segunda-feira, 2 de março de 2009

Desabafos de Novela

É engraçado como começamos os nossos projectos com uma certa distância dos personagens, vamos entrando devagarinho na vida deles, a medo, quase pedindo com licença.
As falas não fluem na perfeição, pois eles ainda nos são estranhos, ainda estamos a acertar ponteiros. A meio do projecto a paixão deles é a nossa paixão, as tristezas confundem-se com as nossas, os dilemas por resolver não nos deixam ao longo do dia, chegamos a pensar pela cabeça deles, como se fossemos um só. Andamos ao seu ritmo e esquecemos o nosso. E conciliar isto com a vida real é do mais complicado que há.
No final, depois de 10 meses de trabalho consecutivo, já não os podemos encarar, só queremos dizer adeus, que se resolvam os problemas, dilemas amorosos, mistérios insolúveis. Dentro de mim um desejo absurdo de os pôr à batatada por tudo e por nada, só para os despachar a todos num único e derradeiro episódio. Só queremos ter um dia para nós, longe deles e das suas vidas. Só queremos lembrar-nos de como é que éramos antes de começarmos esta história.
No final, quando lemos FIM, suspiramos de alívio, cansaço, esgotamento e começamos o processo de esvaziamento cerebral.
No dia seguinte toma-nos de assalto a saudade, queremos tê-los de volta, mas já não dá.
Dois dias depois a angústia de saber se voltaremos a ter outra história na nossa vida.
Se isto não é viver numa montanha russa de emoções, então não sei o que será...

12 comentários:

Miguel disse...

Isso são os problemas da vida, mas multiplicados pelo nº de personagens que estás a trabalhar no momento!! São vidas dentro de outra vida!

Banita disse...

Devo já dar-te os Parabéns pelo "the end"? :)
Não deve ser fácil viver assim uma "second life"...

Ana C. disse...

Miguel são os problemas da minha vida e da vida deles. Às vezes confundo-os...

Ana C. disse...

banita, no final desta semana escrevemos o The End...
Acredita que não foi fácil, principalmente quando tomamos conta de uma filha pequena em simultâneo, mas compensa quando se faz aquilo que se gosta :)

Melissa disse...

falo por mim: já ando cheia de saudades desse gajedo todo. e ja n os podia ver a frente.

tou a escrever assim a parva por so ter um braço disponivel, por motivos obvios.

Ana C. disse...

Melissa, acabamos daqui a 2 dias... Sabes que escrevi muita cena de novela com a minha filha ao colo :)

Precis Almana disse...

Não quero ser indiscreta, mas perguntar também acho que não ofende... Qual a novela onde escreves? ;-) Onde quer que seja, aposto que o fazes bem :-D, pelo menos à luz do que te tenho lido.
E hei-de ter o teu livro, prometo.

Anónimo disse...

Deve ser a mesma sensação que os actores têm, difícil de dissociar e quase a necessitar de um botão off para voltar à vida real.

Ana C. disse...

Precis és muito querida, tendo em conta que A: não sabes qual é a novela e B: Ainda não leste o meu livro. Teres fé em mim apenas pelo blog é demais.
É claro que podes saber. Já não estou na TVI, por isso é a novela da SIC, Podia Acabar o Mundo.

Ana C. disse...

Socas... É uma sensação surreal, às vezes misturo a minha vida com a vida deles, mas à medida que o tempo vai passando vai ficando tudo mais normal.

Precis Almana disse...

Ahah! Tenho uma familiar que passou por lá ;-) e por isso dei uma olhadela no início. Que giro!

Serei querida (leia-se simpática e tal), não vou dizer que não sou porque não sou tão auto-crítica assim :-p. Mas a sensibilidade para criar histórias e/ou para as transmitir através da escrita apanha-se bem num blogue, sim. E isso eu já me tinha apercebido.
Agora deste-me vontade de o ler todo (não fora não poder estar aqui com o rabo sentado mais que 10 ou 15 minutos de cada vez, com trabalho incluído, eu dizia-te :-p). Mas está para breve!

Clementine Tangerina disse...

Ana,

Queria enviar-te um email mas n encontro aqui no blog...envia-me um para Amor-em-partime[a]gmail.com depois respondo-te