Atirem-me areia para a boca e para os olhinhos se quiserem, mas nunca tinha lido Jorge Amado.
Nunca tive coragem de penetrar na linguagem tão carregada do Brasil. Adoro ouvir falar, ou melhor, cantar, porque os brasileiros não falam, cantam. Mas ler é outro departamento e sempre sofri de um auto boicote de leitura a tudo o que estivesse em português do Brasil.
Enterro agora a cabeça debaixo do pequeno livro que leio e desfiro vários golpes no meu próprio crânio com a capa do mesmo, para expiar este pecado capital.
Tem acontecido uma coisa absolutamente fascinante com os Capitães da Areia. Dou por mim a ler em voz alta, para ouvir o fraseado.
Escrever com o dom da oralidade, sem perder o tom das letras é puta de difícil cara, mas o Jorge Amado conseguiu-o com um coxame às costas.
Vou acabar este livro com fluência no calão do Brasil e anotar cada palavrinha maravilhosa que descubro. Palavras que só os brasileiros usam para definir coisas chatas e sem graça.
Dos Infernos na terra
Há 3 semanas