segunda-feira, 31 de maio de 2010

Tenho uma casa em África


Centopeius asquerosuns patirium multiplus


Hoje de manhã olho para o tecto e tenho uma coisa destas por cima da cama. O Hugo grita e manda vir comigo, que deixo a porta aberta, que a culpa é minha, que não aguenta mais tanta bicharada, que eu não sou cuidadosa com as janelas, com as portadas com o diabo que o carregue.
O meu marido convenceu-se que os bichos entram todos pela porta da rua e que se fossem mais altos tocavam à campainha para se anunciarem.
Fui buscar o aspirador a correr e o Hugo suga este comboio venenoso de pernas na potência máxima.
Mas depois penso e se ela sai pelo cano outra vez? E se entra na cama do António? E se eu deitasse o aspirador fora? E se eu mudasse de casa?
Eu odeio do fundo do meu ser tudo o que é insecto campestre. Não nasci para isto, definitivamente sou uma mulher da cidade.
E agora como é que vou dormir esta noite, como???

domingo, 30 de maio de 2010

A Revista Cor de Rosa já não é o que era

De vez em quando gosto de ler uma revista da cusquice/aniquiladora de neurónios, como se me pudesse dar ao luxo de perder os poucos que me restam, mas enfim, são luxos aos quais retorno de quando em vez.
Gosto das caras de papiro torrado das manas Jardim e seus petit-nons, como papucha, mituxa, ratuxa, piluca, pitorra. Enfim todo um potencial gozatório ali ao alcance de uma página de revista.
Gosto de ver os vestidos glamorosos das actrizes e arranjar defeitos só porque sim.
Gosto de andar pelas monarquias europeias, criticar toiletes e imaginar toda aquela realeza a evacuar no sanitário perdendo as poses, transidos de dor com prisão de ventre.
Gosto de imaginar a Rainha de Inglaterra a despejar o lixo de rolos na cabeça e beata na boca. Ou a palitar os dentes com um pacote de açúcar dobrado.
Gosto de saber que a Camila foi avó de um cavalinho, ou que o Príncipe Carlos esteve presente na entrega de uma coisa qualquer ao filho nazi.
Gosto de muita coisa, mas há certamente uma "elite" social em relação à qual não tenho sequer paciência para ler as legendas das fotografias. Uma elite que não suscita em mim ponta de curiosidade no seu modus vivendi, nas suas compras, casas pretas e douradas, pochetes, carros, namoros, paixões: Os jogadores da bola.
Que raio fazem eles nas revistas da cusquice que me estragam tudo?
Que me interessa a mim das suas vidas sociais? Porque é que gastam tanto papel de jet7 com os jogadores do esférico?
Que falem deles a Bola, o Record, criticando frangos, jogadores coxos e outras coisas que tais, tudo bem. Agora na Caras? Na Lux? É que assim fico sem ter o que ler na casa de banho. Vá lá senhores da imprensa rosa choque façam-me o favor de tirar esses meninos daí, pode ser?

Foi bom "Regressar" a Lisboa com Ela






Mostrarmos um bocadinho da cidade que nos viu crescer à nossa filha foi bom. Cansativo, mas bom.
Continuo a achar que esta é uma das melhores partes de sermos pais. Podermos começar a enchê-los dos nossos lugares e do mundo.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

À Noite no Hospital

Apesar de a cesariana do António me ter custado menos, em termos de dores pós-cirurgia, que a da Alice. Em grande parte, senão na totalidade, devido à morfina que levei na espinha a pedido expresso da minha médica (quando foi da Alice só me deram paracetamol ahahahah). Tive uma grandessíssima hemoragia que me levou as forcinhas todas embora e me transformou numa espécie de fantasma/cara-pálida do recinto.
De modos que na segunda noite de internamento (com o António à guarda das enfermeiras) o Hugo apagou como nunca o tinha visto apagar. Aliás desmaiou na cama dele de boca aberta e tudo.
Eu estava a soro e a minha mão começou a inchar descontroladamente até ficar como uma daquelas luvas do Rato Mikey em formato balão sem conseguir movimentar-se e como o saquinho de soro estava preso a um suporte fixo na cama não conseguia levantar-me para ir à casa de banho sem ajuda. Por isso comecei a chamar o Hugo:
- Amor, Hugo acorda, não sei o que tenho na mão e tenho que ir à casa de banho!
Silêncio.
- É a sério, acorda lá!
Silêncio sepulcral.
- (voz muito alta) Caraças HUGO ACORDA! ACORDA, ACORDA.
Silêncio.
Então começo a a agarrar em tudo o que consigo alcançar, desde pacotes de bolacha Maria, a bisnagas de halibut e a arremessar tudo na direcção da bela adormecida.
- ACORDAAAAAAA!!!
Silêncio.
Em modo contorcionista, lá consigo alcançar o saco de soro e arrastar-me com ele debaixo do sovaco até à sanita, olho a minha mão e não quero acreditar no tamanho daquilo. Arrasto-me até à cama e chamo uma enfermeira.
Silêncio.
- HUGO SEU SACANA ACORDA!
Então ele levanta-se de um pulo já pronto para ajudar, mas desconfio que sonâmbulo.
Caraças agora que me lembro disto acho que nunca o vi tão cansado. Não acordou nem com um pacote de bolachas na tola. Sou mesmo uma mulher pacífica e independente, caramba que orgulho em mim.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Coitadinha/Pobrezinha/Desgraçadinha ou a visita da minha avó

