terça-feira, 30 de julho de 2013

Sabem quando

passa uma eternidade sem que aconteça nada nas vossas vidas e as teias de aranha insistem em permanecer no quotidiano e de repente, de um dia para o outro, tudo acontece ao mesmo tempo?
Pois é.
Primeiro que o organismo se adapte aos planos sucessivos em andamento é um pau, por isso tenho andado adormecida por aqui. Pura e simplesmente porque tenho andado demasiado acordada por ali.
Isso e tenho a Alice de férias desde finais de Junho e o António em casa desde que nasceu, portanto, compete-me a tarefa de tornar-lhes as férias aprazíveis.
As minhas férias? Hein? Ouvi alguém perguntar?
Não sei, acho que passar férias no meu caso será apenas fazer as mesmas coisas numa casa diferente, mas tudo bem, o que importa é estarmos aqui e estarmos bem, tudo o resto é relativamente cagativo.
E pronto, aqui vim eu dizer isto.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Também eu fiz um estudo e concluí que

Os temas que despoletam o lado mais irrascível, faccioso e irracional das pessoas são:
- Animais (não todos, apenas cães, gatos e touros).
- Maternidade/Escolhas de Parto/Amamentação
- Futebol.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Parece que é isto

Ministro das Finanças demite-se com meses e meses de atraso e vai uma ministra para o seu lugar.
Ministro Portinhola não gosta da senhora escolhida e demite-se irrevogavelmente.
Primeiro Ministro não aceita demissão e não quer aquela Porta fechada.
Os dois têm algumas reuniões de pacificação e de amor.
Ministro fica, mas agora à frente de uma coisa com outro nome mais sonante.
Ministra que levou à demissão da Portinhola também fica.
Presidente da República entende que a fractura fracturante que aconteceu no seio de tão sereno governo não pode ficar assim e faz um discurso à nação, afirmando que é imperativamente necessário e urgente um acordo entre os três grandes partidos, que o que aconteceu foi bué grave e não se pode andar a brincar com a imagem do país lá fora. Sem isso, sem o acordo de salvação, nada feito.
Tentam os três partidos amar-se à porta fechada, enquanto o Presidente decide concretizar sonho antigo de encarnar David Attenborough e viaja até às ilhas selvagens, observando a passarada.
Pasme-se: Falha o acordo e o amor.
Presidente da República fala à nação, de mandíbula apertada e ar grave e o que diz o nosso Presidente, recentemente regressado dessa perigosíssima e radical viagem às selvagens?
O que acontecerá face ao drama irrevogável do desacordo entre os três homens mais poderosos do momento? O que fará o nosso Presidente, que deu um murro na mesa e fez o inesperado, obrigando os partidos a chegarem a acordo? O que faz ele, hein? O Drama, o horror expectante assalta a casa de cada um dos cidadãos portugueses, que olham a televisão, à espera de ver aparecer o homem que mudará tudo.
O que faz o nosso PR?
Pois, nada.
Voltamos exactamente ao ponto onde começa a história e nada mexeu. Detesto ser enganada com o trailer de um filme de acção, que depois se revela um romance de amor.
Detesto.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Deixem-me rir para não chorar

Quem inventou expressões como:
"Onde come um, comem dois, ou três", ou
"Os filhos nascem com um pãozinho debaixo do braço"
Nunca teve que encomendar material e manuais escolares.
E com esta termino a minha dissertação sobre o tema, pois só de falar nisso já me sinto mais tesa.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Já sei que ninguém pensa o mesmo, mas



