quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sonho Para um Dia



Enrolada numa manta de xadrez com uma caneca de café a aquecer-me a palma da mão. O único ruído de fundo é o crepitar da lenha na lareira centenária, interrompido apenas pelas páginas de um livro antigo que releio e cuja história ainda me faz sorrir. Ninguém me interrompe, passo o entardecer ao meu próprio ritmo, sem me reger pelos ritmos alheios.
Inspiro o odor do café só para me lembrar como é bom ter café por perto, nem que seja apenas para lhe sentir o cheiro. Fecho os olhos e cedo ao calor envolvente, apesar de a janela me mostrar que lá fora tudo está branco e vergado ao frio e ao vento.
Volto a sorrir à medida que me reeencontro, a Ana esquecida lembra-se que existe além de uma vida de rotinas. Na manhã seguinte estarei pronta para tudo outra vez com redobrado ânimo.
Sempre achei que sabermos estar connosco próprios é tão importante como sabermos relacionar-nos com os outros.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A Mãe Natureza, Essa Grande Sacana

Sim a natureza está muito bem feita. O meu organismo produz hormonas suficientes para matar um cavalo, hormonas que ajudam a tornar os meus queridos órgãos internos mais maleáveis de forma a poderem ser comprimidos por um bebé de percentil elevado, compressão essa que origina as mais variadas sensações, garanto-vos, nem todas elas comoventes.
Mas tudo isto é boato, porque na realidade a mãe natureza, essa grande sacana lixa-nos bem lixadas de dentro para fora e de fora para dentro. Se ela nos amasse mesmo arranjava forma de a grávida hibernar no último mês de gestação, não a acordava durante a noite mais de 124 vezes sujeita às maiores provações enquanto o resto da família dorme tranquilamente. Se a mother nature fosse essa grande porreira punha-nos em modo Stand-By, preparando-nos para as noites sem dormir que ainda estão para chegar. Mas não, ela arranca-nos as poucas forças que nos restam só para depois nos lançar nos primeiros meses de maternidade sem preparação física, sem dó nem piedade, como a vilã que é.

Estou uma Fofinha


Eu que não gosto de autocolantes fofinhos em tudo o que mexe, que odeio encher o carro de triângulos a dizer Bebé a Bordo, ou Princesa a Bordo, ou Gaja Tarada com grave desequilíbrio a Bordo, com Hello Kittys, ursinhos Gummy e afins, agora deu-me para decorar o meu mini-computador recém-nascido.
Ceder a um súbito impulso de embelezar um aparelho informático e torná-lo fofinho quererá dizer o quê?
O que é que se seguirá? Fiquei com medo. Vou proteger o meu carro de mim mesma e trancá-lo na garagem enquanto esta fase não passar.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Passagem Para Onde?

Nunca gostei de passagens de ano. Mesmo quando fervia nos vapores de adolescência e celebrava as doze badaladas com gritos de euforia, era ´tudo falso. Não sentia alegria nenhuma, tirando a alegria das imperiais.
O que é que eu celebrava? Doze meses que aí vinham e sobre os quais nada sabia ainda? Aquilo era deveras estúpido, mas como era jovem e sociável lá ia eu para um sítio qualquer festejar sabe-se lá o quê. A meia noite passava e eu não sentia nada, nem magia, nem expectativa, nem euforia. Era só mais um dia a seguir ao outro, sendo que o outro era passado com a má disposição pós-bebedeiras.
À medida que a maturidade, ou a chatice assumida, foi tomando conta de mim deixei de ter vergonha de dizer que não ia fazer nada na passagem de ano. Dormir era sempre uma excelente alternativa.
Hoje em dia como não posso simplesmente ir dormir, pois sou uma gaja casada e o meu marido aprecia a minha companhia, ponho dois palitos nos olhos e lá fico ansiosa à espera da meia noite. Ansiosa porque sendo aí meia noite e um quarto já posso tirar os palitos dos olhos.
Se com o Natal me reconciliei depois dos 30, com a passagem de ano a coisa tende a piorar a cada ano que passa...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Bazale Chinês