Quando tenho uma visita da minha avó sei que tenho que me preparar psicologicamente para a enxurrada de coitadinhos que lhe saem pela boca fora sem que ela dê por isso.
Como teve duas filhas, quatro netas e três bisnetas ainda não se adaptou bem ao facto de o António ser um bisneto e não uma bisneta. Por isso hoje dei-lhe o devido desconto de cada vez que chamava coitadinha ao meu filho.
"Olha para ela que amor. Ela está tão bonita coitadinha. Terá calor coitadinha? Olha para esta barriga coitadinha tão querida".
Como o António é um pateta alegre, de cada vez que ouvia a palavra coitadinha desfazia-se a rir, o que lhe deu mais gás para a ladainha, ou o fadinho como gosto de lhe chamar.
"O que ela se ri coitadinha tão querida".
Até que em pano de fundo com a televisão ligada no canal Trash Discovery and Living, ela dá de caras com este programa dos anões e emudece, quedando-se a olhar a família Roloff, ignorando por completo a "netinha". Até que o silêncio se desfaz e oiço:
- Coitadinhos tão anormais olha para eles, pobrezinhos.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Olha p'ra mim a dar dicas culinárias



Além de adorar o Paul Newman e de ter vertido pelo menos uma lágrima pela sua morte, também adoro os produtos dele. Naturais, sem gorduras transformadas, nem recurso a transgénicos e revertendo as receitas para obras de caridade, aqui está o molho sem o qual não como saladas.
É light (gosto sempre desta palavra) e é bom como tudo, transformando uma folha de salada murcha num repasto dos deuses.
E aqui fica a minha dica de cozinha para quem não tem grande jeito para misturar azeite e vinagre nas doses certas.
Newman's Own Salad/Light Italian Dressing
Costumo comprar na loja Gourmet do SuperCor.

Orgulho exageradamente babado


Quem diria que aos 34 anos de idade me encheria de vaidade com 5 letrinhas tortas e redondas escritas a laranja numa folha de papel?
Pois é, hoje descobri que as tuas conquistas ainda são um bocadinho minhas e assim há de ser por toda a nossa vida.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Recados Conjugais de WC

Custa assim tanto deitar o rolo do papel higiénico fora quando ele chega ao fim? É que se há coisa que me deprime quando penetro na divisão sanitária do meu chateux é o rolo castanho de cartão solitário no porta-rolos, ou lá como se chama o local onde se pendura o higiénico.
Por isso meu amor se lês estas palavras que te devoto aqui com carinho divide comigo essa tarefa inglória de deitar no lixo o final do papel que nos vale a todos. É que a mulher que te ama como nenhuma te amou, está capaz de fazer a canalização da vizinhança inteira com os rolos que já retirou do coiso.
Ah e não vale deixar apenas uma pequena réstia de folha colada no rolo, na tentativa vã de fazer parecer que ainda há bué papel para a tua bem amada se livrar de substâncias psicotrópicas do seu organismo.
Com amor
Anacê

Vá mulherio toca a andar!

Mulherio até aos 45 anos toca a vacinar contra vírus responsável pelo cancro do colo do útero. Depois de falar com a minha médica saí de lá com a ordem de vacina.
Tudo bem não é comparticipada para as nossas faixas etárias, mas é o dinheiro mais bem gasto de todos.
Vá abram as carteiras, arregacem as mangas e levem a injecção intra-muscular em três doses. Não dói nada quando comparada com o grande mal que evita...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Pesadelos Meus

Fico fisicamente doente quando vejo crianças com cancro.
É uma imagem que me arranca o ar de dentro do corpo e fica a doer bem fundo durante horas, enevoando-me o resto do dia.
Não devia acontecer, não podia acontecer, mas acontece e deixa-me sem forças, sem chão, sem fôlego de cada vez que vejo pais que sorriem para os filhos doentes, numa luta tremenda para lhes fazerem crer que continua tudo bem.
Sorriem mostrando por fora o que não sentem por dentro, numa batalha para fazerem o mundo do filho mais confortável, quando a única coisa que sentem é o seu próprio mundo desabar.
Penso que não aguentaria se fosse comigo, que enlouqueceria. Mas depois também sei que as adversidades dão-nos forças que não imaginávamos possuir e que nos tornamos guerreiros temporários só para levar o mal de quem amamos embora.
Caramba sinto-me tão pouco crente de cada vez que vejo crianças sofrerem.
É a derradeira prova de fé de alguém religioso, disso não tenho a menor dúvida.

