Não sendo fanática de praia, muito pelo contrário, tenho dado por mim a ceder à vontade dos putos e a enterrar a pata no areal, quase todos os dias (louvado seja o Senhor, que me louve).
Apesar de viver relativamente perto do Guincho, essa praia bela e temperamental, a realidade é que sempre que lá vou, passo o tempo a levar com areia na tromba e a tiritar de frio, agarrada aos meus pertences, para que não voem para os lados da Nova Zelândia. Vai daí, este ano, cortei relações com o Guincho. O Guincho quesefoda.
Abracei as praias de Cascais, em todo o seu esplendor.
Como são praias mais fofinhas e acolhedoras , depois de quase 2 semanas a levar os putos, já conheço quase toda a gente de cor.
Temos os bandos de velhas (as únicas que conseguem chegar antes de mim ao cenário), que gostam de ficar com água por baixo da coxa, na conversa e, desconfio, que a mijarem-se toda a santa manhã, pois a água está sempre um caldinho nessa zona.
Temos os maridos das velhas, que machos como são, não sentam o rabo na areia. Passam as horas matinais, de pé e de mãos nas ancas, falando de política.
Temos as mulheres rijas como aço, que percorrem a praia de um lado ao outro, dentro de água. Para trás e para a frente, para trás e para a frente, para trás e para a frente, como se quisessem chegar a um sítio que jamais alcançarão.
Temos as velhas que se plantam nas rochas cheias de mexilhão e que deixam descair a alça do fato de banho, quase até ao nível do piso térreo, lado a lado com os velhos que parecem padecer de pé de atleta no mais profundo estado de inflamação e cujas unhas se confundem com os próprios mexilhões.
Temos aquele casal de espanhóis com uma filha pequena, que, de cada vez que a miúda quer arrear o calhau, a mãezinha pega nela e, ao invés de sentar a miúda no balde da praia, ou levar uma fralda para o efeito, deixa-a cagar na areia, para depois fingir que tira a merda com um lenço.
Temos o grupo de amigas que faz questão de encostar as toalhas nas nossas toalhas, com amor e dedicação, pois que não há mais areia para se plantarem, além daquele meu quadradinho.
E temos finalmente a rainha das velhas. Aquela senhora dos seus 80 anos, que faz topless e come muitas uvas com grainha à beira mar, fazendo-me sempre temer pela minha integridade física, pois não raras foram as vezes que íamos tropeçando os três nas suas mamas.
E assim é a praia. As crianças adoram e eu vou e gelo as canetas na água horas e horas e cavo buracos onde encontro cotonetes e beatas (de cigarro, entenda-se) e piscinas, onde molhamos os nossos 6 pés.