Provavelmente os adeptos do Bazar Chinês, da loja do Chino, ou da tai-chi-do loja-do-clepe, vão atirar ovos virtuais na minha direcção, mas não quero saber, tenho que tirar este peso do meu peito, principalmente depois de terem oferecido à minha filha um jogo manhoso, revestido de um pó branco suspeito, coberto de arestas cortantes e de som ronfanho e estridente, capaz de fazer um mouco ressuscitar o tímpano.
Aqui vai:
Eu odeio as lojas do chinês.
Sim, já sei que tudo o que compro fora da loja do chinês é feito na China, mas o que é que querem, eu não gosto daquilo e ainda gosto menos quando me oferecem coisas vindas de lá.
Ainda recordo um Natal não tão distante quanto isso e uma mesa coberta de velinhas idílicas encarnadas que explodiram uma a uma como fogo de artifício em miniatura. Ora adivinhem lá de que loja eram provenientes as lindas e artilhadas velas?
Já para não falar dos guarda costas que cada uma dessas lojas contrata para andarem a perseguir quem se aventura a lá entrar, com olhar de ferro na direcção de cada cliente que penetra nas pechinchas.
Não, sinceramente, já sei que tem tudo fantástico e praticamente dado, mas estas alergias não se explicam e depois sou uma medricas do caraças e convenci-me que as sabrinas que eles vendem lá a 4 euros são feitas de pele de pénis de cão, revestidas de plástico explosivo que detona com o calor e não arrisco...

domingo, 27 de dezembro de 2009

Ressaca Natalícia Não Há

Mas ninguém está cansado de compras? Como é que ainda há gente com capacidade financeira e emocional para se enfiar nos Shoppings, nas filas para estacionar, nas filas para pagar, nas filas para andar, nas filas para almoçar, para lanchar, para jantar?
Aquilo não esvaziou depois do Natal, triplicou. Não pode ser normal, por favor vão para outro sítio qualquer, isto faz-me impressão...

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

O Meu Presente Misterioso Era...



O pacote da Fnac que cheirei, espreitei, abanei.Cuja estatura, estrutura, peso e dimensões avaliei com minúcia revelou-me este mini-computador branquinho cheio de estilo e maravilhoso no qual escrevo já de patas para cima no meu leito nupcial.
O Hugo excedeu-se, percebeu a mulher espantosa que tem ao seu lado e fez-me esta surpresa em larga escala. Isso, ou então quer comprar o meu silêncio por um longo espaço de tempo, que é como quem diz, ter-me querida e derretida ao seu lado por mais de dois dias seguidos. Vou tentar ser tudo isso para ele, juro que vou. Pena ter passado a noite de ontem sem pregar olho. Comigo é tudo ao contrário, os enjoos e náuseas de princípio de gravidez deram-me no fim do tempo...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

So This Is Christmas



Uma das minhas músicas preferidas de Natal, da autoria de John Lennon com um milhão de interpretações diferentes. Escolhi esta do Robbie Williams para vos oferecer.
Um feliz Natal.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

E Porque Não Agradecer?

Seguindo uma boa ideia da Melissa que decidiu em jeito americano, dar graças em vez de pedir graças, decidi copiá-la e deixar o repto a quem passe por aqui.
Tal como quando faz frio lá fora fecho os olhos e agradeço o tecto sobre a minha cabeça, acho que o resto da minha vida também merece que feche os olhos e agradeça pelo menos uma vez por ano.
Por isso agradeço a saúde, os contratempos sempre regados de alguma alegria, agradeço os abraços, os beijos, os sorrisos, o amor.
Agradeço a sensação de vazio quase sempre resgatada pela plenitude que a preenche. Agradeço as quatro mãos sobre a minha barriga gigante e a vida lá dentro.
Agradeço ter conseguido ver quase sempre o lado bom em detrimento do mais escuro.
Agradeço a amizade, o conforto das palavras alheias.
Agradeço ter os pés quentes nos dias frios e o coração agasalhado pela família que construímos.
Agradeço ter-me reconciliado com o Natal graças à minha filha.
Nada de pedidos, nem preces por tudo e por nada, pois tudo o que vier depois de agora será lucro.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Uma História de Partir o Coração