A Anatomia já não é o que era

É impressão minha ou a argumentista da Anatomia de Grey anda a beber inspiração dessa riqueza profunda que é a novela da TVi?
Andam todos a saltar para a espinha uns dos outros, todos muito apaixonados e desapaixonados. Não há ninguém no Seatle Grace que não tenha sido papado mutuamente.
Depois fizeram com que a Izzie sobrevivesse a um cancro terminal só para poder desaparecer uns episódios depois, pintando o cabelo de loiro à Little Grey como se assim tudo ficasse bem.
Ainda assim sentindo que faltava paixão à única personagem de jeito daquela coisa toda(a Bailey) inventaram-lhe um pretendente.
É preciso ir para aí ajudar-vos nos campos cirúrgicos senhores? É que para ver séries de paixonetas mudo de canal. Vá lá, toca a ser diferente e a meter a história no rumo, sim?
Obrigada!

domingo, 23 de maio de 2010

Globos de Inox

A sério que há pessoas que vão para as laterais da arrastadeira vermelha dos Globos de Ouro com a mesma emoção que devotariam aos Óscares? Há mesmo pessoas que saem de casa a um domingo à noite para verem desfilar as celebridades e jet7 tugas, ou aquilo é figuração especial?
Depois pivots bem apessoados mandam parar as vedetas e perguntam-lhes "quem" é que trazem vestido rezando para ouvir Dior, mas arriscando-se a levar com um Lanidor.
Mas o momento alto da coisa foi mesmo a Lili Caneças saída do refugo da Loja das Meias (que lhe empresta a roupinha toda) com baton escarlate e a fazer lembrar o Joker do Batman. Aí sim julguei que estava nos Óscares e que eu própria pedia autógrafos aos gritos, só que gritos de medo.

Conhece-te a ti Próprio ou Divagações de (mau) Humor

É bom conhecermo-nos, admitirmos os nossos defeitos, sabermos os nossos limites, termos consciência daquilo em que somos bons e daquilo em que não somos brilhantes.
É bom que se farta sabermos que temos defeitos de fabrico, defeitos adquiridos e outros tantos defeitos só porque sim.
Por isso acho tão triste quando vejo aqueles concursos de talentos com pessoas que acham que não têm barreiras e se julgam os melhores cantores, ou dançarinos do mundo quando se limitam a arrotar, ou dar uns pulos ao pé coxinho.
O mais bizarro de tudo isto é que têm os pais nos bastidores a apoiarem o suposto talento e a dar força e puxar por algo que não existe por muito que se esforcem.
Também me deprime conversar com pessoas que se auto-analisam completamente ao lado, numa constante propaganda de si próprios e são incapazes de acharem defeitos, ou admitirem qualquer tipo de erros cometidos.
Estas pessoas perfeitas geralmente atiram em todas as direcções quando lhes apontamos alguma coisa e tentam sempre, mas sempre inverter o rumo da conversa para os defeitos de quem com elas conversa. Tudo é preferível a terem que olhar para dentro.
É a arte da fuga. Mas é uma fuga sem estilo, triste até.

sábado, 22 de maio de 2010

Desabafo minúsculo

Oiço imensa gente dizer que depois de ter sido pai/mãe, passou a entender muito melhor os próprios pais.
É engraçado, mas comigo não aconteceu nada disso. Passei a entender ainda menos...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Momento Fútil / Forreta ou Sobre a Zara

Ando lixada com a Zara, mas tão lixada que vou fazer jejum dela durante uns meses.
Não é que ela resolveu inflaccionar os preços dos trapos?
Pego numa camisa feita com mão de obra praticamente escrava - 30 Euros.
Pego numa camisola de malha de algodão feita com mão de obra infantil - 29. 90
Decido optar pelas t-shirts que ainda mantêm um preço relativamente Zara e trago uma mão cheia delas, mas assim que as envergo (olha que linda palavra) começo a sentir linhas na boca, nas mãos, na cara do António, na cabeça da Alice, no sofá, pela casa. Desconfio até que se não tiver cuidado a t-shirt desaparecerá, deixando-me coberta por uma mísera linha.
As camisolas abrem buracos após a primeira lavagem e as carteiras caras comó raio (pelo padrão Zara) encravam os fechos.
Zara filha tu decepcionaste-me muito e digo isto tirando uma linha que pende da minha t-shirt made in India.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Somos o que Fazemos

Às vezes acho que não há nada pior do que não sermos úteis a alguém. Deve ser um vazio brutal sabermos que não há uma única pessoa que precise de nós, que confie na nossa presença se alguma coisa correr mal.
Mas depois penso melhor e acho que podendo ser úteis a alguém de quem gostamos e não o fazermos por comodismo, ou por preguiça é ainda mais cretino.
A realidade é que nós somos aquilo que fazemos e não aquilo que apregoamos ser. As palavras são coisas muito bonitas sim senhora (eu que o diga), mas não chegam.
Isto pode parecer um amontoado de lugares comuns, mas significa muito para mim, a sério que sim.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mãe Coragem


