste esparguete.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Pelo vosso olhar



Para mim, a melhor parte de vocês, não foi as fraldas e as cólicas e os biberons, os babetes e os aviões com a colher de sopa.
Para mim, a melhor parte, se é que há melhores partes deste todo de ser mãe, não foram os choros, os banhos, as botinhas de lã que nunca chegaram a usar, ou as noites mal dormidas e o ovo no carro.
Para mim, a parte mais incrível nisto de vos ter, é poder partilhar as minhas coisas de criança convosco e reviver tudo pelos vossos olhos. É como renascer.
Não sei explicar isto que sinto, quando vejo de novo o ET com a Alice, ou quando lhe explico os Goonies e o barco pirata desse filme da minha infância.
Não sei colocar para fora a emoção de vos sentir crescer para o meu mundo. De vos ver na minha vida lá atrás e agora, aqui à frente.
Querer que sejam felizes onde eu fui e felizes onde não fui.
A Alice perguntou-me quem era aquele homem que cantava no rádio do carro e eu respondi-lhe que era a Tracy Chapman, uma mulher com voz poderosa, que conseguia enfiar centenas de palavras num único refrão e que eu ouvia quando tinha 13 anos.
E ela quis ouvir, porque eu ouvia quando tinha 13 anos, como se pudesse imaginar-me mais pequena.
Quando, digam-me, quando no raio das nossas vidas, nos sentiremos mais protagonistas do que isto?
Bem sei que depois o pano cai e eles percebem que somos apenas pessoas banais e repletas de defeitos e inseguranças. Há quem nunca recupere da decepção, há quem aprenda a construir novos heróis, há quem veja os pais a vida inteira como heróis. Só sei que, enquanto depender de mim, hei-de aproveitar cada segundo deste protagonismo de me viverem, como se fosse a coisa mais incrível do mundo.
Aquele filme ali em cima, é um filme que quero muito ver com ela e depois com ele. Um filme lindo e, como não poderia deixar de ser, baseado num livro de John Irving.
Também já comprei a 30 Diabos da Enid Blyton e ando a controlar-me para não comprar já os volumes todos da Condessa de Segur.

My son

Ele dança de alegria quando percebe que atendo ao seu pedido e vou tirar uma fatia de queijo do frigorífico.
Sim, ele dança, levantando os braços para o céu e produzindo pequenos gritos eufóricos, quando percebe que vai comer queijo.
Segura na fatia de queijo e senta-se num cantinho, entregando-se àquele êxtase gastronómico.
Os maiores prazeres da vida são os mais simples. E ele sabe disso como ninguém.