Há várias histórias que me partem o coração, outras há que o reacendem com muita intensidade.
Hoje o meu coração ficou pequeno, encolhido quando da boca da minha empregada ucraniana saiu um desabafo na minha direcção:
- A Ana acha que ninguém vai à festa de anos do meu filho porque nós somos estrangeiros?
Fiquei muda, sem entender muito bem. Ela tem um filho lindo de morrer, olhos azuis do tamanho do céu, cabelos loiros, muito bem educado. É o Miguel que tem 4 anos.
- Ninguém vai à festa dele, como assim?
- Alugámos um espaço muito grande com palhaços, convidámos 30 meninos e nenhum deles pode ir.
Fiquei muda, tentei pensar numa resposta que a aliviasse, mas as lágrimas da mulher de ferro que limpa como uma máquina e nunca falta ao trabalho, roubaram-me o consolo possível.
- Sempre que ele é convidado para uma festinha de anos leva uma prenda boa, não leva porcarias...Eu não sei o que dizer ao Miguel, só choro...
Meu Deus a quem ela foi pedir consolo, só me apetecia abraçar-me à mulher e chorar solidária com aquela dor de mãe que gostaria de poder evitar todo o sofrimento aos filhos.
Eu não consigo acreditar que 30 miúdos tenham uma boa desculpa para não irem a uma festa de aniversário, simplesmente não consigo. Mas disse-lhe precisamente o contrário, que provavelmente teriam um motivo forte para não irem...

Domésticas na Política


Por mais voltas que dê à cabeça não consigo, simplesmente não consigo entender como é que a Cimeira de Copenhaga falhou com uma mulher deste calibre presente.
Qual Obama qual quê! Então com a nossa Ministra com cabelo semelhante a uma nidificação natural sem camada de ozono, como, como é que as negociações falharam? Eu estava mais do que convencida que a mulher ia lá chegar e partir a loiça toda. Bater o pé com tamanha violência, utilizar o seu poder oratório com tal eloquência, o seu carisma com a vitalidade a que nos acostumou e resolver a questão em poucas horas. Mas enfim, se calhar faltou-lhe a ajuda de outra cara carismática do nosso panorama político. É que as duas fazem de facto um par imbatível. Não há empresa da Moly Maid que não as queira contratar.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Apelo

Homens da Blogosferolândia (não todos, mas grande parte) e algumas fêmeas também, por favor deixem de usar preto como pano de fundo dos vossos escritos.
Não sei se foi do laser na retina, de resquícios da antiga miopia, se defeito cerebral puro e simples, mas a realidade é que me custa horrores ler o que quer que seja no negrume.
Sim, faço alguns sacrifícios por alguns bloggers míticos, mas acabo sempre a lacrimejar no final...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Papéis Trocados

Sei que alguma coisa está terrivelmente trocada aqui em casa quando a Alice me apanha a rondar o presente que o pai me comprou na Fnac, abanando-o, tomando-lhe o peso, tentando espreitar pela frincha do papel e com um olhar de repreensão me diz:
- Ó mãe só abrimos os presentes no Natal!
Eu faço um sorriso envergonhado e digo-lhe:
- Estava só a arrumar melhor fofinha.
Nota que reforça toda esta troca de papéis:
Não a apanhei nem uma vez a fazer o mesmo que eu. Aguarda serena a noite de 24.
Já eu que estava a contar com um embrulho de uma loja de roupa, deparei-me com um pacote pesado da Fnac. Nem dormi bem de noite...

sábado, 19 de dezembro de 2009

Dedo Preso

Já me aconteceu praticamente tudo quando vou com pressa para chegar a algum lugar, desde rabos de ciclistas à minha frente, a cavalos na estrada, mas esta foi de facto inédita, tão inédita que em vez de me enervar como de costume, me fez rir até as lágrimas me atrasarem ainda mais.
Outro dia apanhei um motão à minha frente, o que é raro, pois geralmente as motas de alta cilindrada costumam ultrapassar-me e eu nem vejo de onde é que elas chegam. O dito motão, conduzido por um homem de grande caparro, blusão de cabedal, cheio de estilo, ia a 40 à hora e meio aos zigue-zagues, contrariando todas as estatísticas dos motoqueiros.
Quando finalmente consegui ultrapassar aquela afronta para os aceleras, percebi o que o deixava assim naquele estado de pasteleira moribunda. O homem debatia-se com a limpeza das fossas nasais. Mas o que para um automobilista é cagada, para um motociclista é tarefa de circo acreditem. Vê-lo com o indicador dentro da viseira, desconfio que preso no aperto do capacete, fez-me acreditar que há pessoas realmente viciadas na limpeza dos salões. Acredito piamente que ele se tenha espatifado contra uma árvore a tentar tirar o dedo lá de dentro...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Árvore de Metal