Hoje à tarde entrei na cozinha e não queria acreditar no bicho que rastejava pelo chão, aliás ainda não acredito que fui capaz de lhe limpar o sebo.
Ao ver o que me parecia um alien gigante com antenas e carapaça brilhante começo aos gritos pela Alice que corre escada abaixo dizendo:
- Eu salvo-te mãe, eu salvo-te!!!
- Alice corre, vem rápido!!! (sou a mãe mais corajosa do planeta)
Mas mal a minha bem intencionada filha entra na cozinha e dá de caras com o rastejante atira-se para cima de mim aos gritos, hirta, agarrada às minhas pernas como um macaco no galho.
- O que é que fazemos?
Gritos.
- Foge mãe!!!
- E se ele se esconde?
- Foge agora e fecha a porta!!!
Olho em volta à procura da melhor arma de ataque que não me obrigue a aproximar-me demasiado e nada.
A Alice lá se desprende do galho e corre a buscar a revista da Deco Proteste e na mais completa sintonia como irmãs de armas, lanço a revista sobre ele e começo a sapatear-lhe em cima como uma louca. O barulho crepitante debaixo dos meus pés fez-me dar mais uns quantos gritos de repulsa. Quando acho que já tenho um puré debaixo dos Direitos do Consumidor, lá levanto aquilo a custo e removo-o com a pinça da salada, sempre aos gritos. A Alice faz coro.
Adorava ser uma daquelas mães que ensina os filhos a não matar os bichinhos e pega nas osgas com a mão, pondo-as em liberdade. Mas sou a verdadeira Serial Killer do sítio.
Porque é que com o calor começa a aparecer bicharada de todos os lados?
Eu só espero que não tenha sido uma barata, porque se foi, mudo de casa.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A Minha Timidez

Às vezes desespero com a timidez da Alice e esqueço-me que também eu era a timidez em pessoa, aliás, ainda continuo a debater-me para vencer esta fraqueza de personalidade.
Sempre tive pânico daqueles clubes de férias, ou cruzeiros onde toda a gente participava em actividades lúdicas encorajadas por um animador frenético de megafone na mão a desafiar meio mundo para o jogo do pé coxinho na piscina às 14 horas, ou o concurso de valsas às 19 horas na sala verde.
De modos que quando fui parar ao Club Med de Cadiz pode dizer-se que tive uma terapia de choque.
Deitada na espreguiçadeira da piscina não foram raras as vezes que tive que rebolar de tromba no chão para me esconder do animador que seleccionava pessoas ao acaso para o jogo de vólei na água, ou decidia simplesmente conversar com os hóspedes em modo transmissão-megafone.
Ao jantar também adoravam abordar as suas vítimas, o que me levava a esconder-me de cocaras debaixo da mesa, ou sair de rastos até à casa de banho.
Como é que aquela gente tinha tanta energia para dispender? E quanto mais idade tinham mais frenéticos e sequiosos de actividade pareciam. A animação era tanta, mas tanta que os meus queridos olhos chegavam ao final do dia exaustos só de observarem.
Enfim, agora que me lembro dessas férias, vejo como foram cansativas. Não pelas actividades em sim (que eram mais que muitas) mas pelo tempo que perdi a fugir delas...

Hoje Apetecia-me

Apetecia-me ter um daqueles ataques de riso que temos quando somos miúdos, em crescendo até sentirmos que podemos efectivamente morrer de tanto rir. A cara parece prestes a paralisar, dores nos maxilares, na barriga, em todos os músculos. Lágrimas que nos caem em catadupas e dividimo-nos entre o precisarmos de respirar para sobrevivermos e o não querermos que aquela sensação passe.
Sinto-me carrancuda, chata, sonolenta e começo a ficar farta de mim.
Por isso hoje queria mesmo chorar a rir. Ainda para mais dizem que rir muito tira a barriga.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Cópula precisa-se para melhorar o desempenho de alguns funcionários públicos

A semana passada fui vacinar o António ao Centro de Saúde e como amnésica que sou esqueci-me de comprar a vacina do Rotavírus. Portanto voltei lá hoje para que lhe dessem a vacina oral. O horário está afixado da seguinte forma:
SEGUNDAS FEIRAS DAS 8.30 ÀS 11 / PROVA DE MANTOUX 10 ÀS 11
Como ex-estudante de Direito que ficou zarolha depois de 5 anos a interpretar meia dúzia de artigos. Interpretei da forma mais básica possível: A prova de mantoux só é feita entre as 10 e as 11. O resto da vacinação é entre as 8.30 e as 11.
Por isso lá cheguei eu com 60 Euros de Vacina fora do frigorífico às 10.15 e vejo a frustrada de serviço a recolher as senhas de admissão enquanto espezinha um casal ucraniano que tenta vacinar o filho e explicar qualquer coisa que o médico enviou escrita. O truque da mulher é repetir até à exaustão a mesma frase, não ouvindo rigorosamente mais nada que venha do outro lado. Começou-me logo a ferver o hemisfério esquerdo.
Anacê: Então porque é que está a tirar as senhas?
Frustrada: Agora já não aceitamos mais vacinas, só as provas de mantoux.
Anacê: Porque é que o horário diz das 8.30 às 11?
Frustrada: Agora só as provas, volte quarta feira.
Anacê: A senhora é efectivamente desprovida de inteligência, ou está só a fingir que é?
Frustrada: Hoje estão todos tão agressivos.
Anacê: Porque é que será? Dê-me uma senha que hoje não acordei com disposição para me aborrecer.
Frustrada: Vai ter que esperar a ver se temos tempo depois das provas.
Anacê: Então corrija o horário afixado imediatamente.
Nesta altura do campeonato já tinha uma legião de pais atrás de mim a gritarem protestos. A senhora lá tira uma senha para a minha pessoa.
Entro na sala de vacinação e descubro que é a frustrada quem vai dar a vacina. Olha para mim com aqueles olhinhos luminosos de raiva e diz:
- Esta vacina são as mães que dão.
- A senhora hoje bebeu, ou é sempre assim? Então venho eu ao centro de saúde para quê? Para administrar vacinas?
- É que temos tido aqui mães que me responsabilizam quando o bebé cospe a vacina.
- Ó minha senhora se o meu bebé cuspir os 60 euros de vacina a responsabilidade é dele. Espero sinceramente que não cuspa para cima de si, apenas isso.
- Venham cá, venham cá. Estão a ouvir? Esta senhora diz que se responsabiliza se o bebé cuspir! Ouviram?
Agora digam-me por favor há necessidade disto? A sério, a mulher conseguiu estragar-me o dia. É a verdadeira areia na engrenagem. Como não é fecundada passa os dias a fecundar os outros.