confesso que me estou a cagar para este menino.
Não suscita em mim grande comoção, nem emoção, nem compadecimento.
Não sou americanista, nem ingénua, ao ponto de imaginar os Estados Unidos como pináculo supremo das liberdades, direitos e garantias, mas também não sou tontinha ao ponto de acreditar que não estão atentos à actividade verbal dos cidadãos do mundo e governos do universo e que, muito provavelmente, gostam de estar informados sobre a que horas é que alguém grita "terrorismo", ou "os americanos são cocó", enquanto manda uma cagada.
Vai daí, maça-me que este rapaz tenha roubado informação, à qual tinha acesso por lhe ter sido depositada elevada dose de confiança, uma vez que lá trabalhava, e tenha decidido desbroncar-se para a imprensa.
Ele não é um pirata informático rebelde, que penetrou em redes ultra secretas, através do seu próprio génio anarquista. Ele tinha acesso directo às informações que roubou. Não teve rigorosamente trabalho nenhum em fanar informações à entidade que lhe pagava o ordenado e isso maça-me e torna-o parvinho aos meus parvinhos olhos.
Sim, direitos e garantias supremos estão a ser violados, sim os Estados Unidos são muito mauzões, mas eu estou-me a cagar.
Fico mais maçada com o que se passa no Egipto, ou com os direitos das mulheres no Afeganistão.
Cá por mim, bem pode ficar no terminal do aeroporto, juntamente com o Tom Hanks e rodar um filme sobre isso.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

de todas as tarefas do amor

deixar partir é a mais dolorosa de todas.
Aceitar que é altura de deixar de lutar por aquele que se ama, deixar o coração continuar a pulsar sem a batalha por esse grande amor, aceitar a ideia de que o mundo ficará sem a pessoa que se ama, que nós ficaremos sem a pessoa que amamos no nosso mundo dói tanto que, muitas vezes, fugimos do seu mero pensamento.
De todas as tarefas do amor, a mais difícil é deixar partir, pois quando se ama como uma mãe, ou um pai, ou um filho amam, não existe isso de deixar de lutar. É preciso amarrar mãos e vontade, é preciso amarrar sentimentos e deixar entrar a aceitação de que irá perder-se alguém que se ama, mas que está na altura de o deixar partir e, muitas vezes, é apenas depois dessa aceitação dilacerante, que esse alguém que amamos se liberta.
A todas as mães, a todos os pais e filhos que têm que deixar partir e conseguem efectivamente fazê-lo: Eu sei que são os mais bravos do mundo.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Engolindo o meu cartão de eleitor

Ainda me lembro de quando fui recensear-me. Acabada de completar 18 anos, toda inchada e convencida de que o meu voto faria toda a diferença do mundo e prometendo a mim própria que nunca deixaria de exercer um direito ainda negado em tantos países do globo.
Mas cresci e comecei a aperceber-me da potencial merda que me surgia no boletim de voto, portanto comecei a exercer o meu direito em branco. Ou seja, dirigia-me às urnas, para que não pesasse em mim a consciência da abstenção de exercício de um privilégio democrático, mas entregava o boletim em branco.
Nas últimas eleições, e agora acreditem que me custa horrores dizê-lo em voz alta sem empreender a tarefa de espetar com o meu crânio na alvenaria, votei cds e fui acometida da sensação mais estranha de todo o meu percurso votante:
A vergonha, o horror e a humilhação.
Mas como posso eu dizer que votei no Portas e na cambada de betinhos imberbes que o seguem, sem ser achincalhada, gozada, vaiada?
Como?
Por tudo isto, está na altura de engolir o meu cartão de eleitor, como fez o outro autarca, quando engoliu um documento numa busca que faziam ao seu gabinete. Está na altura de não correr mais riscos de achincalhamento e humilhação e vontade de arremessar crânio contra paredes, pois para isso já tenho as minhas merdas do costume, não preciso de mais esta.

domingo, 7 de julho de 2013

saudades

Que saudades de viajar. Que saudades imensas de sentir aquele frémito nervoso no aeroporto, de me deter em cada detalhe neurótico da minha personalidade que, por inominável fobia, julga sempre que não regressará da viagem de avião.
Que saudades imensas de sentir o pulso a uma cidade desconhecida e cheirá-la, como apenas se cheiram as cidades que não se conhecem.
Que saudades de me sentir sôfrega e trôpega e sôfrega de novo, ao avistar um qualquer detalhe na paisagem que me sufoque a alma de prazer.
Que saudades de me sentir pequena e nada importante e de desaparecer nas vidas dos que ali vivem habitualmente.
Que saudades do regresso e das saudades que ficarão para sempre, de cada viagem, de cada detalhe imortalizado nas fotografias que se revêm vezes sem conta.
Que saudades de ir além do Algarve, sem pressa, nem compromisso.
Que saudades.