A Árvore de Natal em Lisboa tem nome de empresa de telecomunicações, é toda em metal e tem uns desenhos que aparecem e desaparecem, juntamente com publicidade à Tv Cabo.
Que coisa mais idílica, mais cheia de ternura e bom gosto.
Para quê uma árvore verde assim a atirar para o natural com nome de Pinheiro de Natal?
Árvore da Zon é bem mais giro.
- Ó filho hoje vamos ver a árvore da Zon!
- O que é isso pai?
- Então é a árvore de Natal em Lisboa, mesmo ao pé do Corte Inglês, depois podemos ir dar uma voltinha a esse mega centro comercial, cujas escadas rolantes se desencontram e onde temos que andar quilómetros em busca da continuação das mesmas até atingirmos finalmente o andar desejado!
- Ãh?
- Sim, isso. Árvore da Zon e Corte Inglês! Ora aí está um programa e tanto.
- A árvore tem o canal panda?
- A árvore tem tudo!
- Buga então!
Chamem-me conservadora, mas eu prefiro uma árvore mais neste estilo. E até aposto que saía mais barata, apesar de não ter o patrocínio da TvCabo...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

A Lei da Compensação Não Resulta com FIlhos

Quando vou a uma daquelas grandes superfícies dedicadas aos brinquedos e vejo pais com carrinhos cheios até ao tecto de tractores motorizados, bonecos de acção todos iguais uns aos outros, carros telecomandados, tralha, tralha, tralha, tralha e acidentalmente até oiço que as coisas são para o menino, fico arrepiada. O único pensamento que me ocorre é que só podem estar a tentar compensar alguma coisa.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Mito do Cavalheiro

Estatisticamente falando ao longo destas quase 32 semanas de gestação, entre muitas outras coisas, tive o prazer, ou desprazer, de confirmar que:
- São sempre mulheres a cederem-me o seu lugar nas filas de qualquer estabelecimento.
- Os homens fingem sempre observar algo invisível na linha do horizonte, ou no telemóvel de cada vez que topam uma grávida a aproximar-se.
Digam o que disserem a solidariedade feminina, pelo menos na prenhice, adensa-se e a falta de cavalheirismo na mesma circunstância é gritante.
O pior é que estou desconfiada que o instinto masculino da cópula, mais comummente conhecido como síndrome do salta-lhe para a espinha que se faz tarde, é que rege o cavalheirismo sob todas as formas.
Eles só cedem lugares, passagem, carregam sacos se e quando a mulher for saltavel. Se não interessar, como é o caso de uma grávida de último trimestre, ignoram.
Bem sei que há excepções, mas como é sabido a excepção confirma mesmo a regra de que se eu fosse uma gaja boa e poderosa em apuros estava sempre a ser salva por um cavalheiro cheio de boas intenções.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Tampax, OB, ou A Rolha da Tortura