domingo, 16 de maio de 2010

Ser Feliz

A matéria da felicidade é mesmo feita de momentos. Como uma enorme colcha de retalhos em que cada pedaço de tecido é um dia, ou um minuto bom. De vez em quando é preciso olhar para essa colcha de padrão pouco uniforme e ver com alguma distância o todo para não esquecermos que a nossa vida já teve momentos assim, bons como tudo. Buscar uma vida plena e constantemente feliz é buscar o impossível. Pois não há linhas rectas, nem estradas a direito na felicidade, a maior parte das vezes ela está nas entrelinhas, ou no descanço do caminho principal.
Eu também tenho uma colcha feita de instantâneos felizes. Hoje acrescentei este.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ter Filhos Muda uma Pessoa Sim Senhora

Apesar de algumas pessoas dizerem de nariz empinado que o nascimento dos filhos não as mudou por aí além, eu digo e afirmo que os filhos são o que realmente nos revoluciona por dentro e por fora.
Nunca mais nada será igual nas nossas vidas.
Outro dia via uma catástrofe natural qualquer nas notícias e se antes de ser mãe pensava: Contra as catástrofes naturais somos mais do que impotentes. Se tiver que ser será.
Depois de ser mãe penso: Como é que salvaria os meus filhos no meio da noite num terramoto? Será que teria tempo de agarrar cada um deles e pô-lo a salvo?
Assaltos a casas também não mexiam comigo. Nunca fui medrosa nesse sentido. Se deixar umas luzes acesas é o suficiente.
Depois de ser mãe: Chiça e se me entram em casa e levam os miúdos? E se lhes fazem mal?
Antes de ser mãe apanhar, ou não apanhar doenças era uma espécie de fatalidade do destino.
Depois de ser mãe penso que os meus filhos podem apanhar essas doenças e angustio-me.
Sou definitivamente mais medrosa e angustiada do que era e desconfio que esta condição jamais mudará.
Por isso quando oiço dizer que nada mudou nas vidas dos recém-pais sorrio e penso. Caramba como é que eles conseguem?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Hoje Lembrei-me

Hoje decidi ter saudades (imaginem que estupidez) das minhas aulas de condução. De ir a partir ovos na Estrada do Guincho com o Fernando (o meu inesquecível instrutor que fazia vénias de cada vez que travava a fundo) e a sentir-me a um paço da idade adulta. Ter carta era definitivamente um marco na vida de uma adolescente e tirar a carta em Cascais era outra movida. Sem trânsito caótico, apenas muitas rotundas, com muito espaço pela frente e por trás. As aulas de condução eram um prazer.
Depois veio a carta de mota e com ela outro instrutor. As aulas eram para cumprir calendário e o senhor que fazia o favor de andar pelas ruas comigo atrás num carro, estacionava a carripana, entrava na tasca e deixava-me a fazer oitos.
Passados cinco minutos de ininterruptos oitos e pronta para entrar na twilight zone, metia prego a fundo e passeava pelas redondezas, vendo as vistas, cantando o vira e passando o tempo que durava a suposta aula em voltinhas estupidificantes. Na maioria das vezes quando voltava ao beco onde era suposto ter ficado a fazer oitos via a carantonha desdentada e desnorteada do instrutor de beata entalada no buraco do dente dianteiro que lhe faltava e a voz rouca de bagaço:
- Então os oitos? Eu não a tinha mandado fazer oitos??? Raça da miúda!!!
Eu juro que sempre desconfiei que o homem implicava comigo por ser miúda e as miúdas segundo o seu olhar zarolho não deviam tirar a carta de motociclos.
Mas enfim acredito piamente que não haveria na linha miúda com tantos oitos no currículo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Motivos Pelos Quais Os ET's não Querem Nada com a nossa Espécie

Hugo: Hoje estive com um homem que passou o tempo todo que durou a nossa conversa a limpar os ouvidos.
Ana: O que é que me estás a dizer?
Hugo: Ele limpava os ouvidos com uma peça de metal que tinha pendurada no porta-chaves.
Ana: Vou vomitar.
Hugo: A peça de metal tinha o formato de unha do dedo mindinho.
Ana: Tu queres ver que o homem cortou a unhaca e mandou banhá-la de prata?