Quando decidimos escrever sobre tampões sentimos que de facto não há barreiras que nos impeçam de pensar e dissertar sobre qualquer tema, ainda que seja o tema mais cretino do mundo, mas acima de tudo sentimos que a barreira que separa a sanidade mental, da estupidez é cada vez mais imperceptível na nossa vida.
Tal como as cuecas-fio-dental, por mais sexy que sejam, sempre me fizeram comichão, alergia, impressão naquele sítio onde o sol não espreita, também os tampões, por mais sofisticados que fossem, sempre me arrepiaram.
Tentei, juro que tentei aderir à moda do coiso invisível (sendo que coiso é o periódico), mas a mulher comichosa que há em mim, nunca me deixou prosseguir a relação com aquele apetrecho de tortura da inquisição. Aquela rolha de champanhe ali, pronta a saltar a qualquer instante, ou a perder-se nos meandros da minha pessoa, quem sabe até à garganta, sempre me aterrorizou mais do que consigo expressar.
Depois o aplicador que vem com o dito, a aplicação em si, humilhante, surreal. O andar todo o santo dia com aquele supositório entre as pernas dava cabo de mim. Sentada a ouvir uma conversa interessante e COM AQUILO ALI. No supermercado e COM AQUILO ALI. No cinema e COM AQUILO ALI, a falar com a minha avó e COM AQUILO ALI. E pior, mil vezes pior, na praia como tantas amigas faziam, passeando-se impunemente, banhando-se nas águas salgadas COM AQUILO ALI!!!! Pronto a saltar para as ondas do atlântico deixando um rasto em seu redor!!!!
Ainda se estivéssemos na era dos pensos Modess que mais pareciam um tronco colado nas cuecas, poderia reflectir sobre o assunto, mas com os extra-finos, invisíveis, folhas de papel que já existem, nem penso duas vezes.
Assumo-me a gaja mais comichosa, esquisitóide, esquizofrénica das redondezas, mas com AQUILO ali não ando!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Duas Míticas Idiotices

Ontem ao ver o mítico Ídolos dei-me conta de duas coisas neste tipo de programa que me fazem sempre uma certa comichão cerebral:
1 - Enquanto o júri arrasa o concorrente, dizendo que a prestação foi fraquinha, a exibição vergonhosa, a decepção enorme, vemos o concorrente a sorrir e a agradecer a cada facada, como se de um rasgado elogio se tratasse. Exemplo:
-" A tua exibição foi péssima, desafinaste do princípio ao fim sua grande vaca"
- "Muito obrigada"
- "Não tens vergonha de teres sido tão má? Tu não cantaste, arrotaste!"
- "Ah obrigadíssima"
2 (mas não menos irritante) - Quando perguntam aos concorrentes sobre os seus anseios e objectivos levamos invariavelmente com a resposta:
Eu quero continuar a ser quem sou.
Mas que ventinho passará pela cabeça desta gente que concorre a qualquer tipo de programa que não pára de repetir esta frase, como se fosse um mantra?
Ai eu quero continuar a ser quem sou, ah ela é uma moça íntegra espero que nunca deixe de ser quem é.
Sim, pode ser a frase mais bela do mundo, mas soa-me sempre a estupidez o que é que querem?

domingo, 13 de dezembro de 2009

Fugir para Sintra


Há qualquer coisa em Sintra que nos puxa bem para dentro das suas estreitas ruas uma e outra vez, sem que nunca nos cansemos de lá voltar.
Hoje de manhã, tentando fugir dos Shoppings e da fúria natalícia, fugimos para Sintra, passeámos os três de mão dada quando a largura do passeio o permitia e sentimos o frio despertar-nos bem cedo e acordar-nos da letargia que tantas vezes nos consome.
Entrámos num pequeno café para aquecermos a ponta do nariz gelado e comemos queijadas, descobrimos uma lojinha que não estava lá na nossa última visita, uma loja como deveriam ser todas as lojas em Sintra, cheia de objectos revivalistas, cópias de brinquedos antigos, globos terrestres, bússolas, máquinas de escrever de quando não havia computadores, gramofones e encontrei lá o último presente que faltava, sem stress, por puro acaso.
É incrível como alguns sítios exercem uma espécie de poder curativo sobre nós. Ficámos os três bem dispostos, com aquela moleza que nos impele a casa sem esforço, que nos faz querer regressar como se já tivesse passado um dia inteiro. O oposto do que sentimos quando penetramos num daqueles centros comerciais caóticos cheios de gente que se empurra, de luz que fere os olhos, de crianças que choram.
Definitivamente Sintra e frio de Inverno são uma boa mistura.

sábado, 12 de dezembro de 2009

O Suíço em Cascais ou a Que Sabem os Alpes

Hoje descobri que nem só de proibir minaretes vivem os suíços. Podem não ser fãs do minarete, mas que sabem arranjar um restaurante com charme, isso podem crer que sabem.
Quantos de vocês ouviram falar de um espaço decorado como um chalet de montanha, acolhedor, com badalos pendurados, lareira acesa, ambiente quentinho, acolhedor e, agora é que vem a parte importante, comida típica desse cantinho alpino?
Sabem o que é que se costuma comer depois de uma caminhada pela montanha? Ah, bem me parecia que não. Se quiserem descobrir este é o meu conselho gastronómico anual (ahaha fala a perita) sem que precisem de subir uma montanha para o descobrirem, pois o espaço está aqui mesmo em Cascais e confesso que a única parte decepcionante é não ter vista sobre um montinho verde qualquer, mas acaba por ser quase totalmente compensado pela decoração.
Hoje almoçámos lá e achei tão original que tive que falar sobre ele.



Deixo aqui o site.
http://www.saboresdosalpes.com/

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Gesto Mais Romântico Para Mim...

Nunca achei que a coisa mais romântica que um homem poderia fazer a uma mulher fosse oferecer-lhe flores. Também não seria programar uma viagem surpresa até Paris para poderem ver o pôr do sol junto ao Sena.
A coisa mais romântica que um homem poderia fazer a uma mulher nunca foi para mim abrir portas, pagar contas, carregá-la ao colo, encher a casa de velas para uma noite inesquecível.
Chamem-me louca, mas não há gesto mais romântico do que ver alguém a descascar uma laranja por mim. Há qualquer coisa nesse ritual tão cheio de ternura que me comove sempre.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Expliquem-me como se eu fosse muito burra

Por favor estou cheia de medo de ter tido uma greve geral convocada pelos meus 3 neurónios, por isso a quem me souber explicar peço ajuda.
Acabei de ver nas notícias que uma rapariga vítima de bulling e suas agressoras foram sujeitas a uma pena (escolar) de 6 dias de suspensão com pena suspensa.
Duas perguntas:
1 - Porque raio é que a agredida e as agressoras levam com a mesma pena?
2 - É só a mim que me soa estranho suspensão com pena suspensa?
E eu a pensar que estas pérolas de justiça só aconteciam nos tribunais. Parece que começa tudo na escola...

Tour Pela Minha Casa Natalizada

Toda a gente anda a fazer isto, porque não eu? Até porque à falta de coisas tremendamente inteligentes para escrever, tiro fotografias.


A famosa rena que deve estar com dores entre as pernas.

Presépio Made In China + Botas feitas à medida + Coroa Made by Alice + Calendário de guloseimas.

Coroa de Natal feita pela verdadeira artista Anacê

O arvoredo feito pela família.

Made In China, ou Made In Austria?


Na nossa lua-de-mel enquanto percorríamos a mesma rua vezes sem conta, sem nunca nos cansarmos, havia duas lojas onde devo ter entrado mais de dez vezes. Esta que se chamava: Natal em Salzburgo e outra do mesmo género cujo nome era: Páscoa em Salzburgo e basicamente eram só ovos pintados à mão de todos os tamanhos e feitios.
Não vi um único pai natal de plástico a trepar por uma corda, nem decorações Made In China, todas iguais umas às outras. Era praticamente tudo feito, ou pintado à mão Made In Austria e não, não eram assim tão caras...
Fica a saudade desta cidade encantada onde só me apetecia abrir os braços e cantar The Sound Of Music :)
O meu desejo de Natal é poder lá voltar e sentir exactamente o mesmo que senti ao lado do Hugo. Bem sei que não devemos voltar aos lugares onde fomos mais felizes, mas não quero saber, nesta cidade só podemos ser felizes.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Encher até Rebentar!!!!


Estou eu a fazer um dos meus zappings desenfreados quando me deparo com esta actriz a desempenhar um qualquer papel e meu Deus, o que é isto?! O que é que passará pela cabeça de alguém para insuflar a boca desta maneira?
De cada vez que abre a goela para falar parece estar a recuperar de um AVC, mas com muita terapia da fala pela frente.
Desconfio que só consiga beber líquidos por uma palhinha e beijar o namorado com a ponta da língua.
Picadela de abelha seguida de reacção alérgica? Um murro que lhe rebentou a boca toda? Uma infecção na cremalheira? Não, é apenas uma doença chamada: Os-meus-lábios- não-são-suficientemente-carnudos-Dr.-Encha-os-mais-até-me-cobrirem-a-cara-toda-ai-encha-os-mais!!!!!