Há de facto seres humanos extremamente interessantes.
Também é interessante referir que o nosso diálogo se deu durante o jantar e que não cheguei a vomitar, mas não sei como.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Olha que Ideia do Caraças




Quando estivemos em Estocolmo (fez agora 1 ano, como o tempo passa meu Deus) no meio de um bairro residencial deparámo-nos com um parque descomunal cheio de pequenas casas. Quase pareciam casas da bonecas todas arranjadas, mesinhas do lado de fora. Então parece que para desfrutarem dos poucos dias de sol que possuem, os suecos têm estas pequenas cabanas que servem apenas para refeições com amigos, churrascos, muito ar livre e convívio familiar.
Digam-me por favor se não é uma ideia do caraças.
Podem viver num apartamento, mas dispõem desta possibilidade se quiserem fazer a bela churrascada.
Eu fiquei fascinada...

A Cena de Falar Mal do Papa

Sim eu já sei que ele encobriu a pedofilia dentro da Igreja Católica e se há coisa que me revolve as entranhas é a palavra Deus e Pedofilia emaranhadas uma na outra. Revolve-me ao ponto de achar que mereciam todos castração física e empalamento. Mas avançando. Os ódios, as revoltas, as pragas lançadas na direcção do homem de branco e da sua vinda a Portugal, como se fosse uma espécie de insulto às nossas pessoas, sinceramente, acho demais.
Às vezes parece que é um terrorista de alto calibre que nos vem visitar. Daqueles que não admitem insultos à sua própria crença e que chacinam pessoas e cidades em nome da sua fé.
Deixem lá o povo comover-se e rezar e ajoelhar-se e sentir um bocadinho de espiritualidade. Que mal há de isso fazer?
A mim não me aquece nem arrefece. Acreditem que há coisas e pessoas que me insultam muito mais e andam aí todos os dias a sorrir para as câmaras e a serem chamados de novo pelo povo nas urnas.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Pessoas e Histórias do Caraças 2 - Frank Capra



Para quem gosta de cinema, para quem gosta de grandes histórias de vida, para quem gosta dos filmes do Frank Capra (como eu) este livro é um passeio mágico. É um dos meus favoritos de sempre.
Não encontrei imagens do livro em português, mas há. Chama-se "O Nome Acima do Título" e a edição é da Cinemateca Portuguesa.
O nome acima do título porque Frank Capra's passou a vir antes do título dos seus filmes. Mas até ele chegar lá percorreu um longo caminho e é o caminho antes, durante e depois que conhecemos pelo seu próprio punho.
Aconselho vivamente.

sábado, 8 de maio de 2010

Quando Somos o Mais Importante

Distraída a olhar as montras, sinto a mão da Alice no bolso de trás das minhas calças de ganga, puxando-o até me deixar praticamente com as cuecas à mostra, dou uma rápida olhadela ao António e ele não está a dormir, está a olhar para mim.
Distraída a ver os dvd's da Disney na Fnac com a mão da Alice nas caixas coloridas dos filmes e finalmente fora do meu bolso, ajeito as calças para cima e dou uma rápida olhadela ao António. Ele não está a dormir, está a olhar para mim.
Sigo para a secção dos meus livros, quero comprar o último do Ken Follet, não me posso dar ao luxo de ficar por ali a ler as contra-capas, a folhear, pois tenho uma mão no bolso traseiro das calças e um chorrilho de perguntas que não me deixa descansar. Dou uma rápida olhadela ao António e ele ainda não está a dormir. Está a olhar para mim.
Sigo para a caixa, pago o dvd e o livro e a senhora da caixa diz-me com um sorriso de orelha a orelha:
- O que ele olha para si, já viu?
E só então eu caio em mim e desligo o turbo. Detenho-me a olhar para ele também e a pensar como não há rigorosamente ninguém que olhe para nós tanto tempo sem se fartar como um filho pequeno. Com um olhar brilhante e carinhoso que não desiste da nossa imagem, que a foca sem lhe perder o rumo, como se fossemos uma espécie de farol no meio de uma noite de tempestade. A única coisa do mundo deles. Caramba, nós somos o mundo deles. Há coisa melhor para nos encher de amor até ao fundo bem fundo? Não me parece...
Isto dura pouco, muito pouco acreditem e eu tenho andado a deixar escapar demasiados olhares, demasiadas expressões, demasiadas emoções. Por vezes a rotina e as tarefas diárias engolem-nos sem dó nem piedade arrancando-nos o melhor da vida e a vida avança inexoravelmente, não espera por nós.

Mulherio Frustrado

Há coisas que me fazem comichão atrás da orelha esquerda, daquelas comichões que por mais que coce não passam. Uma dessas coisas é o mulherio casado que chama frustrado ao mulherio solteiro e o mulherio com filhos que chama frustradas às mulheres que não têm prole.
Digo que me faz comichão porque em 95,9% das vezes o nível de frustração é bem mais elevado nas gajas casadas (mal casadas) e nas gajas que tentam realizar-se através dos filhos, mas não conseguem e recusam-se a admiti-lo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sling Me To The Moon