Pés


Há qualquer coisa nos pés dos bebés pequeninos que adoro, ao ponto de me apetecer plantar beijinhos em cada um dos pequenos dedos.
De cada vez que vejo o tamanho dos pequenos sapatos, pantufas, meias que aquecerão os pés do meu filhote sinto-me ansiosa por poder agarrar num minúsculo par de pés entre as mãos e sentir cada movimento.
O estranho nesta parte do corpo é que, à medida que vão crescendo, perdem todo o seu fascínio, dando lugar à parte menos atractiva no corpo de alguém. É vê-los com joanetes, calos, dedos tortos, gordos, magros, unhacas de bradar aos céus, gretas, formato hobbit, barbatana. Enfim, contam-se pelos dedos de um pé os pés bonitos que já vi ao longo da vida.
Como é que uma foto das pantufas do António se desviou para uma dissertação sobre joanetes? Estou mesmo a perder o juízo...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Abre-te Sésamo ou Aqui Não Entra Nada

Hoje lá me levantei às 7 da manhã para me sujeitar a mais uma dose de análises. Sendo que a dose correspondia às quatro tiradas de sangue em três horas. Tendo que permanecer quietinha para não alterar resultados, aproveitei para ler e para dormitar. Sendo certo que raramente consigo adormecer em locais públicos, em grande parte devido ao cabecear, pois odeio sentir a cabeça para a esquerda e para a direita, esquerda, direita, decidi atirar com a cabeça para trás e fechar os olhos, esvaziando o cérebro. Mas desenganem-se os que acham que passei uma manhã bolorenta e cheia de tédio, pois para temperar as análises de sangue e a xaropada de açucar tive direito àquelas cotonetes gigantes a recolherem amostras dos recantos mais obscuros da minha pessoa e sempre que isto acontece há uma frase que me perturba muito quando a cotonete é inserida no canal esconso:
- Agora relaxe Ana.
- Sim, eu sei que há quem goste, mas quando vejo um objecto com um diâmetro superior a um supositório a vir na minha direcção a última coisa que consigo fazer é relaxar. Por isso queridas e queridos analistas esta frase não funciona comigo. Aquilo nunca vai relaxar, vai estar sempre em posição alerta vermelho, trancado, fechado, tímido, recatado. Bem podem gritar Abre-te Sésamo que esta preciosidade vai continuar encerrada a entradas.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Uma História Parva Como Tudo, mas Real

Há alguns anos atrás chamei um restaurador de moveis antigos para pôr como nova a secretária onde estudei para o curso e onde passei horas e horas e horas da minha vida a bater com a testa nos Códigos. Ele fez um trabalho exemplar, mas quando veio entregar a sua obra-prima a minha casa o seguinte e surreal diálogo teve lugar:
- Ela gostou do trabalho?
Depois de olhar em volta a ver se estava mais alguém na sala, lá respondi:
- Se ela gostou?
- A secretária ficou ao gosto dela? É uma peça muito bonita.
- Hmmmmmmm...
- Agora nada de Pronto, nem de produtos abrasivos. Ela tem que ter cuidado quando limpar o pó.
- Ela, mas ela quem????
Olhar atónito do senhor, como se eu padecesse de alguma espécie de défice de compreensão.
E aí entendi tudo e o formigueiro do riso incontrolável começou a percorrer-me o corpo inteiro. Eu era ela.

sábado, 5 de dezembro de 2009

São Lágrimas, São Euros, São as Compras de Natal

Já entendi há muitos anos atrás que nesta época natalícia o verdadeiro espírito da coisa desaparece juntamente com o dinheiro na conta.
Também sei por experiência própria que há presentes que me dão gozo procurar, escolher com carinho e comprar e outros que são a verdadeira tortura chinesa, arrancados a ferros e com lágrimas no canto do olho, enquanto se sacam as notas da carteira.
Adoro passar numa rua desconhecida, olhar uma montra ao acaso e ver o presente ideal. Odeio entrar numa loja, olhar para tudo e achar que a pessoa não vai realmente gostar de nada.
Isto tudo porque há quem adore receber presentes com significado e outros que ficam chocados se o significado não envolver uma marca, ou muitos zeros à direita.
Isto do Natal tem muitas contradições...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Um Desabafo à Minha Filha Num Lugar que Fique



Ontem, ao reler um livro escrito à mão que oferecemos ao pai, repleto de fotografias, chamado "A Nossa História", percebi que não há forma mais incrível do que perpetuarmos o que quer que seja através da escrita. Podem ser emoções, sentimentos, perdas, ganhos, sensações, declarações de amor, sopros passageiros de inspiração.
Ler à distância de alguns anos aquilo que se sentiu bem lá atrás provoca-me sempre uma comoção bem funda e muita vontade de resgatar a pureza de alguns sentimentos cá para a frente.
A escrita tem esse dom, de nos transportar, de nos elevar, de nos fazer sentir tudo de novo.
Por isso decidi que vos vou escrever mais vezes a ti, ao teu irmão e ao teu pai. Talvez num blogue apenas nosso, talvez em documentos que vou imprimindo, talvez em qualquer lugar, pois o lugar não importa. Importa apenas que fique.
Quero que fiquem sempre em mim e eu em vocês da forma que melhor sei dizer as coisas. Desejo um dia poder transportar-vos no colo deste amor imenso que vos tenho e que nem sempre digo da melhor maneira do mundo, desejo que saibam sempre aquilo que muitas vezes não consigo pôr na voz e quem sabe conseguir que regressem a este lugar seguro guardado pelas palavras.
Hoje entrei no quarto que será do teu irmão e passei a mão sobre cada figura que me ajudaste a colar com tanto entusiasmo. Não consegui dizer-te o que senti, mas irei escrever-te certamente sobre este mistério de já amarmos alguém que nunca vimos.
Ontem, enquanto desenhavas ao meu lado sobre a mesa desarrumada amei-te por tudo o que serás um dia e ainda nem sei quem serás um dia.
Hoje ao dizer adeus ao teu pai de manhã senti um medo terrível de o perder e não sei bem porquê.
Tudo isto quero dizer-vos todos os dias, tudo isto vos escreverei algures, num lugar que fique.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Noves Fora Nada


- Estou cheia de olheiras hoje, já viste?
- Não vejo olheiras nenhumas, estás linda.
- Fico muito mal com esta roupa?
- Ficas bem com qualquer trapinho.
- Hoje sinto-me sem forças.
- Mas qual sem forças, estás fresca e maravilhosa.
Agora digam-me uma coisa isto é amor e admiração profundos, ou a velha táctica de dizer o que for preciso para não me ouvir mais?
Hoje mesmo vou comprar uma daquelas máscaras aterrorizadoras de carnaval e vou esperá-lo à porta com cara de frankenstein a escorrer sangue. Sempre estou para ver se ele diz que estou com óptima cara. Esta sim vai ser a prova dos nove.
Por falar em prova dos nove, sempre delirei com a expressão matemática Noves Fora Nada. Para mim aquilo era qualquer coisa muito próxima do delírio subjectivo, sem qualquer espécie de significado real. Atirávamos os noves todos fora e ficávamos com nada é claro. Muito provavelmente só me acontecia a mim e vou fazer figuras de ursa, mas não importa. É que esta frase persegue-me.
Noves fora nada ahahahahaha, hoje é que vamos ver!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Naquele Tampo Sentei e Chorei

Com o bebé já em posição de mergulho o meu grande drama nos dias que correm é usar as casas de banho públicas. Pois a matéria úrica que despejava em cinco segundos em equilíbrio perfeito sem ter que me sentar, demora agora cerca de 1 minuto e meio a sair cá para fora.
Imaginem um conta gotas, daqueles bem lentos. Imaginem um doente de próstata que leva a noite inteira para largar dois pingos. Assim estou eu quando tento fazê-lo sem me sentar no tampo conspurcado do sanitame público. Mas hoje falhei. Hoje as pernas tremeram-me como uma varinha mágica mergulhada na sopa e vacilaram, hoje a minha frágil musculatura do pernil não resistiu, hoje, eu Ana C 34 anos, prenha de 29semanas, aterrei de rabo num tampo repugnantemente urinado.
Hoje sim desci ao nível mais baixo da condição feminina e senti nas minhas puras pernas os resíduos que alguém desprezível deixou antes de mim.
Hoje sentei e chorei naquele tampo e por pouco não vomitava também.