Adoro ver mães de slings, pois remetem-me sempre para a paisagem africana em que as mães quase incorporam os putos em si próprias, amarrando-os para todo o lado numa simbiose linda de se ver. Vou trabalhar de sol a sol, deixa-me incorporar-te filho. Vou andar 20 quilómetros até à aldeia mais próxima para comprar 100 gr de farinha, deixa-me incorporar-te filho. E aquilo mexia comigo, sempre mexeu. Era e é um quadro de mãe-natureza em pleno e transposto para as mães do mundo Ocidental uma imagem super cool e descontraída.
Com o nascimento da Alice veio um marsúpio que agora passou para o António, mas acreditem, ou não, ele não cabe lá dentro. Sei que há tamanhos diferentes, mas como me tinham emprestado um sling toca de experimentar ser uma mãe africana. Sempre atenta às instruções pego na minha bolinha chamada António e espeto com ele lá dentro em posição Yoga. Berros e gritos. Caraças que lhe parti a tíbia, torci-lhe um tornozelo, esmaguei-o!!!
O Sling parecia querer dar de si a qualquer instante e o António também. Calma filho, a mãe já te tira daí!!!
E quem disse que o conseguia tirar? Ãh? Vá, quem disse?
O suor já me escorria formando uma poça aos meus pés e o António preso nas malhas do maldito Sling aos gritos, furioso comigo, farto de estar ali colado a mim.
Pensei em pegar numa tesoura e cortar aquilo tudo até o libertar, mas o Sling tinha sido emprestado por uma querida amiga de uma amiga que nem me conhecia pessoalmente. Como explicar isto?
Pensei em chamar os bombeiros para desencarcerarem o bebé, juro que pensei. Até que o milagre se deu e a minha bolinha de quase 8 quilos rebolou dali para fora, já roxo de raiva.
Desculpa António, a mãe não tem jeito para ser cool, nem fashion, nem coisa nenhuma. A minha cena é empurrar o teu carrinho. Raisparta o Sling, ainda por cima este da foto é quase um acessório de moda e giro que se farta. Mas enfim não se pode querer tudo...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mães deste Planeta digam-me lá

Digam-me lá mães deste planeta se alguma de vocês se habitua a ver os filhos doentes?
Eu tenho a sensação que nunca, mas nunca vou deixar de me angustiar, por muito suave que seja a virose (como é o caso da Alice).
As bochechas rosadas, a prostração, os olhinhos de cachorrinho a chamarem por mim, o corpo quente como uma botija, os bracinhos que se agarram ao meu pescoço. A mão dela que agarra a minha e a coloca sobre o rosto só para sentir fresquinho. A vozinha que diz que não tem fome. A mesa de jantar vazia sem ela.
Ai eu odeio isto, com todas as minhas forças. Só queria poder trocar com ela. Só queria a minha Alice chatinha e melguça de volta.
Como é que não hei de querer lamber leite condensado? Assim não há condições de emagrecimento.
*Para que conste: Não cedi. Nesta casa não entram latas de leite condensado, nem de leite em pó, nem de coisa nenhuma que cheire a tentação. Longe de casa, longe da barriga.

Dias de Leite Condensado

Se tivesse em casa uma lata de leite condensado hoje seria um daqueles dias em que espetaria uma colher no seu interior e lamberia até que a voz me doesse.
Aliás deixei de ter em casa latas de leite condensado, pois sei precisamente o que é que elas "curam", ou o que é que elas amortecem, ou o que é que eu penso que elas amortecem.
A última lata que tinha no armário, uma estupidez que comprei para fazer um doce que nunca cheguei a fazer, foi parcialmente lambida num momento menos bom e se não fosse a Melissa a dizer-me para a deitar fora e enfiar Fairy lá dentro (para não ir buscá-la de novo ao lixo) acho que tinha ficado com uma crise de fígado.
Tenho dias assim. São os chamados dias condensados, em que tudo se adensa até deixarmos de ver a direito.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Estática


Por algum estranho e oculto motivo hoje no café da Fnac o meu cabelo (e o da Alice) ficou assim. Saíamos do café para a zona dos livros a coisa normalizava, voltávamos a passar no café e os cabelos quase tocavam no tecto.
Olhei em volta à espera de ver um tipo escondido com uma câmara, ou um louco a fazer experiências científicas, mas não, nada. Os cabelos alheios estavam todos normais, principalmente os dos dois homens carecas ao nosso lado. Só nós as duas parecíamos susceptíveis ao campo magnético. Cheguei a casa convencida que aquele maldito café é apenas a porta de entrada para a Twilight zone...

Medo

Tlim-tlão.
- Quem é?
- (voz de agarrado) Pode abrir minha senhora?
- Abrir sem saber quem é? Não me parece.
- É o Bruno Miguel.
- Muito bonito o nome, mas o que é que quer?
- Se não abrir como é que pode saber quem é?
Mas estes gajos pensarão que mora aqui uma idiota?
- Agora estou numa reunião e não tenho tempo (sempre sonhei poder atirar com esta deixa).
Odeio quando isto acontece e tem acontecido vezes demais para meu gosto. Tenho a sensação que andam a ver as casas que estão vazias a esta hora.

terça-feira, 4 de maio de 2010

4 de Maio ou como o tempo nos apanha sempre de surpresa


Se há coisa que me assusta de verdade é a passagem do tempo. Aquela passagem invisível, sem som, que nos apanha sempre desprevenidos.
Hoje apanhou-me desprevenida ter visto dia 4 de Maio no calendário e perceber que já passaram mesmo três meses desde que vi o António pela primeira vez e quase um ano desde que soube que estava à espera dele.
Muitas vezes o tempo apanha-me desprevenida quando o olho e vejo como já cresceu, como já sorri e dá pequenos gritos de alegria. Como já esperneia levantando tudo à sua volta só porque alguém se aproximou da cama dele. Como já nos olha parecendo entender que somos nós, o grupo forte que habita com ele.
Aprendi a conhecer o seu cheiro, a sentir a textura das suas pequenas mãos e a beijar cada ruguinha de bebé.
Ao terceiro mês sinto-me mais mãe dele, muito mais e posso até arriscar dizer que o conheço bem.
Ao terceiro mês a passagem do tempo apanhou-me desprevenida e sei que vai continuar a tomar-me de assalto cada vez que congelar uma imagem de nós e nos vir de fora para dentro. Caramba somos uma família crescida.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Só Para Não Seres Convencida Anacê

Então parece que hoje a Anacê foi cortar a gadelha que não via uma tesoura há demasiado tempo para ser verdade e foi de filhos atrás. A Alice para cortar o cabelo também e o António para dar apoio moral. Correu tudo bem e aqui a estilosa de cabelinho escovado e brilhante, qual crina cavalar, sai do cabeleireiro cheia de si, a empurrar o carrinho do filho com um convencimento fora do normal, apesar da ventania que se fazia sentir.
A Anacê põe o ovo com o António no carro e parte toda cheia de si. O que vale, repito, o que vale mesmo é que essa tipa vaidosa não foi directamente para casa. Parou para lanchar. Abre a bagageira para tirar a cadeirinha do António e nicles. Bagageira vazia.
Gamaram-me o carrinho, a Loola??? Mas como, onde, quando???
Pondo o cérebro a funcionar tão rapidamente quanto possível revejo os meus passinhos todos e com tanta peneira esqueci-me do carrinho no meio da rua. Tirei o ovo e não guardei o carrinho na mala!!! Mas que atraso de vida, que idiota!!! Voo até ao local em questão e sim, ainda lá estava a Loola estacionada à minha espera.
Chegada a casa o Hugo num elogio enternecedor diz-me: O que é que aconteceu? Pareces uma flinstone, só te falta uma moca na mão (referindo-se ao meu cabelo é claro).

Junk TV For Me


Ando um bocado agarrada a programas de merda. Mais precisamente no Discovery Travel and Living. Temos a vida de uma família de anõezinhos, temos um pasteleiro que faz bolos impressionantes (verdadeiras obras de arte), temos as tatuagens e temos o meu ultimo fetiche chamado John and Kate Plus 8. Um casal que tem sextuplos e mais um par de gémeas. Ou seja têm 8 filhos com idades muito próximas, todos pequeninos.
Aquilo consola-me, tal como a desgraça alheia tem o condão de nos fazer relativizar a nossa própria "desgraça", ver uma mãe com 8 putos infernais a disputarem atenção em simultâneo é de facto relaxante para mim. Mas de que é que me queixo afinal? Ãh? Já me esqueci assim que vi aquela mãe a tentar meter a filharada toda na furgoneta para saírem.
É giro ver como os vizinhos se inter-ajudam. Há uma vizinha que lhe vai dobrar a roupa lavada. Olha que bela ideia, se há coisa que abomino fazer, muito mais do que tratar de enfiar a roupa na máquina, é dobrar a roupa seca e arrumá-la. Vou tocar à porta dos meus vizinhos queques com um alguidar cheio de cuecas por dobrar a ver se tenho sorte :)
Cada vez acho mais que as mulheres têm duas mamas por algum motivo. Dois ao mesmo tempo é o máximo que uma mulher aguenta.

domingo, 2 de maio de 2010

A Nigella Morde, Trinca e Chafurda


Então anda o Jamie Oliver a fazer propaganda suada à comida saudável e vem esta senhora de dentes amarelados por uma vida inteira de caril e chá e sotaque enjoativamente britânico, daquele que parece falado com berlindes debaixo da língua, e pimba toca de hastear a bandeira da comida enquanto consolo espiritual?
Lamento muito, mas qualquer dia mordo à Nigella. Acho indecente vê-la confeccionar um bolo de chocolate com dois pacotes de manteiga (porque ela é assim mesmo exagerada como gosta de se definir) e dizer que é o bolo ideal para quem foi despedido enfiar o focinho numa espécie de cura pela comida.
Acho indecente vê-la fritar salsichas em banha e ir trincá-las para dentro da cama cheia de estilo, como se fosse a coisa mais cool deste planeta.
Acho indecente vê-la de roupão de seda acordar a meio da noite só para ir assaltar o frigorífico e comer aqueles torresmos que sobraram do jantar, ou aquela pratada de macarrão com queijo que estava mesmo a gritar por ela.
Os milhões de mulheres e homens que andam a tentar arranjar outros consolos além da comida (eu incluída) e que olham a Nigella estilosa a dizer que comer para sair da neura é fantástico vão processá-la.
Nigella ver-te no teu apartamento londrino a chafurdares na comida cheia de sensualidade dá-me vontade de arrotar durante o programa inteiro e tenho dito.